Pular para o playerIr para o conteúdo principal
Gustavo Loyola, ex-presidente do Banco Central, analisa a decisão do Copom de elevar a Selic em 0,25%. Nesta entrevista exclusiva, ele explica as possíveis razões por trás da medida, o impacto nas expectativas inflacionárias e os prazos para retorno da meta de 3%.

🚨Inscreva-se no canal e ative o sininho para receber todo o nosso conteúdo!

Siga o Times Brasil nas redes sociais: @otimesbrasil

📌 ONDE ASSISTIR AO MAIOR CANAL DE NEGÓCIOS DO MUNDO NO BRASIL:

🔷 Canal 562 ClaroTV+ | Canal 562 Sky | Canal 592 Vivo | Canal 187 Oi | Operadoras regionais

🔷 TV SINAL ABERTO: parabólicas canal 562

🔷 ONLINE: https://timesbrasil.com.br | YouTube

🔷 FAST Channels: Samsung TV Plus, LG Channels, TCL Channels, Pluto TV, Roku, Soul TV, Zapping | Novos Streamings

#CNBCNoBrasil
#JornalismoDeNegócios
#TimesBrasil

Categoria

🗞
Notícias
Transcrição
00:00Bom, sobre essa super quarta, a gente conversa agora com o economista Gustavo Loyola, que já foi presidente do Banco Central.
00:06Loyola, boa noite. Obrigada por aceitar o nosso convite.
00:09Bom, diferente das últimas reuniões, para essa, havia uma expectativa maior quanto a decisão do Copom.
00:16Então, primeiro, eu queria saber o que você achou. Você estava apostando na manutenção ou na alta?
00:22E qual a sua avaliação sobre as justificativas apresentadas nesse comunicado que saiu hoje?
00:27Bom, boa noite. Eu estava esperando a manutenção dos juros.
00:34Na minha visão, os últimos dados de inflação, da taxa de câmbio, enfim, os próprios dados da atividade econômica e tal,
00:48mostrando uma certa desaceleração.
00:51Então, para mim, esses indicadores dariam respaldo a uma atitude do Banco Central de parar agora a na alta e esperar, né?
01:06Para ver os efeitos da política monetária.
01:10A política monetária, como você sabe, ela tem efeitos defasados, né?
01:15E o Banco Central já vem subindo os juros há muito tempo.
01:19Então, eu achava que seria o momento do Banco Central entrar nessa fase de espera.
01:24Mas o Banco Central não entendeu assim.
01:26Alega que as expectativas de inflação estão ainda acima da meta, mas reconhece que aumentaram os riscos tanto inflacionários quanto desinflacionários.
01:44Então, a situação está um pouco mais nebulosa, mas mesmo assim o Banco Central subiu os juros e agora sim,
01:55sinalizou que vai, a partir de agora, esperar para ver quais são os desdobramentos da situação internacional,
02:07que é também bastante, vamos dizer assim, imprevisível, né?
02:13Como a gente viu o próprio presidente do FED mencionar.
02:18E aqui no Brasil também alguns desdobramentos da questão fiscal, por exemplo, dessa pauta do Congresso,
02:27enfim, o próprio comportamento da inflação, enfim.
02:29Acho que o Banco Central, quer dizer, embora não estivesse na minha previsão, acho que ele não agiu de maneira errada, não.
02:38Acho que é uma decisão conservadora, mas acredito justificável também.
02:44É, quer dizer, embora a princípio você tenha imaginado que eles deveriam manter os juros com a justificativa que eles deram,
02:52com o que a gente já sabe do comunicado, claro que os detalhes a gente sabe que só na semana que vem.
02:58Mas se justifica o movimento de hoje? É isso?
03:02É isso. Eu acho que o Banco Central está preocupado muito com a questão do risco da desancoragem das expectativas, né?
03:12Então, as expectativas de inflação para o futuro estão acima da meta, inclusive acima do próprio teto da banda da meta, né?
03:25E isso preocupa o Banco Central.
03:27Então, acho que o Banco Central está buscando ancorar essas expectativas,
03:32reforçando a sua credibilidade, né?
03:37A credibilidade na política monetária e na, vamos dizer assim, na persistência do Banco Central
03:47nessa política de buscar que a inflação, de fato, volte para a meta de 3% num horizonte relativamente curto, né?
03:59O que é que você chama de um horizonte relativamente curto?
04:02Você imagina que volte a 3% quando?
04:04Eu acredito que isso não se dará antes de 2027, né?
04:11Talvez final de 2026, 2027.
04:14Por isso que eu falei relativamente curto, não é tão curto assim.
04:19Acho que a inflação, ela é um pouco assimétrica, né?
04:24Assim, eu acho que ela é mais fácil ela subir do que ela cair a partir de um determinado patamar.
04:33Isso porque existem mecanismos de indexação ainda muito fortes presentes na economia brasileira.
04:42Há uma certa inércia inflacionária ainda e por isso que o processo desinflacionário é mais lento.
04:50Além disso, várias ações do governo, fiscais e parafiscais, na área de crédito e tal,
04:58têm enfraquecido um pouco a política monetária aqui no Brasil, né?
05:03Então, isso também é outro fator que diminui, vamos dizer, o impacto das altas de juros, né?
05:13Vamos passar para a pergunta dos nossos analistas, começando pelo Vinícius Torres Freire.
05:17Vinícius, por favor.
05:18Gustavo Loiola, esse comunicado do BC, além dessa alta de 25 ponto percentual,
05:25que não era consenso entre economistas, embora fosse um pouco mais crível para o pessoal que estava operando contratos,
05:33além dessa alta de 0,25, o BC foi especialmente duro na linguagem.
05:38Falou em período bastante prolongado de manutenção na Selic em nível contracionista,
