Pular para o playerIr para o conteúdo principal
Em entrevista ao Plantão Times Brasil – Licenciado Exclusivo CNBC, o economista Fabricio Voigt, da Aware Investments, analisou o impacto da tarifa de 50% imposta por Donald Trump ao Brasil. Ele destacou a surpresa do mercado, o risco para empregos no setor exportador e os caminhos possíveis para negociação. 

Acompanhe a cobertura em tempo real da guerra tarifária, com exclusividade CNBC: https://timesbrasil.com.br/guerra-comercial/

🚨Inscreva-se no canal e ative o sininho para receber todo o nosso conteúdo!

Siga o Times Brasil nas redes sociais: @otimesbrasil

📌 ONDE ASSISTIR AO MAIOR CANAL DE NEGÓCIOS DO MUNDO NO BRASIL:

🔷 Canal 562 ClaroTV+ | Canal 562 Sky | Canal 592 Vivo | Canal 187 Oi | Operadoras regionais

🔷 TV SINAL ABERTO: parabólicas canal 562

🔷 ONLINE: https://timesbrasil.com.br | YouTube

🔷 FAST Channels: Samsung TV Plus, LG Channels, TCL Channels, Pluto TV, Roku, Soul TV, Zapping | Novos Streamings

#CNBCNoBrasil
#JornalismoDeNegócios
#TimesBrasil

Categoria

🗞
Notícias
Transcrição
00:00E, Rodrigo Loureiro, para a gente falar mais como o mercado reagiu essa semana
00:04após o anúncio dessa tarifa de 50% sobre os produtos brasileiros
00:08e as perspectivas para a próxima semana,
00:11eu converso agora com o Fabrício Voit, economista da Iwer Investments.
00:16Oi, Fabrício, muito bom dia para você.
00:18Seja bem-vindo aqui a este plantão.
00:20Obrigado pela sua presença. Tudo bem?
00:23Bom dia, tudo ótimo. Como é que vocês estão?
00:26Tudo jóia.
00:26Fabrício, antes da gente começar, eu queria que você também acompanhasse aqui com a gente
00:30que nós preparamos uma lista, eu vou chamar de a lista de Schindler de Donald Trump,
00:37que seria a lista de Trump, no caso, das tarifas da semana.
00:41Se bem que já tem atualização, porque todo dia tem uma novidade.
00:45Aliás, a cada minuto pode ter uma novidade.
00:47A semana encerrou com o Brasil sendo o país que sofreu a maior tarifa dos 24 países agora,
00:54neste momento, mais União Europeia. 50% então, Loureiro e Fabrício, 50%.
01:00Depois vem Laos e Mianmar, 40% de taxação.
01:05Nós também temos aqui Camboja e Tailândia.
01:07A gente lembra que Camboja tem uma importância ali têxtil,
01:12fabrica roupas, vestuários e também tênis.
01:15Levou uma tarifa de 36%.
01:18Canadá, na sexta-feira, junto com Bangladesh e Sérvia, com 35% de taxação.
01:24Então, esses são os primeiros lugares.
01:26Aí, nós vamos ver aqui, Indonésia, 32%, uma taxação aqui da Indonésia vem em quinto lugar.
01:33E aqui já tem atualização nessa lista.
01:3630% África do Sul, Argélia, Bós-Exergovina, Iraque, Líbia, Sri Lanka e agora México e União Europeia.
01:44Certo, Loureiro?
01:45É isso aí.
01:4625% os países que receberam essa sobretaxa.
01:50O Japão e Coreia do Sul, lembrando que o Japão é um dos grandes parceiros comerciais dos Estados Unidos.
01:56Brunei, Cazaquistão, Malásia, Moldávia e Tunísia receberam 25% de taxação
02:02de todos os produtos que vão entrar nos Estados Unidos.
02:05Isso a partir de 1º de agosto.
02:08E as Filipinas vêm aqui no último lugar com 20% então, desta lista de Trump, 20% de taxação.
02:16Fabrício, eu quero então te colocar nessa conversa pelo seguinte.
02:20O Brasil, com esse viés político, acabou sofrendo a tarifa mais alta de todas.
02:26Como é que os setores, a indústria brasileira, o empresário exportador pode driblar esse tarifaço de Trump?
02:38Pegou todo mundo de surpresa.
02:39Porque o que acontece?
02:40Nós tínhamos ali eminência das guerras comerciais Estados Unidos e China.
02:45O Brasil poderia, até foi discutido isso no início do ano, que o Brasil poderia ganhar algum mercado
02:49com esse tipo de discussão, esse tipo de guerra.
02:51Quando veio a tarifa para o Brasil, veio de 10% e estava tudo certo.
02:54As exportações e importações, saldo de balança comercial desse primeiro semestre,
03:00veio positivo para os Estados Unidos.
03:02Ou seja, nós importamos mais do que exportamos.
03:05Então, esse era um tema que não estava sendo muito discutido.
03:08Até imaginávamos que poderíamos ter uma tarifa adicional, talvez 20%, 25%.
03:13E talvez isso tenha sido o principal ponto.
