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A economia brasileira surpreendeu no início de 2025, com alta de 1,4% no PIB, puxada pela agropecuária e pelos serviços Paulo Gala, professor da FGV, analisa o impacto desse desempenho e alerta para os riscos da desaceleração nos próximos meses.

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Transcrição
00:00O PIB brasileiro teve alta de 1,4% no primeiro trimestre, segundo o IBGE.
00:06O resultado foi puxado, como se esperava, pela agricultura, com safra recorde.
00:12O setor de serviços, que representa 70% da economia brasileira, também cresceu.
00:17Já a indústria ficou estagnada.
00:19A economia brasileira cresceu 1,4% no primeiro trimestre de 2025,
00:25em relação aos três meses anteriores, e 2,9% na comparação anual,
00:30de acordo com dados oficiais divulgados nesta sexta-feira.
00:33O resultado ficou ligeiramente abaixo das expectativas de mercado, que esperava uma alta de 1,5%.
00:39A expansão trimestral foi impulsionada principalmente pelo setor agropecuário, que cresceu 12,2%.
00:45O desempenho é explicado pela recuperação da safra de grãos, especialmente soja, milho e arroz,
00:50que tradicionalmente concentram o impacto no PIB nos primeiros meses do ano.
00:54O setor de serviços também teve contribuição positiva, com crescimento de 9,3% no primeiro trimestre,
01:02enquanto a indústria permaneceu praticamente estável, com queda marginal de 0,1%.
01:06Economistas projetam uma desaceleração nos próximos trimestres,
01:11devido ao fim do boom agrícola e à manutenção das altas taxas de juros.
01:15Para todo o ano de 2025, o mercado financeiro espera um crescimento de 2%,
01:19de acordo com a pesquisa Focus do Banco Central, enquanto o governo projeta 2,4%.
01:25Para nós entendermos mais a fundo esse resultado do PIB,
01:31vamos ouvir agora o Paulo Gala, professor de Economia da Fundação Getúlio Vargas.
01:36Galá, boa tarde para você, obrigado pela sua participação aqui com a gente ao vivo mais uma vez.
01:42Eu queria começar te perguntando sobre o PIB, mas trazendo para o pacote da pergunta também
01:46a taxa de desemprego do Brasil que o IBGE divulgou ontem, para o trimestre de fevereiro, março e abril.
01:52Então a gente tem uma economia que cresceu no trimestre 1,4%,
01:56ao mesmo tempo que a taxa de desemprego caiu para 6,6%,
02:00a menor para esse trimestre de fevereiro a abril já registrada na série histórica,
02:06e também com o número recorde de trabalhadores com carteira assinada no setor privado.
02:11Juntando tudo isso, Galá, em que ponto está a economia brasileira?
02:16Olha, acho que é claro que ela está em um ponto bastante aquecido,
02:19porque a gente está com o maior crescimento praticamente de quatro trimestres,
02:22se a gente comparar com o ano inteiro passado, foi só no primeiro trimestre do ano passado
02:26que a gente cresceu tanto, o desemprego em mínima histórica
02:30e a criação de vagas com carteira assinada em máxima histórica.
02:33Então o primeiro trimestre desse ano foi, na verdade, uma surpresa
02:37em relação a uma economia que se imaginava que poderia desacelerar,
02:41mas não desacelerou.
02:42Na verdade, ela acelerou até, o que os dados mostram é que a economia brasileira
02:46ganhou vigor nesses primeiros três meses, que é uma ótima notícia.
02:51Claro que tem cuidados aí com inflação e também questões fiscais que a gente já sabe,
02:56mas eu acho que a mensagem, por enquanto, é que a economia brasileira segue robusta.
03:01Agora, levanta um alerta um pouco maior aí em relação à inflação
03:06e até a própria curva da Selic, que começava-se já no mercado a se falar
03:12que talvez ela fique onde está, talvez no fim do ano ela já comece a cair.
