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O Banco Central reforçou os riscos para a inflação e indicou que a taxa Selic deve continuar elevada por um período prolongado. Na avaliação do economista Roberto Luis Troster, o remédio contra a inflação pode estar se tornando um veneno para o crescimento do país.

Na conversa com Marcelo Favalli, ele analisa a ata do Copom, o cenário externo, os efeitos da política monetária sobre a indústria e o crédito, e os desafios do Brasil em equilibrar combate à inflação com incentivo ao investimento.

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Transcrição
00:00Aqui no Brasil, o Comitê de Política Monetária do Banco Central voltou a reforçar os riscos para a inflação
00:06e ainda destacou que o cenário externo segue adverso com guerra comercial,
00:12conflito no Oriente Médio e problemas fiscais nos Estados Unidos.
00:17A ata do Copom também mostra a preocupação com a resiliência da economia brasileira
00:23e os desafios da política fiscal.
00:24Segundo o Comitê, a taxa de juros deve permanecer elevada por um período prolongado
00:30para garantir a convergência da inflação à meta de inflação.
00:36E para comentar essa decisão do Banco Central, eu tenho o prazer de conversar agora com o Roberto Troster,
00:41economista e sócio da Troster e Associados.
00:45Boa noite, Roberto.
00:47Eu queria começar só com uma pitada de uma teoria,
00:50porque a alta taxa de juros, ou a taxa de juros para controlar a inflação,
00:56ela é uma vacina, ela tem que ser aplicada antes,
01:00você vê uns efeitos ali, seis, nove meses depois.
01:04Só que parece que nós estamos tomando muito desse remédio,
01:07essa vacina não pode vir fazer mal ao paciente?
01:10Onde que eu quero chegar?
01:11A alta taxa de juros, olhando os números do Brasil, 15%,
01:14segundo a maior taxa de juros do mundo, a gente só perde para a Turquia,
01:18que está de longe ser uma economia estável, sólida,
01:22isso diminui o consumo de bens duráveis, de altíssimo valor agregado,
01:28veículos, indústria de imóveis.
01:33O brasileiro vai comprar imóvel com uma taxa de juros,
01:3660 prestações de um carro com uma taxa de juros alta.
01:41Isso vai impactar a indústria.
01:42E essa retomada de crescimento, não fica essa areia nas engrenagens aí?
01:47Ou seja, esse tal remédio não pode fazer mal para o paciente,
01:50se ficar tomando muito tempo?
01:52Perdão pela minha longa introdução, boa noite mais uma vez,
01:54sempre um prazer recebê-lo aqui, Troster.
01:56Boa noite, Marcelo, sempre um prazer falar com você também.
02:00Eu mudaria um pouquinho a frase, em vez de usar a vacina,
02:04eu falaria remédio, né?
02:06Que o remédio, dependendo da dose, vira um veneno,
02:10que é isso que você está falando.
02:12Com certeza, eu acho que o remédio foi um pouquinho forte,
02:17eu acho que exageraram na dose do remédio com essa taxa,
02:21por três motivos.
02:23Primeiro, porque você, é verdade, você tem um cenário externo incerto,
02:27mas é uma meia verdade, porque o dólar está se desvalorizando,
02:32o preço das commodities está em queda,
02:35o preço do petróleo está em queda,
02:37então, o setor externo não é ruim para o Brasil.
02:41Hoje saiu, este mês, saiu um relatório do Banco Mundial,
02:46em que revisa as projeções para o mundo inteiro,
02:50para quase todos os países do mundo.
02:52E a projeção do Brasil foi elevada, superada.
02:57Quer dizer, o cenário externo é ruim, mas não é ruim para o Brasil.
03:00Na crise da Ucrânia, da guerra da Ucrânia, foi a mesma coisa,
03:05foi ruim para o mundo, mas não foi ruim para o Brasil.
03:07Mas voltando para a inflação.
03:09Então, o cenário externo, diria que você é deflacionário para o Brasil.
03:15A segunda coisa interessante sobre o mercado interno,
03:22que a Ata fala, é que está se arrefecendo.
03:27Você vê as expectativas de inflação no boletim Focus,
03:32estão caindo semana após semana.
03:35E você tem uma...
03:36Então, isso também...
03:37E o dólar também, a impressão do dólar aqui para baixo.
03:40Quer dizer, são todos fatores que indicam que a inflação está arrefecendo.
03:44Aí você fala, a velocidade de ajuste, né?
03:48E quanto que você tem que subir de juros e por quanto tempo.
03:53Se você pensa um pouquinho mais, há um passo a mais,
03:57quer dizer, o objetivo da política monetária,
04:00de toda a política econômica, é o bem-estar do país.
