Encontro Brasil-EUA pode suspender tarifas e reativar diálogo; entenda

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O ministro Mauro Vieira se reúne com Marco Rubio nesta quinta-feira (16) para negociar suspensão de tarifas sobre produtos brasileiros. Renan de Souza, direto de Abu Dhabi (EAU), analisou os potenciais avanços e os temas sensíveis que podem surgir, incluindo Venezuela, Brics e futuro encontro Lula-Trump.

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00:00E o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, vai se reunir hoje,

00:04nesta quinta-feira à tarde, em Washington, com o secretário de Estado americano, Marco Rubio.

00:09O encontro tem como objetivo negociar a suspensão do tarifácio imposto sobre produtos brasileiros.

00:16E o Renan Souza, meu parceiro de Fast Money, ao vivo direto de Abu Dhabi,

00:20claro que está acompanhando as expectativas em torno desse encontro,

00:23vai trazer mais detalhes, a análise dele.

00:26Renan, tudo bem? Boa noite para você aí direto de Abu Dhabi.

00:31Conta para a gente o que você acha que pode sair, considerando as figuras envolvidas na conversa,

00:36especialmente Marco Rubio, que já se mostrou muito crítico ao Brasil, a países latino-americanos.

00:46Quais são as suas expectativas? Renan, o que sai hoje?

00:49Nath, muito boa tarde para você e para todos que nos acompanham aqui no Fast Money.

00:58Nath, a expectativa é bastante alta para essa reunião,

01:02até porque essa reunião é um convite de Marco Rubio,

01:06depois de uma ligação ao chanceler brasileiro Mauro Vieira.

01:09Então, é um passo importante, um possível avanço nas relações entre Estados Unidos e Brasil,

01:17que estavam num momento difícil, talvez num dos piores momentos da história das relações diplomáticas

01:23entre essas duas nações.

01:25E agora é a chance, ou pelo menos o início de um restart, vamos dizer assim, nessas relações.

01:31Isso porque essa reunião começa daqui a pouco, às três horas pelo horário de Brasília,

01:37duas horas da tarde pelo horário de Washington.

01:40E chama a atenção que, pela agenda pública do secretário de Estado, Marco Rubio,

01:46essa reunião acontece na Casa Branca e não na sede do Departamento de Estado.

01:52Não é raro, não é algo incomum, mas pode acontecer às vezes.

01:56E quando a reunião acontece na Casa Branca, ela tem uma simbologia maior.

02:01Isso porque a Casa Branca quer mostrar o impacto das relações, da grandeza,

02:06ou possivelmente da importância da aliança com quem os Estados Unidos estão recebendo neste momento.

02:13E aí eu preciso salientar outra questão, porque a gente fala bastante do principal motivo

02:20pelo qual a delegação brasileira vai aos Estados Unidos,

02:24que é para tentar reverter o tarifácio, tentar reverter as sanções contra cidadãos brasileiros,

02:30toda a questão política também.

02:33Mas a gente precisa lembrar que Marco Rubio também é o conselheiro de segurança nacional

02:38do presidente dos Estados Unidos, do presidente Donald Trump.

02:41Então, temas importantes e sensíveis para os Estados Unidos,

02:45que muito provavelmente querem ajuda e o papel do Brasil,

02:48esses temas devem aparecer.

02:50Quais são esses temas?

02:51Muito provavelmente os BRICS, o presidente Donald Trump tem sido crítico aos BRICS.

02:56Essa semana ele criticou os BRICS, falou que ninguém fala mais sobre os BRICS,

03:00que os países estão querendo sair dos BRICS.

03:03A questão de China, o presidente Donald Trump enfrenta uma situação delicada nos Estados Unidos,

03:08com a China não comprando soja dos norte-americanos

03:12e comprando mais soja da Argentina e também do Brasil.

03:15A questão da Ucrânia, o presidente Lula tem um diálogo bom com o presidente russo Vladimir Putin

03:21e também tem uma certa porta aberta, vamos dizer assim, com o Volodymyr Zelensky

03:26e, obviamente, Venezuela.

03:29Venezuela é de interesse dos Estados Unidos neste momento, interesse muito alto

03:33e o presidente Lula sempre teve um pouco mais de diálogo ali com o Nicolás Maduro.

03:39Agora que está num momento mais afastado, mas sempre teve.

03:42Então, os Estados Unidos podem acabar pedindo ajuda para o Brasil em relação à Venezuela.

03:48E aí eu volto à importância dessa reunião acontecer na Casa Branca,

03:52porque Marco Rubio é o conselheiro de Segurança Nacional.

03:55Então, isso indica que temas mais sensíveis devem ser tocados.

