A bolsa de valores do Brasil fechou em recorde, mostrando resiliência diante da condenação de Jair Bolsonaro já precificada pelo mercado. Segundo Bruna Allemann, head da Nomos, investidores seguem atentos às possíveis sanções externas e ao déficit fiscal, enquanto o Fed pode anunciar corte de juros nos EUA.
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00:00A gente fala agora sobre as notícias que movimentaram o mercado financeiro nesta quinta-feira com a Bruna Alleman, que é Red de Investimentos Internacionais da Nomos.
00:11Bruna, boa noite para você, seja muito bem-vinda ao Jornal Times Brasil, exclusivo CNBC.
00:17Boa noite, tudo bem? Muito obrigada.
00:20Bom, falando das notícias aí que fizeram preço, né?
00:23Parece que a condenação do ex-presidente não está entre essas notícias, né?
00:28Porque o Brasil teve um recorde hoje na Bolsa de Valores acompanhando um dia bastante otimista também fora daqui, né?
00:36Não, com certeza. Na verdade, é o que eu acho que a gente precisa enxergar, que apesar dele ter sido condenado por maioria dos membros, isso já estava precificado.
00:46O que é precificado? Preço já estava embutido dentro do nosso mercado brasileiro.
00:52Essa possibilidade da condenação.
00:55Então, não foi uma surpresa total.
00:58Não teve um efeito imediato.
01:00Ele já foi mitigado anteriormente.
01:02Então, alguns investidores já estavam até monitorando esse julgamento como um risco político.
01:08Mas não teve, assim, uma grande venda ou desabamento do Ibovespa.
01:12Pelo contrário, até porque nós temos fatores externos também que estão sendo considerados ali um pouco mais, vamos dizer, delicados.
01:22E o fluxo estrangeiro acaba indo para mercados emergentes, que dentro do caos que a gente vê, não só interno, externo, mas também geopolítico,
01:31países como o Brasil estão com dados econômicos relativamente mais estáveis e interessantes para investimento.
01:39Agora, você acha que o risco de novas sanções comerciais contra o Brasil está no radar dos investidores nesse momento?
01:46Com certeza.
01:47Agora é a cautela do médio prazo, se assim a gente pode dizer.
01:51Como que o mercado internacional vai começar a enxergar isso?
01:55Ou seja, o que, apesar de ter sido precificadas essas sanções, agora a gente precisa ver alguns efeitos.
02:03Efeito prático, especialmente sobre as eleições, a estabilidade institucional, o que vai acontecer daqui pra frente, qual vai ser o desdobramento disso,
02:14as relações internacionais, principalmente com os Estados Unidos, e as possíveis sanções ou retaliações que podem vir a acontecer.
02:21Agora, o ponto mais importante é, os Estados Unidos não têm só o Brasil pra cuidar, principalmente que a gente viu aí nos últimos três dias,
02:30outras coisas, outros fatos aconteceram, tanto internos dentro dos Estados Unidos, como também a Europa sendo ameaçada com um ataque russo ali na Polônia,
02:40desafiando um pouco todos os membros da OTAN.
02:43Então, os Estados Unidos agora, ele precisa ver onde ele vai colocar determinadas forças, as sanções já estão colocadas aqui no Brasil,
02:50precisamos ver apenas se elas vão ser intensificadas.
02:53Não acho que nesse primeiro momento, apesar de uma fala do Trump, que se diz relativamente surpreso,
02:59acho que até ele estava ali dentro de uma linha que isso poderia acontecer.
03:04O que ele pode fazer é pressionar um pouco mais outras instituições, mas não afetando ainda, como a gente pode ver,
03:11por mais que tenha uma sanção relacionada a um dos ministros do STF, acabou não afetando tanto o mercado.
03:17A gente vai precisar enxergar agora como vão ser essas respostas. Vamos ver.
03:22Vamos agora para uma pergunta do Vinícius Torres Freire.
