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O economista e sociólogo César Bergo, professor de mercado financeiro da UNB, analisa os impactos do encontro entre Lula e Donald Trump nas relações comerciais entre Brasil e Estados Unidos.

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Transcrição
00:00A expectativa agora é que o avanço das negociações comerciais entre Brasil e os Estados Unidos
00:06gere novos desdobramentos nas relações comerciais entre os dois países e no mercado financeiro brasileiro.
00:14Para falar sobre esse tema, eu tenho o prazer de conversar com César Bergo,
00:18economista, sociólogo e professor da Universidade de Brasília, a UNB,
00:23a quem eu começo a conversa desejando uma ótima noite e agradecendo a presença aqui, professor César.
00:29Vamos lá, obviamente que por enquanto nós vamos fazer um exercício de futurologia, né?
00:36Todo mundo que está nos assistindo e nosso DNA do Times Brasil licenciado exclusivo do CNBC
00:41é um canal de finanças, é um canal de negócios.
00:45Todo mundo quer saber, ah, marcas históricas do Ibovespa, posso comprar amanhã?
00:50Calma, né?
00:51Porque nós tivemos uma movimentação política importante.
00:55Mas cá entre nós, professor César, não teve nenhuma resolução prática, né?
01:01As outras camadas, depois dos chefes de Estado, Lula e Trump, agora caiu ali para os diplomatas,
01:08para, no caso dos Estados Unidos, a secretaria, que os ministros falarem e acharem um caminho comum.
01:16Na sua experiência, professor César, na sua capacidade de leitura do mercado, o que pode acontecer?
01:22Nós fizemos uma vasta cobertura ontem, obviamente, por causa do encontro,
01:27uma transmissão ao vivo da conversa dos dois chefes de Estado,
01:30e a aposta dos especialistas que eu conversei ao longo do domingo eram as seguintes, as apostas.
01:36Ah, de 50% pode cair para 10%, para 15%, para 20%.
01:40O senhor está em qual lado do copo?
01:43Mais cheio ou mais vazio?
01:45Boa noite, Favale.
01:48Eu adorei você dar aula aí, viu?
01:49Eu vou até copiar você, viu?
01:52Obrigado.
01:53Mas eu quero dizer para você o seguinte, no mercado financeiro, você tem uma questão que é detesto incerteza
01:59e adoro o risco, porque é o risco que eu posso medir.
02:03Então, a previsibilidade que esse encontro proporcionou para o mercado fez com que a Bolsa subisse,
02:08se o dólar caísse, e o fluxo de capital também estrangeiro para investimento no Brasil,
02:13porque o risco caiu, aumentou também.
02:15Então, tudo isso fez com que o dólar caísse e a Bolsa subisse, do ponto de vista prático, pragmático.
02:21Eu, particularmente, acho que foi um avanço muito grande.
02:24Não esperávamos uma colhida tão boa por parte do Trump.
02:28Sabemos a questão da intempestividade, das questões de colocar o bode na sala, essas coisas todas.
02:33Mas não tenha dúvida de que esse encontro foi muito importante para esvaziar um pouco as incertezas.
02:41Então, você tem hoje, obviamente, nenhuma decisão tomada, mas uma coisa avançou e muito,
02:48que é a questão dessa proximidade do Brasil com os Estados Unidos, que as portas estavam todas fechadas,
02:54não tinha a porta aberta.
02:56Então, me parece também o peso desse encontro.
02:59Você tinha lá do lado americano o secretário de Estado, o secretário do Tesouro.
03:04Isso mostra a importância que os Estados Unidos estão dando a esse encontro.
03:08Obviamente, vai ser uma negociação dura.
03:11Eu acho que se focar na parte comercial e econômica, tem tudo para dar certo.
03:16Agora, não tenha dúvida de que tem as questões geopolíticas, as questões ideológicas.
03:21Isso aí, obviamente, vai ser tratado no momento certo.
03:24Agora, do ponto de vista das decisões, a gente já viu o próprio Estados Unidos voltar um pouco atrás,
03:30desonerando alguns produtos.
03:32E agora, eu acredito que a grande questão agora é a trégua.
03:36Ou seja, o Brasil deve buscar um momento, enquanto a negociação está correndo,
03:41uma trégua nessas tarifas.
