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O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, reforçou que a Selic permanecerá elevada por mais tempo para controlar a inflação. O ex-presidente do BC Gustavo Loyola, em entrevista ao Jornal Times Brasil - Exclusivo CNBC, analisou como a política monetária e a independência do BC afetam investimentos, credibilidade do governo e o desempenho do real frente ao dólar.

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Transcrição
00:00E também na Indonésia, o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, voltou a dizer que a inflação ainda preocupa
00:06e que a taxa básica de juros precisa permanecer elevada por mais tempo.
00:11Nos últimos anos do Brasil, sempre essas revisões têm sido para um crescimento maior do que os economistas imaginavam inicialmente.
00:19São revisões sistemáticas de crescimento econômico e ainda assim com um nível de inflação que,
00:24apesar de fora da meta, o que demanda o Banco Central permanecer uma taxa de juros num patamar elevado e restritivo
00:31por um período prolongado para que a gente possa produzir essa convergência,
00:35mas conseguindo combinar um nível baixo de desemprego, um crescimento positivo e uma inflação que está olhando para níveis históricos
00:44dentro de um patamar baixo, quando a gente compara com níveis históricos do Brasil.
00:48O Brasil cresce há alguns anos, mas muito mais por uma inserção de mais fatores de produção na economia
00:56do que efetivamente por um ganho de produtividade disseminado no nosso sistema econômico.
01:02É possível, sim, a gente observar ganhos de produtividade em uma série de setores, como foi dito aqui antes,
01:07especialmente no setor agro e no setor de commodities, o Brasil consegue observar e enxergar ganhos de produtividade,
01:14mas ainda o crescimento se dá predominantemente por um aumento da participação na força de trabalho
01:21e uma redução do desemprego.
01:23E ao você chegar próximo do pleno emprego, ou até um pouco além do pleno emprego, como a gente está agora,
01:28é normal você observar algum tipo de pressão inflacionária.
01:32O caminho para que a gente possa crescer de maneira sustentável por um prazo mais longo
01:36é que a gente possa assistir ganhos de produtividade na nossa economia,
01:39que o crescimento se dê não simplesmente pelo emprego de mais fatores de produção,
01:43mas porque os fatores de produção conseguem produzir mais, ou seja, que cada unidade de trabalho
01:48consegue produzir mais, conseguir entregar mais para a sociedade.
01:53Isso depende de a gente ter parcerias com outros países, depende de pesquisa e tecnologia, desenvolvimento, investimento.
02:01E sobre isso eu falo mais uma vez agora com o Eduardo Gayer.
02:05O Gayer, o Gabriel Galipolo, pelo que a gente viu aí, sinalizou que não vai haver queda de juros
02:09até a inflação chegar à meta, poucos dias depois do presidente Lula cobrar cortes na Selic.
02:15Essa relação entre Lula e Galipolo, você acha que fica um pouco estremecida com isso?
02:19Olha, Marcelo, o que o presidente do Banco Central faz neste momento é reafirmar a sua independência
02:29em relação ao governo e ao próprio presidente Lula.
02:31Ele que chegou ao Banco Central com alguma desconfiança do mercado por conta dessa relação pessoal
02:37com o presidente Lula e com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, mostra que não é liniente com a inflação
02:43e que não faz concessões políticas por pressões, pelas pressões que têm vindo do governo.
02:49Cada vez mais nós vemos críticas a cada dia, num tom mais elevado, ao trabalho do Banco Central
02:54que mantém a Selic alta justamente porque há uma inflação acima da meta.
02:58Nessa semana, por exemplo, o presidente Lula falou que já deveria haver corte de juros,
03:03que o Banco Central precisaria começar a cortar, e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad,
03:07disse que se ele fizesse parte do Copom, votaria pela redução da taxa básica de juros.
