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As provocações entre Lula e Trump aumentam, e especialistas alertam que isso pode prejudicar as negociações para evitar a tarifa de 50% dos EUA. O economista Roberto Giannetti pede pragmatismo e diálogo com o Congresso americano.

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Transcrição
00:00As tensões entre os presidentes Lula e Donald Trump aumentaram nesta quinta-feira.
00:06Como mostramos, Lula declarou que Trump não é o imperador do mundo.
00:10E a Casa Branca respondeu, dizendo que o republicano é um líder global.
00:15Será que essa escalada pode dificultar, de alguma forma, as negociações?
00:20Sobre esse assunto, eu converso agora com Roberto Janetti, economista e ex-secretário de Comércio Exterior,
00:28a quem eu começo a nossa conversa aqui, agradecendo a presença no Conexão.
00:33Janetti, eu não consigo contar quantas vezes você já respondeu essa mesma pergunta.
00:37E não é que ela é repetitiva, ela vai ganhando outros contornos a cada dia.
00:42Porque hoje nós tivemos duros pronunciamentos do presidente Lula, ali, com teor crítico ao presidente americano Donald Trump.
00:51No meio do caminho surge uma carta do Donald Trump ao ex-presidente Jair Bolsonaro,
00:55com claro apoio e justificando que a política tarifária tem a ver aí com o que o Trump chamou de uma perseguição política,
01:05a quem ele fala aí, que conhece muito bem, o ex-presidente Jair Bolsonaro.
01:09E agora a gente teve um pronunciamento em rede nacional de televisão e rádio,
01:14de novo do presidente Lula, também colocando mais lenha na fogueira.
01:18Na sua interpretação, como é que esse ambiente tem calibrado, ele cria esse arcabouço de dificuldade para essa delegação,
01:29que aparentemente vai conseguir chegar no Congresso americano e negociar uma saída para os tais 50%.
01:36Janetti, obrigado pela participação de novo. Mais uma vez, boa noite.
01:40Eu que agradeço mais uma vez estar aqui.
01:42Veja só, eu acho que nós estamos envolvendo nessa discussão questões políticas e pessoais que não têm nada a ver com tarifa.
01:53O presidente Trump começou a imposição dessa tarifa de 50% no Brasil,
02:01alegando que havia uma caça às bruxas, que havia censura, que a suspeição e a investigação em cima do ex-presidente Bolsonaro
02:15é uma coisa ilegal, é uma coisa que deveria ser eliminada.
02:21E depois, de forma muito tênue e até equivocada, fala na questão das tarifas,
02:28dizendo que o Brasil tinha um superávit em relação aos Estados Unidos, que é o contrário.
02:33Então, a primeira carta foi um grande equívoco, que tornou todo esse caso agora uma disputa pessoal, um embrólio.
02:41É lamentável que essa provocação de lado a lado venha sendo escalada,
02:47porque a conversa não é por aí.
02:50A conversa é sentar na mesa e, de fato, discutir se existe uma maneira de melhorar as relações entre os dois países
02:58de forma que esse tarifácio possa ser eliminado e a gente consiga construir.
03:04Isso, se sim, seria uma coisa madura, pragmática, uma agenda positiva.
03:08Cada um fazendo concessões ao outro, de forma recíproca,
03:14de maneira que a gente tivesse um melhor ambiente de negócio, de comércio, de investimento,
03:20inclusive da área de serviços, que foi muito pouco falada até então.
03:25E eu acho que nós estamos perdendo uma oportunidade de transformar um limão numa limonada.
03:31E Brasil e Estados Unidos são países que têm 200 anos de relações.
03:36Os governos passam, os países e a sua população continuam.
03:41Nós não podemos olhar com hostilidade para os Estados Unidos por causa do governo Trump.
03:47Aliás, porque os empresários americanos e a população americana é contra o tarifácio.
03:53Eles também não estão satisfeitos.
