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Luiz Gonzaga Belluzzo, economista e professor da Unicamp, avalia se a nova onda de tarifas de Donald Trump pode prejudicar a própria economia americana e sua base política. Ele também comenta o impacto sobre o Brasil, o risco inflacionário e a geopolítica global.

Acompanhe a cobertura em tempo real da guerra tarifária, com exclusividade CNBC: https://timesbrasil.com.br/guerra-comercial/

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Transcrição
00:00A correspondente da CNBC para o setor de restaurantes analisa o efeito da tarifa de 50% dos Estados Unidos sobre o café brasileiro.
00:10Segundo Kate Rogers, grandes empresas como Starbucks, entre outras redes, terão que arcar com uma redução na margem de lucro
00:19em um momento em que as campanhas de marketing tentam atrair de volta os consumidores para as cafeterias.
00:26Vamos acompanhar nesse conteúdo exclusivo da CNBC americana.
00:56A CNBC obtém 22% e 56% de seus grãos do Brasil.
00:59A Starbucks diz que continua focada em seu plano da companhia e que continua a monitorar quaisquer possíveis impactos nos negócios.
01:06Lembrando aos telespectadores que a empresa se abastece de mais de 450 mil agricultores em 30 países.
01:12Portanto, o alcance é grande.
01:14De modo geral, isso significa que seu café ficará mais caro se essas tarifas forem mantidas?
01:18Não tão rápido.
01:19Conversei hoje com Andrew Charles, da TD Cowan.
01:21Ele diz o óbvio aqui.
01:23As tarifas podem ou não ser mantidas.
01:25As empresas do setor de restaurantes não estão muito dispostas a aumentar os preços no momento,
01:29especialmente a Starbucks, que não está aumentando os custos até o fim do ano para os consumidores.
01:34Além disso, existem táticas de mitigação para que qualquer importador de café possa se abastecer em outros lugares
01:40ao longo do cinturão do café na América do Sul, inclusive na Colômbia.
01:43A ideia de que os varejistas, do lado dos restaurantes, aumentariam os preços nesse ambiente não é provável,
01:49de acordo com os analistas, mas é algo para se ficar de olho.
01:53Mas a Starbucks, em particular, está realmente empenhada nesse plano da companhia
01:57de trazer os consumidores de volta às cafeterias, e um aumento de preços neste momento simplesmente não combina.
02:04A Dutch Bros poderia ter um pouco mais de espaço de manobra.
02:08As vendas foram fortes, e o ambiente de gastos do consumidor é diferente para essa marca em particular.
02:13Mas você sabe, o café fora é uma coisa fácil de se cortar e fazer em casa.
02:17Portanto, não vejo isso acontecendo, e os analistas concordam.
02:22A reportagem que a gente acabou de assistir mostra um dos impactos nos Estados Unidos na nova tarifa ao Brasil.
02:30Os desdobramentos são muitos outros.
02:33Eu tenho o prazer de receber agora, no Conexão, Luiz Gonzaga Beluso,
02:37professor da Unicamp, um dos fundadores da FACAMP,
02:41e um pensador que foi listado entre os 100 maiores economistas heterodoxos do século XX.
02:49Professor Beluso.
02:50Vou chamá-lo assim porque o senhor tem tantos títulos, né?
02:53Eu vou colocar de professor que é o seguinte, olhando o macro e o micro,
02:58olhando o macro, a grandiosidade da economia americana,
03:02mexer com um parceiro como o Brasil não altera o montante.
03:08Mas olhando no micro, quer dizer, aquele cafeicultor, ou quem compra o café,
03:14quem vai comprar o aço, quem vai comprar a peça de avião,
03:16olhando os exemplos unitários, a gente consegue projetar um problema.
03:24Isto posto nessa premissa, a conclusão,
03:27o Donald Trump não pode estar dando um tiro no pé, mexendo nisso,
03:31depois isso não pode vir a ferir um capital político dele?
