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O economista do Ibmec, Márcio Sette Fortes, analisa os impactos das tarifas de 50% impostas por Trump ao Brasil. Ele explica os riscos para a economia brasileira, os efeitos sobre os EUA e as possíveis estratégias de negociação para evitar maiores prejuízos.

Acompanhe a cobertura em tempo real da guerra tarifária, com exclusividade CNBC: https://tinyurl.com/guerra-tarifaria-trump

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Transcrição
00:00E para continuar o assunto sobre as novas tarifas anunciadas por Donald Trump,
00:05especialmente a que pega o Brasil, eu convido para essa conversa
00:09Márcio Sete Fortes, que é economista do IBMEC,
00:14a quem eu já começo agradecendo por participar aqui do Conexão.
00:17Professor Sete, vamos olhar nas probabilidades,
00:21porque essa é a grande pergunta e talvez seja o jogo imagético amanhã
00:26da Bolsa de Valores aqui no Brasil.
00:28A possibilidade dos Estados Unidos realmente aplicarem essa sobretaxação de 50%.
00:36Eu destaco uma frase da carta do presidente Trump,
00:41que ela é, essa sobretaxação de 50%, acumulativa em outras taxas já aplicadas.
00:47Há exemplo do alumínio do aço, para todo mundo, o Brasil está nessa lista, de 25%.
00:52Uma conta rápida, fácil, 75% em cima do nosso produto.
00:57O que, para outra ponta, quem compra, é minimamente impraticável esse valor,
01:02a não ser que vai impactar em produtos que os americanos médios adoram.
01:07Linha branca, de utensílios domésticos, automóveis, só para citar essas duas.
01:14Se a gente abrir o leque, vai para defesa, construção civil, indústria naval.
01:19Aí fica a pergunta, é factível isso ou conhecendo o perfil Donald Trump,
01:26professor Sete, o senhor aposta de que ele jogou todas as fichas na mesa,
01:31esperando que o Brasil se incline um pouco mais para sentar nessa mesa de negociação
01:39e atender alguns pedidos dele.
01:42Perdão pela minha longa explicação aqui, minha longa introdução.
01:46Desejo ao senhor boa noite mais uma vez.
01:47Obrigado mais uma vez por participar aqui do nosso programa.
01:51Boa noite, Favalha. É um prazer.
01:54O mercado tem apostado, desde que o anúncio saiu hoje mais cedo,
02:00de que isso seria um novo chamado à mesa de negociação.
02:05Porque não há uma perspectiva ali, entre idas e vindas que já aconteceram antes,
02:12de que isso poderia retroceder à medida em que novos temas fossem colocados à mesa
02:18para ser negociados.
02:19Nós temos que lembrar que o Brasil tem temas para poder negociar,
02:24como por exemplo a exportação de terras raras.
02:26Nós somos o terceiro maior exportador dessas terras raras
02:31que tanto interessam ao governo norte-americano.
02:33Então esse é um elemento de barganha para uma mesa de negociação, por exemplo.
02:37Talvez eles queiram fazer uma negociação em torno disso.
02:40Mas o que preocupa é o teor da carta.
02:43Pela primeira vez nós temos aí uma carta desse estilo
02:47que transcende questões meramente comerciais ou tarifárias.
02:52A carta se refere também a questões de política e decisões internas do Brasil.
02:57E esse é o grande problema.
02:59O que se vai negociar em relação a isso?
03:01Talvez tenha uma pressão política externa nesse momento.
03:04E os nossos negociadores teriam que ser muito hábeis para tratar desse assunto,
03:08considerando que há uma outra nuance que não é exclusivamente tarifária e comercial.
03:13Enquanto isso, o dólar ficou um pouco nervoso hoje.
03:16Nós vimos isso, os contratos futuros já começaram ali a despontar
03:21por conta do que pode acontecer aí na frente.
03:24Talvez o mercado, e provavelmente o mercado deve amanhecer nervoso na manhã dessa quinta-feira.