05:44enfatizou isso, repetiu, disse que não hesitará em aumentar juros, causos necessários,
05:51se as coisas saírem do previsto, que é uma ameaça retórica, mas ele fez questão de colocar.
05:57Então, ele está tentando fazer duas coisas, baixar o quanto antes as expectativas inflacionárias
06:01e evitar que as taxas de mais longas comecem ou continuem a cair no mercado.
06:06Você acha que vai ajudar, pelo menos, a diminuir a expectativa inflacionária mais cedo?
06:10Porque elas estão estacionadas para a 2026 em 4,5 faz muito tempo.
06:15Eu acho que esse é o objetivo do Banco Central.
06:20Ele enfatizou, muito mais do que nos comunicados anteriores,
06:28a ideia de que esse período de política monetária contracionista é prolongado.
06:36Então, embora a pesquisa Fox indique que o mercado já captou essa ideia,
06:46não tem uma projeção de queda da Selic tão imediata,
06:50acho que o Banco Central quer realmente sair desse risco
06:55de que o mercado comece a derrubar as caixas de juros de longo prazo,
07:00numa hipótese do Banco Central parar de subir os juros que deve ocorrer na próxima reunião do COPOL.
07:09Ou seja, é uma espécie de troca entre uma ação de subir os juros de curto prazo
07:16por uma retórica mais agressiva para evitar que essa parada seja entendida
07:26como um indício de afrouxamento da política monetária.
07:32Acho que, no fundo, o Banco Central não quer que o mercado faça essa leitura.
07:37Eu já vou passar para o Alberto, mas eu queria pegar algo que você trouxe agora para a gente,
07:41Loyola, que você falou exatamente do boletim Focus,
07:43que projeta 14,75% no fim desse ano.
07:48Se isso se concretizar, em que momento que deve haver essa queda?
07:51Bom, o que o mercado estava projetando era que os juros não aumentariam agora
08:01e ficariam constantes até o final do ano.
08:04Eu acredito que, a partir da decisão de hoje, a Fox vai migrar para 15% no final do ano.
08:15Ou seja, não há expectativa praticamente de ninguém de que o Banco Central possa derrubar os juros esse ano.
08:24Então, eu acho que, vamos dizer assim, mantém-se a mesma lógica,
08:29a lógica que é a de manutenção dos juros inalterada até o final do ano.
08:34O que aconteceu é que o Banco Central, vamos dizer assim, atrasou um pouco a parada nesse processo de elevação dos juros.
08:46Já para o ano que vem, existe um pouco mais de divisão de expectativas.
08:52Alguns analistas acreditam que, eventualmente, no segundo semestre, o Banco Central pode ter algum espaço
09:00para redução de juros, mas não é uma redução muito substancial.
09:08Outra parte do mercado acredita bem nisso.
09:11Eu, pessoalmente, acho que talvez haja, sim, algum espaço para queda de juros,
09:19pelo menos no último trimestre do ano que vem.
09:24Mas isso vai depender, obviamente, de uma série de variáveis,
09:29muitas das quais estão totalmente fora do controle do Banco Central brasileiro.
09:35Alberto.
09:36Gustavo, de um lado, a gente vê o governo gastando e ele busca aumentar a cobrança de impostos.
09:45Do outro lado, a gente está vendo agora o Banco Central aumentando a taxa de juros.
09:49Quem está no meio, a economia e a sociedade brasileira, somos vítimas desse embate?
09:59Bom, de certa forma, sim.
10:03Porque, na realidade, a política monetária, quer dizer, os juros, vamos dizer assim,
10:09que são o instrumento do Banco Central, eles são como um remédio, um remédio amargo
10:14e que causa muitos efeitos colaterais.
10:20Não é... Existe um custo para derrubar a inflação.
10:23Por isso que o ideal é não deixar a inflação subir, né?
10:28É ser preventivo.
10:30Por outro lado, a política fiscal,
10:34embora o governo esteja agora tentando aumentar os juros e tal,
10:38ela tem sido bastante frouxa, a política fiscal.
10:41Se a gente olhar os resultados primários, o resultado primário do governo,
10:48a gente vê que houve uma piora e só não foi pior ainda
10:54porque o governo conseguiu algumas receitas extraordinárias,
10:58conseguiu adiar algumas despesas e tal.
11:02Mas esse tipo de situação está no limite,
11:06tanto que o governo teve que fazer aí às pressas esse pacote de aumento de impostos,
11:15primeiro do EOF, politicamente foi bombardeado,
11:19depois refez a proposta de aumento de impostos,
11:26mas o Congresso não está aceitando isso de maneira muito fácil.
11:31Então, acho que é o momento, talvez, ideal para que se comece a discutir também
11:40um corte de despesa.
11:42Eu acho que o ideal seria combinar um corte de despesa
11:46e como, eventualmente, um aumento de impostos, né?
11:51Mas só aumentar imposto é um negócio que está ficando complicado
11:55para a sociedade brasileira, considerando que você já tem uma carga tributária muito elevada.
12:03Claro que o nosso sistema tributário, ele não é justo,
12:10deve fazer algumas reformas,
12:15mas quando se fala em termos de carga tributária sobre a economia como um todo,
12:20de fato, o Brasil é um ponto fora da curva quando se compara com países
12:25do mesmo, com o mesmo grau de desenvolvimento em termos relativos.
12:33Gustavo Loyola, muito obrigada, prazer te receber,
12:36bom feriado para você, até a próxima.
12:39Até a próxima, bom feriado para todos.
12:41Obrigada.
12:42Obrigada.
12:47Obrigada.
12:48Obrigada.
Seja a primeira pessoa a comentar
Adicionar seu comentário

Recomendado