O setor agropecuário, responsável por quase 25% do PIB do Brasil, enfrenta desafios com as tarifas impostas pelos EUA e busca novos mercados na Ásia e África. Otavio Lopes, sócio-líder de Agro da EY América Latina, destaca estratégias de inovação, valor agregado e gestão de risco para manter a competitividade.
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00:00Voltamos com o radar para falar do agronegócio, que é um dos segmentos mais importantes da economia brasileira e vem sendo diretamente impactado pelas tarifas do governo norte-americano.
00:12O papel central do agro no PIB brasileiro e o temor de perdas financeiras tem feito o setor se mover para construir pontes e não perder competitividade.
00:21O agro tem buscado expandir fronteiras em novos mercados. Então, o que os aprendizados deste momento trazem para o futuro?
00:29Resiliência e agilidade são as lições mais importantes.
00:33E é sobre esse tema que eu vou falar agora com o Otávio Lopes, que é sócio-líder de agro da EY para a América Latina.
00:40Oi, Otávio, que prazer recebê-lo aqui. Tudo bem contigo? Boa noite.
00:43Obrigado, obrigado, Eric. Boa noite. Boa noite a todos que estão nos assistindo aqui na Times.
00:47Otávio, a gente tem talvez dois paradoxos dentro do agro em relação ao tarifácio de Donald Trump.
00:56A gente vê, por exemplo, a questão do café. Inclusive, os norte-americanos estão sentindo falta.
01:01Inclusive, Donald Trump teria dito para o presidente Lula naquele telefonema de que os norte-americanos estão sentindo falta do café brasileiro.
01:10Temos questões com outros grãos.
01:12Mas, por exemplo, a gente foi beneficiado no caso da soja por causa da briga lá atrás.
01:17Ainda não é dessa não. Lá atrás, os chineses pararam de comprar soja brasileira e acabaram comprando aqui do Brasil.
01:23Em relação, por exemplo, carne. Carne, o Brasil conseguiu ampliar seus players.
01:28Abriu um mercado importante na Indonésia.
01:31A gente está vendo o México e a Argentina com um movimento interessante de compra da carne brasileira.
01:37Só que são grandes mercados, soja e carne.
01:39E os mercados menores, como fazer para sair ou driblar essas dificuldades?
01:46Bom, Eric, obrigado.
01:47É exatamente isso.
01:50O que a gente está vendo hoje em dia com o tarifácio não é o fim da linha para a gente.
01:57É uma dificuldade.
01:59A gente está vendo, por exemplo, você citou o café.
02:03O café, para mim, é um dos exemplos que a gente deveria trazer como um exemplo emblemático para essa discussão.
02:09Pelo seguinte, a relação de oferta e demanda de café hoje no mundo, falta café.
02:16A gente tem mais demanda do que oferta de café.
02:20Então, por que seria um problema a gente redirecionar exportações que estariam indo para os Estados Unidos para outros países?
02:27Então, quando a gente fala, é claro, por exemplo, do suco de laranja, onde a gente tem uma concentração de mercado muito grande para os Estados Unidos
02:39e a gente vê que é uma bebida não tão consumida em outros países do mundo, isso sim, talvez, tem uma equação mais difícil a ser equacionada.
02:49Porém, quando a gente olha para as outras commodities, a gente tem opções para fazer a arbitrariedade nesse momento.
03:01A gente vê no caso do suco de laranja, inclusive a Johannes Food, que é um importador importante dos Estados Unidos,
03:06está até pressionando o Donald Trump de tão importante que é o suco de laranja brasileiro na mesa lá do norte-americano.
03:12A gente também está acompanhando um movimento, além da pressão dos empresários norte-americanos em relação aos produtos brasileiros.
03:22Nós estamos acompanhando um cenário que está posto para o Brasil.
03:26A gente tem tarifas, tem aí o início de negociação.
03:29O chanceler Mauro Vieira está em Washington, inclusive, para conversar com o Marco Rubio,
03:33secretário de Estado norte-americano, sobre o comércio, as tarifas impostas aos produtos brasileiros.