03:54E é nesse poder da opinião pública americana que nós temos que nos firmar para conseguir a revisão do tarifácio
04:06com ganho recíproco de concessões que um país poderia fazer ao outro.
04:11Janete, na tua experiência como secretário de Comércio Exterior,
04:15e você lembrou muito bem que a gente tem dois séculos celebrados recentemente
04:19de relações muito estáveis de Brasil e Estados Unidos,
04:23inclusive com o apoio do Brasil na guerra,
04:25Segunda Guerra Mundial lutando ao lado dos Estados Unidos.
04:28Quer dizer, nós temos diferentes capítulos para justificar essa solidez
04:32de parceria nos mais diferentes campos das relações.
04:37Mas, na tua experiência como secretário de Comércio Exterior,
04:41tem alguma página na história que mostre uma situação como essa?
04:48Tem precedentes?
04:49Porque eu entendo também que uma das dificuldades,
04:52um dos dificultadores dessa relação é um presidente como o Donald Trump,
04:57que é meio imprevisível, não sabe o que ele vai fazer na próxima semana,
05:01seja no tarifácio ou seja de uma postura política,
05:03inclusive que ele faz justificativas trazendo um passado pessoal dele.
05:09Tem algum precedente que você lembre para que a gente possa criar algum ambiente
05:17se preparando do que virá a ser essa negociação?
05:21Olha, igual a esse, exatamente não.
05:24Esse é muito grave.
05:25Eu acho que o que nós estamos assistindo é inédito.
05:28Um presidente americano que toma medidas extemporâneas,
05:31radicais, unilaterais, e traz esse desassossego,
05:37essa aflição, essa amargura, a milhões de pessoas.
05:41Porque a gente fala, assim, de uma forma genérica sobre o caso,
05:46mas na hora que você vai ver problemas específicos,
05:49tem empresas hoje demitindo todos os seus funcionários,
05:53com estoques que não têm mais destino,
05:56porque eram muito concentrados nos Estados Unidos,
05:58prejuízos que vão se avolumar, dívidas que não vão ser pagas.
06:03Enfim, há uma série de consequências financeiras, econômicas, sociais,
06:08que advêm desse voluntarismo, desse egocentrismo do presidente americano,
06:14que procura tomar uma decisão sem nenhuma base técnica,
06:19inclusive invadindo a soberania do Brasil.
06:22De fato, é uma invasão da soberania.
06:24Nesse ponto, o Lula tem razão.
06:26Ele está extrapolando o seu direito de opinar sobre o que acontece num terceiro país.
06:33Imagina se fosse o Brasil questionando a alta corte dos Estados Unidos
06:39sobre alguma decisão que eles estão tomando,
06:42e o Brasil dissesse, então, que vai impor um imposto sobre os aviões Boeing,
06:47ou sobre os computadores americanos, sobre os equipamentos eletrônicos,
06:52por conta de uma decisão do Supremo americano.
06:55Não tem nenhum cabimento.
06:56E a mesma coisa que ele está fazendo conosco.
06:59Então, é uma falta de respeito do presidente americano sobre a soberania brasileira.
07:04E isso, de fato, é inegociável.
07:06Isso nós não podemos aceitar.
07:07Janete, por um lado, olhando aqui do Brasil, né,
07:11conversamos agora com o nosso repórter em Brasília, o Eduardo Gair,
07:16que trouxe a informação que está sendo montado um comitê dos dois lados ideológicos do governo,
07:23seja do PT, seja do PL,
07:25inclusive com ministros, né, perdão,
07:28com congressistas que foram ministros do ex-presidente Jair Bolsonaro.
07:32Então, tem uma força-tarefa que deixou um pouquinho de lado, pelo menos por enquanto,
07:37a ideologia política.
07:38Estão de braço os dados indo com um objetivo comum.
07:41Do outro lado, o que eles podem levar como um contra-argumento?
07:47Porque os dados são concretos, né?
