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Com a tarifa de 50% prestes a entrar em vigor, o Brasil se torna o país mais tarifado pelo governo Trump superando até China e México. O economista Sergio Vale e os analistas Alberto Ajzental e Vinicius Torres Freire alertam para os impactos no café, frutas e pescados e reforça: o agronegócio brasileiro pode enfrentar perdas bilionárias. Ao mesmo tempo, o cenário instável pressiona o Brasil a acelerar acordos bilaterais, especialmente com a União Europeia. Neste vídeo, analisamos as consequências comerciais e os riscos de isolamento dos EUA no comércio internacional.

Acompanhe a cobertura em tempo real da guerra tarifária, com exclusividade CNBC: https://timesbrasil.com.br/guerra-comercial/

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Transcrição
00:00A tarifa de 50% sobre produtos brasileiros imposta pelos Estados Unidos entra em vigor dentro de seis dias.
00:08Para falar mais sobre as negociações no comércio global, eu converso agora com Sérgio Valle, economista-chefe da MB Associados.
00:16Sérgio, boa noite para você. Obrigada por ter atendido aqui ao nosso pedido.
00:20Sérgio, Donald Trump disse agora há pouco que o presidente Lula pode ligar para ele.
00:25Na sua opinião, isso é de fato uma sinalização de abertura real para uma negociação?
00:33Tudo bem, Cris. Boa noite. Vamos falar com você também.
00:35Olha, acho difícil essa sinalização que o Trump deu para o presidente Lula conversar.
00:43Não necessariamente significa que vai ter alguma notícia positiva em relação à questão comercial.
00:49A gente viu tudo acontecer ao longo das últimas semanas, muito pela costura que foi feita nos bastidores,
00:54entre as empresas americanas, brasileiras, os secretários e ministros de cada lado.
00:59Então, fica muito a impressão e a gente precisa ter um certo cuidado com o Trump quando ele tenta encontrar presidentes.
01:06A gente viu no cenário passado que em alguns casos foi bastante negativo.
01:11Então, eu tenho um pouco de dificuldade em acreditar que uma conversa nesse nível sairia positiva
01:16e teria algum efeito legal na parte comercial.
01:20Então, acho que daí não vai sair nada interessante de fato.
01:22É, basta a gente olhar para o encontro dele com o presidente da Ucrânia, presidente da África do Sul.
01:28Agora, Sérgio, como é que essa situação que a gente está vivendo pode afetar a imagem do Brasil como parceiro comercial?
01:35Na sua opinião, pode haver efeitos além dos Estados Unidos?
01:39Eu creio que não, Cris.
01:42Tudo que está acontecendo agora, o Trump está atacando o mundo inteiro.
01:46A gente viu no primeiro mandato dele que o foco foi muito a China.
01:50E a gente está vendo agora um ataque que ele está fazendo para todos os países do mundo.
01:55Ele vê o mundo inteiro como um devedor dos Estados Unidos,
01:58que tem um déficit com os Estados Unidos mesmo quando não tem, como é o nosso caso.
02:02E aí você tem que envolver questões políticas para justificar o injustificável.
02:07Então, tudo que o Trump tem feito, a curva tarifária dele desde o início do ano,
02:12é absolutamente errática, sem sentido econômico e político de qualquer ordem.
02:17Então, eu acho que todos os parceiros comerciais do Brasil olham essa situação
02:21e veem a dificuldade que a gente está passando agora e a falta de razoabilidade de tudo que está acontecendo.
02:28E os países preocupados também de não serem a próxima bola da vez.
02:32A gente viu o que ele fez com o Canadá, o primeiro-ministro, por conta do Estado da Palestina,
02:37sofreu uma possibilidade de ataque tarifário por conta disso.
02:40A gente viu no caso da Rússia, enfim.
02:42O Trump descobriu a arma política da tarifa, além da arma econômica.
