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O economista Alexandre Chaia, professor de finanças do INSPER e gestor da Carmel Capital, analisou a reunião entre Mauro Vieira e Marco Rubio, destacando riscos políticos e oportunidades comerciais. Ele avaliou impactos para exportações, investimentos e a estratégia do Brasil frente aos EUA.

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Transcrição
00:00Eu converso agora com o economista Alexandre Chaia, professor de finança do INSPER e gestor da Carmel Capital.
00:07Alexandre, boa noite, seja muito bem-vindo.
00:10Boa noite, Natália.
00:11Comece te perguntando sobre a sua expectativa em relação à reunião de amanhã entre o chanceler Mauro Vieira e Marco Rubio em Washington.
00:20É, isso é uma reunião complexa, até porque apesar desse clima mais otimista, como eu tenho entrevistado anteriormente,
00:27falando que pode ser que distensione o mercado, o Marco Rubio historicamente é uma pessoa que é contra os governos de esquerda na América Latina.
00:38Então existe essa dualidade na reunião.
00:44Ele foi enviado pelo Trump como uma porta para conversar com o Brasil, ele tem uma boa relação com o chanceler brasileiro,
00:53mas, por outro lado, ele é uma pessoa que tem um viés contrário ao governo de esquerda.
00:58Então a gente não sabe exatamente o que vai acontecer.
01:00Acho que muito provavelmente não vai ser solucionado nada amanhã.
01:05Se a reunião de amanhã for pelo menos não negativa do ponto de vista de nenhum acordo já selado negativamente,
01:13dizendo que não vai ter oportunidade de mudança, isso é um bom sinal,
01:17porque a tendência do Marco Rubio é ser mais agressivo contra o Brasil,
01:22por conta exatamente da visão dele ideológica e direita dele.
01:26E professor, o fato desse encontro acontecer amanhã, nesse momento de elevação das tensões entre Estados Unidos e China,
01:35isso pode impactar as negociações do Brasil com os Estados Unidos, considerando a nossa proximidade com a China?
01:42Como é que faz para transitar e se dar bem com esses dois ao mesmo tempo?
01:47Na verdade, o Brasil deveria, independente de ser Lula, ser o governo do Bolsonaro, qualquer governo,
01:54deveria ser pragmático e se relacionar com todos, porque o mundo, na verdade, é o mundo de comércio.
02:00O Trump é que tem uma visão, vamos dizer, errada do mundo,
02:03não dá para dizer que é uma visão diferente, mas é errada,
02:06que o mundo cresceu nos últimos anos através da criação de cadeia de valor, de comércio,
02:12e essa visão mais protecionista, ele só faz os Estados Unidos encolher, como os indicadores estão mostrando.
02:16Os Estados Unidos estão cada vez acelerando, vai ter inflação, está essa preocupação toda econômica dos Estados Unidos.
02:22Agora, nesse momento da guerra da China, talvez seja uma oportunidade, porque o que acontece?
02:29O Brasil vendeu muito, a parte agrícola, o Brasil vendeu mais para a China, aumentou a exportação para a China,
02:34enquanto os Estados Unidos perdeu a exportação.
02:37Então, pode ser que a visão de uma melhora de relação com os Estados Unidos
02:40faça com que o Brasil deixe de vender para a China e aumenta para os Estados Unidos,
02:46abrindo espaço para o produtor americano vender.
02:49Então, eu acho que, nesse ponto, se os Estados Unidos pensar de forma pragmática,
02:53não do ponto de vista emocional, trazer o Brasil de volta para o arco de influência dele,
03:00é importante porque, se ele, de alguma forma, criar um obstáculo para o Brasil,
03:05a tendência é, cada vez, o Brasil se aproximar mais da China, mais da Europa e menos dos Estados Unidos.
03:10Então, eu acho que é um caminho, se for pensar de forma estratégica.
03:13Se for pensar do ponto de vista, ah, eu quero só beneficiar, como o Trump falou ontem, para a direita,
03:19só se você ganhar, se for voltar à esquerda para a Argentina, eu não vou ajudar,
03:25ele está cada vez mais jogando os países da América do Sul para o colo da China,
03:29que está, cada vez, demandando mais alimentos, mais produtos e, principalmente, mais terras e mais participação.
03:38Certo. Professor Vinícius Torres Freire, nosso analista, vai participar da conversa também.
03:42Vini.
03:44Alexandre, boa noite.