03:14Então, Galípolo reafirma essa independência do Banco Central, o que é muito positivo,
03:19não só para a credibilidade dele, mas para a credibilidade do próprio Banco Central e da política monetária.
03:24Isso ajuda os ativos brasileiros porque mostra essa independência que é bem vista pelo mercado financeiro.
03:31Além disso, essa fala no Tom Hockish, para usar o linguajar do mercado do presidente do Banco Central,
03:36ela é positiva para o próprio real, na medida em que muito provavelmente haverá mais um corte de juros
03:41por parte do FED, o Banco Central americano, na semana que vem.
03:45Isso eleva o chamado diferencial de juros entre o Brasil e os Estados Unidos,
03:50o que costuma ajudar a moeda brasileira.
03:52Então, uma relação, ou melhor, uma declaração de Gabriel Galípolo,
03:56bem vista pelo mercado, por todas essas razões que eu elenquei,
03:59que pode sim causar algum estremecimento na relação com o governo federal,
04:04que deve reforçar suas críticas a ele daqui para frente,
04:07mas nada que possa, de fato, abalar a ponto de levar uma relação que a gente via antigamente
04:13entre o presidente Lula e o ex-presidente do BC, Roberto Campos Neto.
04:16Porque há, sim, uma relação pessoal entre todos esses agentes do governo,
04:21um carinho recíproco e que brinda o presidente Galípolo de qualquer ataque mais elevado, Marcelo.
04:27Obrigado, Gair, pela sua análise.
04:30A gente vai conversar agora com o economista e ex-presidente do Banco Central, Gustavo Loyola.
04:35Seja muito bem-vindo. Boa noite para o senhor.
04:38Boa noite.
04:39Bom, primeiramente, eu queria ouvi-lo sobre essa questão aí de quando a taxa Selic vai começar a cair.
04:45A gente viu o Gabriel Galípolo falando hoje que ela deve permanecer alta ainda por um bom tempo,
04:49porque a inflação ainda preocupa.
04:51E, por outro lado, obviamente, aquela ansiedade política a qual o senhor, inclusive, já esteve acostumado
04:56quando também esteve no cargo, né?
04:59Como é que o senhor está vendo essa situação?
05:01O senhor acha que tem horizonte para baixar juros a partir de quando?
05:05Bom, eu acho que o presidente Galípolo está corretíssimo na sua avaliação,
05:12quer dizer, avaliação da diretoria do Banco Central, do Copom, né?
05:16Que não há, de fato, no curtíssimo prazo, espaço para a queda de juros, né?
05:23As notícias são boas no front da inflação, a inflação tem caído, mas ainda se encontra acima da meta.
05:31Mas, provavelmente, no ano que vem, sim, haja algum espaço para a derrubada de juros,
05:39embora a taxa de juros deva ainda permanecer em patamares elevados.
05:42Nós acreditamos que os juros começam a ser diminuídos no final do primeiro trimestre
05:53ou no segundo trimestre do ano que vem.
05:56Esperamos uma queda relativamente modesta dos juros, dos atuais 15% para 12,5%,
06:03e aí o Banco Central deve parar esse processo de queda e esperar que a inflação vá se acomodando
06:12mais próximo da meta de 3%.
06:16A gente acabou de mostrar com a nossa equipe de Brasília aqui a dificuldade que o governo está tendo
06:21para conseguir aprovar medidas que garantam o cumprimento da meta fiscal.
06:26Como é que o senhor está vendo essa questão?
06:29Apesar de ser uma meta que o mercado julga não muito adequada, mas, pelo menos, cumprir essa que está aí
06:36já seria uma grande coisa, não é?
06:39É, qualquer melhora na situação fiscal é positiva, mas eu acho que existe um pessimismo,
06:47e esse pessimismo é justificado, em relação à política fiscal no Brasil.
06:52Porque o que nós vemos é uma tendência de ampliação de gastos e de criação de certas reduções
07:04de impostos em alguns segmentos, e o governo não tem conseguido recompor essas reduções
07:11com o aumento de outros impostos.
