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Mário Sérgio Telles, diretor de economia da CNI, disse ao Fast Money que manter a Selic em 15% prejudica empresas e o crescimento econômico. Segundo o estudo, 80% das indústrias apontam juros altos como principal obstáculo para crédito.

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Transcrição
00:00E o Copom decidiu pela manutenção da taxa Selic, que atualmente está em 15% ao ano.
00:05O setor industrial já reagiu a essa decisão.
00:09De acordo com a Confederação Nacional da Indústria, manter as taxas tão altas sufoca a economia
00:14e isola o Brasil no contexto internacional dos juros reais.
00:18Em uma pesquisa feita pela Confederação, 80% das empresas industriais apontam a taxa de juros elevada
00:25como a principal dificuldade para a tomada de crédito de curto prazo.
00:28Para comentar mais sobre esse estudo e a manutenção da taxa de juros, a gente recebe aqui ao vivo no Fast Money
00:34Mário Sérgio Telles, que é diretor de economia da Confederação Nacional da Indústria.
00:40Muito boa tarde, Mário. Seja muito bem-vindo ao Fast Money.
00:44Boa tarde, Natália. Boa tarde a todos que nos assistem.
00:48Prazer é meu de estar aqui conversando com vocês sobre esse assunto tão importante.
00:52É, muito importante mesmo, né? E no fim das contas afeta todo mundo, né?
00:56Cidadão, as empresas, os negócios.
00:58Mário, eu começo te pedindo a sua leitura sobre essa decisão do Copom,
01:02que não foi exatamente uma surpresa, né? Já era esperada pelo mercado,
01:07mas a CNI fala num sufocamento da economia e de um isolamento do Brasil no contexto internacional.
01:13Então, por que manter a Selic em 15% é um erro neste momento, segundo a visão da indústria?
01:20Olha, primeiro, Natália, não foi nenhuma surpresa.
01:24Tem razão.
01:25Nós entendemos que há espaço pra redução da Selic,
01:30mas a manutenção em 15% realmente já tinha sido antecipada por todos
01:35e era, inclusive, a decisão que nós entendíamos que o Banco Central iria tomar,
01:43embora não seja uma decisão com a qual a CNI concorde.
01:47E por que a CNI não concorda com essa decisão?
01:52Mantendo a Selic em 15% ao ano, com uma expectativa de inflação
02:00nos próximos 12 meses em 4,06,
02:04isso significa que o Banco Central está mantendo uma taxa de juros real
02:08de 10,5% ao ano.
02:12Quando a taxa que o próprio Banco Central chama de neutra,
02:17que é aquela taxa que nem estimula nem desestimula o crescimento econômico,
02:23está em 5.
02:25Então, significa que nós estamos 5,5 pontos acima da taxa neutra.
02:31Então, primeiro, é uma política monetária extremamente contra-acionista,
02:37a que está sendo implementada.
02:38Segundo ponto, os sinais da economia já permitem um afrouxamento dessa política monetária.
02:49E iniciar a redução da Selic não significa que a política monetária vai passar para o outro extremo,
02:56para uma política monetária neutra ou até estimulante do crescimento econômico.
03:03começar a reduzir a Selic ainda manteria uma taxa de juros real muito elevada.
03:10E é possível reduzir a Selic.
03:12Dois fatores deixam isso bem claro.
03:16A inflação está caindo, inflação corrente e as expectativas de inflação.
03:22Para os próximos 12 meses, acabei de mencionar,
03:24em torno de 4%, quando o teto da meta é de 4,5% e a meta é de 3%.
03:31Ou seja, as expectativas estão se aproximando da meta,
03:35resultado da política monetária do Banco Central.
03:37Mas não é preciso esperar que chegue a meta para começar a reduzir a Selic.
03:46E o outro ponto é que é preciso também preservar a atividade econômica.
03:52E a atividade econômica está sendo muito impactada negativamente por essa taxa de juros.
03:59Todos os indicadores mostram isso.
04:01Não vou mencionar vários, mas o crescimento do PIB foi de 1,3% no primeiro trimestre
04:07por conta de uma grande safra agrícola.
