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José Luis Oreiro, professor do departamento de economia da Universidade de Brasília, analisa o relatório da OCDE e destaca que o tarifaço de Trump já afeta a Europa, especialmente a Alemanha, e deve pesar ainda mais em 2026. Índia segue em alta, Alemanha desacelera e Brasil tem inflação prevista de 4,4% para o próximo ano.

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Transcrição
00:00O relatório da OCDE aponta, além das oscilações dos PIBs dos países, a projeção de inflação.
00:09Para nos ajudar a entender o relatório, eu recebo por uma conversa virtual o professor do Departamento de Economia da Universidade de Brasília, o José Luiz Oureiro.
00:20Oureiro, é sempre um prazer te receber aqui, é uma chuva de dados esse relatório da OCDE.
00:27Eu fiz uns recordes aqui para a gente entender, mas eu vou começar talvez pelo final.
00:32Dá para sentir o tarifaço do Trump já nesse relatório ou essa projeção de crescimento modesto do nosso PIB global esse ano?
00:42E o recuo ano que vem, inflação de países, tem a ver com o tarifaço ou isso ainda é pré essa avalanche de Donald Trump?
00:53Boa noite mais uma vez.
00:53Boa noite, Marcelo. Então, eu acho que já tem algum efeito do tarifaço, principalmente na economia da área do euro.
01:03Lembrando que a principal economia da área do euro é a Alemanha e ela é uma economia cuja dinâmica depende extremamente das exportações de produtos manufaturados,
01:13sendo os Estados Unidos um grande mercado consumidor de produtos manufaturados alemães, principalmente automóveis.
01:21Então, quando a gente olha os dados da OCDE e compara o crescimento da área do euro com o crescimento dos Estados Unidos, por exemplo,
01:31o crescimento da área do euro é muito mais baixo, mas isso está sendo puxado principalmente pelo baixo crescimento da Alemanha.
01:37A Espanha tem, no relatório da OCDE, um crescimento de mais de 3% previsto para o ano de 2025,
01:45que a Espanha não depende tanto de exportações para o mercado americano, ela depende mais de turismo
01:51e com todas as restrições que o Trump tem colocado à imigração, isso tem afugentado turistas dos Estados Unidos,
02:01houve uma redução bastante significativa e parte desses turistas estão indo para a Europa
02:06e dentro da Europa, a Espanha é um dos grandes destinos turísticos.
02:12Mas o grande efeito do tarifácio do Trump vai ser sentido em 2026, porque no momento, como diz o relatório da OCDE,
02:23muitas empresas importadoras nos Estados Unidos estão absorvendo nas suas margens de lucro o efeito das tarifas mais altas,
02:32por uma razão muito simples, todo mundo sabe que o Trump é instável.
02:36Bom, a gente viu isso hoje na Assembleia Geral da ONU, o Trump muda de opinião como o vento muda de direção.
02:44Então, quer dizer, num contexto que você não sabe muito bem se a tarifa que o Trump anunciou hoje ou amanhã vai cair,
02:50então faz sentido as empresas não repassarem tudo para os preços.
02:54Mas eu acredito que pelo menos uma parte dessas tarifas vai se manter e então nós vamos ter um aumento do nível de preços
03:02nos Estados Unidos, consequentemente uma queda da renda dos consumidores e, com isso, uma queda do comércio global,
03:11o que vai afetar o crescimento mundial.
03:14Orelha, é óbvio, repito, o relatório da OCDE é um avalanche de números.
03:20Vamos nos atentar a dois pilares que eu acho que são mais importantes.
03:25Eu peguei aqui para a gente ver as projeções da OCDE para o avanço real do PIB.
03:31Numa coluna que é o que fomos, 2024, o que estamos sendo e o que seremos.
03:38Na ponta de cima tem Índia, cresceu 6,5% em 2024, avanço real do PIB.
03:456,7% em 2025 e vai cair um pouquinho em 2026, mas ainda um número robusto com relação ao mundo,
03:57a média 2,9% em 2026 e, como você muito bem falava, a maior força econômica da Europa,
04:08da zona do euro e da União Europeia, a Alemanha, que vai crescer 1,1%.
04:13Claro que os números são muitos.
04:15Vamos para as pontas.
04:17Por que a Índia está com esse valor aqui robusto de 6,2%, um mundo quase 3% para uma média,
04:27e a Alemanha aqui, lá na lanterna, 1,1%.
04:31Qual que é a diferença entre Índia e Alemanha?
04:33Então, Marcelo, são países em diferentes estágios de desenvolvimento econômico.
04:40Quer dizer, a Índia é um país que ainda tem uma renda per capita muito baixa,
04:46que tem uma população que ainda está crescendo, uma população jovem.
