Joseph Couri, presidente do Sindicato da Micro e Pequena Indústria do Estado de São Paulo, analisou no Money Times Brasil os impactos do tarifaço dos EUA sobre as micro e pequenas empresas brasileiras. Ele alertou para cancelamentos de pedidos, demissões, férias coletivas e rupturas contratuais. Defendeu negociações entre empresas e governos para evitar perdas em cadeia.
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00:00E o tarifato de Donald Trump não vai afetar apenas as grandes corporações, micro e pequenas empresas também podem enfrentar um ciclo de efeitos em cadeia,
00:09que pode ir desde aumento de preços até a antecipação de férias, demissões, cancelamentos de pedidos e ruptura de contratos internacionais do setor,
00:18de acordo com o sindicato da micro e pequena indústria do estado de São Paulo.
00:22A gente vai entender melhor esses impactos numa conversa agora ao vivo aqui no estúdio do Money Times com o Joseph Curi,
00:27que é presidente do SINP Nacional. Tudo bem? Seja muito bem-vindo ao Money Times.
00:31E o prazer receber o senhor aqui.
00:33Prazer é nosso. Obrigado.
00:34Felipe Machado, nosso analista, participa também da conversa.
00:38Tudo bem.
00:39Momento complicado, né, Dio?
00:41Extremamente complicado. O que nós temos agora, nós temos em torno de 45% do valor diretamente exportado resolvido.
00:5455% com grandes problemas.
00:57Só que isso é exportação direta.
01:00O resolvido, o senhor fala, é aquela lista das exceções.
01:02Aquela lista de 695 itens com tarifa zero.
01:0855% não estão lá.
01:10Bom, agora o que nós temos?
01:12Três cenários.
01:14Nós temos aqueles que estão tendo cancelamento do pedido direto.
01:18Nós temos aqueles que estão conseguindo renegociar, onde o exportador absorve um pedaço da tarifa e o importador outro pedaço.
01:27E nós temos o terceiro cenário, onde não tem alternativa.
01:31São raras as condições, mas eles pagam a tarifa cheia.
01:34Mas no grande cenário, os micro, pequenos detentores de empresas são os mais prejudicados.
01:43Aqui e nos Estados Unidos.
01:45As empresas americanas, os pequenos negócios, small business, estão reclamando fortemente em relação a esse cenário.
01:55E aí você tem cancelamentos de pedidos que outros países já estão aceitando.
02:01Por exemplo, mel, por exemplo, geléias que os Estados Unidos cancelou e a Holanda comprou.
02:07Café que os Estados Unidos credenciou à China, abriu 183 fornecedores.
02:12Ou seja, é um cenário que só tem perde e perde.
02:16E o cenário que nós queremos construir é o ganha-ganha.
02:19Como? Através da negociação.
02:22Da negociação inteligente, da negociação entre o presidente Donald Trump e o presidente Lula.
02:30E só para lembrar uma única frase, que era do Ulisses Guimarães.
02:35Que dizia que não deve haver nenhuma reunião se não estiver acertado nos bastidores.
02:41E é isso que nós acreditamos que está ocorrendo, não é a crença, é a confirmação que está acontecendo com o doutor Geraldo Alckmin, com o ministro Haddad e todas as autoridades dos Estados Unidos.
02:57Que estão conversando, ainda não negociando, mas conversando para abrir uma possível negociação para que os presidentes possam sentar e conversar.
03:09As portas não estão fechadas nesse momento?
03:11Não, nesse momento não existe, no nosso conhecimento, uma negociação aberta.
03:18Existem conversas, vamos dizer, formais e informais.
03:23São pessoas que podem negociar, mas que não estão autorizados a negociar.
03:30Mas o simples diálogo já é um passo.
03:32E o mais importante, eu acho que o presidente Donald Trump deu uma clara sinalização com esses 695 itens que ele colocou tarifa a zero,
03:44que ele realmente está disposto a acabar com essa briga.
03:48Mas são dois presidentes, duas nações, centenas de milhões de pessoas que ambos representam, que precisam se conversar.
03:58Acredito que é questão de tempo.
04:00O diálogo vencerá, tenho certeza.
04:03Tomara.
04:04Felipe, sua pergunta agora.
04:05Boa tarde, Joseph.
04:06Gostei dessa sua postura otimista.
04:07Vamos torcer, sim.
04:09Eu queria que o senhor falasse um pouquinho em relação a esses itens que foram isentados, que foram isentos, desculpa.
04:15A gente teve lá quase 700, a maioria deles ligada principalmente à indústria de aeronaves,
04:21muitos ligados a peças, pequenas peças ali que fazem ligação em relação com a Embraer.
04:27Mas eu queria que o senhor falasse o seguinte.
04:29Essa lista de isentos, ela teve um lobby muito forte de empresas americanas também, do setor lá nos Estados Unidos, pedindo essa isenção.
04:36O que a parte aqui, o que aqui no Brasil as pequenas e médias empresas podem fazer para tentar acelerar ou incluir outros produtos nessa lista?
04:43Existem três cenários que nós estamos orientando.
04:46Primeiro, quando você fechou um pedido nos Estados Unidos com o seu cliente, ele acreditou em você e você acreditou nele.
04:55Converse com ele, coloque a situação na mesa, negocie.
05:00Ele acredita em você, você acredita.
05:02E o cenário não está restrito em quatro paredes, é um cenário de duas nações que estão com problema para ser resolvido.
05:11Esse é o primeiro, primeira recomendação que a gente tem.
05:15A segunda é busque um plano B, tente vender para outros países, etc.