03:43Porque, Favalle, você comentou, é 50% para o Brasil,
03:47mas a maioria do mundo todo está com 10%, está com 25%, ou seja, existe taxa para todo mundo.
03:52Se voltar para os 10%, para o Brasil fica bom.
03:55Agora, tem algumas áreas da economia que acumularam produção.
04:00Então, essa trégua é importante para que haja um alívio nos estoques,
04:04sobretudo na área da questão mecânica,
04:07onde existe uma complementariedade entre o Brasil e os Estados Unidos.
04:11Então, eu vejo muito positivo esse encontro.
04:15E eu vejo que tem tudo para dar certo, viu, Favalle?
04:18Bom, professor César, assim como acontece em desastres naturais,
04:23e quando o Trump apareceu com aquela placa ali,
04:26dizendo quais seriam as taxações, eu estou voltando no tempo,
04:28em abril, depois ele mudou toda aquela regra,
04:32e aí a gente foi chacoalhado por motivos políticos,
04:35que agora nem vem ao caso, mas que aí o Brasil sai de 10% e vai para 50%,
04:39como os desastres naturais, as contas começaram a ser feitas,
04:43quais seriam os impactos, quais seriam os efeitos, né?
04:47Quando a gente tem um incêndio de grandes proporções,
04:50o corpo de bombeiros, a defesa civil, quando tem um terremoto,
04:52começa a calcular, olha, pelo impacto, pelo tamanho do sismo,
04:56pode ser que caiam tantas casas, tantos prédios,
04:59a gente tenha tantos mortos e tantos feridos,
05:01um incêndio pode afetar tantas cidades,
05:04e aí, no final das contas, essas previsões,
05:07que às vezes são nefastas, não se concluem ainda bem.
05:11Nesse caso, a gente tinha essas duas contas, né,
05:14que o tarifácio poderia criar um impacto de 0,2% no nosso PIB,
05:21aí quem olha, né, um olhar mais leigo, fala,
05:24ah, mas 0,2%, se arredondar é mais perto de zero do que perto de qualquer outra coisa.
05:29Mas quando se fala de um PIB, de um país que está ali,
05:32entre os dez mais maiores PIBs do mundo, é uma coisa.
05:37E isso pode afetar na conta 0,2%, mas em casos isolados,
05:43podem ser impactos desastrosos.
05:45Mas o número, talvez, mais importante, seja esse aqui, né,
05:49que poderia resultar em perdas ou prejuízos para 100 mil empregados do agronegócio,
05:59porque o café foi afetado, a laranja, a carne,
06:02na siderurgia, porque o aço, o ferro, o alumínio brasileiro
06:07também foram sobretaxados, como no resto do mundo,
06:10e até em setores como o têxtil e de algum tipo de manufatura.
06:15Professor César, algumas dessas tragédias aqui foram contabilizadas,
06:21a gente já pode sentir que haverá no final do ano uma redução do PIB,
06:26houve aumento no desemprego, ou a gente ainda está no cálculo
06:31e o incêndio ainda não chegou, né, o terremoto ainda não derrubou nenhuma casa?
06:36Eu acredito, viu, Favalli, que o terremoto já aconteceu, mas em baixa escala,
06:41porque lá em abril era isso que você falou, 0,2% no PIB, 100 mil empregos,
06:47mas depois teve a desoneração de alguns produtos, né,
06:49a balança comercial com os Estados Unidos gera em torno de 12 bilhões,
06:54então isso também foi bastante reduzido em função da grande maioria de produtos,
06:58por exemplo, aviões, essas coisas todas, acabou reduzindo o tamanho do estrago.
07:03Em agosto e setembro saíram os dados da balança comercial
07:06e nós vimos que o tamanho do problema não era tão grande como parecia,
07:10que o Brasil conseguiu encontrar novos mercados, dentro de uma estratégia positiva,
07:15eu acho também o país começou a fazer coisa que não estava fazendo,
07:18o nosso governo está um pouco inoperante, aí o BNDES veio com a ajuda
07:22através do Brasil Soberano, isso vai ajudar, independente das questões americanas,
07:28a indústria brasileira, sobretudo na questão de investimento em bens de capitais,
07:32nós vimos em setembro aumentar a importação de bens de capitais,
07:36isso é muito importante, porque atualiza o segmento de produção,
07:41então tudo isso aí não foi confirmado, esse apocalipse todo aí que foi colocado.
