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O governo federal lançou o plano Brasil Soberano para socorrer exportadores brasileiros após tarifas de Trump de até 50%. O pacote inclui R$ 9,5 bilhões em apoio, postergação de tributos, compra de produtos perecíveis e incentivo à diversificação de mercados. Em entrevista ao Real Time, a economista e professora da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Carla Beni, analisou impactos e medidas.

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Transcrição
00:00Maravilha, Rodrigo Loureiro, a gente vai continuar falando sobre esse plano de contingenciamento
00:04porque economistas, analistas e exportadores se debruçam sobre este pacote aí de socorro,
00:11dos efeitos do tarifácio de socorro aos exportadores brasileiros
00:16depois dessa tarifa de Donald Trump de 50% a maior parte dos produtos brasileiros.
00:21Nós vamos conversar sobre o Plano Brasil Soberano com a Carla Beni,
00:25ela é economista e professora da FGV.
00:27Oi, professora Carla, muito bom dia para você, seja muito bem-vinda, tudo bem?
00:32Bom dia, Eric, um prazer estar aqui com vocês, viu?
00:35O prazer é todo nosso.
00:37Professora Carla Beni, você tem um impacto aí no resultado primário, estimado pelo governo, de 9 bilhões e meio de reais.
00:46Então a gente tem aqui dados, o valor contempla 4 bilhões e meio do Fundo Garantidor e mais 5 bilhões do Reintegra.
00:53O governo federal, ele quer tirar isso de gastos, né?
00:57Ah, não vai ser gasto, isso não vai afetar o fiscal.
01:01Mas, na verdade, deveria prever, né?
01:04Porque o arcabouço fiscal, ele prevê, por exemplo, situações extraordinárias.
01:09E você poderia, por exemplo, contemplar situações como essa.
01:13Porque pode criar também, assim, você dá uma ajuda para os exportadores,
01:16como a gente disse no início aqui do Real Time, ajuda é necessária e urgente,
01:20mas teve que fechar os olhos para o fiscal.
01:22Isso pode comprometer, por exemplo, o fechamento de contas, né?
01:27Há um incremento de gastos, não é isso, professora?
01:31Olha, essa questão, ela é muito interessante,
01:33porque aqui a gente tem alguns ajustes que podem ser contábeis, fiscais e aí políticos, digamos assim, né?
01:42Então, se você conseguir um crédito suplementar, isso daí ficaria de fora, é uma possibilidade.
01:50Outra possibilidade é você deixar esse valor dentro do arcabouço fiscal
01:56e pode até correr o risco de usar aquele limite superior de meio
02:02e, por exemplo, chegar a 0,6, por exemplo, há essa possibilidade.
02:06Tudo vai depender, primeiro, das decisões tomadas,
02:11essa medida provisória vai passar pelo Senado agora,
02:15mas vai depender do quanto que, de fato, aquilo foi usado,
02:20porque o cálculo que a gente está aqui conversando
02:22é o que a gente chama lá do limite da curva, né?
02:25Imaginando que todas as linhas possíveis sejam usadas na totalidade
02:31e, muitas vezes, não acontece isso necessariamente.
02:36Professor, e quais são os pontos positivos, assim, desse pacote?
02:39É suficiente para compensar os exportadores brasileiros afetados por essa taxa de Donald Trump?
02:46Essa, eu achei o pacote muito bem feito, muito bem delineado,
02:50no sentido de que ele, primeiro, chamou o país pelo próprio nome, né?
02:56O conceito Brasil soberano é um pleonasmo, né?
03:00Porque o Brasil é um país soberano, mas o uso desse nome eu achei interessante
03:05porque ele chama o Brasil todo a uma certa união em relação a isso.
03:11O pacote, ele contempla e há uma preocupação clara com o pequeno, médio,
03:17como você muito bem falou junto com o Rodrigo.
03:20Então, há toda uma preocupação com o pequeno e o médio,
03:23porque nós temos produtores, por exemplo, temos produtores de mel no Brasil
03:27que destinam, basicamente, quase que toda a sua produção para exportação
03:31que já sai daqui rotulado em inglês, digamos assim.
03:34Então, há essa preocupação.
03:37E outras medidas com relação à postergação de impostos e tudo,
03:41achei que o pacote ficou muito bem feito nesse sentido
03:45de procurar várias empresas de tamanhos diferentes, digamos assim,
03:52e uma medida que eu achei bem interessante que é amarrar com a questão do emprego.
03:58Porque o setor produtivo, as empresas, elas usam a bandeira do emprego
04:03como uma certa chantagem.
04:05Olha, vai ter desemprego.
04:07Olha, a gente vai demitir.
04:09E no final das contas, você absorve os benefícios,
04:12como foi feito lá atrás com redução de carga tributária em folha de pagamentos,
04:17uma série de coisas, e você não consegue quantificar os postos de trabalho depois.
04:22Então, eu acho que isso é muito importante.
04:24Do momento em que o governo oferta uma ajuda, ele precisa de uma contrapartida.
04:30Professor, alguns analistas também dizem que esse plano de socorro
04:35deveria ser complementado com algumas outras medidas, por exemplo, do Banco Central,
04:42como corte de juros.
04:43A avaliação é que os juros só devem começar a cair a partir de 2026.
04:48Porém, poderia abrir espaço para uma redução da Selic ainda este ano,
04:53dependendo do que aconteça com os exportadores, com a inflação brasileira,
04:59ficando talvez um pouco mais de produtos dentro do mercado doméstico.
05:04Pode ser que a inflação tire um pouquinho a pressão sobre a inflação.