07:13Além disso, o próprio governo patrocina exceções a essa regra da meta fiscal,
07:24como se isso fosse mudar a realidade do déficit.
07:28Meta é meta, o déficit real é outra coisa.
07:31Então, assim, houve uma grande perda de credibilidade nessa meta fiscal ao longo dos últimos meses
07:40do governo Lula, aliás, desde o início, porque quando o governo começou,
07:46ele começou já com o pé esquerdo nessa questão aí de déficit, de política fiscal,
07:55aumentando de forma espetacular o déficit público no primeiro ano de governo.
08:01Então, há um certo ceticismo justificado nos agentes econômicos,
08:09mas, evidentemente, qualquer medida que o governo tome na direção certa é uma notícia positiva.
08:16Vamos agora para uma pergunta do Vinícius Torres Freire.
08:20Gustavo Loyola, tem uma discussão agora, surgiu desde que caiu o pacote de aumento de imposto,
08:27que substituiu o aumento do IOF, da MP303, que é a possível necessidade de ter que mudar
08:35mesmo essa meta relaxada do arcabouço fiscal em 2026.
08:40Já estava difícil fechar a conta em 2026, porque o orçamento tem, como sempre,
08:47receita superestimada, despesa subestimada, e ainda falta dinheiro para fechar as contas,
08:54mesmo antes da queda desse pacote.
08:58Então, tem gente dizendo que, se o governo tiver que cortar despesas discricionárias,
09:03que já está no limite mínimo, vai paralisar ou vai dificultar o trabalho da máquina do governo
09:08de modo tão grande que não dá pé.
09:10Então, tem gente dizendo que talvez fosse necessário mudar a meta,
09:15mas a mudança de meta deve causar algum tumulto, em dólar, juros, etc.
09:20O senhor acha que deve acontecer o quê?
09:22O governo deve fazer uma gambiarra, o governo deve mudar a meta,
09:26o governo vai realmente ter que conter gastos até o limite da precariedade da atuação do governo.
09:31O que acontece em 2026?
09:34Olha, eu sempre prefiro, Vinícius, acho que o mercado em geral também,
09:40é transparência.
09:41Não adianta mudar a meta para dar mais folga para o governo se a realidade fiscal continua negativa.
09:52Eu acho que apenas é uma questão formal, mas não tem efeito nenhum.
09:57E, além disso, como você mencionou, sinaliza uma certa tendência de afrouxamento,
10:04porque quem garante que a meta não vai ser mudada de novo mais à frente?
10:08Então, gera turbulências.
10:10Eu acho que é preferível o governo ser transparente, dizer, olha, tentei fechar,
10:17atingir a meta, não consegui por tais razões.
10:20Mas o ideal seria o governo trabalhar mais na questão de corte de gastos.
10:26A realidade é que é difícil fazer isso, principalmente, às vésperas de um ano eleitoral,
10:32e, certamente, no ano que vem vai ser impossível.
10:36Porque a mudança da situação fiscal no Brasil depende de medidas mais estruturais,
10:43como reformas, inclusive, a nível constitucional.
10:48Então, isso é muito difícil, porque também o Congresso não está disposto a aceitar,
10:52aceitar, vamos dizer assim, corte de gastos que atinjam certos segmentos da sociedade,
11:01principalmente também no ano eleitoral.
11:03Então, assim, eu acho que o governo vai trabalhar, eu acredito, com essas medidas meio a boca,
11:10vamos dizer assim, tentar cortar alguns gastos aqui, fazer um aumento de imposto apolar,
11:16mas eu acho que a mudança da meta dá um sinal ainda pior para os agentes econômicos.
11:25A gente vai agora para uma pergunta do Eduardo Gaia.
11:30Presidente, boa noite.
