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Após o encontro entre Lula e Donald Trump, o Brasil busca avançar nas negociações com os EUA sobre o tarifaço. A próxima rodada deve incluir Haddad, Mauro Vieira e Alckmin e abordar temas como terras raras, etanol, Big Techs e acordos comerciais estratégicos.

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Transcrição
00:00Após o encontro entre os presidentes Lula e Donald Trump há oito dias, o Brasil tenta avançar com os Estados Unidos na negociação sobre o tarifaço.
00:10O governo brasileiro espera que a próxima conversa seja realizada até a semana que vem, com a presença dos ministros Fernando Haddad, da Fazenda, Mauro Vieira, das Relações Exteriores,
00:20e do vice-presidente Geraldo Alckmin, que também é ministro de Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.
00:26Sobre os próximos passos da negociação, eu vou conversar agora com a Fernanda Brandão, doutora em Relações Internacionais e coordenadora do curso de Relações Internacionais da Faculdade Mackenzie, no Rio de Janeiro.
00:39Boa tarde para você, Fernanda. Muito obrigado aqui pela sua participação.
00:43Você vê sinais de que parece que o trilho da conversa entre os dois países chegou a um ponto pragmático agora,
00:52despido de todas aquelas questões políticas e ideológicas que estavam dadas no começo do tarifaço?
00:59Boa tarde, Fábio. É um prazer estar com vocês nessa tarde.
01:03Bom, os últimos movimentos dessa negociação mostram, eu gosto de falar para os nossos alunos,
01:10que no fim do dia a realidade material se impõe de alguma forma.
01:14Então, o que a gente vê é uma aproximação da postura de ambos os líderes,
01:18de um maior pragmatismo, de uma consideração das questões econômicas e comerciais que unem as relações entre esses dois países
01:26e outras questões passam a se tornar secundárias.
01:29Então, a gente tem aí os interesses econômicos pavimentando o caminho para uma aproximação diplomática,
01:36para uma relação que havia piorado bastante desde o início do governo Trump.
01:40E muito tem se falado, né, Fernanda, sobre o que os Estados Unidos colocariam sobre a mesa,
01:46porque até agora não há uma manifestação pública e oficial do governo americano.
01:52Na sua leitura, na sua análise, quais devem ser os temas ou as demandas que o governo americano deve colocar para o Brasil?
01:59Bom, com certeza a questão das terras raras deve aparecer.
02:05Apesar da pausa de um ano aí compromissada entre China e Estados Unidos em relação às tarifas,
02:12o objetivo de longo prazo, tanto dos Estados Unidos quanto da China,
02:16é continuar promovendo o desacoplamento das duas economias.
02:20Isso envolve também a questão das terras raras.
02:22E o Brasil, por ter uma importante reserva, uma grande quantidade desses minerais,
02:27essa é uma questão que os Estados Unidos vão demandar algum acesso.
02:31Se a gente olhar para os outros acordos comerciais que os Estados Unidos têm negociado,
02:36também sempre vem acompanhado de uma demanda por investimentos de empresas do outro país parceiro,
02:42nos Estados Unidos.
02:44Então, provavelmente deve ter alguma demanda de investimentos brasileiros nos Estados Unidos.
02:50Deve ter também uma demanda por redução das tarifas para importação de etanol,
02:55exportação americana de etanol.
02:58O Brasil exerce algum protecionismo nesse setor por ser um produtor de etanol também.
03:04Então, esses são temas que os Estados Unidos devem colocar na mesa,
03:08mas eu acho que a questão dos investimentos e a questão das terras raras
03:11devem ser centrais para o governo americano.
03:15E como é que você vê a condição do Brasil hoje de ceder nesses temas, Fernando?
03:19Eu até colocaria a irregulação de big techs também, né?
03:22Também, com certeza, a regulação das big techs deve aparecer.
03:27Esse é um tema caro para o governo americano, uma vez que a proximidade do presidente americano,
03:33dos diretores e presidentes CEOs dessas big techs, é uma importante base do seu governo.
03:40Então, deve ser algo discutido também entre esses dois.
03:44E para o Brasil, ao mesmo tempo que nós temos uma relativa margem de manobra de negociação,
03:52no sentido de que nós temos procurado diversificar os nossos mercados,
03:56alguns setores foram bastante prejudicados por essas tarifas.
04:00Então, o Brasil deve pedir a remoção completa, né?
04:04Se não focar em alguns setores específicos como carnes,
04:08como a questão do aço brasileiro, tentar renegociar essas tarifas em torno desses setores que são sensíveis.
04:14O café também, apesar de que, tanto no café quanto nas carnes,
04:18a gente também tem uma pressão interna nos Estados Unidos para a remoção dessas barreiras,
04:23já que o Brasil é um dos principais fornecedores desses bens para os Estados Unidos.
04:27Empresas americanas estão sendo prejudicadas por essas tarifas
04:30e têm exercido pressão sobre o governo americano.
04:33Então, a gente tem aí essa margem de manobra e eu acho que a questão também das terras raras
04:39é algo que o Brasil está disposto a negociar com os Estados Unidos nesse momento.
04:45Agora, é factível, Fernanda, pensar em suspensão das tarifas?
04:50Porque isso não está acontecendo com nenhum outro país que vem fechando acordo com os Estados Unidos, né?
