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O economista Nelson Marconi, professor da FGV, analisa a próxima decisão do Copom e afirma que o Banco Central deve manter os juros no patamar atual. Ele avalia o impacto da inflação de serviços, a pressão política por cortes na Selic e o comportamento recente da Bolsa, que reflete liquidez global mais do que melhora estrutural da economia.

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Transcrição
00:00A gente vai conversar agora com o Nelson Marconi, ele é economista e professor da FGV, a Fundação Getúlio Vargas.
00:07Marconi, boa noite, obrigada por ter aceitado o nosso convite e estar aqui com a gente mais uma vez.
00:12Quero começar te ouvindo sobre as suas apostas para a decisão de amanhã do Copom
00:17e principalmente quanto ao que será divulgado depois, na ata posterior à divulgação do número.
00:25Boa noite, Cristiane, tudo bem? Prazer de novo estar aqui conversando com você e com Vinícius.
00:30Bom, a minha aposta é que o Banco Central vai manter a taxa de juros no patamar que está.
00:36A gente olha o comportamento da inflação, melhorou algumas coisas, outras nem tanto,
00:41mas quando a gente olha principalmente o comportamento do preço dos serviços, estão muito altos.
00:46Quer dizer, o que eu quero dizer é a evolução do preço dos serviços está muito elevada,
00:51está mais alta do que os bens industrializados, os bens industrializados estão melhorando
00:55em função da recente apreciação da moeda, mas os serviços continuam correndo
00:59em uma faixa muito alta.
01:00Só pra gente ter uma ideia, a inflação da alimentação fora do domicílio está na casa dos 8%,
01:06enquanto a alimentação no domicílio está na casa dos 4,5%, 5%.
01:10Então você tem uma diferença muito grande aí que indica um sinal de aquecimento muito grande no setor de serviços.
01:17Então a minha aposta é que o Banco Central vai dizer, mantém a taxa de juros constante
01:21e vai escrever, inclusive, que ele vai manter essa estratégia de taxa de juros alta.
01:26Bom, aproveitando que você falou desse fato dos serviços continuarem subindo altos, o que está fazendo com que isso aconteça?
01:37Eu acho que em parte, em parte não, quer dizer, é um reflexo da taxa de desemprego baixa,
01:43que aquece o mercado de trabalho, aquece a economia, e é um reflexo de uma série de medidas que o governo
01:49vem tomando, que a gente chama de medidas na área fiscal e parafiscal também,
01:53que são os gastos que não entram no orçamento direto, no resultado primário,
01:57mas que estimulam a economia.
02:00Então mesmo com uma taxa de juros de 15%, que atrapalha muito a indústria,
02:03atrapalha diversos setores produtivos, esses gastos do governo,
02:06tanto os gastos sociais como esses gastos,
02:09essa série de medidas que ele vem fazendo para estimular a economia,
02:12ajudam muito o comércio, ajudam muito o setor de serviços,
02:15que acabam contrabalançando esse impacto que a taxa de juros de 15% tem.
02:21Então a gente pode responder, dizer que por grande parte desse comportamento
02:27da inflação do serviço está ligada a essas medidas no governo
02:30e o impacto que se tem na taxa de desemprego.
02:33E quanto à inflação, o mercado vem reduzindo as projeções semana após semana,
02:38a gente vem acompanhando toda segunda-feira o Boletim Focus.
02:42Há chances de a gente encerrar esse ano sem estourar o teto da meta?
02:48Olha, pode ser que a gente chegue, como você falou, no teto da meta.
02:52Exatamente, na meta nunca.
02:53A meta é perder de vista, mas assim, no teto da meta,
02:57que são os 4,5%, existe uma possibilidade,
03:00mas vai depender muito do efeito da taxa de juros
03:04sobre esse comportamento que eu estou falando no mercado de trabalho.
03:07Eu acho que existe a chance, mas eu acho que a inflação ainda está rodando na caixa dos 5%,
03:14reduzir de 5% para 4,5% em um mês e meio, ou dois meses, vamos dizer.
03:20Da forma como a inflação vinha vindo, não é uma coisa trivial.
03:24Eu teria que apreciar muito a taxa de câmbio
03:26para que isso aconteça uma queda mais significativa do preço dos industrializados,
03:31que compense o comportamento do preço dos serviços,
03:35que parecem mais rígidos, eu diria, do que o preço dos industrializados.
03:40Então, quer dizer, para que isso aconteça, a taxa de câmbio tem que cair um pouco mais,
03:44o que eu particularmente não gosto, porque todo impacto se tem na indústria,
03:48mas do ponto de vista da inflação, a taxa de câmbio teria que cair um pouco mais.
03:52Se cair e se refletir sobre o preço dos industrializados,
03:55onde estão boa parte dos alimentos, não os alimentos sem natura,
03:58para todos os alimentos industrializados, isso pode ter, sim, um impacto positivo,
04:04no caso sobre a inflação.
04:05Há uma chance, mas eu não garantiria isso, não.
