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Os Correios acumulam R$ 9 bilhões em prejuízo e ampliam a pressão sobre o arcabouço fiscal. Jorge Ferreira dos Santos, economista e professor da ESPM, analisa a perda de participação no mercado, os riscos de colapso operacional e os caminhos possíveis para modernizar a estatal.

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Transcrição
00:00Os Correios enfrentam uma crise financeira aguda.
00:03O secretário executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, reconheceu que a situação
00:07é muito ruim e que acendeu um alerta para um monitoramento mais rigoroso das estatais.
00:14Para analisar a situação dos Correios e os impactos fiscais, eu converso com Jorge Ferreira
00:19dos Santos, economista e professor do curso de administração da ESPM.
00:23Jorge, boa tarde, tudo bem contigo?
00:26Boa tarde, Turcio, tudo bem, e você?
00:27Tudo certo também, muito obrigado pela gentileza sua de conversar com a gente.
00:32Ô Jorge, os Correios aprovaram nos últimos dias um programa de reestruturação que prevê
00:36PDV, fechamento de mil agências, que são agências deficitárias, e venda de imóveis que poderiam
00:43em tese render mais ou menos um bilhão e meio de reais.
00:47Esse programa, na sua visão, é suficiente para endereçar a crise que a estatal está
00:51enfrentando?
00:52Esse programa, ele não é suficiente para endereçar a crise, né?
00:58A gente tem algumas condições que precisam ser atendidas, que são problemas estruturais
01:05do modo como o negócio do Correio é gerido.
01:10O Correio, ele tem uma defasagem técnica muito grande em relação aos concorrentes.
01:15Para você ter uma ideia, até alguns anos atrás, o Correio era responsável, os Correios
01:20eram responsáveis por 50% do movimento de encomendas do Brasil, hoje é responsável
01:26por um quarto só do movimento de encomendas.
01:29Os Correios viram algumas empresas ocupando espaço no mercado com maior agilidade, um serviço
01:36de encomendas, um serviço de encomendas, um serviço de encomendas, um serviço de encomendas.
01:38Além disso, o trabalho principal do Correio, que é inclusive regulado por lei, que é a distribuição
01:46de cartas, entre outras coisas, ele tem um decréscimo natural, que é estrutural, e o Correio
01:55também tem um sério problema de gestão relacionada ao processo.
02:00Então, essas medidas, e aí você nos citou também, tem uma pauta, um possível empréstimo
02:07de 20 bilhões de reais no sindicato de bancos, todas essas medidas, elas não são suficientes
02:15para manter os Correios funcionando, os Correios precisariam de uma reforma completa na gestão
02:21dele, precisaria pensar mais estrategicamente e no médio e longo prazo.
02:26A gente poderia resumir a questão dizendo que o problema se deve a má gestão e a uma
02:34empresa que parou no tempo?
02:36Exatamente.
02:37Tem um sério problema de gestão e uma empresa que parou no tempo, resumiu muito bem, Turse,
02:42e isso tem reflexos nos últimos 10 anos.
02:46Nos últimos 10 anos, em 5, pelo menos 5 deles, o Correio deu prejuízo.
02:52Então, o prejuízo não vem de agora, ele vem se acumulando ao longo do tempo, com exceção
02:57do período da pandemia em que a gente teve aquela situação econômica artificial, em
03:03que a gente teve um aumento exponencial no e-commerce que acabou gerando resultados positivos
03:10para o Correio, mas aí depois a situação, a Covid normalizou, a economia normalizou e os
03:17Correios perderam espaço novamente.
03:20Além disso, a gente tem um outro fator que se soma à má gestão do governo, à má gestão
03:27dos Correios e que agravou a condição dos Correios, essa sim é recente, que é a chamada
03:33taxa das blusinhas.
03:34Essa taxa é responsável por uma queda no resultado dos Correios, que gira em torno
03:42de um bilhão de reais e meio desde que ela foi estabelecida.
03:48Isso pesa na formação de receita para o Correio.
03:53E também essa crise dos Correios vem no momento em que as contas públicas estão com uma dificuldade
04:01enorme ali de fecharem e, quer dizer, é mais um ingrediente ali complicando a missão
04:07de tapar o buraco, né?
04:09Exatamente, Turcio, excelente comentário.
04:11A gente tem, os Correios, eles têm um resultado negativo de aproximadamente 9 bi.
04:19E por conta disso, o governo que já tem dificuldades em cumprir a meta fiscal, teve que fazer um
04:25provisionamento de 3,3 bilhões de reais e esses recursos saíram da educação, da infraestrutura,
04:33de investimentos que o governo poderia estar fazendo.
04:36E os Correios por si só são a estatal que mais pesa nessa formação de provisionamento
04:43por parte do governo, ou seja, o prejuízo dos Correios pesa muito na formação do provisionamento
04:51fiscal que o governo teve que fazer, o número veio muito ruim, né?
04:55Então, o governo está tendo que correr também para fechar mais esse item da conta do arcabouço
05:02fiscal.