04:04Se você...
04:05Assim, a estabilidade de preços, superávit fiscal,
04:10são todas metas intermediárias para o maior bem-estar.
04:14Até que ponto a taxa tão alta não tem um custo maior que o benefício?
04:19Talvez você fazer esse ajuste para a meta um pouquinho mais devagar,
04:26talvez você produza mais bem-estar do que nessa velocidade.
04:30Mas também, 14,75% ou 15%,
04:34materialmente falando, a diferença é mínima.
04:37Troster, deixa eu fazer uma pergunta do sonhador aqui.
04:41Vamos olhar o chamado copo meio cheio.
04:4415% de taxa de juros, Selic, é caro para o consumidor,
04:49mas pode ser uma vantagem para o investidor.
04:52Para o investidor, isso traz dinheiro de fora?
04:55Alguém que olha, tem uma taxa de juros de 15% lá e tal.
04:58Tudo bem que tem essa diferença de câmbio,
05:00mas pode ser um atrativo do investidor estrangeiro
05:03e fazer a nossa bolsa subir aqui?
05:06Sim, mas normalmente que ele entra aqui,
05:08investe em taxa de juros.
05:10Ele vem, põe dinheiro, recebe o juros e vai embora.
05:14Não contribui em nada para o crescimento do país.
05:17Para investir na bolsa,
05:20você precisa um pouquinho mais numa bolsa
05:22que contribua mais para o crescimento do país,
05:26que você tenha mais underwriting,
05:29mais abertura a esse capital.
05:31Então, tem coisas que você pode fazer.
05:34Você falou em 15% de juros,
05:36mas a taxa de tomador final é muito maior.
05:39O cheque especial, por exemplo,
05:41para a pessoa jurídica,
05:42está em 400% ao ano.
05:45Mesmo outras linhas são muito caras.
05:48E você poderia fazer coisas para minimizar isso
05:52e para o país crescer mais.
05:54Se as empresas crescem mais,
05:56mais investimento nas empresas,
05:58que é o tipo de investimento que interessa.
06:01Aí você tem que fazer uma série de micro-reformas
06:03que dependem do governo.
06:05Por exemplo, o Brasil tributa muito o crédito.
06:07Um dos poucos países que tributa o crédito.
06:10O que acontece hoje,
06:12em uma operação de crédito,
06:14boa parte do rendimento vai para o governo,
06:16não vai para os bancos.
06:17O que acontece?
06:19Crédito muito caro,
06:21menos investimento,
06:22menos crescimento.
06:24Agora, Troster,
06:25só para a gente encerrar aqui,
06:27o crédito que vai para o empreendedor.
06:30Estou falando desde o MEI,
06:32do micro-empresário,
06:34até aquele que tem um pátio industrial maior
06:36para crescer,
06:38tomar dinheiro com uma taxa de juros dessa.
06:41Isso porque a Selic está a 15%.
06:43O spread bancário é muito maior.
06:45Você vai investir em maquinário,
06:47comprar um carro para a sua empresa,
06:49não é essa a taxa de juros.
06:51Isso, de novo,
06:52vai atravancando o crescimento do país.
06:55Mas como é que a gente acha
06:56uma equação de equilíbrio
06:57entre controlar a inflação
06:58por meio da taxa de juros
07:00sem justamente ferir,
07:02por exemplo,
07:02o crescimento do nosso pátio industrial?
07:04Bom, mais uma vez,
07:06como você começou a entrevista,
07:09quer dizer,
07:09a dose do remédio
07:10que faz a diferença,
07:12né?
07:13Se você pode tomar,
07:15quer dizer,
07:15qualquer remédio,
07:16se toma demais,
07:17é ruim, né?
07:18É saber dosar
07:19e talvez usar o câmbio,
07:21política cambial também,
07:23para estabilizar o câmbio.
07:25Hoje,
07:25o câmbio brasileiro
07:26depende muito mais,
07:27às vezes,
07:27de condições políticas
07:28que faz a taxa de câmbio disparar,
07:30em vez de você ter
07:32o que se chama
07:33o currency pack,
07:35uma coisa que amortize
07:36os movimentos.
07:37Câmbio é flexível,
07:39mas a gente não tem
07:40essas oscilações
07:41que só
07:41destroem tanto
07:43a indústria
07:44como
07:44a taxa de juros.
07:47Queria agradecer
07:48a conversa que eu tive aqui
07:49com o Roberto Troster,
07:50economista e sócio
07:51da Troster e Associados,
07:54sempre uma aula garantida.
07:55Sr. Troster,
07:56Roberto,
07:57até a próxima
07:57e que seja em breve.
07:59Obrigado mais uma vez.
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