Com a nova rodada de tarifas já em vigor, os mercados seguem em alta e aparentemente imunes ao impacto esperado. No Conexão, Marcelo Favalli conversa com Will Castro Alves, estrategista-chefe da Avenue e um dos notáveis do Times Brasil – Licenciado Exclusivo CNBC, sobre a reação surpreendente da Bolsa brasileira e dos índices americanos, os efeitos sobre inflação nos EUA e a escalada das tensões comerciais com Índia, China, Canadá e Brasil.
Acompanhe a cobertura em tempo real da guerra tarifária, com exclusividade CNBC: https://timesbrasil.com.br/guerra-comercial/
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00:00Eu converso agora com o Will Castro Alves, que é o estrategista-chefe da Avenue, um dos notáveis aqui do Times Brasil, licenciado exclusivo CNBC,
00:08e quem sempre nos dá a honra de aparecer aqui no Conexão semanalmente.
00:14Will, boa noite, um prazer nos reencontrarmos. Como é que é? O mercado já precificou a tarifação?
00:21Porque é o seguinte, né? Esperávamos aí uma hecatombe, um fim do mundo. Índice da B3 fechou numa alta bastante confortável ali.
00:31Estamos voltando a mirar os 140 mil pontos, uma marca histórica para a nossa Bolsa de Valores de São Paulo.
00:38Os índices nos Estados Unidos também foram muito bem obrigados.
00:42Essa nova tarifação aí, esse solavanco na Índia, que pegou todo mundo de surpresa.
00:48Donald Trump, no estalar de dedos, dobrou a tarifação de 25 para 50.
00:54Tudo bem que a Índia não é o principal parceiro comercial dos Estados Unidos, mas cede alguns produtos importantes, né?
01:02Eles têm importantes vínculos comerciais.
01:05De 25 para 50, isso parece não ter abalado nem o mercado lá e nem o mercado aqui.
01:11Existe alguma explicação pelo teu conhecimento aí de leitura do mercado financeiro, Will?
01:18Obrigado, Favali. Parece um pouco daquela máxima do sobe no boato, cai no fato, ou cai no boato e sobe no fato, né?
01:25Um pouco isso. O mercado de fato vinha antecipando e de lá para cá, o que a gente teve, né?
01:30Uma melhora nessa percepção de que talvez o Brasil vai negociar, que talvez as condições melhorem.
01:38Se não melhorarem, a verdade é que os Estados Unidos terem tirado da pauta alguns produtos que são exportados pelo Brasil já ajudou.
01:48Então, o impacto econômico para o Brasil, ele acaba sendo pequeno.
01:51O Brasil é um país fechado.
01:53Isso não é bom, tá?
01:54Mas nesse caso ajudou.
01:5660% do PIB do Brasil vem do consumo interno, das famílias, de vocês que vão no supermercado e consomem aí no Brasil.
02:04Outros 20% vem do PIB, né?
02:07Do PIB vem do governo, né?
02:09O gastos do governo.
02:11E aí esses outros 20%, isso daqui eu estou arredondando, né?
02:15Vem do comércio exterior.
02:17Claro, os Estados Unidos é o segundo parceiro comercial mais importante, mas dentro de um contexto de PIB tem uma relevância que não é tão grande assim.
02:26Obviamente que guardadas devido às proporções e impactos em setores e para as famílias e para os empregos que são, obviamente, importantes.
02:35Fora isso, eu diria que o mercado vem se beneficiando de um movimento de menor aversão a risco.
02:42A gente está vendo bolsas americanas performando bem, o mercado tomador de risco, como a gente fala, e aí nesse sentido opta, eventualmente, até por investir em real, se aproveitando do juro elevado no Brasil, ainda que com risco.
02:59Então esse diferencial de juros e esse humor de mercado mais tomador de risco, eu acho que tem ajudado.