03:34Uma pergunta para o senhor que sempre transitou entre a economia,
03:37a política, a teoria, a prática, talvez já tenha visto isso em outros episódios da nossa história recente.
03:43Boa noite mais uma vez e muito obrigado de novo por aceitar aqui o nosso convite.
03:49Com maior prazer.
03:51Eu concordo inteiramente com a sua observação,
03:55que o Donald Trump pode estar dando um tiro no pé.
04:01Na verdade, esse tarifácio, essa imposição de tarifas aos parceiros comerciais,
04:08isso vai provocar um efeito negativo na inflação americana.
04:15Ou seja, você vai ter uma subida de preço, inesoravelmente,
04:20que vai acabar afetando realmente a disposição dos seus eleitores.
04:28Vamos combinar que os seus eleitores votaram nele até por conta de um custo divino,
04:38muito elevado, que pouca gente sabe disso.
04:42Os debates nos Estados Unidos sobre o custo de vida, sobre os preços, etc.,
04:48a despeito da inflação estar em torno de 2,2%,
04:52mas o nível de preços está incomodando a população americana.
04:59Então, eu acho, de fato, que ele está praticando um gesto muito ousado e arriscado.
05:08Sem dúvida nenhuma.
05:10Agora, professor Beluso, o senhor que entende muito de macroeconomia,
05:14enquanto o senhor respondia, tinha imagens aí que vão ilustrando
05:17as commodities que o Brasil manda para os Estados Unidos,
05:20entre eles, aí não é commodity, estou falando de produtos de alto valor agregado,
05:24que são aviões da Embraer, e peças da Embraer para a manutenção de muitos aviões
05:29que estão voando, nesse momento, aos milhares em voos regionais nos Estados Unidos.
05:35E aí, uma empresa grande como a American Airlines, a United Airlines, a Southwest,
05:41que usam esses aviões, não tem outra opção a não ser fazer a manutenção da peça.
05:46Tem que trocar a peça, que vão ficar, teoricamente, 50% mais caras
05:50a partir do dia 1º de agosto. Tem a questão do suco de laranja,
05:55tem a questão do café, como a gente estava discutindo agora na reportagem anterior,
05:59tem a questão do aço e do alumínio.
06:01O Donald Trump tem um discurso de que, ah, eu vou forçar a produção disso aqui dentro.
06:07Pode até ser, no melhor dos casos, a médio e longo prazo.
06:11Ou seja, depois do dia 1º de agosto, a gente entende que o empresariado dos Estados Unidos
06:17vai ter que arcar com esse prejuízo, porque as montadoras americanas vão continuar necessitando
06:23do mesmo volume de aço e de ferro para fazer carros, geladeiras e tudo mais.
06:28Os aviões vão continuar voando, alguém vai ter que pagar.
06:32Existe algum risco contrário de escassez?
06:36Porque a gente já entendeu que esse valor ou fica no prejuízo do empresário
06:40ou vai ser reajustado no preço do consumidor final.
06:44Mas existe um meio do caminho, um risco de desabastecimento desses produtos faltarem?
06:50Alguém fala, ah, não, não vou comprar porque está muito caro e vamos ficar por aí.
06:54De qualquer maneira, nós estamos falando de um efeito bola de neve, né?
06:58Conforme ele anda, pior fica.
07:01É possível que isso esteja entre os efeitos produzidos pelo aumento da tarifa.
07:08Mas o que eu queria mencionar é que não só em relação às tarifas impostas ao Brasil
07:16e aos produtos brasileiros, você mencionou bem a Embraer, etc.
07:20Mas, no caso da China, por exemplo, a China abastece de insumos, bens de capital
07:31e outros componentes econômicos, abastece muitos Estados Unidos.
07:39A China tem uma participação de 30% no comércio americano.
07:44No Brasil é apenas bastante reduzido, 12%, se eu não estou enganado.
07:51Mas eu acho que essa é uma possibilidade de ocorrer uma escassez.