03:45Eu vou repetir uma pergunta que eu tenho feito para todo mundo, para governo, para empresário,
03:51para economista, para especialista em relações internacionais.
03:54Numa negociação com o Trump, em geral, é o que tem acontecido, ele precisa levar um butinho,
04:00ele precisa levar um troféu para casa e dizer que ganhou alguma coisa.
04:03E o Brasil, por hora, que a gente sabe que o governo está fechado nisso,
04:07só está dizendo que quer derrubar o tarifato e também está dizendo até que quer derrubar a sanção da lei Magnitsky
04:13contra o Alexandre de Moraes, que é uma ideia meio perigosa.
04:16Agora, o que o Brasil pode oferecer para os Estados Unidos que seja vantagem para o Trump contar em casa?
04:24O Brasil fala, pode negociar terras raras, ok, investimento.
04:27Pode negociar investimento em data center, ok.
04:31É bom para os dois países, se for feito de maneira livre e tal.
04:34Agora, isso não é vantagem para o Trump contar em casa.
04:37O que o Brasil pode ceder?
04:38Bom ponto.
04:42Acho que tem muito pouco coisa para ele ceder hoje, a não ser mostrar que realmente o Brasil complementa a cadeia de produção
04:50e isso vai desacelerar o emprego nos Estados Unidos.
04:53Então, a forma dele retomar, dizendo, olha, está aqui, vamos, de alguma forma, melhorar a nossa cadeia de produção
04:59e tem um mercado potencialmente grande no Brasil.
05:03Mas tirando a questão das terras raras, que o Brasil, mineração, investimento, tem muito pouco.
05:08Porque o Brasil já não é um país que tem superávit para os Estados Unidos, ele já tem déficit.
05:13Então, teoricamente, essa regra para ele de falar assim, ah, eu vou conseguir reduzir o nosso déficit, não existe.
05:21A parte política é o grande entrave porque o Bolsonaro, desculpa, o Bolsonaro Trump, né?
05:27Ele tinha uma preferência pelo Bolsonaro, mas, porém, eu acho que já passado o julgamento,
05:34eu acho que ele já reduziu um pouco essa pressão porque ele viu que não conseguiu criar condições de reverter a situação.
05:42E, por outro lado, eu acho que o Trump também, ele, aí voltando sem falar da sua resposta,
05:47mas eu acho que ele também valoriza quem não se submete completamente a ele.
05:52Por isso que ele voltou a conversar com o Brasil.
05:53Eu acho que, nesse ponto, o Brasil ter mantido, falando, olha, não vou te retaliar,
05:57eu quero conversar, mas eu também não vou abrir mão da minha soberania,
06:01fez com que o Trump olhasse o Brasil de uma forma diferente.
06:04Então, de alguma forma, ele vê que ele não vai conseguir atingir os objetivos dele.
06:09Mas, realmente, do ponto de vista de vantagem comercial,
06:12acho muito pouco provável que ele tenha alguma vantagem,
06:14porque o Brasil já é, de alguma forma, um parceiro que gera resultados nos Estados Unidos,
06:19não tem nenhuma grande complicação.
06:22Talvez o que ele consiga é, ah, vamos reduzir algumas tarifas,
06:26ou abrir algum mercado a mais para produtos americanos.
06:29Mas, realmente, do ponto de vista de tecnologia,
06:32eu acho que o Brasil não vai abrir mão do controle das big techs como ele quer.
06:36Do ponto de vista do judiciário, não vai fazer abrir mão da soberania.
06:40Então, não existe nenhum grande motivo.
06:43Mas, por outro lado, o Estados Unidos está sofrendo,
06:45porque as coisas que o Brasil vende para os Estados Unidos,
06:48aumentaram de preço lá e ele está sendo pressionado por empresários americanos,
06:51que eu acho que é o principal motivo para ele.
06:54Ele não está se mexendo por conta do governo brasileiro
06:58ou por conta da direita brasileira.
07:00Ele está se movendo porque os empresários americanos estão pressionando ele,
07:03dizendo, olha, eu estou sendo prejudicado,
07:05isso vai gerar prejuízo e, provavelmente, na sequência,
07:08nas eleições de meio de mandato, eu vou acabar tendo que mudar de partido
07:11para te ajudar, para poder ajudar quem realmente se interessa
07:16e se preocupar com o meu negócio e não com a sua plataforma política.
07:20E, direto de Brasília, nosso analista Eduardo Geyer também traz um ponto para a conversa.
07:26Geyer, boa noite para você. Bem-vindo.