03:06Fora isso, obviamente, a percepção de que, bom, Trump falou que ama o Brasil, a gente tem visto declarações do ministro Haddad, Gerardo Alckmin, na ideia de tentar negociar, a própria Tebeto comentou isso, ainda que, obviamente, as declarações do Lula não ajudaram em nada hoje.
03:22Will, trazendo um outro coadjuvante desta quarta-feira, a Índia, e aí eu vou trocar de câmera, vou pedir para me colocarem aqui, para olhar o seguinte, quando a gente fala de economia americana, Will, é claro que nós estamos falando de uma situação muito complexa.
03:41É um país de dimensões continentais, tem 50 estados muito diferentes entre si, então parece que essa entidade espiritual não é uma coisa só onipresente, o mercado, a economia.
03:54Existem ali muitas nuances dentro dos Estados Unidos.
03:57E colocando a Índia aqui nessa pauta, porque hoje a gente acordou aí com essa chacoalhada de que a tarifação para a Índia iria dobrar, eu fui atrás dos números, o que representa as exportações da Índia para os Estados Unidos, o que fica mais caro?
04:13Então começa com joalheria e pedras preciosas, cá entre nós dispensa explicações, não é todo dia que você compra joias, embora pedras preciosas entrem ali em alguns setores de indústria de precisão, mas não é todo dia que você compra joias, não é um item de necessidade, é um supérfluo.
04:33Mas máquinas e aplicações vai para a indústria de diferentes setores.
04:39Vestuário, roupa todo mundo usa, você pode não usar joias todos os dias, mas vestuário você usa todos os dias.
04:45Têxtil, que vai para a indústria, para o consumidor final e para a indústria, isso é importante.
04:53E aí 1.5 bilhão de dólares, 1.2 bilhão de dólares, 900 milhões de dólares, que são os números de 2024, por exemplo.
05:02Olhando isso aqui, 50% mais caro, a gente já começa a prever que a inflação vai ganhar um componente a mais?
05:11A gente ainda continua com aquela perspectiva de que o consumo vai ficar mais caro, os produtos de consumo vão ficar mais caros para o americano médio?
05:22Favali, excelente ponto que você trouxe, porque ajuda até a falar um pouco da inflação, cenário inflacionário aqui nos Estados Unidos.
05:29Tem que voltar um pouco no tempo, a pandemia fechou todo mundo em casa, os preços dos produtos explodiram,
05:37e aí depois quando você sai da pandemia, o mundo passa a consumir experiências, serviços, viajar, ir em um restaurante e por aí vai.
05:47E aí você tem uma inflação de serviços muito elevada.
05:50A China reabre e volta a produzir produtos no mundo inteiro, Índia também, os países, e sobra camiseta, sobra produtos dos mais diversos nas prateleiras.
06:02E a inflação de bens, ela cai bastante e você tem uma inflação de serviço.
06:06Por isso que a gente fala que a inflação está resiliente.
06:08Desde a pandemia, ela está aí, ela veio reduzindo, mas ela não chegou ainda na meta do Banco Central americano.
06:14Ela está mais para 3 do que para 2, que é a meta.
06:18Só que esse ano de 2025, você está vendo um movimento um pouquinho diferente, que é uma inflação seguinte.
06:23A inflação de serviços, ela veio cedendo, ela está numa trajetória, como a gente fala, benigna.
06:30Você tem uma parte ali que é aluguel, moradia, que está cedendo.
06:34E outra parte que é a inflação de serviços, o cabeleireiro, o massagem, o que quer que seja.
06:38Essa inflação, ela veio cedendo, ela ainda está um pouco resiliente, ela ainda está um pouco reticente, mas ela veio cedendo.
06:45Em compensação, você está sendo compensado por uma inflação de bens.
06:51E olha que as tarifas, elas ainda nem aconteceram totalmente, elas ainda estão acontecendo, essa que é a verdade.
06:57Então começa assim a preocupar e isso só reforça a visão do próprio Banco Central de não mexer nas taxas de juros,
07:04porque eventualmente você tem aí um risco dessa inflação agora, não mais de serviços, mas de bens.
