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Após o encontro entre Lula e Donald Trump na Malásia, o governo brasileiro intensifica as negociações para encerrar o tarifaço de 40% imposto pelos EUA. A delegação brasileira pode viajar a Washington nas próximas semanas para tentar normalizar as relações bilaterais e recuperar o comércio entre os dois países. Carlos Gustavo Poggio, professor de relações internacionais, destrincha movimentos do governo Lula para tentar reverter danos causados pelo tarifaço.

Acompanhe a cobertura em tempo real da guerra tarifária, com exclusividade CNBC: https://timesbrasil.com.br/guerra-comercial/

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Transcrição
00:00E após a reunião entre os presidentes Lula e Donald Trump em Kuala Lumpur, na Malásia,
00:06o governo brasileiro tem intensificado as negociações para reverter o tarifácio imposto pelos Estados Unidos.
00:13Uma nova reunião entre técnicos dos dois países é esperada para os próximos 15 dias.
00:20As informações com a repórter Marina De Mori, direto de Brasília.
00:24O governo aguarda uma posição clara dos Estados Unidos sobre as condições que devem ser apresentadas
00:31para avançar nas negociações pelo fim das tarifas adicionais de 40% impostas ao Brasil.
00:37Segundo fontes da diplomacia, as demandas do presidente Donald Trump ainda não foram colocadas à mesa
00:44e não há certeza sobre qual será a moeda de troca apresentada por Washington.
00:49Os negociadores brasileiros esperam uma sinalização da equipe de Trump para embarcar para Washington
00:55e dar seguimento ao diálogo que foi iniciado na semana passada, na Malásia,
00:59quando o republicano se reuniu com o presidente Lula.
01:03A expectativa é de que a viagem da delegação brasileira ocorra nos próximos 15 dias.
01:08O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin,
01:14o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad,
01:21devem ser enviados por Lula assim que houver o convite oficial.
01:26Temas como a exploração de terras raras, a regulamentação das big techs e as tarifas do etanol
01:31devem integrar a pauta de negociação, mas, segundo interlocutores de Lula,
01:36nenhum desses pontos foi mencionado durante as conversas ocorridas na Ásia
01:41entre os presidentes e suas equipes.
01:44A expectativa aqui no Palácio do Planalto é de que no próximo encontro,
01:48a equipe de Trump finalmente apresente as condições para o fim das sanções tarifárias.
01:53O governo brasileiro também deve insistir na revogação das sanções políticas
01:58impostas a autoridades brasileiras por meio da Lei Magnitsky.
02:02E como a Marina Demori acaba de nos contar, a negociação entre o Brasil e os Estados Unidos
02:09segue uma prioridade absoluta para o governo Lula.
02:13Mas a Casa Branca tem outros acordos comerciais à vista, por exemplo, com a China e com o Japão.
02:19Para falar sobre essas tratativas, eu converso agora com o Carlos Gustavo Poggio,
02:24professor de Relações Internacionais.
02:26Professor, muito boa noite, obrigado pela entrevista.
02:28Eu gostaria de começar perguntando justamente sobre as negociações entre o Brasil e os Estados Unidos.
02:34A expectativa é que o governo brasileiro envia então um time de peso para negociar em Washington
02:38e existe o risco, portanto, de o presidente Lula retirar do time da COP30
02:43três de seus principais ministros.
02:45O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira,
02:50e o ministro da Indústria e Comércio, que é também o vice-presidente, Geraldo Alckmin.
02:54Como é que o senhor vê essa hipótese?
02:56Neste momento, a negociação com os Estados Unidos é mais urgente do que um evento global
03:01do tamanho da COP30?
03:03Boa noite, mais uma vez.
03:05Boa noite, Eduardo.
03:05Prazer em conversar com você e com quem nos assiste.
03:09Olha, veja que é uma questão não apenas de importância, mas uma questão também de timing.
03:14Quer dizer, negociação também tem muito a ver com o momento em que você faz esta negociação.
03:20E o Brasil teve agora uma abertura por parte dos Estados Unidos, após um período que nós passamos
03:27com a relação com os Estados Unidos, que foi o pior momento da relação entre Brasil e Estados Unidos
03:31nos últimos 200 anos de história.