03:25Bruna, como bem lembrou o Marcelo e você comentou, tem esse risco de sanções que podem não ser apenas tarifárias,
03:31pode ser até coisa mais séria.
03:33Mas, pensando no cenário doméstico e especialmente na política, a gente vai ter semanas conturbadas aí.
03:40Vai ter uma tentativa de votar alguma anistia, a gente não sabe qual.
03:45Depois disso, sabe-se lá qual resultado vai começar uma definição de candidaturas de oposição ao governo Lula,
03:53candidaturas de direita.
03:55Então, até lá, meados de outubro ou até mesmo em novembro, a gente vai ter uma conturbação aí,
04:02devida aos desdobramentos do julgamento do golpe.
04:06Então, você acha que quando isso vai entrar no radar, quando vai entrar no radar de fato a eleição?
04:14Quando a definição de candidaturas, possibilidades dos candidatos, pesquisas de opinião, nomes da direita,
04:21vão começar a afetar preços no mercado?
04:24Um pouco mais próximo das eleições, mas não tão próximo.
04:30Particularmente, no início do próximo ano, a gente tem um efeito eleição ali seis meses antes da eleição,
04:36que você tem ali um pouco mais forte.
04:37Porque nesse meio do caminho, por mais que a gente tenha ali alguns candidatos desenhados,
04:42pode mudar o percurso ao longo do tempo.
04:45Inclusive, a gente estava comentando, outras sanções, elas podem vir não só internas,
04:49mas sanções externas, outros tipos de investigação.
04:53E tem um ponto muito importante, e isso pode direcionar o efeito eleição,
04:57eu acho que ele acaba sendo crucial.
04:59Isso o mercado ainda não precificou, porque ainda está incerto, se assim a gente pode dizer.
05:05Saíram poucas pesquisas que deram ali um balanço do que poderia ser,
05:09aparentemente, relativamente, está até apertada, ajustada,
05:14entre esse desenho ali de algum candidato da direita que possa ali trazer uma forte oposição para o governo Lula.
05:21Mas isso daí vai começar a ser desenhado seis meses antes da eleição.
05:24O mercado vai começar a enxergar como essas peças do tabuleiro vão funcionar de determinada forma.
05:30Até porque, se a gente vê isso historicamente,
05:33trazendo um pouco da frieza do mercado, da política para a economia.
05:37Nós tivemos, é uma frase padrão que nós utilizamos,
05:41não nós, mas muito conhecida, que até o passado no Brasil ele é incerto.
05:46Então, assim, não que não vá acontecer essa condenação, ela está ali acontecendo,
05:50mas a gente não sabe quais serão os trâmites,
05:52e se ela efetivamente vai ser dada a continuidade disso, ou por quanto tempo.
05:57Vê de que nós já tivemos também um ex-presidente também,
06:01atual presidente, que também foi condenado,
06:04e depois teve a anulação de todos os seus projetos.
06:06Senão, não foi uma absolução, mas foi uma anulação de todos os seus processos.
06:10Então, isso também tem um efeito.
06:12O que será dali para frente?
06:14Apesar dele não estar ali efetivamente,
06:16será que a direita tem força para isso?
06:18Se a direita entrar, o que vai ser do desenho político?
06:21Eu acho que agora ainda está aquele mix de sentimento,
06:24ela foi precificada em relação ao julgamento,
06:26ela está por etapas,
06:28a economia agora não está precificando muito no longo prazo,
06:31ela está enxergando os momentos exatos,
06:33e agora ela vai enxergar o que vai acontecer daqui para os próximos seis meses,
06:38e depois seis meses antes da eleição.
06:40A gente está falando que nós estamos há 12 meses da eleição.
06:43O que foi precificado foi só até ali esse julgamento em si.
06:50Então, o que a gente vai poder enxergar também é dado a economia.
06:53Eu acho que também tem um fator governo,
06:55que vai levar muito em consideração,
06:57que o ponto mais delicado do Brasil em relação à economia
07:00é principalmente os gastos públicos e o déficit fiscal.
