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Artur Horta, sócio da The Link Investimentos, analisou ao vivo no Fast Money o impacto da considerada a maior operação do Brasil contra crime organizado no setor de combustíveis, envolvendo sonegação e lavagem de dinheiro. O mercado financeiro reagiu com alta nas ações de distribuidoras legais.

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Transcrição
00:00Voltamos a falar sobre a mega operação que está acontecendo hoje contra o crime organizado no setor de combustíveis.
00:07Esse esquema bilionário envolvendo empresas da Faria Lima movimentou 52 bilhões de reais em fraudes financeiras e lavagem de dinheiro.
00:16A gente vai entender melhor agora como é que o mercado financeiro está reagindo a essa mega operação.
00:21A conversa ao vivo é com o Arthur Horta, que é sócio da Delinque Investimentos.
00:25Felipe Machado, que já está aqui com a gente também.
00:27Tudo bom, Arthur? Boa tarde para você e bem-vindo de volta, Felipe.
00:30Boa tarde, obrigado. Boa tarde a todos.
00:34Boa tarde, Natália. Boa tarde, Felipe. É um prazer estar aqui contribuindo com você no Fast Money.
00:38Muito obrigada, Arthur, pela sua disponibilidade.
00:42Bom, a gente ouviu agora há pouquinho o Rafael, nosso repórter, trazendo que o mercado parece estar dividido
00:49e tem algumas empresas que reagem positivamente a essa mega operação.
00:52Qual é a sua percepção? O que você está captando do sentimento do mercado hoje?
00:57Exatamente. A gente acordou, foi uma grande surpresa logo de manhã,
01:02essa mega operação a maior do Brasil contra crime organizado e justamente aqui na Faria Lima,
01:09que a gente pensa que inicialmente seria um lugar blindado, longe do crime organizado,
01:15mas enfim, as operações chegaram aqui e estão impactando o nosso mercado financeiro como um todo.
01:20O impacto principal dessas operações está nas ações de empresas de distribuição de combustível,
01:28como por exemplo a Vibra, que é a antiga BR distribuidora, a Ultrapark, que é dona dos postos Ipiranga,
01:34e a Raizem, que é uma companhia também que atua na distribuição com a bandeira Shell.
01:38Então, essas ações estão subindo hoje porque a gente tem aparentemente o desmonte de uma operação que é ilegal
01:47e quando a gente tem uma operação ilegal, irregular dentro de um setor,
01:52o que esse tipo de operação faz é corroer as margens do setor,
01:56dificultar a expansão de quem opera de uma forma séria e rigorosa dentro da lei.
02:01Então, por isso a gente está vendo uma alta mais pronunciada das ações dessas companhias,
02:07porque a gente tem ali algo que está favorecendo justamente quem opera legal
02:12em um setor que já é concentrado e que no Brasil tem uma margem muito baixa.
02:17Isso é, o que ela vende, ela transforma só um pouquinho disso em lucro.
02:22Para você ter uma ideia, a cada R$1 de venda de combustível, só R$0,03 vira um lucro.
02:27Então, uma margem muito apertada.
02:30Os impostos que essas companhias pagam fazem muita diferença nessa conta de margem líquida
02:36e você tinha justamente uma cadeia gigantesca que, segundo o que tem sido apurado,
02:44esses indícios que têm sido passados via Receita Federal, Polícia Federal, Polícia Militar,
02:49só negava bilhões e bilhões de impostos.
02:52Então, o impacto no mercado está sendo esse.
02:55E, claro, também tem uma gestora que tudo aponta que ela está envolvida nisso,
03:00é listada na Bolsa e aí, no caso, as ações estão caindo,
03:04porque tem esse envolvimento direto com...
03:08É uma das investigadas nessa mega-operação.
03:11Certo.
03:11Felipe, sua pergunta para o Arthur.
03:12Tudo bem, Arthur, boa tarde.
03:14Arthur, o sistema brasileiro de fintechs, principalmente,
03:18é um sistema que é conhecido no mundo inteiro.
03:19Nós temos fintechs que são respeitadas, são até populares, conhecidas mesmo por seus cases de sucesso.
03:26Como é possível conciliar a necessidade de ter uma espécie de sigilo, enfim,
03:33de condição um pouco mais privada para essas fintechs e, ao mesmo tempo,
03:38ter a transparência para evitar que elas tenham envolvimento com o crime organizado?
