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A professora de economia do Insper e head de economia da Anefac, Juliana Inhasz, falou ao Fast Money sobre a COP30, que começou em Belém. Ela destacou a importância da implementação de medidas sustentáveis e o papel do Brasil na criação do Fundo Florestas Tropicais para Sempre.

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Transcrição
00:00Voltamos e já falando de COP30, porque um dos principais objetivos das COPs e também um desafio
00:14é achar um caminho de crescimento econômico que não afete negativamente o meio ambiente.
00:20Difícil, né? E na COP30 isso não vai ser diferente. A conferência que começou hoje em Belém
00:24está sendo chamada de COP e da implementação, justamente porque tem o foco de sair das negociações
00:31e colocar em prática o que está sendo discutido. E a gente vai conversar sobre isso agora com a professora
00:36de Economia do INSPER e Red de Economia da Associação Nacional dos Executivos de Finanças,
00:42Administração e Contabilidade, Juliana Enhás, que já está aqui ao vivo no Fast Money,
00:47para participar com a gente desse assunto. Tudo bem, Juliana? Bem-vinda de volta, ótima tarde.
00:51Oi, Natália. Boa tarde a você, ao Felipe e a todos que nos assistem. É um prazer estar aqui com vocês.
00:57E boa tarde, Felipe Machado. A gente falou antes, mas no ar ainda não. Então, bem-vindo.
01:02Obrigado. Boa tarde. Boa tarde a todos. Boa tarde, Juliana, também.
01:06Bom, Juliana, comentei aqui, né? COP30 em Belém é a COP da implementação, pelo menos pretende ser, né?
01:12Com o foco de sair mesmo das negociações, de que a gente veja ideias, propostas sendo colocadas em prática.
01:20Na sua visão, quais são as principais medidas que os países devem implementar para garantir que o crescimento econômico
01:26esteja alinhado às metas climáticas? E, mais do que isso, é possível alinhar tudo isso, Juliana?
01:31Olha, Natália, de fato, é importante que essa COP seja realmente um momento de implementação, né?
01:39A gente já viu outras COPs, e acho que essa é a grande crítica, né?
01:42De outras tantas conferências nessa mesma linha, que tem bastante retórica e a gente viu realmente pouco impacto.
01:49A gente espera que, dessa vez, a gente veja encaminhamentos sólidos.
01:53Essa história, né, de que crescimento econômico e as questões ambientais, né, ou a sustentabilidade não são compatíveis, não é bem assim.
02:02Na verdade, se a gente olhar sempre um modelo de produção mais antigo, mais conservador, e especialmente mais de curto prazo,
02:09a gente realmente sempre vai ficar com essa sensação.
02:12É possível, sim, que os países implementem modificações para conseguir ter esse crescimento econômico sólido,
02:18junto com uma responsabilidade em sustentabilidade, nas questões ambientais.
02:24Para isso, basta que a gente consiga pensar essas implementações de uma forma muito justa e muito inclusiva ao longo do tempo.
02:32Então, a gente tem que tirar essa cabeça do crescimento de curto prazo e entender primeiro que crescimento sustentável,
02:38em específico, não é só quantidade, é qualidade.
02:42É qualidade que se traduz em bem-estar para as pessoas.
02:45E, sem dúvida, para implementar essas mudanças, a gente vai ter que pensar, de alguma forma,
02:51em economias que sejam com energia limpa, com questões ambientais sendo respeitadas dentro do próprio aparato de política pública.
03:01A gente vai ter que pensar em políticas industriais verdes, né, que são essas políticas que preservam o meio ambiente.
03:06De alguma forma, a gente vai ter que fazer com que todo esse efeito colateral do crescimento econômico,
03:15que muitas vezes se traduz em poluição, em gás carbônico em excesso,
03:20ele seja, de alguma forma, internalizado na produção dessas economias.
03:25E aí, sem dúvida, a gente vai ter que continuar pensando em alternativas até mais eficientes, por exemplo,
03:31que o próprio mercado de carbono.
03:32Mas eu acho que a gente pode, sim, fazer essa transição.
03:36Basta que a gente consiga alinhar aí direito, de uma forma muito eficiente,
03:41os interesses tanto da iniciativa privada quanto do Estado,
03:44para que a gente consiga aí fazer um traçar, né, trajetos e caminhos
03:49para um crescimento econômico sustentável e ambientalmente responsável.
03:54É, exatamente, né, ali há interesses à responsabilidade, né,
03:58é importante não deixar isso de lado, Felipe.
04:00Juliana, boa tarde mais uma vez.
04:03Juliana, o governo brasileiro está colocando, assim, um investimento político também, né,
04:09o seu capital político com bastante força nessa COP.
04:13E isso tem, claro, tem as suas vantagens, tem as suas desvantagens, se nada for realizado.
04:18Mas o que seria, na sua opinião, uma vitória do governo brasileiro dentro dessa COP?
04:24Quer dizer, o que a gente poderia atingir como meta da COP
04:27que pudesse ser levado à frente como uma vitória do Brasil?
