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Otaviano Canuto, ex-vice-presidente do Banco Mundial, avaliou o cenário econômico brasileiro: Selic elevada, inflação ainda acima da meta, mercado de trabalho aquecido e projeção de crescimento próximo a 2% em 2025, acima das previsões iniciais.

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Transcrição
00:00Quem já está conectado com a gente para falar sobre os indicadores e as perspectivas para a economia do Brasil
00:06é o ex-vice-presidente, diretor executivo do Banco Mundial, Otaviano Canuto.
00:12Canuto, boa noite, obrigada por aceitar o convite e estar aqui com a gente mais uma vez.
00:17Bom, pela fala do presidente do Banco Central, a Selic deve seguir num patamar elevado por um bom tempo,
00:23contrariando a vontade do ministro do Trabalho. A gente mostrou isso aqui agora há pouco no jornal.
00:27Queria saber qual é a sua avaliação sobre esse atual patamar dos juros e os impactos sobre a atividade econômica.
00:36Eu acho, é um prazer estar aqui de novo contigo, que o presidente do Banco Central foi bem claro a esse respeito.
00:45Na verdade, o Banco Central tem que ter cuidado com o momento em que vai baixar.
00:56Afinal de contas, nós ainda temos uma taxa de inflação que permanece ainda, embora levemente em queda, acima da meta.
01:08O mercado de trabalho, como ele bem observou, está bem aquecido.
01:13É verdade que os dados do Cajé de hoje já mostraram uma diminuição nesse ritmo de criação de empregos,
01:21e o que deve dar, provavelmente, uma pequena e leve elevação na taxa de desemprego,
01:27mas o mercado está bem aquecido.
01:29Então, acho que é importante, dado o fato de que o regime de política monetária é o regime baseado em alcançar metas,
01:44que haja prudência monetária na redução de juros,
01:51que só vai poder acontecer quando, de fato, digamos assim, tiver com clareza o encaminhamento da inflação em relação à meta.
02:02Ele também observou algumas incertezas.
02:06É claro, como ele disse, se tem incertezas no exterior,
02:10os juros ainda estão altos nos Estados Unidos devem cair,
02:16mas não vão cair de maneira veloz,
02:20mas, grosso modo, apesar do patamar elevado de taxa de juros,
02:24a condição macro está boa.
02:30Uma leve queda no ritmo de crescimento do PIB no ano que vem,
02:35mas com um mercado de trabalho bem aquecido,
02:39e, como o ministro Radado também mencionou,
02:44um patamar de crescimento que é maior do que aquele que se esperava,
02:49enquanto todo mundo, até pouco tempo atrás,
02:53considerava o e-mail como uma espécie de teto de crescimento.
02:57Esse crescimento desse ano, 2,1%, 2 e pouco,
03:02ainda permanecendo perto de 2,1 ano que vem,
03:04é um desempenho compatível com o momento da produtividade no Brasil
03:09e com o crescimento potencial do Brasil.
03:12É de qualquer maneira esse resultado de hoje do Caged
03:15já demonstra que o mercado de trabalho está começando a sentir o efeito dos juros altos?
03:19Sim, sim.
03:23Em certa medida, digamos assim,
03:27há uma desaceleração da economia, do crescimento da economia.
03:31Isso está sendo sentido já de maneira mais forte no caso da indústria,
03:35mas ainda com um patamar de demanda por trabalho
03:42que é de relativa escassez de mão de obra em várias atividades.
03:50Então, está desacelerando, o Caged mostrou isso,
03:53mas ainda com um ritmo bem elevado.
04:00Vou passar para a pergunta do Vinícius Torres Freire.
04:02Professor Canuto, vamos fazer uma pergunta bem complicada.
04:07Vamos lá.
04:08A gente teve erros horríveis de previsão de estimativa de crescimento em 2022, 2023, 2024.
04:14A gente achava até o ano passado,
04:16quer dizer, pelo menos muita gente achava, a maioria achava que
04:18a partir de 8%, taxa de desemprego, taxa natural,
04:23a gente ia ter uma inflação mais escabelada.