07:11Quando você anualiza os últimos três meses dessa inflação específica de bens,
07:17você vê que ela está rodando mais para 4 do que para 2, que é a meta do Banco Central.
07:22Will, você está aí de volta aos Estados Unidos, no Sul, na Flórida.
07:26Vou usar uma expressão muito típica dos americanos.
07:28Vou fazer agora uma tricky question, não uma pegadinha, uma pergunta capciosa.
07:35Olhando aqui, as maiores tarifas aplicadas pelos Estados Unidos, pelo menos por enquanto.
07:40Canadá, 35%, Brasil e Índia empatados com 50%, Suíça, 39% e muita coisa, principalmente serviços e produto de alto valor agregado da Suíça vão para os Estados Unidos.
07:53China com 30%, China com 30%.
07:55Tem o Iraque aqui com 35%, mas é um player muito importante.
08:00Neste mapa aqui da geopolítica, no nosso war da tarifação, para onde você olharia mais?
08:06Para essa relação Estados Unidos-Canadá, Estados Unidos-China, Estados Unidos-Índia, Brasil?
08:12O que te preocupa? É mais para o Oriente ou mais para o Ocidente?
08:16Não, obviamente que em termos de importância, China, sem sombra de dúvidas, depois Canadá e Índia e Brasil, né?
08:24Isso vai ser mais ou menos nessa ordem.
08:27Em relação à China, a gente tem as notícias, elas são relativamente positivas, de postergação, de conversa,
08:34porque é importante para os dois conversarem.
08:36Não é interessante nem para a China, nem para os Estados Unidos entrarem numa guerra e voltar a escalonar,
08:43tanto é que foi o primeiro que saiu um acordo comercial, ainda que temporário.
08:47Tem o acesso às terras raras, tem o acesso para o chinês e do mercado consumidor americano,
08:53então é extremamente relevante e importante, eu acho que é isso que tem sido o foco.
08:57O Canadá, obviamente, também super relevante, muito mais o Canadá,
09:03muito mais os Estados Unidos é relevante para o Canadá do que o Canadá para os Estados Unidos,
09:05mas ainda assim tem a sua relevância para o preço de energia, preço de madeira, entre outras coisas.
09:10E tem sido tratado com bastante importância, né?
09:14O Lula fica falando aí de não ligar e tudo mais, mas os Estados Unidos e o Canadá têm negociado bastante.
09:19As negociações duras não avançam e os Estados Unidos vêm tentando buscar usar toda a sua capacidade de se alavancar,
09:26dado que sabe a relevância que tem para o Canadá.
09:29Então eu diria que esses dois são mais relevantes.
09:31E se agora, mais recentemente, a Índia, eu acho que o Trump vem tentando dar um recado muito claro, né,
09:38aos países que se alinham dentro de um contexto de BRICS, como é o caso do Brasil,
09:43e o Lula reforçando essa postura, né, de que, olha, ele não vai aceitar e vai escalar cada vez mais
09:49se resolver, como a gente diz, né, na gíria popular, se resolver peitar os Estados Unidos.
09:55Will, vamos já marcar, a gente retoma essa conversa na semana que vem, faço aqui as minhas apostas,
10:03é que eu estou sem dinheiro aqui, se não apostava dinheiro, que nós vamos falar de tarifácio mais uma vez
10:08com alguma novidade, a não ser que nessa semana aconteça o imponderável, né,
10:13nós sejamos invadidos por alienígenas ou tenhamos aí uma catástrofe de proporções bíblicas,
10:19mas tirando aí o imponderável, acho que a gente vai voltar a falar de tarifas,
10:24porque Donald Trump sempre vai nos dar uma surpresa de última hora.
10:27Will Castro Alves, que é o estrategista-chefe da Avenue, um dos nossos notáveis aqui do Times Brasil,
10:33licenciado exclusivo CNBC, a quem sempre, muito atenciosamente, nos atende semanalmente.
10:38Will, bom restinho de semana, até a semana que vem.
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