03:30Agora, de fato, professor Sete, cá entre nós e as milhares de pessoas que estão nos assistindo,
03:36o Donald Trump não respeita nenhuma liturgia do cargo.
03:39A gente já sabia disso até da época em que ele era um empresário midiático.
03:44Mas no primeiro mandato dele, isso ficou muito claro.
03:47Agora, por exemplo, ele não usa um canal oficial de comunicação,
03:52nem com as alas políticas e muito menos com o público.
03:56Ele tem uma rede social dele mesmo, quer dizer, nem é o canal oficial da Casa Branca.
04:01Ele posta uma carta endereçada a um outro chefe de Estado,
04:04primeiro publicamente e depois ele manda ali pelos canais diplomáticos
04:09para chegar na mesa do presidente a qual a carta é endereçada.
04:12Isso para dizer o mínimo.
04:14Agora, trazendo a nossa discussão aí para o lado econômico ainda,
04:19o Brasil, por ser um país de perfil de exportações de commodities,
04:25ou seja, a gente alimenta muito a indústria de transformação dos Estados Unidos,
04:29abastecemos proteína de carne, perdão, proteína animal, carne, frango, café, derivados de petróleo.
04:38Isso para nós funciona como uma barganha nessa mesa de negociação.
04:44Nós temos essa vantagem de, olha, atenção Estados Unidos, nós alimentamos a sua indústria,
04:51então vamos negociar.
04:53Ou os Estados Unidos têm uma porta paralela, podem comprar esses produtos de outros parceiros.
04:59Claro que há outros parceiros.
05:01É que o nosso real é um sexto do valor do dólar, é muito mais vantajoso.
05:09Mas quais seriam os nossos pontos de barganha?
05:13Pois é, Favali, o Brasil tem em torno de 60%, 65% das exportações direcionadas para os Estados Unidos
05:24que correspondem a commodities.
05:27Então, temos aí produtos básicos direcionados para aquele mercado.
05:30Esse volume de produtos que nós temos direcionados para aquele mercado pode ser que sejam produtos afetados diretamente,
05:39que são esses que você acabou de mencionar, como proteínas animais, as carnes, o complexo de carnes,
05:46que são carne de frango, suína, bovina, os produtos florestais principalmente, café, suco de laranja.
05:53O que acontece é o seguinte, o Brasil se coloca numa posição, nesse momento, em que precisa decidir
06:00se vai avante com uma ideia de retaliação ou se fica na mesa de negociação para tentar fazer uma barganha.
06:08O nosso poder de barganha não é tão grande quanto parece.
06:13Nós temos que levar em consideração isso.
06:14Nós vimos o caso da China com os Estados Unidos recentemente.
06:17E o poder de barganha do Brasil está calcado naquilo que nós representamos para eles
06:23e naquilo que eles representam para nós.
06:25Ou seja, os Estados Unidos, para nós, excetuando-se a União Europeia como bloco,
06:31eles estão ali em segundo lugar como maior parceiro comercial.
06:35Então, eles têm uma importância imensa na nossa balança comercial.
06:38Isso nos afetaria duramente.
06:40Ao contrário, nós estamos apenas no décimo segundo lugar em termos de parceiro comercial dos Estados Unidos.
06:46Então, para eles, o peso de uma retaliação nossa não é muito efetivo.
06:51Então, retaliar é algo bastante perigoso nesse momento.
06:56Apesar de que nós temos uma lei específica para retaliação econômica,
07:03essa possibilidade deveria ser deixada de lado a contento
07:06e para que se pudesse pensar imediatamente na aplicação de negociações
07:13para que a mesa de negociação possa trazer os melhores resultados possíveis.
07:16Claro.
07:18Professor Sete, a gente olhando agora para dentro dos Estados Unidos,
07:23em que ponto que esse tarifaço para o Brasil, 50%,
07:28para outros, estavam flutuando entre 20% e 40%, 10% em alguns casos.
07:34Isso pode ser um tiro pela culatra, um tiro no pé do próprio presidente Donald Trump,
07:40pensando na economia interna.