04:25A gente está com taxa abaixo de 6%.
04:28A gente está com taxa de juros real de 10%
04:31e lá, metade lá de 2024, a gente tinha taxa real de 6%, que já era altíssimo.
04:36Mas a economia desacelera devagar, ainda tem criação de emprego,
04:41a inflação está ruim, mas não está descabelada.
04:44Claro que as contas externas estão um pouco piores,
04:46mas assim, tem alguma coisa que a gente não vê?
04:50Eles têm, né?
04:51Na economia brasileira, que faz com que,
04:53até o Galipo falou, seja um pouco besouro,
04:55voe quando não estava podendo voar mais.
04:58O que está acontecendo?
04:59Porque tem erro de taxa natural, teve erro de PIB potencial
05:03e mesmo com essa taxa de juros, ela nos acelera.
05:06E mesmo descontando o impulso fiscal,
05:08a gente teve erro muito grande de previsão.
05:11Tem uma falta de entendimento do que é a economia brasileira hoje em dia?
05:16Olha, as raízes estruturais dos juros elevados no Brasil
05:22são questões estruturais, como bem disse o Galipo.
05:29Mas entre elas está o seguinte,
05:31você tem um manejo expansivo da política fiscal.
05:35A política fiscal está expansiva.
05:38E dado o contexto de operação no Brasil,
05:42o único jeito de se ter uma política monetária compatível,
05:48mais baixa, porém compatível com a inflação atingindo a meta,
05:53seria com uma postura fiscal mais conservadora.
05:57Não se trata apenas de estabelecer metas,
06:02como o governo tem, e alcançá-las.
06:04Mas em que metas?
06:05Olha, é interessante como o boletim e as projeções de mercado
06:13sugerem uma pequena elevação na dívida pública
06:17como proporção no PIB no ano que vem.
06:20Quer dizer, nós não estamos em qualquer trajetória,
06:24digamos assim, de precipício fiscal, claro, não.
06:28mas na margem ainda temos uma elevação tendencial
06:35da dívida como proporção do PIB.
06:37Nós temos uma política fiscal muito expansiva.
06:41E ele próprio observou como as desejadas reformas
06:47que vão alterar o perfil tributário
06:51e vão, de certa maneira, reforçar o poder de compra
06:55do pessoal da parte de baixo da pirâmide da rede,
06:58elas aumentam a propensão a consumir na economia brasileira.
07:02Então, o lado fiscal expansivo,
07:07ele, digamos assim, impede que as taxas de juros
07:11compatíveis com a inflação na meta
07:14sejam mais baixas do que a questão.
07:16E quanto ao futuro das contas públicas,
07:19o ministro Haddad disse que vai continuar buscando
07:22o cumprimento da meta.
07:23É por aí mesmo? Ele vai conseguir?
07:26Não, ele vai buscar a meta.
07:27A questão é que, evidentemente,
07:31a meta não é suficiente para, se quiser,
07:36reduzir o tamanho dessa dívida pública
07:39ou evitar que ela continue crescendo.
07:43A questão aí é o tamanho da meta,
07:46não é cumprir ou não cumprir a meta.
07:48Visivelmente, a meta estabelecida e perseguida
07:54e alcançada, com todos os detalhes,
07:58ela, eventualmente, não é uma meta suficiente
08:01para reverter essa trajetória fiscal.
08:04Repito, nada catastrófico,
08:07mas, na margem, uma leve deterioração
08:11na situação fiscal.
08:13Vinícius, pode fazer a sua próxima.
08:16Professor, outra coisa, meta fiscal.
08:18O senhor disse que a gente não está na beira do precipício,
08:20mas está todo mundo consciente,
08:23inclusive o próprio Tesouro Nacional,
08:25nos seus textos públicos,
08:27que em 2027 vai ser um ano difícil.
08:29A gente vai ter gasto livre do governo,
08:31do discricionário caindo a níveis muito perigosos.
08:34A gente vai ter uma dívida pública
08:36que, em termos de PIB, vai ter crescido 12, 13 pontos
08:39no mandato.