04:08Agora, há chance do Banco Central querer perseguir muito a meta
04:12e, em função disso, a gente não acompanhar um corte de juros,
04:17nem a partir do começo do ano que vem?
04:19Aí não estou falando nem de janeiro, mas da reunião de março,
04:22que é a que muita gente imagina, que é quando vai começar a cortar os juros?
04:26Sim, quer dizer, se ele realmente tem esse mandato de tentar fazer a inflação convergir para a meta,
04:34aí ele vai ter que tomar uma decisão que, quer ou não, não é meramente técnica.
04:39A gente achar que o Banco Central só vai ter uma atuação técnica,
04:41eu acho que é siludir um pouco.
04:44Ele vai olhar para frente do cenário e falar,
04:46bom, eu posso manter a inflação nesse teto da meta ou perto dela de 4,5,
04:50isso que você está falando, e estar satisfeito com isso,
04:53já que é um ano eleitoral, certo?
04:55E começar a reduzir um pouco a taxa de juros.
04:58Se ele for, agora, se ele for realmente mais conservador e for na busca dessa meta,
05:03que ele não vai conseguir alcançar nem o ano que vem,
05:05mas ele for nessa direção, ele não reduz os juros.
05:08Mas aí vai ter um conflito político muito forte, eu acho,
05:12entre o Banco Central e o restante do governo.
05:14Você vê, o próprio ministro Haddad hoje já estava falando,
05:16da declaração, olha, taxa de juros já tinha que estar caindo,
05:19se eu estivesse lá no Copom, a taxa de juros ia cair e tal, etc.
05:22Esse conflito tem de se agravar, mas existe sim a chance
05:26de que ele continue com a taxa de juros nesse passo agora.
05:29Vou passar para a pergunta do Vinícius Torres Freire.
05:31Vinícius.
05:33Nelson, você mesmo citou o Haddad.
05:37Deixa ele de parênteses, de lado um pouquinho.
05:40A gente não tem sinal de que a expectativa de inflação para 2027
05:46vai cair rapidamente para pelo menos 3,5, 3,4,
05:51que já dá para dizer que é perto da meta.
05:53Ela está caindo muito lentamente.
05:55Então, o Banco Central, olhando para a expectativa de inflação,
05:59não se mexeria.
06:00A gente tem o problema de inflação de serviços e salários crescendo a 4%,
06:04que é bom, mas é ruim para a política monetária, 4% reais.
06:08Os aquecimentos do mercado de trabalho, a gente ainda está para ver de maneira decisiva.
06:12Na verdade, o desaquecimento é muito lento.
06:16Então, o que pode levar o Banco Central a agir?
06:20Porque a gente não vai ter, até o final do ano, mudanças nesses indicadores
06:24relevantes de emprego e expectativa de inflação
06:27para fazer com que, por exemplo, a taxa de juros caia até mesmo em março.
06:32Segundo, o que o ministro Haddad está querendo com isso?
06:35Ele quer que o Banco Central mude a meta na prática?
06:38Ou ele está só fazendo rede político para dizer
06:41olha, esse desaquecimento de 2026 não é culpa do governo?
06:45Primeira pergunta, quando vai ser vai ter sinal para mexer na Selic ou pensar nisso?
06:50Porque a gente não tem perspectiva dos dois dados principais.
06:53Segundo, o que o Haddad quer?
06:55Bom, eu acho que o sinal para ele mexer nisso
06:59vai demorar um pouco por tudo isso que a gente estava conversando até agora.
07:02A gente tem razão do que você falou, a inflação vai demorar para cair
07:07e talvez o que poderia ajudar e fazer a taxa de juros cair
07:11seria uma queda maior da taxa de juros americana.
07:15Porque aí, mantendo, se a taxa de juros americana cai,
07:18isso abre um pouco, isso despasca também a taxa de juros cair aqui.
07:21Mantido o diferencial entre as duas taxas,
07:24isso tende a manter o mesmo movimento, digamos,
07:27de ingresso de recursos aqui no país,
07:29mantém a taxa de câmbio no patamar que eles desejam mais baixo.
07:32Então, eu acho que o sinal que poderia ajudá-los a ter essa queda da taxa de juros
07:38seria a queda da taxa de juros também nos Estados Unidos.
07:41Mas os sinais lá estão mostrando, são ambíguos.
07:44Hoje mesmo, vários integrantes lá do COPOM americano, vamos dizer assim,
07:51estão dizendo que, olha, não sei para onde vai a taxa de juros.
07:54Isso não está muito certo depois da última queda.
07:56Então, é isso.
07:57Eu acho que a gente olhar para o mercado interno,
07:59o que eu quis dizer é que o que pode levar a taxa de juros a cair
08:02é uma pressão política, certo?
08:04Se o Banco Central aceitar essa pressão política,
08:07olhar e ver que é infractível trabalhar com esse interdamento,
08:10essa pode ser que cair.
08:11O Haddad, eu acho que aí ele está trabalhando muito mais também
08:15do ponto de vista político e dizendo, ora, está certo?