07:47A questão dos empregos ainda é preocupante, mas nós temos vindo,
07:51vendo o mercado de trabalho reagindo bem, isso tem sido até um problema de preocupação
07:56em pós a taxa de juros que mantém elevada, porque segundo o Banco Central está aquecido o mercado.
08:01Então, do ponto de vista prático, é importante que esse choque que foi dado,
08:06e o Brasil parece que acordou, então algumas decisões foram tomadas no sentido de melhorar a produção,
08:11sobretudo no tocante, aqueles produtos que são customizados para o mercado americano,
08:16ele vai ser melhorado para ser exportado para outros países também.
08:20Agora, não tenha dúvida, nós estamos falando da maior economia do planeta,
08:24é mais de 20 trilhões de PIB, para um país que tem 2, 3 trilhões de PIB,
08:29ou seja, se a gente for comparar, é o Golias com o Davi.
08:33Mas para o Brasil, a importância dos Estados Unidos não é só nas exportações.
08:37Hoje nós importamos muitas tecnologias, muitos produtos,
08:40então o cuidado que nós temos nessa negociação toda, a Favai,
08:44é para que não haja nenhum problema nessa relação histórica brasileira,
08:49de cooperação em vários setores.
08:51Então eu vejo que, apesar dessas previsões originais,
08:55foram mudando de acordo com as decisões do próprio governo americano,
09:00voltando atrás de algumas decisões,
09:02então hoje o retrato ainda é preocupante,
09:05é necessário que algum setor, sobretudo pequeno empresário,
09:08seja olhado de maneira diferenciada,
09:10mas não tenha dúvida que o Brasil está mostrando uma boa reação.
09:13Hoje saíram os dados com relação à perspectiva de crescimento econômico,
09:18que está se mantendo acima de 2,16.
09:20Então, assim, do ponto de vista prático,
09:23é torcer para que as coisas se resolvam no menor prazo possível.
09:29Mas o estrago não foi tão grande não, viu, Favai?
09:31Professor César, perdão pela minha indelicadeza,
09:34infelizmente a gente tem mais uns dois minutinhos de conversa,
09:37mas eu não posso deixar de perguntar ao senhor,
09:39porque o senhor transita entre as ciências humanas e as ciências exatas.
09:43O senhor é economista e sociólogo,
09:45ou seja, nessa situação a pessoa acerta no lugar certo, na hora certa,
09:48porque o senhor consegue como sociólogo tentar entender a cabeça do Donald Trump
09:53e com a matemática do economista fazer os cálculos no impacto da maior economia do mundo.
09:59Por que eu estou falando isso?
10:00Vamos virar a página e olhar agora para os Estados Unidos.
10:03Que tiveram aumento de tarifas por causa do Trump
10:06e isso impactou a produção de uma indústria que faz carros,
10:10linha branca, equipamentos de defesa.
10:14E aí bateu no agronegócio lá.
10:16A carne ficou mais cara, o suco de laranja, o cafezinho,
10:21o milho que lá também serve para produzir combustível.
10:25Só olhar para a carne, é impossível dissociar a imagem do americano do churrasco,
10:31o americano do hambúrguer e o americano de uma xícara de café.
10:34Então, houve uma perda de competitividade nos Estados Unidos,
10:38um impacto nas tarifas, na produção do aço,
10:40que leva para bens de consumo de alto valor agregado.
10:44E aí, sobretaxando outros países, exemplo, o sudeste asiático,
10:49os calçados de marcas esportivas americanas ficaram mais caros.
10:54Bom, o americano ia começar a pagar a conta.
10:57Essa é a pergunta do economista.
10:59amarrada com o sociólogo.
11:01O político Donald Trump fala,
11:03vou ter a minha reputação, meu capital político arranhado.
11:07Ano que vem eu tenho eleições de meio de mandato
11:10que eu não posso perder, eu não posso perder tanto
11:13a minha influência dentro do Congresso americano,
11:16senão acaba com a minha governabilidade.
11:19Tudo isso junto e misturado em um minuto,
11:22as suas considerações, professor César.