04:57Quer dizer, está se mantendo ali uma tarifa base para todos eles, né?
05:00O que o Brasil deveria perseguir pensando em algo que seja factível para um governo de Donald Trump?
05:08Bom, remoção completa das tarifas realmente não é algo factível.
05:12Todos os acordos que o governo americano tem anunciado, que têm sido negociados até agora,
05:19mantém a tarifa básica de 10%.
05:21Então, essa tarifa básica, com certeza, ela vai continuar.
05:24O que o Brasil pode tentar negociar é uma remoção dessa tarifa extra de 40%
05:30que foi aplicada especificamente ao caso brasileiro
05:34e que, em alguns casos, começa a tornar proibitivo o comércio entre os dois países em alguns setores.
05:40Você citou aí carne e café, por exemplo, né?
05:43Que estão entre os produtos brasileiros afetados por esse tarifácio,
05:47produtos que não entraram naquela lista de exceção.
05:49Naquela reunião entre Trump e Lula, Trump chegou a comentar que os americanos estão sentindo falta
05:54do cafezinho brasileiro, quer dizer, sentiu, acusou o golpe, né?
05:58Como se diz, revelou ali que existe, de fato, uma pressão e que está havendo
06:02um impacto concreto do tarifaço para o consumidor americano.
06:07Nesses dois produtos, você vê uma possibilidade maior de o Brasil
06:10sair das próximas conversas com algum acordo?
06:13Nesses dois produtos, particularmente, eu acho que sim, porque o aumento do preço neles
06:20gera um impacto sobre a inflação dentro dos Estados Unidos
06:23e é importante lembrar que a questão, o controle da inflação foi um tema muito forte
06:28na eleição americana e uma das pautas, uma das promessas de Donald Trump
06:33no período eleitoral era conter essa inflação.
06:37Então, a volta dessa inflação, ela é vista de forma negativa e ela pode enfraquecer
06:43o governo americano aí, lembrando que a gente tem midterms no próximo ano, né?
06:47São as eleições de meio de mandato.
06:50Isso poderia enfraquecer a perspectiva dos republicanos e manter a sua maioria em ambas as casas.
06:58Então, é importante, né?
07:02Conter o aumento dos preços nesses produtos que são caros ao consumidor americano
07:06e é importante lembrar também que existem empresas americanas que dependem desses insumos
07:12para gerar a sua própria renda, para vender os seus produtos.
07:15Então, no caso do café, no caso do suco de laranja, que foi incluído na primeira lista de exceções,
07:21mas o café é a carne, são produtos que se tornam mais caros
07:25e eles geram também perdas para empresas americanas que vendem esses produtos,
07:30às vezes compram insumo para, enfim, passar ainda por algum processo industrial
07:35e ser revendido dentro dos Estados Unidos.
07:39Questões envolvendo, por exemplo, Brasil e Venezuela, ou enfim, o cenário da América do Sul,
07:46o aumento de tensões com a Venezuela, da parte dos Estados Unidos,
07:49com a Colômbia, mesma coisa, relação do continente, do Brasil em especial com a China.
07:54Você acha que esses pontos da geopolítica da América do Sul podem pesar também?
08:00Pode vir alguma reivindicação americana, alguma pressão americana nessa conversa?
08:05Bom, eu acho que quem vai trazer mais essa pauta, a questão venezuelana,
08:11é o próprio Brasil, por uma preocupação com o aumento da tensão na região.
08:18É importante salientar que qualquer intervenção americana na Venezuela,
08:22em território venezuelano, pode gerar efeitos que vão espirrar para o Brasil,
08:27desde um fluxo de refugiados, fluxo de pessoas fugindo da situação de conflito,
08:31além de ser um conflito que pode acontecer muito perto das fronteiras brasileiras
08:36e criar alguns dilemas para a gente.
08:38Então, o governo tem se colocado já, se voluntariado para ser um intermediador
08:43desse processo de promover negociações com o governo venezuelano,
08:48tentar promover a mediação entre os Estados Unidos e a Venezuela.
08:51Certamente, essas questões vão ser discutidas, porque é uma preocupação grande
08:56do governo brasileiro em relação ao que os Estados Unidos vão fazer.
09:00Acredita-se que há uma decisão de ataques terrestres na Venezuela,
09:05na semana passada se ventilou bastante sobre isso,
09:08e que talvez seja uma questão de tempo até os Estados Unidos
09:11interbirem de forma direta na Venezuela ou realizarem ataques
09:16a regiões controladas pelo narcotráfico em território venezuelano.
09:21Isso representaria alguns dilemas de segurança para a própria América do Sul.
09:26E o Brasil, como importante potência regional e potência militar também,
09:30se preocupa com essas questões.
09:32Então, essa é uma pauta que certamente será discutida
09:36pelas equipes de negociação de ambas as partes.
09:38Fernanda Brandão, doutora em Relações Internacionais
09:42e coordenadora do curso de Relações Internacionais
09:45da Faculdade Presbiteriana Mackenzie, no Rio de Janeiro.
09:49Fernanda, muito obrigado pela sua entrevista aqui.
09:51Uma boa semana para você.
09:53Obrigada, Fábio.
09:54Boa semana também e obrigada pela oportunidade.
09:56Muito obrigado pela entrevista.
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