03:33Quando Donald Trump faz uma ordem executiva, que foi a ordem executiva na qual ele coloca as tarifas contra o Brasil,
03:40chamando o Brasil de ameaça, e as palavras que ele reservou ao Brasil como um parceiro que não é um parceiro confiável, etc.,
03:48são palavras que a gente nunca ouviu de nenhum outro presidente norte-americano.
03:52O Brasil e os Estados Unidos têm uma relação histórica de amizade.
03:56É bem verdade que há momentos de altos e baixos, como em qualquer relação,
04:00mas nunca houve um baixo tão baixo, digamos assim, quanto esse que nós atingimos em 2025.
04:07Então, esta oportunidade que se abre para o Brasil, ou seja, de você voltar de alguma medida a estaca zero,
04:13você sai deste ponto baixo que estava e volta a um ponto de normalização da relação entre os países,
04:19e mais do que isso, você cria aí uma oportunidade para uma negociação verdadeira entre Brasil e Estados Unidos,
04:26coisa que talvez nem estivesse na pauta do governo Lula.
04:30Então, tem que aproveitar, sim, este momento.
04:32É claro que a COP é uma questão também importante para o governo brasileiro,
04:37mas eu acho que o Brasil tem aí capacidade de jogar em duas frentes.
04:41No caso das negociações com a China, o presidente Donald Trump tem sinalizado até mais pragmatismo do que confronto,
04:48pelo menos nas últimas semanas.
04:50Em uma recente entrevista, ele falou, inclusive, que deseja trabalhar em parceria com o Pequim.
04:54Na avaliação do senhor, nós estamos diante de um redesenho da política comercial trumpista
05:00ou é um cálculo eleitoral pontual?
05:02Como é que o senhor avalia essa mudança de tom de Donald Trump?
05:05É um recuo?
05:06É, a gente sabe muito bem que nesta política do Donald Trump,
05:11o principal problema, o principal obstáculo, aquele que seria a questão mais difícil de ser negociada,
05:16é a relação com a China.
05:18É uma relação entre Estados Unidos e China, que é uma relação de profunda interdependência,
05:22ou seja, os Estados Unidos dependem muito da China para uma série de produtos,
05:26principalmente produtos comprados pela classe média norte-americana,
05:30mas também produtos que fazem parte de toda uma cadeia produtiva global
05:34da qual os Estados Unidos e a China são partes,
05:37assim como a China precisa também muito dos Estados Unidos
05:39como seu maior e mais importante e mais rico mercado consumidor.
05:43Essa é a única relação, de fato, que os Estados Unidos têm com qualquer outro país do mundo,
05:48que é uma relação não de dependência, mas de interdependência.
05:51Veja que a relação que ele tem, por exemplo, com o Canadá, com o México, com outros países,
05:56é uma relação onde os Estados Unidos têm um poder muito de barganha,
06:01muito mais alto do que vice-versa.
06:03Quer dizer, o estrago que os Estados Unidos podem fazer do Canadá e no México
06:08é muito maior do que o estrago que o Canadá e México podem fazer aos Estados Unidos.
06:12Este não é o caso da China.
06:14A China pode, sim, causar muito problema para a economia norte-americana,
06:18e o Donald Trump sempre soube disso.
06:20A gente olha as declarações que ele tinha dado com relação à China,
06:23que tem dado, ele sempre deixava, em certa medida, uma margem para uma negociação.
06:30Deixou muito claro, quando ele começou a botar essas tarifas todas,
06:33e depois foi abrindo exceções atrás de exceção.
06:36Quando, por exemplo, ligou o presidente da Apple,
06:39dizendo que não dava para ter tarifa no iPhone norte-americano,
06:42o Trump tira esta tarifa.
06:44Então, está muito claro que a posição do Donald Trump não é,
06:48do ponto de vista substancial, uma guerra com a China.
06:52Na verdade, é uma estratégia que hoje já está, de alguma forma,
06:55muito manjada pelos outros parceiros, que o Donald Trump utiliza.
