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O ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles explica a alta da Selic para 15% e os desafios da política fiscal brasileira. Em entrevista exclusiva para o Times Brasil – Licenciado Exclusivo CNBC, Meirelles apoiou a decisão da autoridade monetária, afirmando que “colocar a inflação na meta é a missão do Banco Central”. Vinicius Torres Freire e Alberto Ajzental participam da conversa.

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Transcrição
00:00A condução da política fiscal brasileira foi um dos elementos citados no comunicado de ontem
00:04do Comitê de Política Monetária do Banco Central, que elevou a taxa Selic a 15% ao ano.
00:10Sobre esse novo patamar dos juros, eu converso agora com o ex-ministro da Fazenda
00:14e também ex-presidente do Banco Central, Henrique Meirelles.
00:17Ministro, boa noite, seja bem-vindo.
00:20Boa noite, muito obrigado.
00:22Satisfação estar conversando com você e com os telespectadores
00:25sobre um momento muito importante da economia brasileira e da política monetária.
00:31Ministro, eu queria saber como é que o senhor avalia essa nova taxa de Selic de 15%?
00:36Se o senhor acha que o Banco Central acertou e se ela vai ser suficiente para segurar a inflação,
00:41as pressões que a gente está vendo aí?
00:44Olha, eu acho que o Banco Central tomou a decisão correta porque realmente
00:53a projeção de inflação está um pouco acima da meta, projetando a frente no chamado horizonte previsível
01:03e está no momento também um pouco acima da meta.
01:08E a missão do Banco Central é exatamente colocar a inflação na meta,
01:13porque meta existe para ser cumprida, atingida.
01:16Não é para estar mais ou menos perto dela.
01:22Então, o Banco Central tem esta missão e compete ao Conselho Monetário Nacional fixar a meta.
01:30No momento em que fixou a meta, o Banco Central deve cumprir aquela meta,
01:34como a projeção de inflação está acima da meta, o Banco Central tinha que realmente subir.
01:39Júlia Lindner.
01:40Boa noite, ministro.
01:45Qual que é a expectativa do senhor para os próximos movimentos do Banco Central?
01:49Tem muita expectativa, muitos palpites também sobre como deve ser a condução.
01:54Em que momento o senhor acha que vai ser possível a gente ver uma queda nessa taxa de juros?
01:58Olha, a previsão que o próprio Banco Central sinalizou é uma previsão de manutenção dessa taxa.
02:07Não há uma previsão, seja de aumento à frente, nem de diminuição no curto prazo.
02:12Evidentemente que a médio prazo, no momento em que a inflação começa a cair e as projeções estejam na meta,
02:25então o Banco Central, nesse momento, deve aí sim começar a cortar os juros.
02:31Esse é um ponto.
02:33Subir mais também, de acordo com todos os modelos, etc., não é necessário,
02:40a não ser que haja uma mudança muito grande em política fiscal, etc.,
02:45que não está no horizonte.
02:47Portanto, este é de fato o caminho e o Banco Central, portanto, está cumprindo a sua missão.
02:55Vinícius.
02:56Ministro, o BC não só levou os juros, que não vai fazer lá grande e tão efeito,
03:02mas fez uma comunicação dura dizendo que a permanência da Selic nesse nível vai ser bastante prolongada
03:12e, se bobear, pode até ter um aumentozinho.
03:15Mas é uma ameaça retórica.
03:17Agora, o BC estava tentando dar uma mensagem dura e estava tentando evitar que as taxas do mercado
03:22já começassem a cair com a ideia de que o ciclo de altas passou.
03:27Agora, o importante, antes de saber quando a gente vai ter queda,
03:30é saber quando a gente vai ter condições de que essa queda venha.
03:35E essa mensagem mais dura do BC pode, enfim, fazer com que as expectativas inflacionárias
03:40para 2026 e para 2027, agora que é o horizonte relevante,
03:44comecem a cair, porque elas estão paradas em 4,5 para 2026 faz muito tempo e congeladas.
03:50O BC só com essa mensagem consegue mudar alguma coisa, as expectativas, tudo mais constante?
03:57É exatamente o que o Banco Central teve como objetivo com essa comunicação mais dura.
04:08é exatamente mostrar a todos aqueles agentes econômicos que estão projetando a inflação
04:16nas suas empresas, nos bancos, para os seus clientes, etc.,
04:20mostrar que o Banco Central está disposto a trazer a inflação para a meta.
