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O cientista político Eduardo José Grin, professor da Fundação Getúlio Vargas, analisou no Fast Money a missão de empresários brasileiros em Washington para negociar tarifas com os EUA e os impactos do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no STF.

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Transcrição
00:00E está acontecendo em Washington, nos Estados Unidos, uma missão de empresários brasileiros para negociar o tarifácio com autoridades norte-americanas.
00:09A programação para essa quarta-feira inclui encontros com o escritório de advocacia e lobby, reuniões na Embaixada do Brasil,
00:17diálogos com lideranças da Câmara de Comércio dos Estados Unidos e também com autoridades do governo norte-americano.
00:23E ao mesmo tempo, aqui no Brasil, o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro acontece no STF, vimos aqui algumas informações direto de Brasília.
00:33E a gente agora conversa sobre tudo isso com o cientista político e professor da Fundação Getúlio Vargas, Eduardo José Grim,
00:40que está ao vivo aqui no Fast Money, para conversar com a gente agora ao vivo. Felipe Machado também.
00:45Boa tarde, Felipe. Boa tarde, professor. Bem-vindos os dois.
00:48Boa tarde a todos.
00:49Boa tarde, Natália.
00:50Obrigada, viu, professor, pela disponibilidade, pela participação.
00:56Professor, vamos lá. Como é que o senhor está vendo todos esses acontecimentos importantes simultaneamente
01:04e as possibilidades práticas dessa missão nos Estados Unidos trazer algum resultado positivo aqui em relação ao tarifácio?
01:13Bem, acho que as alternativas diplomáticas, uma vez que elas reduziram as possibilidades, ou seja,
01:21canais que poderiam ter representantes de governos do Brasil e dos Estados Unidos buscando mediar algum acordo,
01:28resta agora que alternativas como essa que alguns empresários ou organizações sindicais que representam empresários
01:37têm feito por meio de lobistas nos Estados Unidos, sabendo que nos Estados Unidos o lobby é uma atividade legalizada de representação de interesses,
01:47para conseguir com isso achar canais alternativos, digamos assim, que possam, por meio da negociação direta entre setores empresariais,
01:56e mitigar ou reduzir um pouco desses efeitos, fazendo com que o governo Trump seja informado, por assim dizer,
02:03dos prejuízos que isso pode trazer para alguns setores econômicos dentro dos Estados Unidos,
02:10e sobretudo o efeito que isso pode ter na inflação e no desempenho da economia americana como tal.
02:17Porque o Trump efetivamente não está preocupado com o que isso poderia gerar para a economia brasileira, longe disso.
02:23Então nós vamos ter que verificar se esse processo que deverá continuar, ou seja, o tarifácio não é uma medida que tem um único fator no tempo,
02:32ela é contínua, ela vai sendo moldada, pelo que a gente já viu, da forma como o Trump se comporta erraticamente,
02:40ou seja, ele pode reduzir eventualmente alguma tarifa, ele pode aumentar alguma tarifa.
02:45Portanto, esse processo de negociação que essa comitiva está fazendo em Washington,
02:52deve ser, meu juiz, um processo que vai continuar por um bom tempo até que seja possível ter alguma ideia
02:58do comportamento que isso possa ter, ou limite em que seja possível esgotar todas as possibilidades que daí decorram.
03:06Por fim, eu acho que essa medida em Washington, ela também tem, de certa maneira, um caráter, digamos assim, preventivo,
03:15assumindo que a eventual condenação, ou provável condenação do ex-presidente Bolsonaro,
03:20ela já deixou precificada que o governo Trump deverá impor novas sanções,
03:25ou eventualmente incorporar produtos que estavam fora,
03:28ou aumentar as tarifas de alguns que estavam, até então, com tarifa menor do que aquela inicialmente anunciada.
03:35Então, acho que ela também busca já criar um ambiente que possa mitigar um pouco desses prováveis efeitos
03:42que deverão ser anunciados, possivelmente, para daqui a duas semanas, 15 dias, enfim,
03:46a depender de como vai se dar o desfecho do julgamento do ex-presidente Bolsonaro no STF.
03:53Muita coisa ainda por vir, né, Felipe?
03:55Exatamente. Professor, boa tarde.
03:56Professor, uma outra questão que é relacionada também a esse assunto, um pouquinho paralela,
04:00é a aplicação da Lei Magnitsky, né, ao ministro Alexandre de Moraes,
04:05que foi anunciado em relação também a outros políticos brasileiros, outros ministros até do STF.
04:11Mas agora teve uma cobrança, né, quer dizer, o Tesouro Americano questionou cinco bancos brasileiros
04:17a respeito da aplicação dessa Lei Magnitsky.