03:39Mas, com o cenário posto, a gente já sabe que temos dificuldades agora para vender para os Estados Unidos.
03:47Ásia e África, principalmente.
03:50A África também pode ser um mercado interessante para o agro-brasileiro?
03:54Com certeza.
03:57Quando a gente olha para a Ásia, a gente está falando de...
04:00Nós temos mais de 50% da população global sentando na Ásia hoje em dia.
04:05É claro que isso é um boom de consumo e consumo por alimentos.
04:09Onde você tem uma escala muito grande.
04:12Por exemplo, quando a gente olha o problema do café...
04:14A gente tem até uma arte.
04:15Temos.
04:16Vamos dar uma arte aqui para a gente falar.
04:17Ó.
04:20Na tela aqui é a arte do café.
04:22Exatamente.
04:23Quando a gente olha...
04:24Isso são os volumes de exportação para os Estados Unidos.
04:28Quando a gente olha as exportações agropecuárias para os Estados Unidos, elas representam 7%, 8% do volume de produtos agropecuários exportados no total.
04:42O café que a gente está trazendo aqui é um exemplo muito interessante.
04:47A gente vê com os eventos aqui de tarifácio a queda do volume de exportações.
04:54Mas é interessante aqui.
04:55Eu vou até chamar a atenção.
04:56Você me explica melhor.
04:57Você que é o nosso especialista.
04:59Em abril, o Liberation Day, deixou o Brasil até de fora.
05:02O Brasil, neste momento aqui, tinha só 10%.
05:04Continuava ali com a taxação até baixa.
05:07Por que que já vem caindo a partir de abril, Otávio?
05:10É o medo?
05:10Esse é o ponto.
05:11Esse é o grande ponto.
05:14O tarifácio, ele é um dos motivos pelos quais a gente está enfrentando tudo isso que a gente vem vendo.
05:20A gente tem problemas logísticos.
05:22A gente tem problemas de...
05:24Aqui no caso, não porque a gente já está habilitado.
05:27Mas problemas logísticos impactam demais a cadeia.
05:30A gente está falando de eficiência.
05:31Gargalo para...
05:32Gargalos.
05:33Gargalo de escoamento, mudança no planejamento de frete marítimo.
05:37Por exemplo, tudo isso traz problemas nessa...
05:40Olha que a gente teve MP dos portos lá em 2013.
05:43Relatado, inclusive, pelo senador Eduardo Braga, que prometia resolver essa questão do gargalo nos portos.
05:50Parece que não, pelo que você está trazendo para a gente.
05:52Exatamente.
05:54E quando a gente olha isso aqui, a gente deveria se perguntar, né?
05:58Por que que a gente tem essa questão desse declínio?
06:03Aqui a gente mostra o declínio de exportações para o Zewa.
06:05Mas se a gente estivesse falando de exportações totais de café, a gente não deveria ter esse choque.
06:12A gente não deveria ter esse problema que a gente está vendo aqui.
06:16Porque a gente deveria redirecionar essas exportações de uma forma mais ágil.
06:21E é sobre isso que eu acho que o agronegócio precisa fazer o dever de casa.
06:26O agronegócio brasileiro precisa pensar que a gente está vivendo num mundo que ele é completamente não linear.
06:34A gente vai ter choques cada vez mais frequentes.
06:38Por falar nisso, você estava acabando de mostrar.
06:40Está tendo a discussão China e Estados Unidos sobre a soja.
06:43Qual será o impacto disso na soja brasileira daqui a alguns dias?
06:47Esse mesmo mundo de hoje, ele é acelerado.
06:52A demanda é acelerada e a resposta precisa ser muito rápida.
06:57Então, em cima disso, eu queria te perguntar uma coisa.
06:59Quais são as oportunidades e os riscos, hoje num cenário geopolítico,
07:04já globalizado com esse tarifácio, para o agro-brasileiro?
07:08Porque você tem uma arte também para explicar para a gente.
07:11Exatamente.
07:12Então, começando aqui pelos riscos.
07:16Eu acho que o risco de concentração de mercado, ele é, para mim, o mais notório nesse momento.