03:41Quer dizer, como é que é possível ter as fintechs do jeito que elas são hoje,
03:45no formato que elas são hoje, e, ao mesmo tempo, blindá-las de alguma participação,
03:50alguma ligação com esse crime organizado?
03:54Então, Felipe, essa é uma questão muito importante, uma pergunta muito boa,
03:58porque as nossas fintechs, elas são um case de sucesso global
04:02porque elas nasceram em um ambiente desregulado.
04:06Lá atrás, um período de desregulamentação do Banco Central
04:10foi que deu possibilidade para essas fintechs nascerem
04:13e isso foi muito positivo para o mercado brasileiro,
04:17especialmente para o consumidor do dia a dia que utiliza instituições financeiras,
04:21porque desconcentrou o mercado.
04:24Basicamente, a gente tinha tudo concentrado em seis bancos no Brasil
04:27e aí isso foi, com as fintechs chegando, isso foi sendo descentralizado,
04:33a concentração caiu e foram nascendo serviços muito mais baratos,
04:37muito mais eficientes, que favorecem o consumidor do dia a dia.
04:40O problema foi que, ao que tudo indica, dessa desregulamentação
04:45nasceu também a possibilidade de se cometerem atos ilícitos,
04:50como a lavagem de dinheiro, movimentações suspeitas
04:52que favorecem o crime organizado, entre outras coisas.
04:55Tanto é que hoje nós já tivemos autoridades governamentais
04:58falando que as fintechs vão estar sujeitas às mesmas regulações dos bancos.
05:02Por quê?
05:03A gente está diante aqui de um esquema bilionário,
05:07e que foi completamente, quer dizer, tudo aponta que foi completamente ilícito,
05:13utilizando essas fintechs, abusando dessa falta de regulamentação
05:18para poder transformar dinheiro do crime organizado em um dinheiro limpo dentro da economia.
05:24Então, o que precisa ser feito para conciliar é buscar um meio termo.
05:28A gente sabe que a regulamentação em excesso, ela prejudica a concorrência no setor,
05:33ela favorece aqueles que são maiores e mais consolidados.
05:36Então, tem que se ver qual foi o ponto ali, onde que ficou a regulação,
05:41onde ela ficou muito frouxa, para que seja mais apertada
05:45e não permitir esse tipo de coisa mais,
05:47não permitir que o dinheiro sujo chegue limpo até a economia.
05:50Arthur, acho que vale a pena a gente aproveitar a sua presença,
05:55a sua experiência aí de dentro da Faria Lima,
05:57para ajudar a gente, a nossa audiência a entender
06:00por que o uso de fintechs e de fundos,
06:03de uma maneira bem sofisticada,
06:05tornou mais difícil, então,
06:07e foi usado como uma estratégia para impedir o rastreamento da origem desse dinheiro.
06:12Explica para a gente, assim, de uma forma mais prática, na medida do possível.
06:17Claro, Natália. Vamos lá.
06:18Realmente é um assunto muito complexo.
06:19Mas o que acontecia é o seguinte,
06:22o PCC, teoricamente, seria dono de diversas redes de postos de combustível,
06:28vários postos de gasolina,
06:30e esses postos funcionavam ali normalmente.
06:33Ou seja, a pessoa chegava lá, pagava e abastecia o carro,
06:37pagava no dinheiro ou no cartão.
06:39E a gente está falando aqui,
06:41só de entre 2020 e 2024,
06:4452 bilhões de reais vendidos por esses postos.
06:48Então, é muito relevante.
06:50E, além disso, mais de 8 bilhões em impostos sonegados.
06:56Acontece que, quando você vai lá e passa o cartão para abastecer o seu carro,
07:00ou paga lá o frentista,
07:01esse pagamento vai ser processado depois.
07:04E esse pagamento, então, era processado por uma fintech.
07:08Essa fintech processa e, depois, ela distribui esse dinheiro.
07:12Uma parte vai para o caixa da empresa,
07:15outra parte vira pagamento de imposto,
07:16outra parte vira, enfim, folha ou investimento.