04:50Então, é um país que tende a crescer mais, porque é o chamado bônus de mudança estrutural.
04:56Quer dizer, você está... A Índia é um país que está passando por um processo de mudança estrutural
05:02em que uma parte da população está saindo do campo e de atividades agrícolas de baixa produtividade
05:10e se dirigindo às cidades onde vão trabalhar na indústria e no setor de serviços de mais alta produtividade.
05:17Então, a Índia está passando por esse processo que o Brasil já passou nos anos 30, 40, 50, 60,
05:24e que os países europeus passaram no século XIX.
05:29Então, é razoável e é de se esperar que a Índia cresça mais.
05:33A Alemanha está crescendo um pouco, em parte, porque a Alemanha é um país muito rico.
05:39Quer dizer, o PIB per capita da Alemanha é 20 vezes maior do que o da Índia.
05:44Mas a Alemanha tem uma série de problemas estruturais.
05:48Quer dizer, a Alemanha teve um modelo de crescimento que foi muito bem sucedido,
05:54até a invasão da Ucrânia pela Rússia,
05:59porque era um modelo de crescimento baseado nas exportações de produtos manufaturados,
06:04que tinha como base uma indústria extremamente competitiva
06:10por conta da importação de gás natural da Rússia a preços muito baixos.
06:16Então, a Alemanha tinha um preço de energia que é fundamental para a indústria,
06:22quer dizer, a indústria é altamente consumidora de energia,
06:26ela tinha uma matriz energética, vamos dizer assim,
06:30que lhe dava uma competitividade externa muito forte.
06:34Com a invasão da Ucrânia pela Rússia,
06:37o abastecimento de gás russo para a Alemanha acabou.
06:41E os alemães têm que importar gás natural dos Estados Unidos,
06:44que é muito mais caro.
06:46E eles perderam posição relativa mesmo dentro dos países da União Europeia.
06:51Por exemplo, compara com a França.
06:53A França não tem dependência de gás natural.
06:56A política energética da França sempre foi baseada,
07:01e crescentemente agora com o governo Macron,
07:03em energia nuclear.
07:05Então, as oscilações de preço do gás no mercado internacional
07:08não afetam a competitividade da indústria francesa.
07:11Na Espanha, além da energia nuclear,
07:15você tem uma matriz de produção de energia eólica e solar
07:19que é muito forte.
07:21Então, a Espanha também não sentiu isso.
07:23A Alemanha passa por um momento muito complicado
07:27por conta de escolhas que foram feitas nos anos 90,
07:31particularmente, a Alemanha fechou as suas centrais nucleares.
07:34Então, ela ficou muito dependente do gás russo.
07:37E agora, está pagando o preço da sua dependência
07:40com respeito ao gás russo.
07:42Oreiro, um desafio para um professor com a sua eloquência.
07:4530 segundos.
07:47Como é que a gente pode definir aqui a inflação?
07:49Claro que tem muitos números.
07:51A Argentina, um ponto fora da curva.
07:53Mas eu queria chamar a atenção aqui para Brasil,
07:57uma previsão de inflação para o ano que vem,
07:58em 2026, 4,4, o G20, 2,9, Estados Unidos, 3 e a China, 0,3.
08:10Desses números todos, o que a gente tem que prestar mais atenção?
08:13O Brasil está dentro aqui da lógica ou a China está muito atrás?
08:19Os Estados Unidos já estão naquele amarelo piscante?
08:22Olha, eu acho que esses números, quer dizer, o que chama atenção é a Argentina.
08:27Quer dizer, a imprensa aqui no Brasil fica dizendo,
08:31ah, porque a Argentina está sendo bem sucedida em reduzir a inflação,
08:35coisa em cima nenhuma.
08:36E outra coisa, a média de longo prazo da inflação no Brasil,
08:40desde o regime de metas de inflação, implantado em 99, é de 6%.
08:44Então, se para 2026 a gente tiver uma inflação de 4,4%,
08:48que vai ser mais baixa que a inflação desse ano, está ótimo.
08:52Então, assim, eu realmente não vejo os números inflacionários no Brasil com preocupação.
08:57Aliás, eu não vejo o mundo hoje com problema inflacionário sério.
09:02Quer dizer, o que eu vejo é um mundo com problema de crescimento em 2026
09:07por conta das políticas comerciais anotadas pelo governo Donald Trump.
09:12Oreiro, muito obrigado pela sua participação.
09:15Perdão por esse final apertado aqui, é que o nosso jornal é estreitinho,
09:19é muita coisa, mas teremos muitas outras oportunidades.
09:23Conversei aqui com o professor do Departamento de Economia da Universidade de Brasília,
09:28o José Luiz Oreiro, a quem eu vou receber aqui muito em breve, uma próxima vez.
09:33Obrigado, Oreiro, de novo.
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