03:16O governo não estava preparado para absorver uma tarifa de 50%.
03:20O próprio mercado não estava esperando uma tarifa de 50%.
03:22E não havia essa necessidade de discussões ou negociações entre Lula e Trump.
03:28Porque, de certa forma, a gente já estava aceitando aqui no Brasil que poderíamos ter uma tarifa adicional,
03:34talvez 20%, 25%.
03:35E aí, essa negociação nem ocorreria.
03:38Mas, como você bem comentou, todos os dias nós temos novidades com o Trump.
03:42E isso acabou pegando todo mundo de surpresa.
03:44Os mercados, obviamente, reagiram mal.
03:46Porque boa parte das exportações que nós fazemos para a indústria americana é de bens industriais.
03:52E a geração de emprego aqui no Brasil é muito elevada.
03:55Para vocês terem uma ideia, as exportações que nós fazemos para os Estados Unidos
04:00são responsáveis pela maior parte dos empregos que nós temos hoje para o setor exportador.
04:06Então, os Estados Unidos representam a maior geração de emprego para esses setores.
04:09E aí, principalmente no setor de valor agregado, porque os produtos são semifaturados.
04:16Petróleo, próprio minério de ferro, commodities em geral.
04:19E, obviamente, um setor que é estratégico para nós, que é de tecnologia, através da Embraer.
04:24Então, vocês devem ter percebido, acompanhar, a Embraer teve uma queda substancial.
04:28A própria WEG, que é uma outra empresa muito importante, o setor tecnológico,
04:32também mexeu muito, porque ela tem muitas negociações fora do Brasil e no mercado americano.
04:37Então, ainda é difícil a gente ter essa previsibilidade, porque a gente não sabe
04:41até que ponto vai manter isso de pé.
04:45É sabido que não vai ser uma tarifa mais baixa.
04:48A média, depois de todas as discussões que nós tivemos no mundo,
04:52as tarifas ficaram na faixa de 17%.
04:54Então, não é esperado que a gente volte a ter 10%.
04:57É esperado que a gente tenha 20% ou um pouco mais.
05:00A questão agora vai ser uma habilidade de que o governo federal,
05:04através das suas embaixadas, consigam discutir isso.
05:06Por outro lado, a gente sabe que, historicamente, a gente não teve essa aproximação entre Lula e Trump.
05:12Então, vai ser bastante complexo.
05:14E a gente vai ter uma semana que vem muito volátil, extremamente volátil.
05:19Porque a gente não tem como saber o que vai acontecer de fato e quais vão ser os desobramentos.
05:24A gente fica preocupado com o que o Trump vai fazer,
05:26mas, por outro lado, a gente também está preocupado com o que o Lula vai fazer e como ele vai responder.
05:30Então, está todo mundo aqui preocupado com esse ponto.
05:33Quem vai se segurar na retórica?
05:35E daqui a pouco, ainda, aqui nesse plantão especial, nós vamos mostrar, viu, Fabrício e Rodrigo,
05:40como que foi a semana das ações das empresas.
05:43Nós vamos mostrar aí as maiores baixas e as maiores altas.
05:47A Embraer está entre as maiores baixas.
05:49Rodrigo Loreiro.
05:49Fabrício, deixando de lado a questão política ali envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro,
05:56do qual o Trump tem tido um afago maior ali nas últimas semanas,
06:00feito postagens em defesa do ex-presidente,
06:04deixando essa questão de lado,
06:06quais são as cartas que o Brasil tem para negociar com os Estados Unidos?
06:10O que o Brasil pode oferecer para os Estados Unidos
06:12para tentar abaixar essa tarifa de 50% sem interferir ali no julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro,
06:20deixando essa questão política de lado?
06:22Essa é a pergunta mais complexa e a mais difícil.
06:26Porque, diferentemente de outros países,
06:29como China, particularmente, que conseguiu bancar,
06:32nós temos algumas fragilidades comerciais
06:36em relação a poder colocar sanções
06:39ou colocar até mesmo volumes adicionais de tarifas.
06:43Então, comercialmente, vai ser muito complexo para o Brasil conseguir se manter.
06:48Agora, cartas que nós poderíamos ter?
06:49Bom, muitos dos setores americanos
06:52são importadores de produtos brasileiros,
06:55e setores muitas vezes estratégicos.
06:58Por outro lado, na própria negociação do aumento de tarifas,