02:46Como ele não tem freio no Congresso americano, a justiça é lenta, demora para colocar qualquer tipo de freio nele,
02:53a gente vai ver o Trump se divertindo com tarifas a todo tempo, o tempo inteiro, para todo lugar.
02:59Isso não vai acabar agora.
03:00Eu acho que o Trump, como eu tenho falado aqui, já até falei com vocês, é um choque de quatro anos.
03:05Se a gente vê em economia, choques econômicos que duram três meses, seis meses,
03:09o Trump vai durar quatro anos, causando essa instabilidade na economia mundial.
03:13A gente não vai ver isso terminar em poucos meses.
03:15Vai perdurar, muito provavelmente, o mandato dele inteiro.
03:18E aí, diante desse cenário, o Brasil e outros países também deveriam buscar acordos bilaterais mais fortes,
03:25exatamente para se proteger de cenários como esse?
03:30Esse é o grande caminho que a gente tem, Cris.
03:33Eu acho que a gente está num cenário agora de aproveitar as oportunidades.
03:36O próprio presidente Lula, na viagem que ele fez para a França algumas semanas atrás, alguns meses atrás,
03:42se colocou como quase um liberal na fala dele.
03:44Obviamente, de uma forma jocosa, mas tendo a percepção de que, olha,
03:48se os Estados Unidos estão virando protecionistas dessa forma e a gente vê o resultado negativo disso,
03:54a consequência que a gente precisa buscar, de fato, é o outro lado.
03:57A gente começar a buscar mais comércio internacional com outros países e abrir esse comércio.
04:03Eu acho que aqui o caso da União Europeia é o canal claro para isso acontecer.
04:07Tem um acordo que está rodando há mais de 20 anos, está quase pronto para ser assinado pelas duas partes.
04:12Há vontade de ambas as partes para que isso aconteça.
04:16Eu acho que tem uma questão simbólica hoje que vai além da questão econômica.
04:20A questão do livre comércio virou simbólico nesse momento.
04:23Então, há um interesse da França, não dos agricultores franceses,
04:26mas talvez do Macron para que isso avance.
04:29Então, a gente precisa aproveitar esse momento, essa oportunidade para isso avançar.
04:33Claro que o acordo assinado entre a Europa e Trump pode atrapalhar e atrasar um pouco,
04:38mas a gente sabe que isso aí não dura.
04:40Porque o que o Trump quer com esse acordo comercial?
04:43Ele quer melhorar o déficit comercial americano, quer trazer indústria para os Estados Unidos
04:48e quer aumentar a arrecadação na economia americana.
04:51Ele não vai conseguir nada disso de forma ostensiva, não vai acontecer absolutamente nada disso.
04:56Então, em alguns meses ele vai descobrir que nada disso aconteceu, precisamos colocar mais tarifa.
05:01Isso vai valer para a Europa, para a China, para a gente, para qualquer lugar.
05:04Então, esse carro sem freio, que é o Trump hoje, vai continuar trazendo esse risco tarifário,
05:10sem falar dos outros riscos econômicos.
05:12O fiscal é absolutamente gritante hoje na economia americana e ele também aqui só está fazendo coisa errada.
05:19E você acredita, de fato, que há possibilidade, em breve, de assinarmos aquele acordo Mercosul-União Europeia?
05:26Acho que em breve não, Cris.
05:28Acho que tem um caminho para avançar ao longo dos próximos meses, mas em breve não,
05:32porque a gente ainda precisa quebrar essas amarras, especialmente da agricultura francesa, para isso acontecer.
05:37O Macron também está numa situação política relativamente fragilizada lá dentro,
05:43então não é tão simples a gente pensar em fazer esse acordo acontecer agora no meio de toda essa crise.
05:48Até porque a gente sinalizar um acordo comercial nesse momento,
05:51eventualmente faria o Trump ter algum sinal, um ataque de fúria novamente e colocar a tarifa em cima da gente.