07:22Quando a gente vai para o Vale de São Francisco, aqui no Rio de São Francisco,
07:26e a gente olha empresas exportadoras de frutas,
07:30100% exportadoras para o mercado americano,
07:34e elas estão com um grande problema.
07:36Quando a gente olha o setor de pescados, 70% do volume de exportação direcionado também aos Estados Unidos,
07:42me acende uma luz vermelha de que risco de concentração de mercado é o primeiro risco.
07:47O segundo risco, na minha visão, está ligado ao portfólio.
07:54O empobrecimento do portfólio, ou seja, depender somente de vender a commodity não processada,
08:02traz alguns riscos.
08:04Você tem menos oportunidade de arbitragem para vender produto A em detrimento da soja verde,
08:12ou um café mais preparado para o gosto asiático em detrimento do gosto americano.
08:18Então...
08:19Só pensar mais em valor agregado para cada mercado?
08:21Precisa.
08:22O agronegócio brasileiro precisa pensar numa onda de industrialização.
08:27P&D, pesquisa e desenvolvimento e industrialização.
08:30Maravilha.
08:32E quais são as competências que essas empresas precisam desenvolver para navegar nesse cenário
08:39de incertezas, cada vez mais postas?
08:42A gente está vendo aí que a escalada para estar em frente dos Estados Unidos e China voltou.
08:47Legal.
08:49A gente falou de risco.
08:51Gestão de risco, quando a gente olha a gestão de risco tradicional,
08:55ela é quase que olhar para trás e fazer uma autópsia do que aconteceu.
09:01A gestão de risco moderna, nas empresas modernas, ela precisa andar de mão dada com a estratégia.
09:07Então, a estratégia precisa ser informada por riscos.
09:11E quando a gente cria essa competência, quando as empresas do agro criam essa competência,
09:16elas conseguem se antecipar aos riscos, quando não responder de forma muito mais rápida a esses riscos.
09:25Então, essa competência é fundamental.
09:28E aqui a gente está vendo uma comparação entre as competências de risco modernas versus as tradicionais.
09:37E você pode ver aqui, por exemplo, no primeiro item aqui, a redução da proporção de riscos inesperados.
09:46As estratégias modernas de riscos, elas conseguem se antecipar muito mais a isso.
09:53Elas estão ancoradas em tecnologia, elas conseguem entender padrões que sinalizam para o negócio,
10:01olha, vem aqui um risco, a gente precisa se antecipar para isso.
10:06E em outras competências, a gente olha aqui, por exemplo...
10:10Eficiência operacional.
10:11E eficiência operacional é super importante a gente entender.
10:17Por exemplo, a gente está olhando a expansão hoje do etanol de milho.
10:21Todo mundo pensando em ter plantas de etanol de milho que sejam flex,
10:26para que a gente possa processar, além do milho, a gente possa processar a cana ou pensar em outras coisas.
10:33Como é que a gente consegue montar estruturas mais ágeis para ir para o mercado?
10:37De sair dessa onda de commodities e ir para uma onda de valor agregado mais preparada para esse mundo.
10:44É o famoso sair também um pouquinho da zona de conforto, né?
10:46O agro talvez neste momento, ou momento lá atrás, muito acomodado, como você disse.
10:51Ah, a gente vende bastante para os Estados Unidos, não precisamos buscar outros players.
10:54E aí agora está precisando sair da zona de conforto.
10:57E aí, como você trouxe bem, precisa arrumar alternativas e precisa se reinventar um pouquinho, né, Otávio?
11:01Exatamente, exatamente. Eu acho que a gente tem como ser líder nessa estratégia.
11:10A gente deveria, de fato, aproveitar o tarifácio como uma oportunidade para rearrumar tudo isso.
11:16Rearrumar a nossa saída ao mercado, diminuir concentração, fazer melhores acordos comerciais,
11:23ter maior inteligência de mercado também.
11:26Muito interessante.
11:27Otávio Lopes, obrigado pela sua participação aqui no Radar.
11:30Um prazer tê-lo aqui presencialmente no nosso estúdio.
11:33Grande abraço para você, uma ótima semana, viu?
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