O governo anuncia R$ 516,2 bilhões para o Plano Safra empresarial 2025/26, 1,5% acima da temporada anterior, mas com menos poder de compra devido à inflação e Selic a 15%. Durante o quadro Momento Agro, Felippe Serigati, pesquisador do FGV Agro, detalha os desafios do crédito mais caro, a modernização do financiamento e o impacto das novas regras no setor agro brasileiro.
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00:10Mais cedo, o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávar, anunciou um montante de 516,2 bilhões de reais para o plano safra, agora para o setor empresarial.
00:22Esse valor representa um aumento de 1,5% em comparação à temporada anterior do programa.
00:26A gente vai entender melhor os detalhes desse orçamento, trazer uma análise do setor com o Felipe Serigade, que é pesquisador do FGV Agro, já está aqui conectado com a gente.
00:37Tudo bem? Boa tarde, bem-vindo de volta ao Money Times.
00:40Boa tarde, Natália. Tudo bom? Muito obrigado pelo convite.
00:44Professor Felipe, vou pedir para o senhor continuar conectado com a gente, já já retomamos nosso papo, porque vamos ouvir juntos a fala do ministro Carlos Fávaro nesse momento ao vivo.
00:5315% ao ano, um arrocho orçamentário para equalizar esse plano safra, uma diminuição lógica do funding, porque se tem uma selic de 15%, a poupança rural tem menos recursos disponíveis,
01:11A renegociação do endividamento deste ano do Rio Grande do Sul, a prorrogação do prazo, por três anos até, dos custeios de 2024 e 2025 em função da seca, também tira orçamento para equalizar.
01:26Então, um desafio muito difícil, que foi superado com determinação, com trabalho, as equipes sincronizadas e fundamental a participação do presidente Lula na última quinta-feira,
01:39que determinou de novo que a gente se esforçasse e fizesse o maior plano safra da história.
01:45Para quê? Para que o Brasil continue sendo esse celeiro do mundo, para que continue produzindo alimento de qualidade,
01:51para que a gente continue produzindo recordes de safras com as bênçãos divinas.
01:56O nosso povo, os produtores, homens e mulheres do campo, sabem fazer a sua parte.
02:01Quando vem as bênçãos divinas e o governo incentiva, a safra recorde chega.
02:07Chegou em 2025 e, se Deus quiser, vai chegar em 2026.
02:10Os excedentes dessa safra, que geram oportunidades na indústria, no comércio, na geração de emprego,
02:19fazem o Brasil crescer e exportar cada vez mais, sendo segurança alimentar para o mundo.
02:25Aliados também à sanidade animal e vegetal.
02:29Ninguém no mundo tem um sistema robusto e eficiente como tem o Brasil.
02:34A prova, todos juntos acompanhamos, como foi o único caso de gripe aviária da história do Brasil.
02:41Com isso, o Brasil se consolida como o supermercado do mundo.
02:44E esse plano safra é o indutor de mais uma super safra.
02:49É isso.
02:52Mais alto, por favor.
02:53Perfeito.
03:15Bom, essa é a modernização do crédito rural.
03:20Nós precisamos ter essa criatividade.
03:23Veja que o plano safra é uma das políticas públicas mais longevas da história.
03:29Mas ele vem precisando ter modernidades.
03:32Uma delas, por exemplo, foi quando a criação da CPR, da Cédula do Produtor Rural,
03:37onde a garantia da safra poderia financiar a própria safra.
03:41Independente se o produtor tinha regularização fundiária ou se ele não tivesse, por exemplo,
03:47garantias reais, mas hipoteca da propriedade em momentos de crise.
03:51A falta de funding.
03:52Foi uma das modernizações.
03:54Depois, as LCA's.
03:56As letras de crédito do pecuário, que estimula os investidores a botar numa letra segura, confiável,
04:04da água pecuária brasileira, com isenção de imposto de renda e direcionamento.
04:08A LCA também é plano safra.
04:10E agora, depois que chegamos ao terceiro mandato do presidente Lula, inovamos com a linha dolarizada.
04:18Começamos em 2023 com a linha dolarizada para investimentos.
04:22E agora passamos também para custeio.
04:25Por quê?
04:26Porque ela tem a captação internacional, juros muito mais baratos.
04:31Nesse plano safra deve ficar entre 8,5% e 9% ao ano.
04:35Ela pode e tira o peso do tesouro para precisar equacionar, não precisa de equacionamento.
04:41E tira o risco cambial.
04:42Porque ela é voltada a produtores.
04:45Que ele não precisa ser ele diretamente o exportador, mas que ele produza produtos destinados à exportação.
04:52Soja, milho, algodão.
04:55Com isso, ele tem um hedge natural.
04:58A formação de preço é internacional.
05:00Ele não precisa ficar com o risco da variação cambial para uma hora ganhar muito, outra hora perder muito.
05:06Então, ela traz estabilidade.
05:09Precisa de uma mudança de conceito.