07:55Mas, do meu ponto de vista, o mais provável é que se tenha um aumento de preços
08:02e aí o aumento de preços produz uma retração das compras,
08:08das aquisições dos produtos que foram afetados, sem dúvida nenhuma.
08:14Professor Beluso, enquanto a gente preparava aqui a nossa conversa,
08:18fomos surpreendidos com a última carta, a mais recente carta do Donald Trump.
08:2335% de sobretaxação ao Canadá foi declarado pela própria Casa Branca,
08:29questão de instantes.
08:31E nós estamos falando da maior fronteira seca entre dois países,
08:33a maior divisa territorial entre dois países no mundo inteiro.
08:37É um parceiro comercial fundamental para petróleo, para carne,
08:43para diferentes tipos de insumos.
08:45Então, a gente entende que os produtos do Brasil demoram um pouco mais para chegar,
08:49por causa da distância, mas no Canadá é só atravessar uma fronteira seca,
08:53contornada por estradas.
08:55Quer dizer, essa aposta do Donald Trump está sendo muito alta
08:59em sobretaxar um parceiro comercial fundamental.
09:03E aí, no mundo dos economistas, surgiu o tal do taco, né?
09:08Trump always chicken out.
09:10Ele sempre se acovarda.
09:12O senhor, na sua experiência, está lendo tudo isso.
09:15Pode ser mais uma bravata?
09:17O Trump joga lá em cima essa pressão, espera um meio do caminho,
09:22espera os países voltarem a negociar para ele chegar a um meio tempo.
09:27A gente já viu isso acontecer, né?
09:29É igual o blefe no pôquer, não funciona o tempo todo.
09:33Será que dessa vez ele vai para cima ou pode ser, de novo,
09:37mais uma tática de negociação dele?
09:40Não, é da forma, do estilo dele,
09:43é essa exigência de alguns comportamentos dos seus parceiros
09:53e, ao mesmo tempo, isso é um instrumento de negociação, visivelmente, visivelmente.
10:00Então, nós podemos esperar um recuo dele, um taco, né?
10:06Um recuo dele nos próximos meses.
10:11Aliás, está previsto para agosto, né?
10:14Então, ele usa isso como instrumento de negociação.
10:19Então, sobretudo, é só observar, ele botou essa tarifa de 35% no Canadá,
10:27mas já houve uma reunião em Genebra, se eu não estou enganado,
10:33em Genebra, entre os representantes chineses e americanos.
10:38Estavam lá alguns secretários de Estado
10:40e não foram divulgados os resultados da reunião, né?
10:51Mas, claramente, é uma instigação, ele está instigando a negociação, né?
10:58O propósito dele é, na verdade, promover a volta das empresas aos Estados Unidos.
11:06Eu acho bastante improvável, muito improvável,
11:11que isso aconteça por conta das vantagens relativas
11:16dos países que estão acolhendo empresas americanas,
11:22inclusive, o exemplo mais óbvio é a Tesla,
11:26mas não é só a Tesla,
11:27que estão na China, né?
11:29E que foram para outras regiões da Ásia.
11:32O que a gente precisa entender é que está havendo uma redefinição
11:36do mapa econômico global,
11:40com uma proeminência e um protagonismo
11:45dos países da Ásia, sobretudo a China.
11:49Não é por acaso que ele tenha despejado
11:53essa tarifa de 50%
11:56depois da reunião dos BRICS.
11:59As pessoas estão subestimando o impacto e a importância
12:03que esse projeto dos BRICS vai ter sobre o comércio mundial.
12:11De outro lado, ou sobretudo,
12:15porque o que ele está fazendo é empurrar mais países
12:18para os braços dos BRICS, né?
12:22Porque isso já ocorreu na história muitas vezes, né?
12:29Que você redefine as relações comerciais e financeiras,
12:35como já ocorreu com a Inglaterra depois da Primeira Guerra,
12:39como está ocorrendo agora com os Estados Unidos.