06:59Ele só consegue entrar numa negociação se ele acha que está entrando numa posição de força.
07:05Então, se ele consegue aplicar o máximo de pressão
07:08para ele poder entrar numa pressão de força.
07:10Agora, com a China, o problema é que essa força vem de volta.
07:13Então, é uma dinâmica muito distinta daquela que o Trump acha com outros países.
07:18Agora, professor, falando ainda de Ásia,
07:20a aproximação dos Estados Unidos com o Japão, na visão do senhor,
07:24isso provavelmente reforça uma agenda de contenção da influência chinesa na Ásia.
07:30Esse reposicionamento pode redefinir o equilíbrio de forças no Pacífico?
07:35Veja, se a gente fala de reposicionamento no Pacífico,
07:40é um reposicionamento dentro da própria administração Trump.
07:43Quer dizer, o Pacífico já tem sido uma região de atenção de vários presidentes norte-americanos.
07:49Se a gente voltar ao Barack Obama,
07:51o Barack Obama, o grande slogan dele,
07:54que ele falava sobre política externa,
07:56era o pivô para o Pacífico, ou o pivô para a Ásia.
07:58Era a ideia de que os Estados Unidos tinham que tirar um pouco a sua atenção excessiva
08:02a questões de Oriente Médio, por exemplo,
08:04e se virar para a Ásia, que é onde estava o futuro das relações comerciais.
08:08Não à toa, o Barack Obama passou meses negociando um acordo,
08:12que era um acordo comercial que incluía o Japão,
08:14incluía uma série de economias do Pacífico,
08:16excluía a China,
08:18e o objetivo desse acordo, que chamava-se parceria transpacífico,
08:21era exatamente criar um laço muito forte dos Estados Unidos com outros países da região
08:26e isolar a China.
08:27O que fez o Donald Trump no seu primeiro dia,
08:29do seu primeiro mandato, retirou os Estados Unidos deste acordo.
08:33O que fez os demais países do acordo,
08:36fizeram um outro acordo comercial,
08:37e a China também fez um acordo comercial com vários desses outros países.
08:41Ou seja, os Estados Unidos, com a administração Donald Trump,
08:44está correndo atrás do bonde perdido,
08:46que foi perdido por ele mesmo.
08:48Então já tem essa presença muito forte.
08:51A administração Biden assinou um acordo
08:53que é entre Estados Unidos, Austrália e Reino Unido
08:57para fornecer submarinos nucleares para a Austrália
09:00com o objetivo de ter um aliado importante ali no mar da China,
09:04que é uma região importante para a China.
09:06Então isso já tem sido algo que foi penosamente construído
09:10em administrações passadas.
09:11Os Estados Unidos tinham, por exemplo,
09:13um acordo de livre comércio com a Coreia do Sul,
09:15que foi totalmente destruído pelo Donald Trump.
09:18Então o que a gente está vendo é um pouco esse modo Trump de atuar,
09:21que é criar um pouco esse drama.
09:23Você cria as dificuldades e depois vem de facilidade
09:26com a impressão de que conseguiu algum ganho muito importante,
09:30quando na verdade está apenas correndo atrás agora do tempo perdido.
09:33Porque essas ações dos Estados Unidos e da administração Trump
09:37com relação aos aliados norte-americanos
09:39têm assustado muitos desses aliados.
09:41Notadamente, como foi o caso do Brasil, por exemplo,
09:45mas a gente viu isso Canadá, México, Europa e outros aliados asiáticos.
09:48Então o Trump me parece que percebeu um pouco o custo
09:52desse tipo de ação que ele estava tomando
09:54e simplesmente o que a gente tem visto, Eduardo,
09:56é ocorrer, repito, atrás do tempo perdido.
09:59Não é uma mudança de estratégia norte-americana muito significativa,
10:04é talvez uma realização do governo do Donald Trump
10:07que estava aplicando a estratégia equivocada.
10:09Professor Carlos Gustavo Poggio,
10:13muito obrigado pela sua participação aqui no Conexão.
10:16Boa noite para o senhor e até uma próxima.
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