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A Selic se manteve em 15% ao ano, mas o Copom não descarta novos aumentos. Pesquisa da Faesp mostra que 53% dos produtores em São Paulo não pretendem investir na próxima safra devido ao crédito caro e custos elevados. Cláudio Brisolara, da Faesp, detalhou impactos sobre cana, grãos e café.

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Transcrição
00:00Na semana passada, como o mercado já esperava, o Comitê de Política Monetária do Banco Central
00:09manteve a Selic em 15% ao ano, mas surpreendeu investidores ao divulgar um comunicado com
00:16um tom firme e não descartar novos aumentos na taxa.
00:20Agora o foco está na ata do Copom, que sai amanhã, e deve sinalizar melhor o pensamento
00:25do Comitê sobre o caminho dos juros daqui para frente.
00:28No campo, como em outras áreas da economia, os juros altos pesam.
00:33Uma pesquisa da FAESP, a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado, mostra que mais da metade
00:38dos produtores em São Paulo não pretende investir no próximo ano por causa do crédito caro
00:44e dos custos elevados.
00:46Para entender esse cenário e o impacto em cana, grãos e café, eu converso agora com o Cláudio
00:52Brizolara, gerente do Departamento Técnico e Econômico da FAESP.
00:56Boa tarde, Cláudio.
00:57Tudo bem contigo?
00:59Boa tarde, Fábio. Tudo bem?
01:01Tudo jóia. Muito obrigado pela gentileza aqui da sua participação.
01:04Cláudio, o que essa pesquisa revela, então, sobre o humor do produtor rural brasileiro hoje?
01:11Bom, a pesquisa revela uma indisposição dos produtores para investir e também para investir
01:20na aplicação de insumos para o cuidado das lavouras.
01:23Há um clima de muita preocupação no campo, por uma questão conjuntural, pelas altas taxas
01:30de juros, margens comprimidas.
01:33Então, os produtores revelam que não querem, não têm a pretensão de investir nessa próxima
01:39safra.
01:3953% dos produtores disseram que não pretendem fazer nenhum tipo de investimento.
01:45E é bom destacar que normalmente os produtores fazem pequenos investimentos para manutenção
01:50na sua propriedade, maquinário, instalações, mas 53% aproximadamente disseram que não pretende
01:57fazer nenhum tipo de investimento nesse próximo ano safra.
02:02E aí a gente está falando de investimento tanto em safra, quanto em máquinas, quanto
02:07em recuperação do solo, todo tipo de investimento estaria comprometido, pelo menos pela intenção
02:11dos produtores, é isso?
02:13Exato.
02:14A gente perguntou quem tinha a intenção de investir, então a maioria manifestou que não
02:19tem interesse de investir e os demais, em que que desejam investir?
02:24Então, alguns produtores pontuaram que vão investir em instalações, máquinas, equipamentos,
02:29investimentos, então é a minoria que vai fazer isso e alguns são obrigados a fazer
02:34por uma questão estratégica, mas a maioria não vai fazer nenhum tipo de investimento
02:39e esse é um dado bem contundente.
02:42Agora, a pesquisa mostra aí uma diferença na disposição para investimento dependendo
02:48da cultura, então por exemplo, no caso do café, aparece uma maior disposição de investimento,
02:54se a gente comparar com cano e com grãos, por exemplo, o que é que explica essas diferenças?
02:59Exatamente, Fábio.
03:01A pesquisa vai ao encontro do cenário que a gente vê de conjuntura dessas cadeias produtivas,
03:09então as cadeias que têm uma margem melhor no momento, que têm uma relação preço-custo
03:15mais favorável, o produtor está mais propenso a investir, é o caso de hortaliças e de café.
03:21Por outro lado, cadeias que estão sofrendo mais com as altas taxas de juros, com preços
03:28mais baixos, com a compressão de margens maior, como cana-de-açúcar, grãos, laranja,
03:34há uma disposição menor de investir, de aplicar insumos que incrementem a produtividade.
03:41Então a gente vê um alinhamento das respostas dos produtores com o econômico de cada cadeia
03:47produtiva.
03:49Agora, a perspectiva que o mercado tem em relação à Selic é de queda no ano que vem.