11:32O Banco Central anunciou há pouco, no final da tarde, para ser mais preciso,
11:36que vai fazer na segunda-feira um leilão de dólar à vista,
11:39conjugado com um leilão de swap reverso, tudo ali na faixa de 1 bi de dólares.
11:45Eu queria ouvir do senhor, porque não me parece ser uma operação tão comum,
11:49essa conjugação dos dois tipos, pelo menos eu não me recordo recentemente disso ter havido,
11:54se nós podemos esperar algum impacto para o mercado cambial na segunda-feira,
11:59esse mercado de dólar que é tão acompanhado por quem nos assiste aqui no canal.
12:05Esse tipo de operação já aconteceu outras vezes,
12:09é uma operação de financiamento, vamos dizer assim, do mercado,
12:13para dar mais liquidez ao mercado.
12:17Acredito que o Banco Central deve estar vendo algum tipo de movimento mais previsto
12:23no mercado de câmbio na semana que vem e está se antecipando a isso.
12:30Eu vejo que o Banco Central deve ter como objetivo
12:33reduzir justamente a volatilidade do mercado de câmbio.
12:38Então, acho que sim, tem impacto,
12:41mas provavelmente o Banco Central analisou a situação do mercado.
12:47Se tiver alguma grande operação acontecendo,
12:52isso deve ter sido comunicado ao Banco Central,
12:56até com uma antecipação do que poderia gerar alguma volatilidade.
13:02E o Banco Central resolveu, de fato, fazer essa operação para gerar um pouco mais de liquidez no mercado.
13:10Agora há pouco, você estava falando aí de que a situação fiscal até o fim de 2026,
13:15usando uma gíria, vai estar meia boca.
13:17E isso tem muita consonância com o que o mercado vem dizendo,
13:20todo mundo falando, a gente que ouve muita gente aqui,
13:22todo mundo dizendo que não tem muito espaço para fazer nada diferente até 2027,
13:26seja quem for o novo presidente.
13:29Agora, em 2027, que tipo de medida o senhor acha que é mais urgente?
13:33O senhor falou de reformas constitucionais aí.
13:35O que o senhor destacaria?
13:36Por exemplo, uma boa reforma administrativa?
13:39A reforma administrativa é positiva,
13:42embora os efeitos dela ocorram mais a médio prazo.
13:47Depende, obviamente, do texto da reforma, né?
13:49Mas eu acredito que é inevitável uma nova rodada de reforma da pretença.
13:55Acredito também que seja necessária uma reforma que dê maior liberdade
14:01para o governo alocar as receitas.
14:06Hoje o orçamento no Brasil é muito engessado.
14:12E o governo deve também evitar dar reajustes de benefícios, pensões, essas coisas,
14:21essas transferências, dar reajustes acima da inflação.
14:25O que é que o governo tem feito?
14:27Isso gera um processo em que você tem um crescimento vegetativo, vamos dizer assim,
14:34das despesas e não consegue gerar contrapartida do lado das receitas.
14:39Então, acho que não existe uma medida só, uma bala de prata,
14:46que vai resolver o problema fiscal no Brasil,
14:49mas existe sim um conjunto de medidas que pode atingir o alto.
14:55E, inclusive, eu diria que é mais importante ter uma política crível
15:03do ponto de vista de redução do déficit ao longo dos próximos anos
15:07do que fazer um ajuste abrupto, que seria politicamente muito custoso.
15:14O que importa para o mercado, no final, é a sinalização.
15:17A sinalização com credibilidade.
15:20É uma questão que nós estávamos discutindo há pouco na meta.
15:23Você precisa ter políticas que geram credibilidade
15:26e evitar novas frentes de gasto público,
15:31tanto no executivo quanto no legislativo.
15:35Nós conversamos aqui com o Gustavo Loyola,
15:38que é economista e ex-presidente do Banco Central.
15:41Muito obrigado pela sua participação.
15:43Boa noite.
15:44Boa noite.
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