05:11Alguns bancos já estão mais adiante nisso, operando mais essa linha de crédito.
05:15Eu citei no meu pronunciamento.
05:17E eu quero que cada vez ela se alie ao todo o sistema.
05:20Tem outros produtores que produzem essencialmente para o mercado local, que não devem captar nessa linha.
05:27Porque daí ele toma risco.
05:29Mas porque tem os produtos voltados à exportação, é uma linha segura, moderna e que a gente vai incentivar cada vez mais.
05:35Bom, e a gente retoma agora a nossa conversa com o professor Felipe Serigat, pesquisador do FGV Agro, justamente sobre o plano safra.
05:43Escutamos o ministro. Algum destaque, algum ponto que tenha chamado a atenção, Felipe?
05:48Pois é, esse foi um plano safra construído com condições desfavoráveis.
05:54De um lado, o governo com uma cedera restrição fiscal, isso a gente tem acompanhado as discussões, pelo menos desde o final do ano passado.
06:04E com uma taxa de juros operando também em patamares mais elevados.
06:07Como é que isso se traduziu no plano safra, foi recém anunciado?
06:13Um volume de recursos em termos nominais, verdade, é grande.
06:18Só que se a gente for descontar a inflação, for analisar o poder de compra desse volume de recursos,
06:23ele ficou menor do que aquele disponível no ano passado.
06:27Então você já tem lá um volume de recursos menor.
06:30Olha o desafio.
06:31Ó, queremos fazer uma safra grande, uma safra recorde.
06:34Só que o volume de recursos em termos reais disponibilizados foi menor.
06:38Só que não é só isso, né?
06:40Apesar, além do volume de recursos ser menor, o custo dele também ficou mais alto.
06:45Então, taxa de juros, né?
06:47E referência ali a Selic, que está operando em patamares mais elevados,
06:50deverá cruzar praticamente a safra inteira com patamares bem elevados.
06:56Resultado disso?
06:57Para diversas linhas, a gente viu ali a taxa de juros variando algo entre 6%,
07:03algumas chegando até 15%.
07:05Comparado com o ano passado, ano passado a taxa de juros mais alta era de 12%.
07:10Então você teve um aumento, né?
07:13Então, como é que você vai fazer ali uma safra recorte grande,
07:18sendo que a partir dessa fonte de financiamento,
07:20o volume de recursos em termos reais é menor e com o custo mais elevado.
07:25Mas não é a primeira vez que isso acontece dentro do universo agro,
07:29já operamos com recessões também orçamentárias,
07:33mas, sem dúvida alguma, é um plano safra de um ambiente mais complicado.
07:39Certo. Felipe, sua pergunta para o Felipe também.
07:41Tudo bem? Felipe Chará, tudo certo? Boa tarde.
07:44Felipe, ontem a gente viu o anúncio do governo para o plano safra
07:48para o pequeno agricultor, ali 89 bilhões, e hoje 516 bilhões.
07:53Como é que você vê esse equilíbrio entre a divisão dessa verba total?
07:58Então, vamos lá.
07:59As características foram bem semelhantes.
08:01Em ambos os casos, taxas de juros mais altas do que visse no período anterior.
08:06No caso ali da agricultura familiar, um aumento máximo de 2 pontos percentuais,
08:12a agricultura empresarial 3 pontos percentuais.
08:16Está na alíquota máxima, na maior alíquota.
08:19Em termos de volume de recursos, em ambos os casos, em termos reais, houve contração,
08:23só que a contração na agricultura empresarial foi maior.
08:28E ainda assim, a gente tem outro ponto para a gente destacar nesse anúncio.
08:32Faltaram algumas informações importantes.
08:35Tanto ali o volume de recursos a ser disponibilizado em cada linha.
08:40Então, imagina só.
08:40Olha, tem uma linha aqui super atraente.
08:43Ok, vai disponibilizar quanto de recursos?
08:45Qualquer cobertura que isso vai oferecer.
08:47E, principalmente, nenhuma informação praticamente hoje a respeito do programa de seguro rural.
08:54Várias vezes a gente conversa a respeito ali de quebra de safra, mudança climática.
08:59Isso naturalmente afeta o universo agro, afinal, a produção é associada a ciclos biológicos,
09:03é uma fábrica a céu aberto.
09:06Então, essas quebras vão acontecer com mais frequência.
09:09E aí o programa de seguro rural tem um destaque ainda maior.
09:13Infelizmente, não foi mencionado nada a respeito desse programa.
09:16E, professor, que ajuda para entender essa questão da implementação das recomendações
09:21do zoneamento agrícola de risco climático, ZARC, né?
09:25Agora é obrigatório para financiamentos.
09:27Como que isso pode influenciar ali a gestão, gestão de risco dos produtores?
09:33Pois é.
09:33Então, na verdade, né?
09:35Essa exigência já era realizada por diversas instituições financeiras.
09:40Qual que é a lógica disso?
09:41Então, imagina se tem lá uma região, você fala, eu quero produzir café.