05:04Na sua visão, Jorge, qual seria o futuro dos Correios?
05:09Precisa passar por uma reestruturação bastante intensa.
05:14E aí tem alguns caminhos que são mais viáveis e outros que são menos viáveis.
05:17O caminho menos viável hoje, porque ele passa por um questionamento político gigantesco,
05:24de gerar uma batalha política, é o caminho da privatização simples, que é assim, vendemos o Correio.
05:30A gente tem um peso do lado, que é o peso político, da venda de um símbolo nacional e, como eu citei
05:36anteriormente, além disso, os Correios são regulados por uma missão de universalização dos atendimentos
05:42públicos. Então, a gente teria uma batalha política em torno da privatização e, ao mesmo tempo,
05:48qual ente privado hoje gostaria de assumir totalmente uma operação que tem uma missão de universalização?
05:55Então, esse é um caminho que é menos viável, sob a perspectiva da análise social, estrutural e do Estado.
06:03Ele teria uma viabilidade, possivelmente, com uma certa adaptação, ele teria uma viabilidade econômica,
06:08mas ele enfrentaria muitas barreiras. As outras opções são uma parceria público-privada,
06:14que me parece um pouco mais viável, ou seja, um ente privado, ele entra com uma participação
06:21e uma gestão de parceria com o governo e aí esse ente privado seria responsável pela modernização,
06:28ampliação da participação do Correio, novamente no sistema de encomendas, digitalização,
06:32renovação de frota. Os Correios têm uma frota bastante sucateada, entraria com essa parte da gestão
06:39e a parte pública continuaria com a universalização dos serviços. Também é uma solução que tem um certo
06:46trade-off, uma escolha aí. Por quê? Porque o ente privado, ele ficaria com toda a parte que dá resultado
06:53e o governo teria que arcar com a parte que tem um ônus fiscal ainda por conta da universalização.
07:00Mas é um caminho mais viável do que a privatização pura e simples.
07:03Uma terceira opção seria uma reformulação, por parte do Estado mesmo, da estratégia de atuação do Correio,
07:11ampliando o escopo da atuação, ampliando o braço financeiro do Correio, de prestação de serviços financeiros,
07:18ampliando, reformulando completamente o sistema de encomendas. Essa solução, ela já teria que ter sido implementada.
07:26O Estado não conseguiu fazer isso até hoje, o governo não conseguiu fazer isso até hoje.
07:30Então, apesar de ser uma solução que teria um ônus para o governo que talvez fosse menor,
07:36ela não foi implementada até agora. Então, a gente fica com a solução de meio termo mais viável,
07:40que seria uma parceria público-privada, que também tem suas consequências.
07:44Jorge, e essa crise nos Correios pode impactar os serviços prestados à população?
07:52No médio prazo, sim. E aí, é por isso que esse plano que eu citei, que ele não resolve o problema do Correio,
08:00ele precisaria ser implementado. Se, por um lado, ele não resolve o problema do Correio,
08:05que é um problema estrutural, por outro, o Correio precisou tomar essas atitudes,
08:10que são, tem uma série de escolhas também que o Correio teve que fazer.
08:15Por exemplo, o PDV prevê 10 mil funcionários aderindo, dos 80 e tantos mil, acho que são 83 mil.
08:22São 10 mil funcionários a menos prestando serviço.
08:25Mas é justamente para que o serviço, a prestação de serviço do Correio,
08:31não entre em colapso no médio prazo, não entre em colapso nos próximos anos.
08:37A venda dos imóveis do plano, que é bastante complicada também,
08:42porque ela depende de fazer essa conta da universalização do serviço.
08:48Então, algumas áreas que são deficitárias, elas não podem deixar de ser atendidas pelo Correio,
08:53mesmo sendo deficitárias.
08:55Tem toda dificuldade de vender o imóvel.
08:58Imagina assim, é uma cidade pequena em que você tem aquela estrutura.
09:01Você tem o Banco Federal, você tem o Correio e você tem a igrejinha na praça.
09:04Imagina o impacto político que não tem naquela cidade, você desmontar a agência do Correio.
09:10Então, assim, o impacto político é grande.
09:12E tem uma outra questão que é a seguinte, é um imóvel que está em uma cidade pequena
09:15e você vai ter uma certa dificuldade de vender.
09:17Então, assim, esse plano, ele precisa ser implementado.
09:20O empréstimo, seja do montante de 20 bilhões ou do montante menor,
09:25precisa vir para dar mais liquidez para o Correio,
09:27justamente para que os Correios não percam essa capacidade de atendimento
09:33que já está bastante sucateada, mas poderia colapsar no médio prazo
09:38se não for encontrada uma solução que não seja um plano de contingenciamento,
09:43que é esse que foi apresentado, junto com uma reestruturação da companhia.
09:47Jorge Ferreira dos Santos, economista, professor do curso de administração da ESPM.
09:52Obrigado, Jorge, pela sua análise aqui.
09:54Uma boa tarde.
09:54Obrigado, doutor, boa tarde.
09:57Valeu.
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