03:54Há um debate se vai ser em janeiro, se vai ser em março, mas enfim, a princípio, no
03:59primeiro semestre do ano que vem, a taxa começa a cair.
04:01Tudo bem que começa, está em 15%, que é o patamar mais alto em 19 anos.
04:05Esse comércio ainda vai significar uma taxa alta.
04:09Agora, esse movimento de início da queda, ele não é suficiente para fazer os investidores,
04:16aliás, os produtores pensarem em investir no ano que vem?
04:19Não, a gente não imagina que o início da redução das taxas de juros, a partir do começo
04:26do ano que vem, vá mudar o cenário dessa próxima safra.
04:30A queda vai ser lenta e a repercussão disso no crédito rural vai ser também muito diminuta.
04:39Então, a gente não vê uma modificação desse cenário no curto prazo.
04:43As taxas de juros aplicadas no crédito rural, algumas têm uma subvenção, a gente tem taxas
04:49mais atrativas para algumas classes de produtores, mas a taxa de juros livre, que o produtor acaba
04:55contratando os recursos, está na casa de 20%, 22% até.
05:00Então, são taxas que não coadunam com a rentabilidade das cadeias.
05:04Então, é uma aversão do produtor também a tomar esse crédito, porque ele não cabe
05:10dentro do custo de produção das atividades.
05:14Cláudio, amanhã sai a ata do Copom, mercado, setor produtivo, fica todo mundo de olho ali
05:19nas entrelinhas, nas palavras usadas ou naquelas que deixam de ser usadas, para tentar tirar
05:25sinais sobre o que é que vem pela frente.
05:28O que seria, para os produtores rurais, um sinal positivo na ata do Copom?
05:34Olha, a gente espera uma certa dureza, vamos dizer, ainda na ata e nas palavras utilizadas,
05:45porque o Banco Central quer dar uma trajetória para o mercado, quer tentar ancorar as expectativas.
05:53Mas eu acho que isso é um cenário de preparação para realmente dar início às reduções a partir
05:59do começo do ano que vem, não sei se em janeiro ou março.
06:02Então, eu ainda espero um tom ríspido na ata, mas isso tudo para tentar ancorar as expectativas
06:08e a partir do ano que vem a gente ter uma redução.
06:12Agora, a transmissão dessa redução para o mercado de crédito formal, para as operações,
06:19ela é lenta, então, como eu disse, o ano que vem vai ser um ano ainda bastante duro.
06:25Agora, a notícia de iniciar uma reversão da alta da taxa de juros, ela é muito positiva
06:31e tende a médio e longo prazo a fazer com que os investimentos se tornem um pouco mais atrativos.
06:38Claudio, que tipo de efeito pode ter essa menor disposição de investir sobre o tamanho da safra?
06:44Olha, a gente fez duas perguntas para os produtores.
06:49Se eles iriam manter a área do tamanho que está, iriam aumentar ou diminuir
06:57e também se iriam aumentar o pacote tecnológico, mantê-lo igual ou reduzir.
07:03Porque o produtor pode interferir horizontalmente aumentando a área
07:07ou verticalmente, aplicando mais insumos.
07:11E nos dois casos, a gente viu o produtor na defensiva,
07:15ele mantendo as áreas e com viés um pouco maior de redução de área e de aplicação de tecnologia.
07:23Então, assim, o cenário é ruim do ponto de vista do produtor,
07:28porque ele está realmente um pouco mais contido, está na defensiva,
07:32para tentar se equilibrar financeiramente, porque as margens estão comprimidas,
07:36enfim, os preços das commodities caíram muito e os custos de produção estão muito elevados.
07:43Então, a gente entende que é uma tomada de posição dos produtores que é adequada,
07:48é razoável, é racional para tentar equilibrar as suas atividades e as contas,
07:54do ponto de vista financeiro, para que no médio e longo prazo ele consiga voltar a investir.
07:59Então, a gente parece um cenário adequado para a conjuntura que a gente tem no momento.
08:06Cláudio Brizolara, gerente do Departamento Técnico e Econômico da FAESP.
08:10Obrigado, Cláudio, pela gentileza da sua entrevista.
08:12Uma boa semana para você.
08:14Obrigado, igualmente.
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