09:44Então, mas essa região aqui não é adequada para café, né?
09:49Como é que você vai saber se é adequado ou não?
09:50É você ter justamente o zoneamento.
09:53Só que o zoneamento não vai trazer apenas a informação de dizer, olha, qual região você
09:57pode produzir.
09:59Você tem que saber o momento certo de produzir.
10:02Existe uma janela.
10:03Se você começa a sua safra, o seu plantio fora daquela janela, a probabilidade de quebra,
10:10de não obter a produtividade esperada, ela aumenta.
10:13Para o banco, para a gestão financeira, isso significa o quê?
10:15Maior risco nessa operação.
10:17Então, é uma boa notícia, só que para diversas instituições financeiras, essa já era uma realidade do mercado.
10:24Ah, tá.
10:24Uma coisa que já era feita, então, né?
10:27É.
10:28Felipe.
10:28Felipe, mais uma vez, falar sobre o seguro, né?
10:31A gente vê esse volume, apesar de não ter sido, por causa da inflação, muito maior, enfim,
10:38mas é um volume alto.
10:40E o ministro Carlos Favaro é um ministro muito próximo aí do agronegócio.
10:43Por que, na sua opinião, você acha que essa questão do seguro não foi incluída nesse valor total?
10:50Haveria algum tipo de explicação para isso?
10:52Nessa divisão, dessa divisão, desse valor total, não ter ido nada para o seguro?
10:56Não, eu acho que, nesse total, não está contabilizado o seguro, né?
11:02E por que não está contabilizado o seguro?
11:05Simplesmente porque o pessoal ainda não sabe qual vai ser o valor a ser disponibilizado.
11:10Ou seja, provavelmente isso vai acontecer ao longo das próximas semanas.
11:17E vocês podem me cobrar, tá?
11:19Isso vai acontecer nos próximos meses, principalmente no primeiro semestre do ano que vem.
11:24Vai demandar liberação de crédito extraordinário, tá?
11:28Porque vai faltar recursos e aí, para honrar os contratos, vai ter que ter liberação de crédito extraordinário.
11:36Enfim, olha, por que não teve o anúncio?
11:38Meu grande palpite aqui, minha grande hipótese,
11:42porque o pessoal não sabe qual é o volume de recursos que efetivamente vai ficar disponível para o programa de seguro rural.
11:47E quais são as expectativas, assim, do mercado, né?
11:52Para o impacto do plano safra, anunciado como ele foi, né?
11:55Na economia agrícola.
11:56E o que a gente poderia dizer, assim, tem setores que podem se dar melhor, se beneficiar mais com as medidas?
12:02Tem setores que vão reagir mais negativamente?
12:05Como é que você está vendo isso, Felipe?
12:08Então, vamos lá, né?
12:09O mercado já não esperava um plano safra robusto.
12:13Novamente, essa é a realidade, essa é a nossa conjuntura macro.
12:16A gente está operando com uma recessão fiscal bastante contundente.
12:20Basta ver ali as discussões a respeito de IOF, tributar LCA.
12:25O governo está buscando moedinha aonde tiver.
12:28E, do outro lado, a taxa de juros está mais alta, o custo de capital está mais elevado.
12:31Essa é uma realidade, não é uma característica do plano safra anunciada.
12:35É uma realidade da conjuntura macro brasileira, né?
12:38Para o produtor, né?
12:40Para o universo agro como um todo,
12:41A safra 25 e 26 está começando ali com os desafios adicionais.
12:48Nós tivemos aí há pouco tempo, né?
12:50Um conflito, um atrito, Irã-Israel,
12:52que jogou o preço da oreia para patamares bem elevados.
12:56É o único fertilizante que estava operando mais caro, né?
12:59Os fósforos matados também já vinham operando com preços em patamares mais elevados.
13:03Então, o setor já começa ali, né?
13:05A preparação da safra com custos de produção mais elevados.
13:10Só que ele não vai tirar esse dinheiro do bolso, né?
13:11Ele tem que buscar financiamento para isso.
13:14Num ambiente com taxa de juros mais elevada,
13:16o custo de financiamento,
13:18seja via plano safra,
13:19seja junto ao setor privado,
13:21até mesmo naquelas operações em que
13:23a taxa de juros não é tão explícita como nas operações de barter,
13:27está mais caro financiar a safra.
13:29Isso significa que a safra,
13:31lá no final do primeiro trimestre de 26,
13:34safra de verão,
13:35ela vai ser menor?
13:36Não necessariamente.
13:37Tem muita coisa ainda,
13:38muita água para passar por baixo dessa ponte.
13:40Mas que o ponto de partida está mais desafiador?
13:44Não, o universo agro tem que subir uma montanha mais alta,
13:47uma subida mais íngreme?
13:49Isso ninguém tem dúvida.
13:51Certo, Felipe Serigati,
13:52pesquisador do FGV Agro.
13:54Muito obrigada, viu,
13:55pela entrevista ao vivo com a gente aqui no Money Times.
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