03:59Então, a equipe de Segurança Nacional também deve estar presente nessa reunião.

04:04Eu conversei mais cedo, procurei algumas fontes no Departamento de Estado.

04:08As informações têm estado um pouco difíceis por causa do shutdown.

04:12Tem muitos funcionários do governo dos Estados Unidos não trabalhando,

04:17mas justamente as informações que eu recebi é que, neste momento,

04:21não há um posicionamento do Departamento de Estado anterior a essa reunião.

04:26E pode ser que, depois da reunião entre Marco Rubio e Mauro Vieira,

04:30possa sair um comunicado oficial do Departamento de Estado,

04:33mas isso também não é certo nesse momento.

04:36Agora, outro ponto interessante que a gente precisa destacar também,

04:41em relação a essa reunião, é que isso pode pavimentar o encontro,

04:46o tão esperado encontro entre o presidente Donald Trump e também o presidente Lula.

04:51Isso porque esse encontro, muito potencialmente, pode acontecer

04:55na Cúpula de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico.

04:59Essa cúpula acontece entre 26 e 28 de outubro, em Kuala Lumpur, na Malásia.

05:05As informações que eu recebi de bastidores é que o presidente Donald Trump vai para essa cúpula da Malásia.

05:11E o Planalto também já confirmou que o presidente Lula vai.

05:14Então, havendo avanço entre esses dois lados, entre os Estados Unidos e o Brasil,

05:20muito provavelmente isso pode acabar resultando no primeiro encontro oficial entre Lula e Trump.

05:25Então, essa reunião é muito importante.

05:28A importância dela cresce ainda mais, não só pela questão da redução das tarifas

05:33ou pela questão das sanções políticas,

05:36mas pelo potencial de parcerias que podem surgir ali entre o Brasil e também os Estados Unidos

05:42e justamente reativar essa relação no potencial que ela tem entre as duas maiores nações,

05:49as nações mais populosas do hemisfério ocidental, que são o Brasil e os Estados Unidos.

05:54Mas antes de chegar nesse estágio, há muito trabalho a ser feito.

05:59Isso porque, nesta quarta-feira, houve uma coletiva de imprensa

06:03entre o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bassett,

06:07e o representante de comércio, Jameson Greer,

06:09e ele deixou bem claro quais são os entraves, neste momento,

06:13entre Brasil e Estados Unidos, e a gente vai ouvir a fala dele agora.

06:17A pergunta é sobre o Brasil, as tarifas de 50% sobre o Brasil.

06:23O senhor pode explicar por que eles estão sendo atingidos com tarifas de 50%

06:29e por que isso se enquadra na Lei de Poderes Econômicos de Emergência Internacional?

06:34Com certeza, ficaria feliz em fazer isso.

06:40No Brasil, existem atualmente dois regimes em vigor.

06:43Um deles é a tarifa recíproca de 10%, aplicada a todos os países do mundo,

06:49que busca controlar nosso déficit comercial global.

06:53Além disso, há uma tarifa de 40% que foi implementada em situação de emergência,

06:59devido a preocupações relacionadas ao Estado de Direito, censura e direitos humanos no país.

07:06Recentemente, um juiz brasileiro determinou que empresas americanas se censurassem,

07:11alegando a proteção de informações e o cumprimento das leis com relação aos oponentes políticos no Brasil.

07:18E a detenção ilegal de cidadãos americanos que estavam no Brasil?

07:22Sim. Atualmente, o Departamento do Tesouro tem usado regularmente a IEPA

07:26para impor sanções que excluem países, empresas ou pessoas do sistema financeiro dos Estados Unidos e do comércio.

07:33Se o presidente pode interromper o comércio, certamente pode impor tarifas,

07:37uma medida menos drástica que uma sanção total.

07:40É, e a gente precisa lembrar que os Estados Unidos estão ainda conduzindo uma investigação

07:49em relação a práticas comerciais do Brasil e isso, obviamente, pode resultar em mais sanções.

07:55Por isso, essa reunião também ganha uma importância muito grande, Nath,

07:58mas, aparentemente, pelas declarações que a gente vê do ministro da Fazenda, Fernando Haddad,

08:03aparentemente, a delegação brasileira já tem em mente a característica de negociação da administração Trump.

08:10A administração Trump é transacional, quer ver lucros, quer ver ganhos,

08:14então o Brasil, aparentemente, está disposto também a entregar ganhos

08:18para melhorar essas relações entre Brasil e Estados Unidos, Nath.

08:22Dizem que para negociar com o Donald Trump tem que oferecer vantagens, né, Renan?

08:27Então, muito provavelmente, estamos indo preparados para isso, é o que a gente imagina.

08:32Vamos acompanhar. Muito obrigada, viu?

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