03:16Muda alguma coisa para esse horizonte de inflação e taxa de juros?
03:21Bom, acho que é importante dizer que é um PIB robusto, o Brasil realmente cresceu 1.4,
03:27mas quando a gente olha a chamada abertura dos dados, a gente vê que os setores mais sensíveis
03:32à taxa de juros desaceleraram, na verdade, até caíram.
03:36Os dois subsetores que caíram, que tiveram contração no primeiro trimestre,
03:40foram os setores de construção civil e de indústria de manufatura,
03:44que é o setor industrial propriamente dito.
03:46São os setores que dependem muito da taxa de juros,
03:49o setor de construção civil por conta do financiamento imobiliário, obviamente,
03:53e o setor manufatureiro por conta de fluxo de capital,
03:56de necessidade de financiamento das empresas, das fábricas.
03:59Então, dentro desse dado de PIB, tem alguns elementos ali que nos mostram
04:03que o juro alto já faz força, já faz efeito.
04:07É difícil cravar se o Banco Central vai aumentar mais a taxa de juros,
04:11mas minha impressão é que para no 14,75%,
04:15porque o PIB do agronegócio, que está muito forte, está bombando,
04:18cresceu 12,2%, ele independe de taxa de juros.
04:23Primeiro porque tem o plano safra, que garante juros subsidiados para o agronegócio,
04:28e segundo porque são as condições climáticas que muito mais determinam
04:31o que acontece com o agro.
04:32Então, o crescimento que a gente viu no primeiro trimestre desse ano
04:35está mais ligado ao setor de commodities da economia brasileira,
04:38de produção e exportação de petróleo, de gás, de minério de ferro e do setor agro,
04:43e menos ligado aos setores sensíveis à taxa de juros.
04:47Então, tem ali dentro já um embrião de desaceleração no setor industrial
04:51e no setor de construção, o que possivelmente fará com que o Banco Central
04:56pare de subir a taxa de juros, apesar da inflação ainda pressionada, como a gente disse.
05:01A gente viu aí no lado da demanda do PIB o investimento das empresas
05:05com um crescimento significativo, aliás, foi o sexto crescimento seguido,
05:10olhando trimestre a trimestre, e uma taxa de investimento que está em 17,8% do PIB.
05:17Queria te perguntar sobre as duas coisas, o dado positivo do investimento
05:20e ao mesmo tempo, mesmo crescendo, essa taxa de investimento não está
05:24num nível bom para o que a gente precisa ainda.
05:26É muito aquém, a gente precisaria de taxas de investimento acima de 20%,
05:3122%, 23% do PIB, mas é importante dizer que é a máxima de praticamente 10 anos.
05:36Se a gente olhar o setor de infraestrutura brasileiro, por exemplo, vive um boom.
05:41É o melhor momento do setor de infraestrutura do Brasil da última década.
05:45O ano passado a gente fechou com quase 300 bilhões de reais de investimento
05:50em infraestrutura no Brasil, que dá praticamente quase 3% do PIB.
05:56Para esse ano a gente deve superar essa marca de 300 bilhões de reais.
06:00Então temos boas notícias aí no sentido de que avança o investimento em infraestrutura
06:05e o investimento em bens de capital e, portanto, o investimento sobre o PIB,
06:09mas avança ainda aquém do que seria o necessário e o suficiente.
06:14A gente precisaria, pelo menos, romper essa marca dos 20% do PIB de investimento.
06:20E no segundo semestre, mantida a previsão de que há uma desaceleração pela frente?
06:27É, uma desaceleração especialmente nos setores mais sensíveis à taxa de juros.
06:31Eu destacaria aqui novamente a construção civil e o setor manufatureiro.
06:36Por outro lado, os setores que estão com demanda aquecida,
06:40se a gente olhar, por exemplo, o consumo, tem ótimas notícias de consumo
06:43nesse PIB do primeiro trimestre.