07:04Então, o andamento e como o governo vai tomar conta também por parte da economia,
07:09tirando totalmente o risco político,
07:11também vai desenhar, remodular todo esse desenho
07:15e ter algumas alterações e algum impacto,
07:18aí sim um impacto relativo ali dentro do mercado.
07:21Então, acho que está mais na mão do governo
07:23de como ele vai levar isso daqui para frente.
07:26porque por mais que ele tenha uma vitória
07:28em relação a esse processo em si, a essa condenação,
07:31se assim a gente pode dizer, que já dada como certa,
07:36agora ele tem as obrigações internas.
07:38O foco vai ficar muito no que ele vai desenvolver aí nos próximos meses,
07:41principalmente em relação ao déficit fiscal,
07:43porque ele vai ter que assegurar que ele é a melhor opção.
07:46Bruna, a gente estava falando no começo aqui da entrevista
07:49que foi um dia muito positivo para as bolsas,
07:51não só aqui no Brasil,
07:53mas também na maioria dos mercados importantes do mundo.
07:56Nos Estados Unidos, a gente viu que a inflação de agosto
07:58veio levemente acima do que estava previsto pelo mercado.
08:02Agora, mesmo assim, se acha que o corte de juros pelo FED
08:04continua sendo o resultado mais provável da reunião da semana que vem?
08:09Com certeza, ainda tenho essa posição que esse corte é bem provável,
08:13até porque esse crescimento, então assim, se a gente falar que veio pouco acima,
08:18esse percentual, esse 0,1% acima do que estava estimado,
08:23a gente não pode dizer com uma integralidade ali
08:28que aquilo tem um impacto tão grande dentro da economia dos Estados Unidos.
08:32Ele veio muito perto do que estava se esperando.
08:34Eu acho que o FED agora, como a economia está mista,
08:37todos os dados econômicos, eles são mistos,
08:39eles estão agora começando a convergir para um lado comum,
08:43para que o FED tome essa decisão,
08:46eu acho que esse corte pode aparecer agora,
08:48porque os dados de emprego estão mostrando e ajudando,
08:53inclusive a mostrar que os Estados Unidos
08:55podem ficar eventualmente numa estada de inflação,
08:57ou seja, essa inflação muito mais persistente
09:00por um tempo relativamente mais alto.
09:03Acho que tem dois pontos importantes.
09:05Vamos olhar se o FED vai reanalisar essa perspectiva,
09:10ou seja, se ele vai olhar essa expectativa da inflação,
09:14acho que ela não foi revisada,
09:15eu acho que eles podem olhar e manter ali
09:18uma expectativa de inflação alta por um tempo um pouco maior.
09:22O corte de juros talvez ele seja necessário,
09:25porque os dados de emprego já mostraram
09:27uma desaceleração da economia,
09:29o pedido de auxílio de desemprego cresceu muito,
09:32ou seja, são dados interessantes,
09:34e que o FED pontuou que ele vai estar olhando com carinho
09:36para fazer efetivamente esse corte de juros,
09:38e deu também uma movimentação no mercado,
09:42porque você está ali dando força para que isso aconteça,
09:45e esse 0,25 vai ser muito importante,
09:48voltando à questão de déficit fiscal,
09:49que a gente fala muito economia, política, gasto público,
09:53vai ajudar muito os Estados Unidos na sua dívida de curto prazo,
09:56o que também dá um estímulo ali para a economia,
09:59dá um estímulo para continuar os investimentos
10:01dentro dos Estados Unidos.
10:03Então, acho que a única coisa é que os cortes podem ser
10:06que eles não sejam muitos esse ano,
10:09provavelmente, creio eu,
10:11então, dentro do que nós estamos analisando,
10:13este corte agora em setembro,
10:15e provavelmente um próximo apenas no próximo ano.
10:18Tá certo.
10:19Bruna Allemann,
10:19Red de Investimentos Internacionais da Nomos,
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