11:25Virando nos 30, pode deixar.
11:28Ô, Favalli, desde o início que a gente vai conversando com vocês,
11:31eu tenho dito que o órgão mais sensível do ser humano é o bolso.
11:36Então, o que aconteceu?
11:37O preço do café subiu, o preço da carne,
11:40o consumidor americano começou a chiar.
11:42Você está vendo muitas manifestações nos Estados Unidos,
11:44a questão social está pesada lá.
11:47Começa a pressionar os congressistas,
11:48o congressista pressiona o presidente,
11:50não existe almoço grátis.
11:52Então, já era esperado esse movimento aí com relação aos Estados Unidos,
11:55porque promove um grande estrago social na própria economia americana.
12:00Então, a pressão social foi grande,
12:03houve essa decisão do Estado de negociar,
12:05e tem que negociar mesmo, né?
12:07É como a gente falava no passado,
12:08o café da manhã do americano ficou praticamente inviável.
12:12Então, você tem todo um aspecto social envolvido aí,
12:15que, obviamente, os Estados Unidos vêm buscar,
12:18então, exatamente no Brasil, essa ajuda.
12:21Embora tenha ainda também a questão do poderio chinês lá,
12:24com relação à aproximação do Brasil da China.
12:27Também tem que ser considerado isso.
12:29Mas não tenha dúvida de que pesou mais do que eu falei.
12:32O bolso do americano doeu,
12:34e você tem uma pressão.
12:36Porque hoje foi perguntado por Trump, no avião,
12:39se ele é candidato a vice-presidente.
12:41Parece até uma agressão, né?
12:44E ele foi depois,
12:45não, vice-presidente não,
12:46mas eu vou ser presidente de novo.
12:47Só que ele vai ter que fazer alguma coisa
12:49para ele ser presidente de novo,
12:51porque a norma não permite.
12:52Então, é isso que você falou.
12:54Os votos contam.
12:56A pressão eleitoral conta.
12:58Então, o Trump vai agir dessa forma.
13:00Coloca o bode na sala,
13:01depois tira,
13:02e vai querer ter alguma vantagem na negociação.
13:05O Brasil está de parabéns na questão diplomática,
13:08porque tem conseguido, realmente,
13:09abrir as portas.
13:10E é nesse sentido.
13:11Socialmente, os Estados Unidos dão um tiro no pé
13:14quando aumenta a tarifa.
13:16Mas parece que esse é o objetivo do Trump.
13:18E eu até coloco, Favalli.
13:20Muitos compêndios econômicos vão ter que ser revistos.
13:23Isso é bom para meus alunos fazerem as suas monografias, né?
13:27Porque vai dar muito pano para a manga, viu, Favalli?
13:30Compreendo perfeitamente,
13:33porque paralelo a esse trabalho aqui,
13:35eu também sou acadêmico.
13:36Então, eu também sei exatamente
13:37quando surge um fenômeno assim,
13:39como nós nos debruçamos para estudar
13:42e isso fica aí para a história,
13:46nossa história contemporânea.
13:48Professor César, o negócio é o seguinte.
13:50A única previsão que a gente consegue fazer do Donald Trump
13:53é que ele é imprevisível.
13:56Interpetivo.
13:57Então, eu sei que...
13:58Eu vou só dizer uma coisa para você, Favalli.
14:00Essa questão acadêmica é muito importante.
14:03Sim, claro.
14:03A gente fala há muitos anos
14:05de que a tecnologia, a inovação era importante.
14:08E agora, o economista ganhou o prêmio Nobel da economia
14:12falando exatamente disso,
14:14de inovação, de tecnologia,
14:16copiando o Schumpeter lá do século passado, né?
14:19Mas, obviamente, ele ganhou o prêmio Nobel.
14:21E agora, você vai ganhar o prêmio Nobel
14:23tentando entender o Trump.
14:25Parabéns.
14:26Um abraço.
14:28Professor César, com certeza nós vamos nos falar
14:30e vai ser em breve,
14:31porque o Trump sempre nos dá muitos argumentos.
14:34o César Bergo, economista, sociólogo,
14:37professor da UNB Brasília.
14:39Boa noite, professor César.
14:40Até uma próxima.
14:41Espero que seja em breve.
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