06:45Houve uma alta de 1% do consumo das famílias em relação ao quarto trido,
06:50do ano passado, inclusive houve uma queda no quarto trimestre do ano passado,
06:53algo que preocupou e esses dados mostram que aquilo está mais com cara de um soluço.
06:59Então, as empresas que estão expostas à atividade aquecida, à demanda elevada,
07:04elas acabam investindo mais.
07:05As que dependem menos de juros e mais de atividade, se expandem e investem.
07:11E as que dependem mais de taxa de juros sofrem.
07:14Então, a desaceleração que deve aparecer agora no segundo semestre
07:17está mais ligada a essa sensibilidade dos juros, que continuam muito elevados.
07:22É importante dizer que R$ 14,75 de juros nominal é um juro real de quase 10%,
07:27que é um juro real brutal, o maior juro em uma década.
07:31Aliás, o Brasil é milagroso como o Brasil consegue crescer 1,4% com uma taxa de juros tão alta.
07:36Acho que nenhum país do mundo seria capaz de fazer isso, só o Brasil mesmo.
07:39Eu queria te perguntar até sobre esse ponto também, Gala,
07:42porque é uma discussão, você sabe disso, muito frequente,
07:45em relação ao Brasil estar crescendo nesse nível e com esse nível de taxa de juros.
07:50Já se esperaria um esfriamento da nossa economia já há algum tempo.
07:54Esse esfriamento até agora não se deu ainda de uma maneira muito evidente.
07:59Você é dos que acreditam que houve alguma mudança estrutural na economia brasileira,
08:04que está furando um pouco as previsões e que a gente não conseguiu captar exatamente
08:08ainda do que foi?
08:10Acho que tem uma parte, sim, de boom de commodities, de boom agro, do boom do petróleo,
08:15que já vem de alguns anos, não é de agora.
08:17O Brasil se tornará o quinto maior produtor de petróleo do mundo.
08:20Os analistas erraram muito em relação a essa expansão da produção de petróleo do Brasil.
08:25A gente vê de novo, no primeiro trimestre desse ano, o setor de commodities
08:28e a indústria extrativista crescendo muito.
08:30Então, acho que há, sim, uma transformação estrutural no sentido de que o Brasil virou
08:34uma potência inequívoca de minerais críticos, minerais de transição, petróleo, gás e agro
08:41há muito tempo.
08:43Então, isso é uma novidade.
08:44Há uma questão também de política de transferências de renda do governo que continua muito forte.
08:49Eu diria que essa talvez seja a grande explicação de por que a gente tem crescido tanto.
08:54As verbas sociais de Bolsa Família, de BPC, o próprio gasto com aposentadoria,
09:01são transferências de renda monumentais que chegam a atingir um trilhão, quase um trilhão e meio de reais.
09:06Então, isso também estimula o PIB.
09:10E tudo isso faz com que a economia cresça, apesar da taxa de juros elevada,
09:15que se conecta com a sua pergunta.
09:17Então, é um crescimento que depende de transferência de renda
09:20e de boom de commodities, de boom agro e de boom de petróleo.
09:24Não é um crescimento que depende de juros baixos.
09:28O crédito tem se expandido, mas não é uma expansão violenta de crédito.
09:32Apesar de que também há mudanças estruturais positivas no crédito no Brasil,
09:37com duplicata eletrônica, recebíveis eletrônicos,
09:41desdobramentos do PIX, de Open Finance.
09:44Então, também há uma melhora estrutural do ambiente de crédito no Brasil.
09:47Mas, eu diria que o nosso crescimento está muito mais ligado
09:50às transferências de renda do setor público
09:52e desse boom de commodities e de minerais e de agro.
09:59Paulo Gala, professor de Economia da FGV.
10:01Gala, muito obrigado pela gentileza da entrevista.
10:04Bom fim de semana.
10:05Obrigado, foi um prazer para todos também.
10:07Valeu.
10:07Obrigado.
10:08Obrigado.
10:09Obrigado.
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