05:21Mas eu queria dizer que o problema não está exclusivamente nessas empresas exportadoras, mas em toda a cadeia produtiva dos grandes negócios e de outros,
05:33porque são fornecedores, subfornecedores, fornecedores de componentes, peças, serviços, etc.
05:40Então, uma cadeia gigantesca que está sendo colocada.
05:44Como a Natália muito bem colocou, existem empresas entrando em férias coletivas, empresas demitindo, empresas aguardando,
05:54algumas esperando.
05:56São pequenos investimentos, mas milhões deles aguardando para saber o que vai acontecer.
06:01Justiça tem que ser feita.
06:03O sistema financeiro está numa encruzilhada.
06:07Por quê?
06:07Dependendo de quanto essa empresa tem exportação no seu faturamento, o sistema financeiro, o banco, de uma forma geral,
06:17não sabe se vai continuar suportando essa empresa emprestando dinheiro, se ela vai receber de volta,
06:23porque não sabe o impacto disso.
06:24Então, o crédito vai ficar mais difícil, além da dificuldade normal, na expectativa de uma solução.
06:32E que é justo que o banco faça isso, porque ele tem que remunerar também quem investiu o dinheiro.
06:38Então, é um quebra-cabeça um pouco maior e bem mais extenso do que só aquela lista de produtos.
06:47Mas, sim, toda a cadeia produtiva e a geração de emprego nos dois países, nos Estados Unidos e no Brasil.
06:55Por isso que eu acredito no equilíbrio do bom senso.
06:59O diálogo vencerá.
07:00Se Deus quiser.
07:02Se Deus quiser.
07:03A gente tem que se apegar a qualquer sinal de outilismo.
07:05Trabalhando e torcendo.
07:07É isso.
07:07E, seu Joseph, o senhor mencionou aqui alguns setores, mencionou mel, geleias.
07:13O que mais a gente está falando quando a gente olha para setores de indústria de pequeno porte?
07:19E, normalmente, os pequenos daqui exportam para os pequenos de lá?
07:23Sim, sim.
07:23É assim, né?
07:24Na maioria das vezes, é o pequeno com o pequeno.
07:28Mas não impede que o pequeno para médio exporte para grandes corporações nos Estados Unidos.
07:36Agora, tem um exemplo que eu acho muito bonito.
07:40Chocolate da Amazônia.
07:41Chocolate artesanal.
07:44Eles fizeram a negociação com o cliente nos Estados Unidos, onde eles absorveram parte
07:50dessa tarifa e o americano absorveu parte da tarifa.
07:54Vamos rachar esse prejuízo aí?
07:56Isso, foi isso.
07:57Foi uma negociação entre fornecedor e comprador.
08:03E é isso que nós temos que incentivar.
08:06Esse diálogo que nós temos que lembrar que, quando esse pedido foi colocado, foi entre
08:12as partes.
08:13E é um processo longo.
08:16Você não entra no mercado internacional em um mês.
08:19É um processo de um ano, dois anos, três anos, que é extremamente caro.
08:23Você tem que credenciar esses produtos.
08:26Você tem que mostrar que o produto vale.
08:28Tem que estar de acordo com as normas internacionais exigidas pelos Estados Unidos.
08:33Tem todo um processo de creditação, de logística, etc.
08:37Trocar o fornecedor ou o importador é extremamente oneroso e custoso.
08:42Por isso, mais uma vez, o bom senso vai permanecer.
08:45Inclusive, então, para quem está comprando de lá, não é de uma hora para outra que
08:48arruma outro fornecedor.
08:49Via de regra é o que nós esperamos, que o bom senso possa e o bolso também, para
08:56ele não jogar dinheiro fora à tona.
08:59Ninguém queima dinheiro a não ser quando é necessário.
09:02Mas não é o caso em pauta, felizmente.
09:05Felipe, mais uma sua.
09:06Senhor Joseph, pelo que o senhor fala nessa questão, essa sugestão de estratégia, de
09:11negociar entre as partes, me parece muito que o senhor está estimulando a conversa entre
09:16as partes que estão negociando mesmo, empresas, e está excluindo um pouquinho a questão do
09:21governo.
09:21Dá para resolver toda essa questão sem o governo participar, quer dizer, apenas entre
09:26as empresas que exportam e que importam nos Estados Unidos e no Brasil?
09:29Eu acredito que não.
09:30Eu acredito que um pedaço pode ser resolvido entre as partes.
09:36E, como eu disse, se a gente for fatiando o problema, está excelente.
09:41Mas é indiscutível o papel do presidente Trump, o papel do presidente Lula e, claro,
09:47de toda a equipe governamental dos dois países.
09:51Sem essa regulação internacional, nós temos um problema que está colocado.
09:57E as consequências já estão aí.
09:59Empresas e férias coletivas, demissões, suspensão de investimentos, etc.
10:04Só um pequeno exemplo.
10:07A área da agricultura, a área do plantio em setembro.
10:13Nós estamos agora em agosto.
10:16Tem muita gente que está suspendendo investimento aguardando.
10:19O que vai afetar uma colete?
10:22Que afeta toda a indústria, afeta toda a logística, afeta e afeta o suprimento alimentar
10:29mais embaixo.
10:30Mas, como eu disse, nós somos otimistas e esperamos que essa solução seja resolvido
10:38de uma forma harmônica no mês de agosto.
10:41É isso.
10:42Joseph Curi, presidente do SINP Nacional.
10:44Quero agradecer muito a participação, a presença do senhor aqui.
10:47E tendo novidades, espero que boas notícias.
10:50Volta para compartilhar aqui com a nossa audiência, por favor.
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