04:10Caiu para 0,4% no segundo trimestre e os dados do terceiro trimestre do próprio Banco Central
04:18falta ainda um mês, mas os dois primeiros meses o indicador do Banco Central
04:22mostra uma queda de 0,1%.
04:26Então a atividade econômica está caindo.
04:28O varejo, o comércio varejista, nos últimos três meses,
04:32em relação aos meses anteriores, os três meses anteriores,
04:35queda de 2,6%, a indústria não cresce, está andando de lado.
04:40Variação próxima de zero.
04:43E o que nós temos ainda é o serviço um pouco aquecido
04:46por conta do mercado de trabalho ainda forte,
04:49mas principalmente ligado àquela safra agrícola que precisa ser escoada.
04:55Então, inflação em queda, atividade econômica em queda
05:00e reduzir a Selic ainda manteria a política monetária contra acionista,
05:06levando a inflação cada vez mais para...
05:10o centro da meta.
05:12Tem um número que chama bastante atenção no relatório da CNI,
05:15Mário Sérgio, que é esse que mostra que em cada 10 empresas,
05:188 vêm os juros, né?
05:21Empresas industriais, a gente está falando,
05:22vêm os juros altos como o maior obstáculo para o crédito de curto prazo.
05:26Como que esse travamento do crédito se manifesta na prática,
05:30no dia a dia das indústrias e tem setores que acabam sendo mais afetados
05:34do que outros?
05:36Sim.
05:38Essa resposta das empresas não surpreende.
05:42Desde que o Banco Central começou esse movimento de alta dos juros,
05:48estava em 10,75 em setembro de 2024 e veio para 15% esse ano.
05:55Desde então, a taxa de juros média para as empresas com recursos livres subiu de 20,5% para 24,5%,
06:08ou seja, 4 pontos percentuais a mais de juros para as empresas.
06:13No caso dos consumidores, isso é ainda pior, subiu de 52% para 58%.
06:22Então, aumentando a taxa de juros, se torna o principal obstáculo para o financiamento,
06:28que nem sempre, quando a taxa de juros está mais baixa,
06:31a gente recebe respostas das empresas mostrando, por exemplo,
06:35que as garantias são o maior problema para obter o financiamento.
06:40Mas, nesse momento, 80% aponta a taxa de juros,
06:44ou seja, a taxa de juros realmente está proibitiva para as empresas.
06:48E qual é o problema?
06:50Do ponto de vista dos consumidores, com juros mais altos, menos consumo.
06:55Como eu mencionei, o varejo está sentindo isso claramente como uma queda
07:00de 2,6% nos últimos três meses em relação ao trimestre anterior.
07:04No caso da indústria, aumento de custo, a gente perde competitividade com a produção
07:12de outros países que não enfrentam esse juro tão alto, ou seja, aumenta o custo
07:18ter um juro tão significativo e a gente não consegue competir.
07:23E, ainda por cima, menos produção, porque a indústria está vendo que o consumo
07:27das pessoas também vai cair por conta da taxa de juros.
07:31E, finalmente, investimentos.
07:34Nesse nível de taxa de juros, é caro investir, não tem perspectiva de demanda,
07:39as empresas também retraem o seu nível de investimento.
07:44E quando a gente compara com outros países, vocês também mencionam isso no relatório,
07:50qual é o panorama?
07:51Quais são os exemplos que mais chamam a atenção nessa comparação?
07:54A tendência mundial é de redução de taxa de juros.
08:01Eu acho que o principal parâmetro é o Banco Central dos Estados Unidos, que reduziu agora,
08:08recentemente, novamente, a sua taxa de juros básica.
08:14Então, nós estamos nos descolando do resto do mundo.
08:19E aí, essa queda de juros acontece nos Estados Unidos, que é a referência,
08:24mas acontece na Europa, acontece em outros países relevantes.
08:30Então, o Brasil está se distanciando.
08:33E esse movimento, é importante a gente chamar a atenção,
08:36que esse movimento dos outros países, principalmente dos Estados Unidos,
08:39que está reduzindo a taxa de juros,
08:41isso abre, inclusive, uma oportunidade para que a gente reduza a Selic,
08:46mantendo a diferença entre a nossa taxa de juros e a taxa de juros americana.