05:08A senhora também corrobora com essa análise de que uma medida paralela do Banco Central
05:14poderia também fortalecer o mercado, fortalecer as empresas e as indústrias?
05:20Sim, não só eu, como uma quantidade muito grande de economistas.
05:25O Conselho Regional de Economia de São Paulo tem publicado matérias justamente
05:29chamando a sociedade para esse debate com relação ao efeito deletério da nossa taxa real de juros,
05:36que passa de 9%, que afeta justamente o setor produtivo,
05:41que é isso que a gente está vendo aqui no vídeo agora.
05:44Então, é muito importante que a gente coloque na balança o peso correto
05:49de ter hoje um IPCA, por exemplo, que está acumulado no ano em 3,26,
05:57saiu agora ontem o resultado acumulado do ano.
06:00Então, mesmo que a gente tenha uma inflação que fecha o ano a 5, por exemplo,
06:05trabalhar a 15 de Selic é literalmente uma faca no pescoço do setor produtivo.
06:13E professora, a senhora acha, por exemplo, que o impacto para os exportadores brasileiros,
06:20já vou colocar com as medidas anunciadas ontem, com essa assinatura da medida provisória,
06:24o exportador brasileiro vai ter muito impacto ou ele vai conseguir com a medida provisória
06:29em busca de outros mercados, ele consiga driblar e até ficar menos dependente
06:35do mercado norte-americano a médio e longo prazo?
06:39Eu acho que esse ponto, seu final, é o mais importante de todos.
06:43O que nós estamos observando é a instabilidade do governo Trump
06:48está acelerando um processo onde o Brasil vai depender cada vez menos do mercado americano.
06:55Já depende menos.
06:57Mas, na fala do próprio presidente Lula, já são 400 contratos,
07:02na verdade, 400 acordos, aberturas de mercado desde o início do novo governo.
07:09Então, isso é muito importante, porque quando você abre mercado pelos governos,
07:14pelos encontros entre países, a rapidificação do processo é visível,
07:21você diminui a questão burocrática e os entraves, eles ficam muito menores.
07:27Então, quanto mais mercados nós temos, nós abrimos mercado de carne agora,
07:32recentemente, para o México, até com a venda de ossos para a produção de colágeno,
07:38abrimos mercado de carne para o Vietnã.
07:40Então, esse daí é algo muito importante, essa é a grande mudança que a gente vai ter.
07:48Por quê?
07:48Porque essas medidas que foram tomadas agora são para o problema do momento.
07:54Só que nós já temos sabido que tudo que a gente está vivendo
07:59são só sete meses de governo Trump.
08:01Já imaginou isso por quatro anos inteiros?
08:04Então, assim, isso que o governo Trump determinou agora, com as tarifas, a lista e tudo, amanhã muda.
08:11Então, o Brasil precisa, sim, de uma linha de planejamento
08:16que possa até ser estendida com ajustes fiscais ou não, que é o que a gente está discutindo.
08:22Mas a questão central é, não se pode mais confiar naquilo que o governo americano fala.
08:29Então, o produtor brasileiro, o exportador, ele, sim, precisa buscar novos mercados.
08:36E é tão fácil assim como a gente fala, por exemplo, a senhora falou do mel, que já sai o rótulo em inglês.
08:43Outros mercados, por exemplo, como o asiático, teria que ser em outra língua, esse rótulo.
08:47Se a gente também colocar, por exemplo, para mercados do continente africano,
08:54também o rótulo deveria ser diferente.
08:56Não daria para repassar, talvez em parte, esse produto já feito para o mercado norte-americano
09:02para outros players.
09:04É fácil reajustar ou tão fácil quanto a gente imagina ou não é bem assim?
09:10Não, ele não tem essa facilidade.
09:12Por isso que você precisa de ajustes pontuais para o curto prazo.
09:15Então, a compra governamental é fundamental.
09:19Então, você comprar esse mel e ele pode ser usado para a saúde, para a educação,
09:25ou seja, escolas, hospitais e até para o sistema carcerário, por exemplo,
09:29é algo muito importante porque o governo, ele tem uma capacidade de compra governamental
09:35que vai, de fato, ajudar isso no curto prazo.
09:39E depois, o próprio governo abrindo os novos mercados, os entraves caem.
09:44Logicamente, Eric, cada segmento tem o seu tempo, cada produtor tem uma forma e um tempo
09:53para agir.
09:54Por isso que precisa ser acompanhado ao longo do tempo.
09:58Algumas empresas vão sentir mais do que outras, mas sob a ótica macroeconômica para tudo,
10:05esse é, digamos assim, uma rota, um caminho a se seguir.
10:10E por isso que o curto prazo é muito importante porque o mel está lá, está, digamos assim,
10:16acondicionado.
10:17Antes de invasar, ele pode ser vendido para o município.
10:21Então, aqui só faria esse complemento.
10:24São três óticas, federal, estadual e municipal.
10:28O que o município pode fazer por esse produtor, o que o Estado pode fazer por esse produtor
10:33e o que a União pode fazer por esse produtor.
10:36Carla Beni, economista e professora da FGV, é um prazer tê-la aqui.
10:40Sempre bom ter o seu olhar, principalmente neste momento que a gente está esperando a
10:45resposta agora dessa medida provisória e como que a indústria, as empresas exportadoras
10:50vão trabalhar a partir deste pacote de socorro.
10:54Obrigado mais uma vez pela sua participação aqui no Real Time e uma ótima quinta-feira.
10:58Obrigada, ótimo dia a todos.
11:01Até a próxima.
11:02Até.
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