04:31Olha, acho que, sem dúvida, o estabelecimento desses fundos, né,
04:35e agora me foge o nome lá da sigla do fundo que o Brasil propõe, né,
04:40para países que tenham florestas tropicais, né,
04:44eu acho que esse parece ser aí um dos legados que o país deixa para essa COP, né,
04:49trazer a ideia de uma forma, né, de financiamento e de alguma forma de penalização, né,
04:56para quem desmata, para quem tem perda, né, das suas florestas tropicais,
05:01porque os estudos apontam, de fato, que a preservação dessas florestas
05:06é um primeiro passo e talvez fundamental para que a gente consiga segurar, né,
05:11o avanço das temperaturas no planeta e a degradação, né, do meio ambiente de uma forma ampla.
05:17Acho que esse é um legado que o Brasil deixa.
05:19Mas aí, Felipe, me preocupa muito esse comentário inicial que você fez,
05:23que é o quanto a gente consegue realmente implementar isso e isso ser um sucesso, né.
05:28O Brasil está gastando um capital político alto para isso,
05:31especialmente porque esse fundo, ele não é um fundo barato,
05:37ele é um fundo que, claro, traz custos.
05:40Há quem já pense que isso foi pensado pelo Brasil,
05:44pelo próprio benefício que o Brasil teria, né,
05:47em receber parte desses recursos por preservação, né,
05:51e a gente já tem uma parcela considerável de florestas tropicais.
05:57Então, acho que a gente está gastando um capital político alto.
06:00A minha preocupação é que a gente continue ficando na retórica
06:04e aí essa cópia seja mais um capítulo completamente pouco factível, né,
06:13de um avanço realmente pensando em desenvolvimento econômico com sustentabilidade.
06:18Então, acho que isso aí é uma balança de dois pratos.
06:21Pode ser o nosso grande acerto, pode ser o nosso grande legado,
06:24mas também pode ser o que mostra aí a nossa incapacidade
06:28de conseguir ficar dentro de metas que nós mesmos estabelecemos.
06:33Exatamente, muito tênue, né, o limite aí entre, né, o sucesso, fracasso.
06:38E o fundo é o fundo floresta tropical para sempre,
06:41florestas tropicais para sempre, certo?
06:44Era isso que você estava mencionando, né, Juliana?
06:46Isso mesmo, que tem uma sigla em inglês diferente, mas é esse mesmo.
06:50Certo. Bom, pelo elemento que você está trazendo, eu fico aqui pensando, né,
06:56que a gente sabe que a conta, né, das mudanças climáticas,
07:01dos eventos climáticos extremos, ela acaba sempre chegando mais pesada
07:05para as populações mais vulneráveis, para os países mais pobres também, né, Juliana?
07:11E aí, como é que você acha que as economias emergentes e o Brasil, né,
07:15no caso aí, como líder na COP30, como que a gente pode conciliar as demandas, né,
07:21necessárias, as conversas necessárias e, ao mesmo tempo,
07:24não perder competitividade no cenário internacional?
07:27Olha, essa é uma questão antiga, né, Natália, porque não é de hoje
07:32que a gente percebe que o custo, muitas vezes, desse alinhamento ambiental
07:37recai justamente sobre os países que hoje ainda estão em processo de desenvolvimento, né?
07:42A gente já viu economias avançadas se beneficiarem bastante,
07:46inclusive da própria emissão de carbono ao longo das últimas décadas
07:50e agora isso recai bastante sobre países como o nosso, né?
07:55Acho que, sem dúvidas, a gente consegue fazer, ainda que com todas as dificuldades
08:01que os países em desenvolvimento e subdesenvolvidos têm,
08:05é possível que se faça uma transição para uma economia um tanto mais sustentável, né?
08:10Então, a gente sabe, por exemplo, né, se fala muito hoje sobre a agropecuária brasileira,
08:15o quanto que essa agropecuária hoje favorece, né,
08:19ou alimenta esse processo de carbono na atmosfera.
08:24Então, a gente sabe que é possível contornar isso,
08:27muitas vezes com mudanças que não são tão drásticas, né?
08:31Alimentação, por exemplo, a modificação da alimentação bovina
08:34pode fazer com que a gente consiga reduzir um tanto desse impacto.
08:38Então, acho que os países em desenvolvimento e subdesenvolvidos podem buscar formas.
08:43Agora, é óbvio que é importantíssimo o apoio também dos países que já passaram por esse processo.
08:49Nesse aspecto, a COP é importante para trazer também essa discussão, né?
08:53Agora, é óbvio que a gente não pode ficar só ali naquele encontro de parceiros, né,
09:00ou de governantes que usam, né, esses momentos, inclusive, para capitalizar,
09:05para ter aí o seu capital político reforçado, sem uma ação efetiva, né?
09:11Então, acho que a gente consegue, países como o nosso podem se modernizar,
09:15podem pensar em técnicas produtivas que sejam mais confortáveis, né,
09:20que sejam mais alinhadas ao meio ambiente.