08:51Ou seja, o Brasil continua atraente para a entrada de capitais estrangeiros,
08:57então, nós podemos reduzir a Selic sem uma pressão sobre a taxa de cano,
09:03que está se valorizando, cerca de 14% esse ano,
09:06o real está ficando mais forte em relação ao dólar,
09:09o que também ajuda no controle da inflação.
09:13Então, o movimento dos outros países abre uma janela de oportunidade
09:18para o nosso Banco Central reduzir a taxa de juros,
09:22sem ter impacto sobre câmbio e, portanto, sem prejudicar o controle da inflação.
09:29Maricel, que tipo de risco esse distanciamento de economias,
09:32de outras economias, de economias desenvolvidas,
09:35traz para a nossa economia e para o Brasil?
09:37Olha, o risco é o nosso crescimento econômico cada vez menor.
09:45Isso está se traduzindo, esse ano, ano passado, o PIB cresceu 3,4%, em 2024.
09:52Esse ano, a projeção da CNI é 2,3% e é 2,3% por conta da safra agrícola,
09:58que foi recorde.
10:00Quando a gente pensa em indústria, a gente pensa no setor de serviços,
10:05o crescimento vai ficar abaixo de 2%.
10:08Então, nós vamos perder crescimento econômico.
10:13E é bom lembrar que crescimento econômico significa mais renda para a população brasileira,
10:19ou seja, significa qualidade de vida.
10:21Então, o custo de se manter uma Selic acima do necessário para controlar a inflação
10:27é menos qualidade de vida para a população brasileira.
10:32E rapidinho para a gente fechar, Mário Sérgio,
10:34esse estudo da CNI aponta que a taxa de juros em equilíbrio,
10:38de equilíbrio, seria ali em torno de 11,9%.
10:41Como que essa estimativa é calculada e que medidas o senhor acredita que poderiam permitir
10:46ao Banco Central, de fato, iniciar um ciclo de cortes sustentáveis já nas próximas reuniões?
10:53A taxa de 11,9% a gente produz usando uma regra chamada regra de Taylor.
11:00Basicamente, é a taxa que, com dados estatísticos,
11:05ela permitiria o controle da inflação, minimizando o impacto sobre a atividade econômica.
11:13Então, o que essa taxa mostra é que, com 11,9% de Selic,
11:18o Banco Central poderia continuar mantendo a trajetória de controle da inflação
11:25sem prejuízos excessivos para a economia, para a atividade econômica.
11:31É isso que essa taxa mostra.
11:33Ou seja, com 11,9%, nós ainda estaríamos com uma taxa de juros real em torno de 7,5%,
11:41lembrando que a taxa neutra, aquela que não estimula nem desestimula a economia,
11:48é de 5%.
11:49Ou seja, nós ainda estaríamos com 2,5% acima da taxa neutra.
11:55Ou seja, portanto, o Banco Central continuaria no controle da inflação,
12:01mas sem prejuízos excessivos para a atividade econômica e para o bem-estar da população.
12:10Isso é um ponto.
12:11Já poderíamos estar em 11,9%.
12:13Mas 11,9% não é o ideal.
12:15Nós precisamos ir abaixo.
12:17E para isso tem que haver uma sintonia entre a política fiscal e a política monetária.
12:24Nós temos que fazer um controle das contas públicas, um controle do crescimento do gasto público,
12:32principalmente nas chamadas despesas obrigatórias, que crescem muito,
12:36para que a política fiscal, então os gastos dos governos, não é só do governo federal,
12:43de todos os governos, para que a política fiscal ajude a política monetária a permitir,
12:50e aí permita, juros mais baixos.
12:53Nós tivemos recentemente, não muito longe, antes da pandemia,
12:58os juros estavam em 4, 5% na economia brasileira.
13:03É para lá que nós precisamos voltar e, para isso, nós precisamos realmente de uma ajuda da política fiscal
13:11à política monetária.
13:14Quero agradecer, Mário Sérgio Telles, diretor de Economia da Confederação Nacional da Indústria,
13:19pela entrevista ao vivo aqui no Fast Money.
13:22Muito obrigada, ótima tarde por aí.
13:25Obrigado, Natália. Boa tarde a todos.
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