04:21Como é que o senhor está vendo esse cenário?
04:22Quais são as opções para os bancos brasileiros?
04:25Uma vez que muitos deles, né, a gente está falando de Itaú, estamos falando de Santander, BTG,
04:29muitos deles têm negócios nos Estados Unidos e tem a questão do STF ter dito que os bancos
04:35que não poderiam cumprir uma determinação da legislação de outro país.
04:39Como é que o senhor está vendo esse cenário?
04:40Como é que os bancos podem reagir a essa determinação do Tesouro Americano?
04:45Bem, eu acho que essa é uma questão que ela tem, evidentemente, dois aspectos
04:49e talvez nós não tenhamos aí a bala de prata para dar resposta.
04:53Deixa eu me referir, então, a esses dois lados da questão.
04:57Primeiro, eu acho que do ponto de vista da doutrina jurídica, por assim dizer,
05:01aquilo que secularmente, ou pelo menos desde o século XVI,
05:04quando passou a ser construído os chamados Estados Nacionais,
05:07que são os Estados-nação,
05:09há um conceito muito importante chamado de soberania,
05:12o que significa dizer que cada território governa para dentro de si
05:15de acordo com aquilo que tem da sua legislação,
05:18sua Constituição, seus marcos jurídicos.
05:21Então, nesse sentido, a atitude tomada pelo ministro Flavio Dino,
05:25sobretudo, chancelada pelos seus colegas da corte,
05:29ela está fazendo o óbvio, ela está usando a Constituição brasileira
05:32para dizer que dentro desse território chamado Brasil,
05:35nós temos leis e elas valem para todo mundo que opera aqui dentro,
05:39indiscriminadamente.
05:40Não importa se essa empresa tem sede nacional
05:45ou ela é uma multinacional, como é o caso em questão das big techs.
05:48Tem que cumprir a legislação do país e cada empresa,
05:51em cada país, tem que se ajustar a essa legislação nacional.
05:55O segundo lado da questão é que, em um mundo hoje cada vez mais internacionalizado,
06:00sobretudo a internacionalização financeira,
06:04os efeitos gerados em qualquer economia nacional
06:07extrapolam as fronteiras da soberania nacional.
06:11Quando o conceito de soberania foi construído,
06:13imaginava-se que a economia também era soberana internamente.
06:17Mas as trocas internacionais, a financiarização da economia,
06:21tem gerado imbróbulos como esse.
06:24Porque, de um lado, não há como o STF abrir mão da soberania jurídica,
06:28inclusive porque isso gera alguma previsibilidade para os atores
06:32que vão atuar no mercado, seja eles quais forem.
06:36Mas, por outro lado, as consequências podem adivir desse mau uso distorcido
06:41da lei Magnitsky, acusando ou usando como subterfúgio
06:45que o STF e atores do sistema judiciário brasileiro,
06:49além de atores do governo brasileiro,
06:51estariam incorrendo em graves erros ou graves crimes perpetrados
06:56contra os direitos humanos.
06:58Eu acho que essa é uma questão muito difícil da gente dizer qual vai ser o desfecho,
07:03porque pode ser que o governo Trump aperte ainda mais
07:07as exigências para os bancos brasileiros,
07:11como pode ser que os bancos brasileiros consigam ajustar minimamente
07:15alguma faixa de autonomia de ação
07:18que lhes garanta, como é o caso, por exemplo,
07:21de um banco como a Caixa Econômica Federal.
07:24A Caixa Econômica Federal, diferentemente do Banco do Brasil,
07:27não tem ações e não tem dinheiro aplicado no exterior
07:30e quem sabe poderia ser uma alternativa para ministros do STF
07:35e outras autoridades afetadas para seguir tendo suas contas correntes,
07:38movimentar dinheiro, ter cartão de crédito, enfim.
07:41Mas também acho que em algum momento os bancos brasileiros
07:44vão ter que negociar com o STF qual é a possibilidade que existe
07:49de seguir atendendo de um lado a legislação brasileira,
07:53que é mandatória, mas também preservando os seus ativos financeiros
07:57sem o que isso poderia gerar um problema muito sério em cadeia
08:01no funcionamento de todo o sistema financeiro brasileiro,
08:04porque, por exemplo, o Banco do Brasil é fundamental
08:06para financiar uma série de atividades na área agrícola,
08:10na área rural, apenas para citar dois exemplos.
08:13Então, qual vai ser a alternativa que vai ser encontrada?
08:16Eu acho que nós estamos ainda por ver,
08:18mas ela vai decorrer de um equilíbrio entre essas duas questões.