08:18Eu, como ministro da Fazenda,
08:20eu estou dizendo que a taxa de juros está muito alta,
08:24mas quem resolve é o Banco Central.
08:26E ele como se estivesse tirando o corpo dele fora,
08:28dizendo, olha, está certo?
08:30Vocês, a taxa de juros tem que cair.
08:33Pode ser que seja uma pressão que ele realmente esteja,
08:37vamos dizer, com esse desejo, está certo?
08:39Esteja ansiando, digamos,
08:42querendo que a taxa de juros realmente caia.
08:45Mas a gente sabe que, logicamente,
08:47tem um componente político no discurso dele.
08:50Então, por isso que eu digo que a pressão que pode vir no próximo ano
08:53é a pressão política,
08:54porque, do ponto de vista de achar que a inflação está convergindo para a meta
08:58e isso levar a uma queda na taxa de juros,
09:01eu acho que vai ser muito difícil.
09:03O mercado está prevendo essa convergência para a meta em 2028, 2029,
09:08quer dizer, 2028, que seja, daqui a três anos,
09:11está certo?
09:11Daqui a dois, três anos,
09:12ninguém sabe o que vai acontecer na economia, certo?
09:14Dá para a gente prever que a média vai aumentar a meta também.
09:17Marconi, para ficar bem claro,
09:19do ponto de vista técnico,
09:21ainda não há condição de haver um corte na taxa de juros, é isso?
09:27É, do ponto de vista técnico,
09:30eu entendo que a taxa de juros está muito alta há muito tempo, certo?
09:34Mas, assim, vamos pensar,
09:36pensando com a cabeça do Banco Central,
09:38fazendo tudo o que ele fez até hoje,
09:41da forma como ele vem atuando,
09:43está certo o discurso que ele vem fazendo.
09:45Se ele for coerente com o discurso que ele está fazendo,
09:48ele não tem espaço para reduzir a taxa de juros do ponto de vista técnico, certo?
09:53Eu, Nelson Marconi, acho que a taxa de juros está muito alta
09:56e que tem espaço para você diminuir,
09:58diminuindo também o gasto fiscal,
10:01esse gasto que o governo está fazendo,
10:02enfim, fazendo uma série de outras medidas.
10:03Mas, olhando para o Banco Central hoje,
10:05do ponto de vista técnico,
10:07ele vai, se ele for coerente,
10:09seguir nessa mesma atuada.
10:10Do ponto de vista político,
10:12ele pode, sim, tomar a decisão de ajudar o governo
10:15e trabalhar com o centro da meta para o ano que vem,
10:18já que é uma hora eleitoral.
10:19É exatamente isso.
10:21Mercado financeiro,
10:22a gente está vendo recorde atrás de recorde no Ibovespa B3.
10:26Tudo bem que hoje foi uma alta muito pequena,
10:29mais o suficiente para renovar o patamar de recorde.
10:33Deve continuar assim?
10:35Eu acho que é bem capaz de continuar,
10:37porque a gente vê um movimento de liquidez forte nos mercados,
10:41está certo?
10:42Quer dizer, essa é uma coisa que,
10:44eu acho que tende a,
10:46esse dinheiro,
10:47ele tende a ficar fluindo nos mercados
10:49e ver aonde que tem oportunidades maiores de ganho,
10:52ainda que não sejam ganhos consistentes de longo prazo.
10:55O que pode enfraquecer um pouco a situação
10:58é se realmente essa,
11:00vamos dizer,
11:01essa notícia que saiu,
11:02essa tendência que está se desenhando no mercado americano
11:05de que a Bolsa lá está muito valorizada.
11:09Alguns analistas estão começando a indicar nessa direção.
11:14E isso pode ter algum reflexo aqui na Bolsa.
11:16Mas, por enquanto,
11:18pelo menos no curto prazo,
11:19o que a Bolsa está ganhando,
11:20gerando um ganho para os aplicadores,
11:22precisar dessa liquidez toda,
11:23essa busca de outras alternativas de aplicação.
11:26Não é porque a economia brasileira
11:27está excessivamente melhor
11:29do que estava há um, dois meses atrás.
11:31Eu acho que é o contrário.
11:33Agora, quem está indo para a Bolsa
11:34tem que ficar atento,
11:35porque isso pode ser um movimento de curto prazo,
11:38porque essa, vamos dizer,
11:39esse cenário americano,
11:41se começar a se reforçar,
11:42e muitos analistas realmente começaram a insistir,
11:44olha, a Bolsa americana lá vai começar a ter problemas,
11:47isso depois vai ter um reflexo aqui.
11:49Então, cuidado,
11:50para colocar o seu dinheiro na Bolsa
11:52e achar que vai ter um rendimento de longo prazo aí.
11:55São coisas mais de curto prazo mesmo,
11:58são ganhos de curto prazo.
12:00Cautela, né?
12:01Nelson Marconi, muito obrigada.
12:03Sempre muito bom ter você aqui com a gente.
12:05Boa noite e até a próxima.
12:08Até a próxima.
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