05:58Mas o caminho que a gente viu do Reino Unido assinando acordo comercial com a Índia
06:02é um caminho que o mundo deve seguir a partir de agora, ampliar esses acordos comerciais
06:08e os Estados Unidos estão se isolando.
06:10Já é uma economia relativamente fechada, apesar dela exportar e importar muito
06:14do ponto de vista de proporção do PIB, é uma economia fechada.
06:18O que os Estados Unidos estão fazendo hoje é se isolar ainda mais no mundo.
06:21E o mundo aproveitando essa oportunidade para fazer mais comércio entre si.
06:25Então, e um dos caminhos, especialmente para a gente no Brasil,
06:28é entrar num acordo comercial com quem é mais rico.
06:31Você aumenta a produtividade e gera crescimento industrial
06:35se você fazer acordos comerciais com quem tem mais para dar para você.
06:39E nesse caso, eu acho que é de todo o interesse, até mais da gente do que da Europa,
06:43de fazer esse acordo comercial acontecer.
06:45Vou passar para os nossos analistas.
06:47Vamos começar pelo Alberto Azental.
06:48Alberto, boa noite para você.
06:50Boa noite, Cris.
06:51Boa noite a todos.
06:52Sérgio, boa noite também.
06:54Você menciona aqui o governo Trump.
06:57Um dia é confuso e o outro também.
06:59Eu vou te fazer uma pergunta que a resposta é muito difícil.
07:03O que mais te surpreendeu nessa semana?
07:07Tudo bem, Alberto.
07:09Olha, as surpresas vêm todo dia.
07:11Acho que no caso do Trump, cada dia é uma surpresa, infelizmente, todas negativas.
07:15A gente nunca teve uma surpresa positiva.
07:18Acho que o que é mais impressionante, eu não imaginava que fosse acontecer,
07:21a gente chegar no final de julho, começo de agosto, a gente deu painel de tarifas mundo afora
07:26e o Brasil, seu país mais tarifado.
07:27A história que a gente via do Trump ao longo dos últimos anos, os embates dele, as preocupações,
07:35colocava um aumento tarifário muito claro e evidente contra o México, contra o Canadá,
07:40contra a União Europeia, contra a China especialmente, e de repente a gente termina,
07:44começa o semestre com o Brasil sendo o país mais tarifado, com as exceções que aconteceram,
07:49mas com 50% de tarifa muito acima da maior parte do mundo.
07:53Então, talvez essa seja a grande surpresa, por razões ainda surpreendentes também,
07:58que são as questões políticas.
08:00Então, acho que isso tem sido, do ponto de vista do Brasil, o mais impressionante.
08:05Agora, outras coisas estão acontecendo que fazem com que o Trump surpreenda
08:09cada vez de uma forma mais negativa.
08:12Essa demissão, por exemplo, do responsável pelo mercado de trabalho, pelo payroll,
08:17que foi divulgado hoje, dá uma sinalização também muito negativa.
08:21Quer dizer, qualquer informação que sair agora que o Trump não goste,
08:24ou que lhe seja negativa, ele vai tentar interferir.
08:27Quer dizer, a gente está entrando num cenário que, dado que ninguém dá um freio para o Trump,
08:32ele vai começar a fazer isso com mais intensidade.
08:34Isso é um perigo.
08:35Então, essas surpresas negativas todas só vão aumentar, infelizmente.
08:39A gente vai falar sobre essa questão do payroll já, já.
08:42Agora, vou passar para a pergunta do Vinícius Torres Freire.
08:45Sérgio, entrando em uma questão bem mais específica e brasileira,
08:49e é um assunto que vocês conhecem bem aí,
08:52as sanções, quer dizer, as tarifas sobre o agronegócio brasileiro,
08:57especialmente sobre o café, vão criar problemas.
08:59A gente está dizendo, aqui no Brasil, está se dizendo que o café ficou de fora das exceções,
09:05porque os Estados Unidos talvez coloquem isso na mesa para alguma negociação.
09:08Mas há sinais de que talvez não seja assim.