07:20E aí, nessa divisão,
07:23como você tem uma regulação frouxa,
07:25que às vezes não precisa comprovar
07:27origem e destino dos recursos
07:29de uma forma extremamente rigorosa,
07:31você consegue destinar esse dinheiro para outros lugares.
07:35E, claro, a gente está falando de um setor que é gigantesco.
07:39Então, imagina só o volume de operações financeiras,
07:41o volume de coisas que acontecem nesse setor todo dia
07:44para as nossas agências reguladoras acompanharem.
07:46Então, acaba que essa brecha abre espaço
07:49para esses recursos começarem a entrar na economia.
07:52Um dos lugares para que esse dinheiro
07:54da venda de gasolina era destinado
07:57era justamente fundos de investimento aqui na Faria Lima.
08:01As investigações apontam que seriam pelo menos 40 fundos
08:04e mais de 30 bilhões de reais aplicados nesses fundos.
08:09E esses fundos funcionam investindo em outras coisas.
08:12Podem investir desde um CDB,
08:14um título comum que muita gente tem no banco,
08:18um Tesouro Selic,
08:19que é o investimento mais seguro do nosso país,
08:21até coisas mais complexas,
08:23como, por exemplo, imóveis,
08:24operações estruturadas de fusões e aquisições.
08:27Por exemplo, as investigações apontam
08:29que um desses fundos
08:30resultou na compra de um terminal portuário.
08:34A gente não está falando de uma compra pequena, não.
08:36Estamos falando de um terminal portuário.
08:38E também que havia a expectativa de comprar
08:411.600 caminhões, usinas de produção de etanol.
08:45São coisas grandes,
08:46coisas que custam bilhões de reais mesmo.
08:49E aí você tem gestoras por trás desses fundos
08:52que recebem o dinheiro
08:53e são responsáveis por aplicar esse dinheiro,
08:57gerir esse capital.
08:58Por isso o nome gestora.
08:59Essa gestora abre um fundo,
09:02o fundo recebe um recurso de um cotista,
09:05e aí esse dinheiro é gerido ali para o cotista.
09:10Acontece que fazia-se o seguinte,
09:12o cotista do fundo era outro fundo
09:14e o cotista desse outro fundo era outro fundo.
09:17Ou seja,
09:18você não passa a ter ali um CPF diretamente associado.
09:21Tem uma sequência de CNPJs
09:24que ninguém sabe de onde é,
09:25ninguém sabe de onde veio,
09:26que receberam dinheiro que está sendo gerido.
09:28Aparentemente pode ser uma atividade normal,
09:32está comprando empresas da economia real,
09:33empresas reguladas,
09:35transações que envolvem até assessoria jurídica e tal.
09:40Então fica muito difícil de você pegar
09:43qual é a origem desses recursos,
09:45de quem é esse dinheiro,
09:47a quem ele pertence,
09:49e se a forma com que ele está sendo aplicado é legal ou não.
09:51Porque aparentemente é tudo legal,
09:53todos os investimentos chegam de forma legal,
09:56como eu disse,
09:57são títulos públicos,
09:59títulos privados,
10:00algumas operações de fusões e aquisições.
10:02Só que essas camadas que criam,
10:05um CNPJ, outro CNPJ,
10:06um fundo, uma gestora, uma fintech,
10:09isso tudo dificulta as agências reguladoras de acompanharem.
10:12Que coisa, Arthur.
10:15Ele foi trazendo as informações
10:16e a gente boquiaberta.
10:17Exatamente.
10:18Você imagina, Natália,
10:19o PCC sendo dono de um terminal portuário.
10:21Nada mais estratégico, né?
10:23Aí ninguém não vai investigar.
10:23Um terminal portuário.
10:24Aí não tem jeito de investigar, né?
10:26O tráfico ali vai correr solto,
10:29sem nenhuma fiscalização.
10:30É, uma loucura mesmo,
10:31não à toa estamos falando de um esquema sem precedentes.
10:34Arthur Horta, sócio da D-Link Investimentos.
10:38Muitíssimo obrigada, viu?
10:39Pela participação ao vivo aqui com a gente no Fast Money.
10:42Volto sempre.
10:43Boa tarde para você.
10:46Muito obrigado.
10:47Sempre um prazer colaborar.
10:48Até a próxima.
10:48Até.
10:49Bom trabalho aí.
10:49Obrigado.
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