07:01setores de petróleo, principalmente óleo,
07:04os produtos básicos de ferro,
07:06eles tiveram já isenções.
07:08Então, parte estratégica que o Brasil poderia adotar
07:12seria, talvez, alguma questão em relação à Embraer,
07:15porque, principalmente, a gente consegue ter
07:17aeronaves específicas que são vendidas para aquele mercado.
07:21Do ponto de vista comercial,
07:22a gente tem barreiras de entrada, sim.
07:25Porque o que acontece?
07:26O déficit comercial não existe,
07:27como o Trump colocou, de certa forma,
07:29deixou explícito na carta.
07:31Mas nós temos algumas barreiras comerciais de entrada
07:33para o mercado americano.
07:35Então, muito provavelmente,
07:36o único caminho que eu enxergo
07:38para uma discussão mais adequada
07:39seria tentar liberar algumas barreiras comerciais,
07:42sejam barreiras tecnológicas de patente,
07:45sejam até mesmo barreiras de negociação fiscal,
07:49que a gente poderia tentar barganhar com eles.
07:52Todos os países possuem essas barreiras de entrada,
07:55o Brasil não é uma exceção,
07:56o Brasil não é o que tem as maiores barreiras de entrada.
07:58Mas já que nós não temos uma economia
08:01ou não temos produtos que possam necessariamente
08:03serem vitais para a economia americana,
08:06como o caso da China, com minérios raros,
08:08a gente pode tentar negociar com eles
08:10uma abertura dessas barreiras
08:12para que o mercado americano consiga
08:13iniciar uma negociação maior aqui no Brasil,
08:17fazer mais produção aqui,
08:19exportar mais,
08:21colocar mais patentes aqui dentro
08:22para que a gente possa ter algum poder de barganha.
08:24Então, eu vejo muito mais através das barreiras comerciais
08:27do que necessariamente uma pressão
08:29através de tarifas
08:31ou tentar impor que a gente não vai exportar algum produto,
08:35pois, de fato, nós não temos muitos produtos
08:37que sejam muito específicos
08:39para que os Estados Unidos possam precisar tanto,
08:43que não consigam trocar os mercados.
08:45Então, barreiras comerciais,
08:46eu acho que vai ser o caminho mais adequado
08:48para o Brasil tentar buscar uma negociação adequada
08:51para o futuro.
08:51O Fabrício, você falava agora sobre o déficit,
08:56porque um dos argumentos do presidente norte-americano,
09:00ali nas linhas miúdas,
09:01é que é uma injustiça comercial,
09:03que a balança comercial Brasil-Estados Unidos,
09:05ela seria deficitária para os Estados Unidos.
09:07E os números desmentem o presidente norte-americano.
09:11E a gente vai mostrar aqui,
09:12queria que você também acompanhasse conosco,
09:14porque no ano passado,
09:16as vendas para o Brasil,
09:17ou melhor, do Brasil para os Estados Unidos,
09:19bateram um recorde.
09:20Foram de 40,3 bilhões de dólares no ano passado.
09:24Só que mesmo assim, né, Loureiro,
09:26o déficit em relação aos Estados Unidos
09:29foi de 253...
09:30Baixinho.
09:31Baixinho.
09:31Baixinho.
09:32253 milhões.
09:33Mesmo batendo o recorde de vendas
09:36para os Estados Unidos.
09:38Déficit em desfavor do Brasil.
09:40O Brasil ficou negativo em relação aos Estados Unidos.
09:42Mas, já neste ano,
09:45de janeiro a junho,
09:46no primeiro semestre,
09:47o déficit já aumentou muito.
09:48Foi de 1,67 bilhão de dólares.
09:52Os Estados Unidos estão vendendo mais para o Brasil
09:54do que o Brasil está vendendo para os Estados Unidos.
09:57Então, esse déficit é só do primeiro seis meses de 2025.
10:01Agora, se a gente pegar um recorte maior,
10:03de 2009 até junho deste ano,
10:06o déficit em desfavor do Brasil
10:09é de 90,28 bilhões de dólares.
10:13Então, assim,
10:13Trump não tem base nenhuma
10:15em relação à injustiça comercial do Brasil
10:19aos Estados Unidos.
10:20Porque o déficit é gigantesco.
10:23E esse número fica ainda maior
10:24quando a gente adiciona outras contas,
10:26que transformam esses 90 em 400.
10:28É, exatamente.
10:30E aí, a gente lembra que 15% das exportações brasileiras
10:34são para os Estados Unidos,
10:35que hoje é o segundo principal mercado
10:38de produtos brasileiros.
10:39E por falar em produtos,
10:40nós temos aqui,
10:41então, o que os Estados Unidos
10:42mais compraram do Brasil
10:44nesse primeiro semestre?
