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As mudanças nas dinâmicas geopolíticas, impulsionadas pelos EUA, União Europeia e Brics, estão remodelando cadeias de suprimento e rotas de comércio. O economista e professor Marcio Sette Fortes, economista e professor de relações internacionais do Ibmec-RJ, analisa como o Brasil pode se posicionar nesse cenário, os impactos do tarifaço de Trump e as oportunidades de ampliar mercados. Entenda o papel do G20, o risco de isolamento dos EUA e como o país pode diversificar suas exportações para reduzir vulnerabilidades.

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Transcrição
00:00As mudanças nas dinâmicas geopolíticas, especialmente dos Estados Unidos e da União Europeia,
00:06remodelam as cadeias de suprimento.
00:09E esse será um dos temas dos eventos FT Climate and Impact Summit,
00:15Latino América e Brasil 2030, uma nação de oportunidades.
00:21Os dois são promovidos ou serão promovidos na próxima semana pelo Times Brasil,
00:26licenciado exclusivo CNBC, em parceria com o Financial Times.
00:31Mas e aqui no Brasil? Como é que isso afeta o apetite para os investidores pelo país?
00:38Para me ajudar a destrinchar esse assunto, eu convido Márcio Sete Fortes,
00:44economista e professor de Relações Internacionais do IBMEC no Rio de Janeiro,
00:49a quem a gente conversa aqui por uma videochamada, já que estamos em estados diferentes.
00:56Professor Márcio, muito obrigado pela presença.
01:00Bom, dinâmicas geopolíticas existem há muito tempo,
01:05só que convenhamos nessa administração Trump, que tem seis meses, mas parece dez anos,
01:11as coisas estão muito mais aceleradas.
01:14A gente vê um reagrupamento Brasil, Índia, Índia e China por conta dos BRICS.
01:20Se falando com mais frequência, saindo da teoria e pedindo a sua análise na prática,
01:27o que a gente pode esperar desse rearranjo geopolítico, geoeconômico,
01:33num espaço de tempo curto, vamos dizer assim, num futuro breve,
01:37nos próximos seis meses, até o final do ano?
01:40Boa noite mais uma vez.
01:41Muito boa noite, Favalli, é um prazer estar aqui.
01:45De fato, nós temos um novo contexto geopolítico que enseja uma necessidade muito grande de novos arranjos.
01:56As disrupções que foram causadas pelos danos inicialmente visualizados ao multilateralismo
02:05e, em seguida, também as relações comerciais com o aumento de protecionismo,
02:12levam uma necessidade extremamente urgente de se encontrar novas cadeias de negócios,
02:19novos fornecedores, novas cadeias de supply chain,
02:23para que se possa, inclusive, direcionar ou redirecionar as rotas de comércio tradicionais.
02:29Então, está havendo um rearranjo no mundo.
02:32Isso passa, naturalmente, pelo acordo entre as principais nações do mundo.
02:38Esse não é hoje um mundo mais exclusivamente do G7, é um mundo que já é do G20.
02:44E, nesse contexto do G20, nós observamos aí também um papel extremamente relevante dos BRICS,
02:51o que tem deixado o executivo norte-americano extremamente preocupado
02:57por causa, justamente, dessa proximidade que nós vemos entre Brasil, Rússia, China,
03:03os arranjos que podem derivar daí, os novos entendimentos.
03:08E isso preocupa muito o governo norte-americano.
03:12Nós podemos entender que essas tarifas de 50%, para além do esforço direcionado para questões políticas,
03:24também representam um esforço de aproximação com o Brasil em última instância,
03:28embora os canais para negociação de curto prazo estejam fechados.
03:34Professor Márcio, parece que faz tanto tempo, mas a Covid terminou há pouco mais de três anos, né?
03:41A pandemia aconteceu entre 2020 e 2022, e eu estou trazendo esse assunto aqui na nossa conversa,
03:48porque foi um vestibular, né?
03:50Foi uma situação completamente emergencial, a gente se viu envolvido ali no imponderável,
03:58ninguém esperava aquilo no traço da história, e tivemos que nos rearranjar,
04:04inclusive muitas cadeias, assim, no estalar de dedos.
04:07O senhor acredita que... Por isso que eu usei a expressão vestibular,
04:10pode ter sido um vestibular para esse rearranjo de novo, acelerado,
04:16que o Donald Trump tem provocado no resto do mundo?
04:20Ou seja, já que nós temos um lapso de tempo pequeno,
04:25três anos, entre o final da Covid e esse tarifasso agora,
04:29o mundo já está um pouco mais escolado entre essas...
04:34para conseguir essas novas relações mais rapidamente?
04:36Olha, não é de hoje que o mundo está menor do que nós podemos dizer
04:44em termos de distâncias geográficas, e essas distâncias geográficas menores,
04:49elas são, na realidade, um reflexo do encurtamento das distâncias políticas entre os países, né?
04:57Houve, naturalmente, com a globalização, a partir dos anos de 90,
05:01um incremento da complementariedade econômica de muitos países,
05:06o aumento das trocas comerciais,
05:09só que isso hoje realmente está sofrendo um revés.
05:12Nós temos um momento aí bastante delicado,
05:15onde o protecionismo é a palavra da vez,
05:18mas que leva os países, necessariamente, a encontrarem soluções.
05:23O Brasil, nesse momento, tem um pacote para tentar,
05:28que é uma medida mitigatória para tentar reduzir os impactos, por exemplo,
05:32das tarifas de 50%, mas isso, olhando internamente aqui,
05:37isso não elimina a necessidade de um país ter que, para fora,
05:41fazer as negociações comerciais com os Estados Unidos,
05:44para tentar reduzir essa tarifa,
05:47ou para tentar ampliar a lista de exceções.