08:41E a gente tem um orçamento engessado.
08:44Para fazer ajuste é muito complicado,
08:46principalmente porque o ajuste tem que ser feito
08:47em previdência ou benefício que depende
08:50do salário mínimo, essas coisas.
08:52Então, a gente não está na beira do precipício,
08:54mas 2027 é.
08:55Qual o tamanho do risco?
08:56Às vezes, o problema fiscal pode se prolongar por anos,
09:00diminuindo o crescimento antes de ter uma catástrofe.
09:03Ou a gente vai ter que fazer, em 2027,
09:06um ajuste grande para evitar um risco
09:08de que tenha precipício.
09:10Como é que vai ser 2027?
09:11Porque vai estar tudo engessado.
09:13É, 2027 vai ser um ano complicado.
09:16Agora, Vinícius, eu venho dizendo há muitos anos,
09:20há vários anos,
09:22que o Brasil sofre de uma doença dupla.
09:25Ele sofre de uma anemia de produtividade,
09:28sem a qual a gente não pode aspirar
09:30ter um ritmo de crescimento em termos reais mais alto.
09:34E, ao mesmo tempo, essa anemia de produtividade
09:37é combinada com uma certa obesidade do gasto público.
09:41Obesidade, com devido respeito, no sentido mórbido.
09:47E que obesidade é essa?
09:49Nós temos um grau de determinação de despesas obrigatórias
09:53que tem feito com que, ao longo desses 30 anos,
09:58são 30 anos, é todo ano,
10:00não importa quem esteja lá no governo,
10:03não importa se for Lula, se for Dilma,
10:06se for Bolsonaro, se for Temer,
10:09um conjunto de gastos que cresce todo ano
10:12por lei, obrigatoriamente,
10:14não é?
10:15E isso faz com que,
10:18essa é uma história, ao longo dessas décadas,
10:20o espaço que resta
10:24para os gastos discricionários,
10:26inclusive os gastos com investimentos em infraestrutura e outros,
10:31diminui, diminui, diminui.
10:33Isso é uma história contada já há bastante tempo.
10:37E aí não adianta botar teto,
10:39como já se colocou, o teto do gasto,
10:41se esse problema da obrigatoriedade
10:43da elevação compulsória,
10:47mandatória, de alguns itens de gastos,
10:49cuja funcionalidade, inclusive,
10:52é frequentemente questionável,
10:53tem coisas,
10:55gastos mínimos com educação
10:59que fazem sentido
11:01mais em alguns estados
11:04e menos em outros,
11:06que já estão mais velhos.
11:09Você tem outras vinculações
11:12que não têm necessariamente uma funcionalidade,
11:16mas estão lá porque estão na lei.
11:17Então, a gente vai ter que,
11:20primeiro,
11:21se quiser realmente rever
11:24a trajetória de expansão
11:28de gastos
11:29para ajudar a reverter
11:31a trajetória de aumento da dívida,
11:34para isso vai ser necessário rever,
11:37a lição de casa vai ser rever
11:38tudo que é gasto,
11:39que está lá obrigatório,
11:41para ver se realmente ainda faz funcionalidade.
11:43Talvez
11:43houvesse
11:46uma racionalidade no momento
11:48em que as leis foram aprovadas,
11:50mas, visivelmente,
11:51a gente tem o excesso delas.
11:53O gasto mandatório
11:55literalmente está retirando o espaço
11:58para coisas,
12:00que, inclusive,
12:01foi feito sobre a produtividade,
12:02porque, sim,
12:03o Brasil subinveste
12:05em infraestrutura
12:07e isso tem um efeito
12:10sobre produtividade.
12:11Então,
12:12eu acho que a prioridade
12:13seria rever
12:15esse gasto mandatório
12:16que cresce,
12:18não importa quem estiver lá.
12:20Professor,
12:21muito obrigado.
12:21É sempre um prazer
12:22recebê-lo aqui.
12:24Um prazer meu.
12:25E vai, Corinthians.
12:27Boa noite.
12:27é
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