10:46Olha os brutos de petróleo,
10:47que esse produto representou
10:492,37 bilhões de dólares,
10:53semi-manufaturados de ferro ou aço,
10:561,49 bilhão de dólares,
10:58o café não torrado,
10:59a preocupação aqui do setor,
11:01com 1,16 bilhão de dólares,
11:04a carne bovina,
11:05outro setor que ligou o alerta também,
11:07carne bovina em 737,8 milhões de dólares em venda,
11:12ferro fundido bruto,
11:14celulose e óleos combustíveis,
11:16reparações e combustíveis preparações de petróleo.
11:19Então, esses foram os produtos mais vendidos do Brasil
11:22para os Estados Unidos nesse primeiro semestre.
11:24Vamos fazer uma última perguntinha para o Fabrício.
11:27E Fabrício, a gente olhando tudo isso,
11:30esse cenário que não há o déficit,
11:32a gente está percebendo que o investidor está preocupado,
11:37mas há um movimento, Loureiro e Fabrício.
11:39O dólar, por exemplo,
11:40o dólar subiu pouco na sexta-feira,
11:43avançou 0,1%,
11:44estacionou ali na casa dos R$5,54.
11:47O investidor procura red, procura proteção,
11:51mas o dólar está sendo deixado um pouquinho de lado,
11:53não vai ser tão procurado
11:55ou ainda vai apresentar volatilidade?
11:57O dólar vai ser, ele continua sendo procurado,
12:01mas na intensidade tradicional.
12:04O que ocorre?
12:05A gente teve ali uma alta de dólar,
12:07as projeções para o dólar no futuro são mais elevadas,
12:10mas a gente já vinha num processo de carrego das carteiras.
12:14Então, quando a gente pega de investimentos,
12:16boa parte dos investidores já estavam nesse processo de compra de dólares,
12:20o que segurou bastante o preço para cima.
12:22Então, chega um limite que você já não consegue mais ter uma elevação.
12:26Então, tem que ter um evento muito importante
12:29para que isso se altere,
12:30que foi, de fato, as tarifas,
12:31então o dólar acabou crescendo.
12:33Mas não há uma perspectiva de que o dólar
12:35ele aumente muito em relação ao que está ocorrendo,
12:39porque em termos de tarifas e negociações comerciais,
12:42isso não mexe tanto no preço do dólar,
12:45apesar de gerar incerteza.
12:47A cotação cambial é muito mais vinculada
12:49a questões internas brasileiras,
12:53sejam elas do ponto de vista fiscal,
12:54sejam elas do ponto de vista comercial do mercado interno,
12:58do que necessariamente essa questão de exportações.
13:01E importações imediatamente.
13:03Porque o que concorre?
13:04A gente está falando de tarifas,
13:06se as negociações entre mercado americano e brasileiro reduzirem,
13:09a gente vai ter que desovar,
13:11ou despachar essas mercadorias,
13:14tentar encontrar outros mercados.
13:15Isso, naturalmente,
13:17a negociação vai permanecer sendo feita em dólares.
13:19Então, se a gente fosse ser uma análise muito fria,
13:23eu perdia o mercado que eu vendia em dólares
13:26e necessariamente teria que agora vender em reais.
13:29Então, eu teria uma demanda por dólares muito mais baixa
13:33do que eu tenho hoje.
13:34Então, sobrariam dólares, naturalmente,
13:36eu teria uma redução da cotação.
13:38Como a gente sabe que as negociações internacionais
13:40são perdas em dólar,
13:41então a diferença não é tão relevante nesse aspecto.
13:44A diferença mesmo é econômica,
13:46do ponto de vista inflacionário,
13:48do ponto de vista de empregos.
13:50Então, não necessariamente do ponto de vista do dólar.
13:52Porque, imagine, eu vendo os Estados Unidos em dólar,
13:54se outros países quiserem comprar a minha produção,
13:56eu também vou vender em dólares.
13:57Então, o câmbio acaba não sendo tão relevante nesse aspecto,
14:01a não ser do ponto de vista de incerteza,
14:03caso haja aí um crescimento das animosidades
14:07entre os dois países.
14:09Fabrício Volt,
14:10queria muito agradecer a sua participação
14:12neste sábado no plantão especial Times Brasil,
14:15licenciado exclusivo CNBC.
14:17Um ótimo final de semana para você.
14:19Obrigado por nos trazer essa perspectiva
14:21e esse olhar também
14:22diante desse tarifaço de Trump para o Brasil.
14:26Eu que agradeço.
14:27Um ótimo dia para vocês.
14:28Muito obrigado.
14:29Obrigado.
Seja a primeira pessoa a comentar
Adicionar seu comentário

Recomendado