07:30Natália, boa noite. Boa noite, Vinícius. Boa noite, Alexandre.
07:33Gostaria de fazer uma pergunta para o senhor, que é a seguinte.
07:35Hoje, o deputado federal Eduardo Bolsonaro e o jornalista, o comunicador,
07:41para ser mais preciso, Paulo Figueiredo,
07:42os dois estiveram no Departamento do Estado americano com aquela estratégia
07:48de articular sanções contra o Brasil e de fazer uma campanha contra as autoridades brasileiras
07:53junto ao governo americano.
07:55Isso na véspera do encontro entre Marco Rubio e Mauro Vieira.
07:59O investidor deve se preocupar com essa reunião que aconteceu hoje,
08:04na véspera, portanto, da primeira reunião de negociação entre Brasil e Estados Unidos,
08:08ou a realidade já mostra que a família Bolsonaro não tem mais essa exclusividade
08:15na interlocução com a Casa Branca?
08:18Não, eu acho, voltando, se fosse um outro negociador do ponto de vista do governo americano,
08:24acho que não faz diferença nenhuma.
08:26O primeiro ponto, eu concordo que já passou o julgamento,
08:30a preocupação do Trump era tentar influenciar o julgamento,
08:33não conseguiu, até por conta disso, como eu falei na resposta anterior.
08:37Eu acho que o governo americano acabou valorizando o Brasil por não se curvar as demandas dos Estados Unidos.
08:44Acho que esse é um ponto positivo que trouxe, de alguma forma, um pé de igualdade na negociação.
08:52Então, esse ponto, eu acho que a família Bolsonaro e, especificamente, o Eduardo Bolsonaro nos Estados Unidos
08:58tem pouco efeito se não fosse o Marco Rubio.
09:01O Marco Rubio tem uma identificação com o Eduardo Bolsonaro, com a direita brasileira,
09:05e, de alguma forma, ele tem tentado influenciar os países da América Latina
09:10para se converter mais para o lado da visão política dele.
09:14Então, eu acho que é um problema a mais, eu acho que, sem dúvida, o Marco Rubio não é o melhor dos interlocutores,
09:21porém, ele tem uma boa relação com o Mauro Vieira, então, ele já fala, ele tem uma boa comunicação com ele,
09:26então, esse é um ponto positivo, não é um agente político falando e, sim, um chanceler, um embaixador,
09:35que é uma pessoa que tem mais neutralidade.
09:37Eu acho que isso chega positivo, mas eu acho que a pressão que os empresários americanos fizeram no Trump
09:43e o Trump fez pressão no Marco Rubio, eu acho que, de alguma forma, ele minimizou um pouco o efeito.
09:48Então, eu acho que a chance de ter uma mudança da boa vontade da conversa, eu acho que é pouco provável que mude.
10:00Agora, sem dúvida, ele prejudica porque ele coloca mais dificuldade e o Marco Rubio é uma pessoa
10:07que é influenciável por essa visão da direita brasileira questionada.
10:11Mas, por outro lado, também, como você está falando, o efeito da família Bolsonaro
10:17e, efetivamente, a tentativa de evitar que o Bolsonaro seja condenado, isso não surgiu zero de efeito.
10:24Então, tudo que ele está falando hoje com o Marco Rubio não vai trazer nenhuma vantagem,
10:28porque o Brasil já foi penalizado, já teve toda a pressão possível e nada surgiu efeito.
10:35Então, se o Marco Rubio continuar nessa batida, ele vai, de alguma forma, prejudicar os planos do Trump
10:40junto ao empresariado americano e, por outro lado, não vai trazer benefício nenhum para o Brasil.
10:44Então, eu acho que, nessa balança, eu acho que vai ser pesada muito mais essa conversa do que o efeito.
10:51Mas, voltando, é sempre um ponto a mais negativo, é sempre uma pessoa que foi lá criar algum tipo de narrativa,
10:58mas eu acho que essa narrativa tem muito mais a ver para dar alguma esperança interna para a bolha do Bolsonaro
11:04do que, efetivamente, para fazer algum efeito na negociação com o Brasil.
11:08Quero agradecer as perguntas dos meus colegas Eduardo Geyer e do Vinícius Torres Freire
11:15e agradecer o professor Alexandre Chaia, de Finança do INSPER e gestor da Carmel Capital.
11:21Muito obrigada, viu, professor? Ótima noite por aí.
11:23Obrigado. Boa noite.
11:24Até logo.
11:25E aí
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