05:50Isso não exclui, tampouco, a necessidade de o Brasil
05:53fazer negociações com a União Europeia,
05:57no sentido do acordo Mercosul-União Europeia,
06:00que deve ser negociado bloco a bloco,
06:02para se conseguir novos benefícios comerciais,
06:07para reduzir, ou pelo menos mitigar,
06:09os efeitos do protecionismo norte-americano nesse momento.
06:14Então, há aí espaço para muita negociação,
06:16que precisa ser feita e deve ser feita.
06:19Ela não pode ser simplesmente deixada de lado
06:21e o Brasil continuar com o seu 1% de participação no comércio mundial.
06:27É necessário que o Brasil, nesse momento,
06:30saia na frente no sentido de buscar não apenas resolver os problemas de agora,
06:35mas também resolver os problemas de sempre,
06:37e aumentar essa participação no comércio mundial.
06:40É claro que nós temos limitações,
06:42se nós formos olhar a nossa pauta de exportações para os Estados Unidos,
06:46por exemplo, de produtos industrializados,
06:48nós não temos uma capacidade como a China de buscar, por exemplo,
06:53bens de alta tecnologia que poderiam incrementar os ganhos
06:58para além das perdas tarifárias que nos são imputadas nesse momento.
07:02Sr. Márcio, o senhor foi muito sagaz em dizer que o mundo já não é mais do G7 e do G20, né?
07:10Temos outros blocos que vão além da União Europeia,
07:14os BRICS, talvez o melhor exemplo,
07:16mas um agrupamento do Sudeste Asiático,
07:19os países do Pacífico,
07:21claro que esses entram os Estados Unidos,
07:23mas há outras organizações,
07:26a exemplo dos Estados dos países africanos,
07:29o país é muito mais multilateralizado do que bipolarizado,
07:34como a gente ouviu em boa parte do século XX.
07:38Olhando esse cenário e olhando para o Donald Trump
07:41nesse protecionismo,
07:45talvez não seja a melhor palavra,
07:46mas nesse aparente protecionismo do
07:49America first, making the America great again,
07:53the America for the Americans,
07:55isso pode sair um tiro pela culatra, um tiro no pé?
07:58No final ali do saldo,
08:00talvez um pouco mais afastado na linha do tempo,
08:03ele pode acabar se isolando?
08:06Olha, muito provavelmente,
08:09existe aí uma possibilidade,
08:11que deve ser considerada uma possibilidade bastante real nesse momento,
08:16de que os Estados Unidos consigam
08:19fechar acordos que lhes sejam bastante satisfatórios,
08:23mas que acabem criando ou ampliando aí o sentimento de anti-americanismo.
08:29Esse sentimento que já existe por parte de alguns países,
08:32isso pode ser ampliado na medida em que se vê uma dificuldade
08:36no relacionamento direto para negociações comerciais.
08:40Enquanto alguns têm facilidade em negociar comercialmente,
08:45outros estão com uma dificuldade maior de negociar comercialmente,
08:48ou não estão atingindo os mínimos percentuais desejados
08:53para que sejam beneficiados nas negociações comerciais.
08:58O momento para os Estados Unidos também é bastante delicado,
09:01porque ainda não se sabe também internamente
09:04o que pode acontecer com a economia norte-americana.
09:07É nítido que já há um certo repasse para os preços internos,
09:13é nítido que já há aí uma perspectiva de que esses preços
09:19possam nos próximos meses mostrar mais fortemente,
09:22com maior severidade, o peso da tributação.
09:26Mas, por outro lado, também nós temos que admitir
09:28que os Estados Unidos estão aumentando a sua,
09:31por meio indireto de tributação,
09:34inclusive desvirtuando o tributo aduaneiro,
09:38da sua finalidade precípua,
09:40que é regular e não recolher tributo propriamente,
09:45não é arrecadatório,
09:46mas eles estão arrecadando bastante.
09:48Há estimativas de cerca de 300 bilhões de dólares de arrecadação,
09:52de uma maneira que não gasta capital político
09:56com os seus eleitores internamente.
09:58Então, existem certos aspectos que para eles são positivos,
10:02mas que podem custar caro externamente,
10:05no que diz respeito às relações comerciais com outros países.
10:09Mas nós devemos considerar que os Estados Unidos
10:11sempre continuarão sendo os Estados Unidos,
10:14afinal de contas, são pelo menos nos próximos anos
10:17o que nós devemos esperar.
10:18É o país que é como mercado consumidor,
10:22como maior economia do mundo.
10:24E por isso, nós, aqui no Brasil,
10:26temos tanto interesse em continuar
10:27mantendo nossas relações comerciais
10:29abertas com aquele país
10:31e tentando não só resolver os problemas,
10:34mas também ampliar mercados,
10:36o que nós devemos buscar,
10:37não apenas nos Estados Unidos,
10:39mas em outros mercados globais,
10:41diversificando os nossos canais
10:43de colocação de produtos
10:45e redirecionamento de exportações.
10:48Professor Márcio,
10:49quanto mais a gente puxa o fio,
10:50maior o novelo vai ficando.
10:53Teremos muitas oportunidades
10:54para falar disso,
10:56porque esse tarifaço, aparentemente,
10:58só está começando.
10:59Haverá muitos capítulos ainda.
11:00Queria agradecer a conversa que eu tive
11:02com o professor Márcio Sete Fortes,
11:05economista e docente
11:07de Relações Internacionais
11:09do IBMEC no Rio de Janeiro.
11:12Professor Márcio,
11:12mais uma vez, muito obrigado.
11:14Até a próxima.
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