07:49Como você estava falando, isso também vai prejudicar as empresas americanas.
07:53A Amsham, que é a Câmara do Comércio Brasil e Estados Unidos,
07:57já sinalizou, dizendo que isso vai trazer problemas.
07:59As empresas americanas também estão sinalizando que esse tarifácio vai prejudicar as empresas americanas nessa conexão,
08:07que produtos, diferentes commodities, vão ficar mais caros nos Estados Unidos.
08:10Isso vai chegar no bolso do americano.
08:14Nós temos aqui um grupo multidisciplinar, vou chamar desse jeito,
08:19unido em torno de uma causa comum.
08:22Do outro lado, eles serão recebidos, talvez por quem, a gente não sabe exatamente,
08:27mas qual tipo de argumento pode se levar?
08:30Dá para colocar aí o fator China?
08:33Olha, nós temos uma relação superavitária com o nosso maior parceiro comercial,
08:40que é a China.
08:41Isso poderia ser levado como argumento ou poderia complicar ainda mais a situação?
08:46Veja só, eu acho que é bom que os congressistas viajem a Washington
08:50para ter uma interlocução com o Congresso americano.
08:55Porque eu tenho falado também com meus amigos e advogados americanos que transitam muito bem no Congresso.
09:01No Congresso americano, existe um grupo de cerca de uns 30 parlamentares
09:05que é conhecido como Brazilian Caucus.
09:09Caucus é uma frente parlamentar, é o nome que eles dão lá.
09:11Entre esses integrantes do Brazilian Caucus, existem vários republicanos da turma do Trump.
09:20E conversando com eles, eles sabem, eles conhecem os problemas das empresas
09:26e sabem que esse tarifácio é um perde-perde.
09:30Os dois lados estão saindo perdendo, e muito.
09:33Então não faz sentido.
09:35Para que nós vamos insistir numa medida onde os dois lados perdem?
09:39O único que tende a ganhar com isso aqui é exatamente essa tentativa vã, inútil,
09:48de mudar uma decisão do Supremo Tribunal Brasileiro
09:52de não processar ou de dar anistia aos acusados, inclusive ao presidente Bolsonaro.
09:59Isso não vai acontecer, nós temos certeza absoluta.
10:02Conhecemos aqui o nosso Supremo, a nossa legislação, a nossa Constituição nem permite que isso aconteça.
10:08Então, eu acho que os congressistas americanos vão ter bom senso de procurar, junto com os congressistas brasileiros,
10:16trazer, espero isso, é a minha visão otimista, uma racionalidade a essa discussão.
10:22E eu acho que o vice-presidente Geraldo Alckmin, que é um político sensato, moderado, correto,
10:28tem toda a qualificação para liderar uma negociação junto com empresários e diplomatas,
10:34sentar na mesa com o lado americano, também com o USTR, Departamento de Comércio e Empresários Americanos,
10:41e trabalhar, aí que eu insisto nesse tema, isso não foi falado ainda,
10:46numa agenda positiva, façam as concessões de lado a lado.
10:51Talvez, umas quatro ou cinco concessões que um queira do outro,
10:57possam dar justificativa para evitar o tarifácio e nós escaparmos dessa armadilha
11:02que foi criada de forma tão irresponsável pelo presidente Trump.
11:06Janete, o relógio está ligado, o cronômetro, melhor dizendo,
11:10temos aí duas semanas praticamente para o dia 1º de agosto,
11:14porque elas serão intensas, para dizer o mínimo.
11:18Queria agradecer a conversa que eu tive com o Roberto Janete,
11:20economista e ex-secretário de Comércio Exterior,
11:23que certamente será acionado por nós nesses próximos 15, 20 dias,
11:28para a gente saber dos desdobramentos e depois, dia 1º de agosto, o que vai acontecer.
11:33Janete, obrigado, bom restinho de semana, até a próxima.
11:36Tchau.
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