07:42Porque desde quando a gente começou a falar em tarifaço, ainda na campanha,
07:46depois que ele toma posse no tal dia da libertação, no dia 2 de abril,
07:51já começaram os cálculos dos produtos, dos mais variados,
07:54que vão ficar mais caros para o consumidor americano.
07:58Agora, a tendência é que eles fiquem ainda mais caros olhando o Brasil.
08:02Tudo bem que nós estamos lá na 12ª posição de fornecimento para os Estados Unidos,
08:08mas vai afetar essa classe média, o americano médio.
08:12Isso não pode ser um tiro no pé do Donald Trump?
08:14Olha, de início, o que aconteceu foi uma perspectiva de que se houvesse um pico inflacionário logo de cara.
08:25Isso não ocorreu.
08:26Tanto que o Federal Reserve atrasou as suas decisões.
08:30Suas decisões, nós vimos, as decisões foram um pouco calcadas
08:35numa melhor análise ao longo do tempo sobre taxas de juros a aplicar,
08:39em função exatamente dessa expectativa que não se concretiza num primeiro momento.
08:45Evidentemente, que hoje, por exemplo, foram liberadas cartas para outros países,
08:51assim como foi para o Brasil, mas com tarifas menores, mas mesmo assim muito altas.
08:55Como, por exemplo, para as Filipinas, para Brunei, para o Iraque, para a Líbia,
09:00tarifas que variam de 20% a 30%.
09:02São tarifas bastante altas ali e que certamente contribuirão
09:07com essas tarifas aplicadas ao Brasil de 50% para aumentar o custo dos produtos importados
09:13para o mercado norte-americano.
09:15Ao longo do tempo, muito provavelmente, nos meses subsequentes,
09:19haverá um impacto inflacionário nessa história
09:22e isso deve afetar as decisões do Federal Reserve sobre taxa de juros futuramente.
09:28Mas isso também chega para a mesa do consumidor norte-americano,
09:32na medida que nós exportamos certas commodities para os Estados Unidos,
09:36como café, como suco de laranja, próprio açúcar, por exemplo.
09:42Então, deve haver um atingimento ali de preços um pouco maiores,
09:46mas ao mesmo tempo, se nós exportamos em torno de 60%, 65% de commodities,
09:53nós exportamos também, embora não em volume muito elevado,
09:56tanto quanto em outros países, mas nós exportamos, então,
09:59em torno de 30% de produtos industrializados e semi-acabados para aquele mercado.
10:05Então, isso também deve afetar a produção norte-americana de outros produtos,
10:11incluindo as próprias terras raras aqui de que eu falava há pouco.
10:14Essas terras raras, o Brasil é o terceiro maior exportador para os Estados Unidos,
10:19elas têm um emprego extremamente valioso para a indústria norte-americana,
10:24que vai desde smartphones a turbinas eólicas, passando por motores elétricos,
10:29carros elétricos e indo até a indústria de defesa para caças F-35, por exemplo.
10:34Então, como havia feito a pergunta antes, esse é um bom instrumento de barganha?
10:39É, mas se a barganha não for feita, e se os Estados Unidos se mantiver redutível também na sua decisão,
10:45haverá certamente também o encarecimento dessa produção dentro dos Estados Unidos.
10:52Fábricas podem parar, isso não se dá exclusivamente por conta dos 50% do Brasil,
10:58mas por uma imposição tarifária elevada para outros países do mundo.
11:02E isso realmente afeta a economia norte-americana, não apenas com inflação,
11:07mas com um subsequente risco de redução de crescimento econômico e até de demissões.
11:15Bom, professor, diante dessas suas premissas, dá para a gente ter uma conclusão momentânea.
11:21Voltamos a um compasso de espera, né?
11:24Vamos ver o que vai acontecer.
11:25Queria agradecer a conversa que eu tive com Márcio Sete Fortes, economista, professor do IBMEC,
11:32a quem eu espero recebê-lo em breve para a gente tentar desatar esse nóio.
11:36O que está por vir ainda?
11:38Professor Sete, obrigado, bom restinho de semana.
11:41Até a próxima.
11:41Tchau.
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