09:11Então, o problema do café e vários setores de frutas, principalmente pescados também,
09:16tem um monte de gente aí que vai sofrer.
09:18No caso do café, como é que pode sair disso?
09:20Porque a gente exporta muito para os Estados Unidos e, a não ser por uma triangulação,
09:25quer dizer, Vietnã e Colômbia exportando mais para os Estados Unidos e a gente exportando mais para terceiros mercados,
09:31vai ser difícil de arrumar, de consertar esse buraco.
09:35Que análise estão fazendo do setor, especialmente do café, do agronegócio que está sofrendo,
09:40mas especialmente do café?
09:41Qual é a saída por aí?
09:42Porque, olha, agora a gente teve nessa safra,
09:45teve um aumento de venda para os Estados Unidos significativo,
09:47passou de 2 bilhões de dólares, era 1 bilhão e alguma coisa,
09:50esse ano foi para a causa de preço, 2 bilhões e meio.
09:52Não é pouca coisa em relação ao tamanho da exportação para os Estados Unidos.
09:58Tudo bem, Vinícius.
09:59Olha, do ponto de vista do agro, no geral, ao longo prazo,
10:02a gente tem a possibilidade de mudar de local de vento,
10:07quer dizer, a gente começar a exportar com mais intensidade para a China
10:09e parte disso que a gente vai perder para os Estados Unidos.
10:13A China está consumindo cada vez com mais intensidade café,
10:16a gente está exportando mais carnes para a China também,
10:18então acho que tem um caminho aqui que provavelmente a gente vai ampliar ainda mais nos próximos anos.
10:22Nesse momento, acho que o café, que é o elemento central do consumo do americano nesse momento,
10:28junto com o suco de laranja, e a gente coloca esses dois produtos como um ponto da irracionalidade do que está acontecendo.
10:35Entrou o suco de laranja, mas não entrou o café.
10:38Em tese um pouco nessa ideia, olha, dá para trazer café de outros lugares,
10:41mas veja, do tamanho do mercado brasileiro e o mercado americano,
10:45não há café no mundo o suficiente para comportar a demanda dos Estados Unidos.
10:50Você teria que trazer todo o café da Colômbia e do café do Vietnã para conseguir suportar a demanda americana.
10:55E no momento que a gente está com problema de produção, já se arrastando por dois anos.
11:00Então não é simples você fazer essa solução do café sem o Brasil.
11:03Eu acho que esse é um dos produtos que lá na frente, no final, a gente vai ter que voltar a conversar.
11:08No caso dos pescados, boa parte da produção é para o mercado doméstico.
11:14A parte que é exportada, dependendo do peixe, é relativamente pequena,
11:17que você consegue também ou colocar dentro do mercado doméstico ou direcionar para fora.
11:22As frutas têm uma dificuldade maior.
11:24A gente tem uma exportação forte de frutas para o mercado americano,
11:28tem a possibilidade de, eventualmente, exportar para o mercado chinês,
11:31mas nesse momento agora, provavelmente, as perdas serão maiores.
11:34Agora, de tudo que ficou de fora, muito provavelmente o café vai acabar tendo que entrar na conta,
11:39porque é um produto importante para o consumidor americano
11:42e tem essa ideia de que, olha, não dá para trazer do Vietnã e da Colômbia
11:45porque não tem produto suficiente para isso.
11:48E é um pouco, Vinícius, o Trump voltou, e o Bolton concorda inteiramente,
11:53ele voltou para o século XIX, é um homem do século XIX,
11:56mas com isso tudo que ele está fazendo, ele está virando a Maria Antonieta.
11:59Ele está colocando a pessoa para comer brioches.
12:02Não tem café, toma chá, não tem suco de laranja, toma suco de maçã.
12:06Ele está nesse cenário que não se importa muito com esse tipo de produto.
12:09O negócio dele é energia, tecnologia e é carros.
12:13O resto ele não se importa.
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