04:25Quer dizer, um pouco dessa projeção de inflação lá na frente acima da meta
04:31é exatamente porque sempre existiu, nos últimos tempos, uma dúvida.
04:37sobre até que ponto o Banco Central, na gestão do Gabriel Galipo,
04:43ele ia exatamente adotar todas as políticas necessárias para dominar a inflação,
04:49trazer para a meta, apesar de eventuais pressões do governo federal.
04:55E o que o Banco Central procurou demonstrar, não só com a subida do juros,
04:59mas com a comunicação, é que o Banco Central está tomando uma decisão de independência
05:06e que vai fazer o que for necessário para que essa inflação caia e esteja consistente com a meta.
05:16E vamos ver agora como é que os agentes econômicos vão começar a reagir a isso.
05:23Espera-se que reajam e que a expectativa de inflação caia.
05:28Caso isso não aconteça, o Banco Central vai ter que continuar com juros elevados
05:33até que isso aconteça.
05:34A Zental.
05:36Ministro, boa noite.
05:38A gente percebe que o governo está tendo uma certa dificuldade em relação a provar
05:44aquilo que deseja lá no Congresso.
05:47O Congresso tem se mostrado uma pedra no sapato do governo.
05:51Em que ponto isso não é culpa do próprio governo que se deixou chegar nessa situação tão fragilizada?
05:57Olha, é produto exatamente da relação do governo com o Congresso,
06:10da articulação política no Congresso,
06:15mas também em função das próprias ações do governo, etc.,
06:22que fizeram com que comece a existir uma resistência no Congresso ao governo.
06:29Ah, evidentemente que a parte mais relevante foi, inclusive, mencionada aí,
06:34pouco antes de nós começarmos aqui o nosso diálogo,
06:38que foi a questão das emendas.
06:40As emendas liberadas até agora pelo governo para o Congresso
06:46é muito menos do que a expectativa dos congressistas, etc.,
06:51o que está no orçamento.
06:53Porque o governo está expandindo muito as despesas,
06:57então tem que cortar onde for possível, tecnicamente.
07:05Então, uma possível solução para isso seria o governo cortar despesas em outras áreas,
07:11que muitas delas o governo não quer fazer,
07:14e abrir um pouco de espaço para cumprir o que o Congresso espera com as emendas parlamentares.
07:25Ministro, parece não haver disposição no momento para nenhuma mudança estrutural
07:28na situação fiscal do Brasil, né?
07:30A impressão que a gente tem é de que está sendo criado aí,
07:34ou uma tentativa de criação,
07:36de um sistema que vá até o fim de 2026 para entregar a meta até ali.
07:40Nesse cenário, e com o Congresso não cooperando muito com o governo,
07:45que tipo de corte, por exemplo, o Ministério da Fazenda, do Planejamento,
07:50poderia fazer no orçamento, que seria de mais fácil a execução?
07:53O senhor acabou de falar aí, tecnicamente viável, né?
07:56O senhor poderia citar para a gente alguns cortes que seriam possíveis?
08:00Olha, existe sempre espaço para cortar.
08:05Algumas coisas são previstas na Constituição,
08:07são despesas obrigatórias, aí realmente fica mais difícil.
08:12Mas é possível, mesmo isso, com a aprovação das leis,
08:18ou mesmo de meras condicionais no Congresso.
08:21Por exemplo, em 2016, quando assumimos lá o Ministério da Fazenda,
08:26fizemos a proposta de estabelecer um teto com aumento dos gastos,
08:33e isso foi uma medida muito dura, muito mais dura do que está sendo proposto agora.
08:40E isso, depois de muito diálogo, etc.,
08:44isso acabou sendo aprovado pelo Congresso.
08:48É uma medida muito mais dura do que todas as que estão sendo pensadas agora.
08:53Portanto, é possível, desde que haja diálogo e desde que realmente se focalize os cortes
09:05em outras áreas que são importantes, por exemplo, fazer uma reforma administrativa, etc.,
09:12que possa diminuir substancialmente as despesas.
09:15A partir daí, o Congresso pode ter espaço, inclusive,
09:21para liberar um pouco mais de emendas, etc.,
09:24e a relação com o Congresso for melhorando de uma maneira que o Congresso
09:30aprove as medidas de corte de despesas tomadas pelo governo.
09:36Henrique Meirelles, muito obrigado pela participação hoje no Jornal Times Brasil e boa noite.
09:40Boa noite, obrigado pelo convite e uma satisfação conversar com vocês e bom trabalho.
09:48Obrigado.
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