09:23As políticas públicas são importantes nessa hora, né?
09:26Apoio, os bancos de fomento, enfim,
09:28inúmeras políticas que podem ser feitas para auxiliar essa transição.
09:32Então, novamente, a gente tem que pensar que crescer, já há uns anos,
09:37crescer não é só quantidade de produção, também é qualidade dessa produção.
09:41Então, acho que é uma aliança, né, um conjunto entre iniciativa privada,
09:45governo, a própria sociedade, para que essas mudanças aconteçam.
09:50Agora, é inevitável, né, Natália?
09:52A gente vai ter que, de alguma forma, ceder.
09:55Em alguns aspectos, a gente vai ter que abrir mão de produções
09:59que talvez sejam, nesse momento, mais baratas.
10:01A gente vai ter que investir, né?
10:03Esse é um ponto importante.
10:04A gente vai ter que investir em tecnologia,
10:06a gente vai ter que investir nessas produções que são mais sustentáveis.
10:10Isso tem um custo.
10:12É um custo que pesa no primeiro momento,
10:14mas que, sem dúvida, pode trazer muitos benefícios.
10:17É pensar ao longo do tempo, né?
10:19Exatamente.
10:21Juliana, tem uma pergunta importante para você,
10:24que é o seguinte, a gente acaba não falando muito,
10:26mas tem um probleminha nessa COP, que todo mundo sabe,
10:30mas ninguém gosta muito de lembrar,
10:32que é um certo boicote dos Estados Unidos, né?
10:34A ausência de uma delegação, assim, de peso dos Estados Unidos
10:38nas discussões sobre o clima.
10:40Como é que é possível o mundo evoluir sem a participação dos Estados Unidos?
10:43Ou a gente vai tentar todo mundo evoluir para um certo caminho
10:47e esperar que o próximo presidente volte a participar
10:51desses fóruns globais de sustentabilidade?
10:54Como é que é possível avançar sem a presença americana?
10:59Olha, de fato, Felipe, a ausência da economia americana nessa discussão,
11:05por um lado, enfraquece muito, né?
11:08Enfraquece no sentido de que a gente tem esse momento para pensar,
11:13e a gente tem visto, na verdade, antes até desse meu comentário,
11:16a gente tem visto o tamanho do problema, né?
11:18que essas grandes variações climáticas têm trazido,
11:22que essa irresponsabilidade, né, com a questão ambiental
11:25e o custo que isso pode trazer, não só agora,
11:28como a gente já tem visto a conta chegar, como ao longo do tempo, né?
11:31A economia americana também sofre esses efeitos
11:34e certamente o presidente Donald Trump entende bem isso, né?
11:38Agora, é uma questão política, né?
11:39Ele não vem para a COP, ele não está aqui,
11:42e a gente não tem essa presença por uma questão política, não é?
11:47E questões muito mais amplas do que o próprio contexto político
11:51que ali permeia a economia americana e a economia brasileira
11:54ou demais economias, né?
11:57Agora, a gente também tem que lembrar que,
11:59apesar dele não estar presente,
12:01a gente tem grandes economias
12:03que estão discutindo essa questão ambiental.
12:06Nesse aspecto, é fundamental que economias
12:09que sejam mais alinhadas a essa pauta
12:12e que estejam encabeçando aí parte do crescimento mundial
12:15se posicionem favoravelmente a esse tipo de questão.
12:19E, naturalmente, a economia americana
12:21em algum momento vai ter que embarcar nisso, né?
12:24Porque, apesar de não estar embarcando agora,
12:27como eu mencionei, é uma questão de longo prazo.
12:29É óbvio que o apoio geral e restrito nesse momento
12:33seria muito significativo,
12:35mas as COPs não trazem necessariamente isso,
12:38porque existem conflitos de interesse
12:40entre o curto e o longo prazo
12:41para as economias desenvolvidas.
12:44Então, acho que a gente pode, sim,
12:46criar um ambiente onde os países
12:48estão interessados nessa pauta,
12:50que hoje são muitos,
12:52se alinham em questões ambientais mais responsáveis.
12:56Acho que, naturalmente,
12:56isso cria um constrangimento
12:58a economias que não se alinham,
13:01que começam a ficar de fora dessa pauta,
13:03e a gente espera, claro,
13:05que com o tempo a gente consiga trazer
13:07esses novos apoiadores,
13:09que são importantes,
13:10que também emitem muitos poluentes,
13:13e que certamente vão ter que se alinhar aí,
13:15se quiserem pegar essa onda da economia sustentável.
13:20Juliana Inhás,
13:21professora de Economia do INSPER
13:23e Rede de Economia da Associação Nacional
13:25dos Executivos de Finanças,
13:27Administração e Contabilidade.
13:29Muitíssimo obrigada pela conversa com a gente
13:31aqui nessa segunda-feira.
13:33Boa tarde e volte sempre.
13:35Obrigada, pessoal.
13:36Ótima tarde para vocês.
13:37Valeu.
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