08:22A necessidade prática dos bancos seguirem atuando
08:25no mercado internacionalizado, mas ao mesmo tempo sabendo
08:28que tem uma legislação soberana aqui no Brasil
08:31no que diz respeito às regras que têm que ser obedecidas.
08:34Bom, professor, é fato que o governo norte-americano
08:37está usando o sobretaxa como arma mesmo em disputas
08:41e questões geopolíticas muito mais do que de economia pura e simples.
08:46Agora, se o Supremo está vivendo um teste institucional,
08:49qual é o efeito que esse julgamento e o resultado dele pode ter
08:53na imagem do Brasil, do nosso sistema político lá fora,
08:58considerando o olhar de investidores internacionais
09:01e de outros parceiros comerciais?
09:04Bem, eu acho que são duas as questões que estão relacionadas,
09:08uma do ponto de vista político e outra do ponto de vista econômico.
09:12politicamente falando, esse julgamento que está em curso
09:16e deve durar até a próxima sexta-feira, dia 12,
09:20como a gente viu na reportagem anterior,
09:22ele tem, para efeito da sociedade brasileira,
09:25uma enorme importância histórica.
09:27Ele tem um caráter pedagógico muito grande,
09:30porque pela primeira vez nós estamos colocando
09:33nos bancos dos réus militares de alta patente.
09:37Pela primeira vez um ex-presidente está sendo julgado
09:39por crimes contra o Estado democrático e de direito.
09:43No momento em que o mundo vem vendo ou vem assistindo
09:47a ascensão dos chamados populistas autoritários,
09:50a exemplo de Trump nos Estados Unidos,
09:52que vem buscando derrubar todos os sistemas de,
09:56nós chamamos de checks and balance,
09:57freios e contra freios, ou pesos e contrapesos,
10:00que garantem que a democracia sobreviva,
10:03o Brasil não apenas pode dar uma lição
10:06para dentro da sua própria sociedade,
10:09para dizer que nunca mais serão toleradas medidas
10:12que buscam derrubar o Estado democrático de direito,
10:15como passa a ser também uma referência
10:16para outras democracias que vêm tendo
10:19as suas instituições políticas também atacadas.
10:21Então, nesse sentido, o julgamento tem um caráter histórico
10:24que vai além do caso em si do ex-presidente Bolsonaro
10:29e de toda a trama golpista, que é o que parece,
10:32foi arquitetada após a derrota dele
10:35ou mesmo antes da derrota dele em 2022.
10:39Economicamente, eu acho que a gente pode ter uma ideia
10:42dos efeitos disso a partir do mercado de ações.
10:45Nós já vimos ontem que, por exemplo,
10:47o Banco do Brasil foi afetado no valor das suas ações
10:50porque é, por exemplo, a agência financeira
10:52que hoje dá uma bandeira de cartão de crédito
10:54para o ministro da Suprema Corte,
10:57o Alexandre de Moraes, principal acusado
10:59ou principal envolvido na aplicação da Lei Magnitsky
11:01pelo governo dos Estados Unidos.
11:04Então, de um lado, nós vamos ter que identificar
11:07se a preservação da democracia no Brasil
11:10fará com que os investidores estrangeiros,
11:13por exemplo, observem que aqui nós temos um país
11:15que respeita regras e leis,
11:17e isso vale, inclusive, para aquelas que dizem respeito
11:20à aplicação de investimentos no Brasil,
11:23ou se a nossa democracia vai viver
11:25um novo período de instabilidade,
11:27que pode afugentar investidores
11:29e trazerem os seus investimentos,
11:33seus valores para cá.
11:34Claro que isso não se resolve
11:36ou não se resume apenas ao julgamento em si,
11:38porque também dependerá muito
11:40do próprio desempenho da economia,
11:42se o PIB vai seguir crescendo,
11:44se o desempenho fiscal do governo
11:45seguirá mantendo minimamente controles,
11:47o que é algo que a gente ainda está por ver.
11:50A partir daqui vai ser o desempenho da economia
11:52e do governo no ano que vem,
11:54que é um ano eleitoral,
11:55que geralmente governos gastam mais.
11:57Então, há outros fatores também
11:58que devem ser colocados nessa balança
12:00para que nós possamos somar isso
12:04ao efeito do julgamento
12:05no que diz respeito às decisões
12:07de investimento que empresas farão
12:09para vir ou não vir ao Brasil.
12:11Perfeito, quero agradecer Eduardo José Grim,
12:15cientista político, professor da Fundação Getúlio Vargas,
12:17pela entrevista excelente,
12:18super esclarecedora aqui ao vivo no Fast Money.
12:22Muito obrigada, professor.
12:23Boa tarde, volte sempre.
12:25Boa tarde, é um prazer estar com vocês.
12:27Até a próxima.
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