12:44Para a economia internacional,
12:45é um fenômeno de relações
12:48que dependem da eficiência produtiva.
12:53Por exemplo, uma das reclamações da
12:56Van der Leiden,
12:58que é a presidente do parlamento...
13:04Da Comissão Europeia.
13:05Da Comissão Europeia, é.
13:07Era a reclamação do preço dos automóveis
13:10que chegavam muito baratos.
13:12Porque a China está num período de deflação.
13:17Está produzindo muito barato.
13:19Porque isso é o estilo deles.
13:21Por que o estilo deles?
13:23Porque eu estive lá
13:25e visitei muitas fábricas,
13:28muitas empresas,
13:29e as fábricas são enormes.
13:31Elas têm ganho muito importante de escala,
13:34chamado ganho de escala.
13:37Então, você produz muito
13:38para produzir mais barato.
13:40Isso é da estratégia chinesa.
13:44Então, eu acho bastante problemático
13:46essa manutenção desse estilo,
13:52dessa forma de trabalhar.
13:55Porque ele vai, em primeiro lugar,
13:58se ele confirmar as tarifas,
14:02ele vai produzir um dano
14:04na economia americana
14:05do ponto de vista da inflação.
14:08e isso está sendo antecipado
14:11por muita gente.
14:12Mas a gente ainda deve entender,
14:15eu, pelo menos,
14:17modestamente procuro ver,
14:19que ele, na verdade,
14:20está exprimindo
14:21uma perda de hegemonia
14:24da economia americana.
14:26Isso é o que, sobretudo,
14:28o preocupa.
14:29Tanto que o mantra dele
14:32é a América Green Again.
14:36Na verdade, a América nunca foi tão grande
14:39quanto na era do Roosevelt,
14:45que tinha uma visão muito mais
14:47compatível com o mercado internacional,
14:52e foi o Roosevelt que inspirou
14:56o acordo de Bretton Woods,
14:59que não saiu como se buscava,
15:05mas, comparando os dois presidentes,
15:08eu podia citar outros,
15:11como o Kennedy, etc.,
15:14que tinham uma postura
15:17muito mais favorável
15:20a negociações,
15:22a debates, etc.
15:24O Lyndon Johnson
15:26foi um ótimo presidente,
15:29e, infelizmente,
15:31nós tivemos
15:32essa eleição
15:34de um presidente
15:37que padece
15:39de uma certa lucidez,
15:41padece de uma certa lucidez.
15:45Professor Beluso,
15:45o senhor que escreveu
15:46tantos livros
15:47da história recente,
15:49contemporânea da economia,
15:51fica aí o desejo
15:52de um dos seus leitores,
15:54eu,
15:54que o senhor
15:55tente traduzir
15:57num livro
15:57o que é esse personagem
15:59Donald Trump
15:59no século XXI
16:00na economia,
16:01porque ele vai deixar,
16:03de fato,
16:03uma marca indelével,
16:06positiva ou negativa,
16:07o tempo vai dizer,
16:08a história vai contar
16:09melhor esses fatos.
16:11Fica aí
16:12uma sugestão
16:12para o senhor
16:13traduzir num livro
16:14para registrar
16:15esse momento histórico.
16:17Eu agradeço
16:18a sua sugestão.
16:21Vou pensar
16:22em como
16:23escrever esse livro,
16:25edificá-lo, etc.
16:27Mas não é uma...
16:28Me deu uma boa ideia.
16:30É,
16:30de fato,
16:31é um personagem
16:32indelével.
16:33Além da sugestão,
16:34queria agradecer
16:35a conversa que eu tive
16:36aqui com o Luiz
16:37Gonzaga Beluso,
16:38professor da Unicamp,
16:40fundou a Facamp,
16:42um dos 100 pensadores
16:43entre os economistas
16:46heterodoxos do século XX.
16:49Obrigado pela participação,
16:51professor Beluso.
16:52Até uma próxima.
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