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Direto de Washington, o consultor e pesquisador da Temple University, Lucas de Souza Martins, analisa o impacto político e econômico das medidas de Donald Trump e o recuo nas tensões com o Brasil. Ele comenta a estagnação da economia americana, o desalento dos jovens e o enfraquecimento dos democratas diante das próximas eleições.

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Transcrição
00:00A gente continua aí a destrinchar o cenário político e econômico após o encontro entre o presidente Lula e Donald Trump.
00:09Agora com Lucas de Souza Martins, consultor e pesquisador na Temple University,
00:17a quem eu digo publicamente, estou muito feliz de reencontrar o Lucas, a quem eu tenho o privilégio de chamar de amigo,
00:23que agora está em Washington, morando aí no centro do poder, respirando as notícias e os bastidores da capital americana, Lucas.
00:36Além de pesquisador, eu vou contar sua biografia aqui para todo mundo e a sua bibliografia,
00:42o Lucas é um pesquisador, entre outros temas, da história dos presidentes americanos.
00:47Parabéns, Lucas, você tem um excelente modelo de estudos, que é o Donald Trump, que é imprevisível, né?
00:55Foi aí, comemorou com o Lula e tudo mais, há meses atrás estava vociferando contra o governo brasileiro.
01:04Vamos olhar, eu queria a sua expertise para a gente olhar mais o lado político e menos o lado econômico,
01:09porque sobre a economia a gente tem falado bastante.
01:11Nós temos aí um presidente que vai mudando conforme o vento sopra,
01:19mas, repito, o ano que vem tem eleições de meio de mandato,
01:23ele sabe a importância da reputação dele,
01:28o quanto o capital político dele não pode ser lá muito desgastado
01:32frente ao desafio do ano que vem de manter a hegemonia republicana dentro da Câmara Baixa,
01:40da Câmara Alta do Congresso americano.
01:43Você que está aí, Lucas, como morador e pesquisador do Centro do Poder dos Estados Unidos,
01:48como é que está essa diretriz para o Donald Trump?
01:52Ele vai se dar bem nas próximas eleições?
01:56Eu sei que está longe ainda, mas vamos tentar colocar um norte nessa agulha de bússola.
02:02Boa noite, Favale.
02:05Sempre muito bom falar com você, com toda a sua audiência que já me acompanha há tanto tempo.
02:11Olha, a preocupação maior de qualquer presidente dos Estados Unidos,
02:15e essa também será e é a preocupação do presidente Trump,
02:19é a questão econômica, como isso vai funcionar na rotina dos americanos, na vida americana.
02:25E por isso que o Brasil acaba participando de uma forma muito efetiva nessa rotina dos Estados Unidos.
02:33E dois componentes são fundamentais para entender todo o dinamismo que hoje é base para a relação entre Brasil e Estados Unidos
02:43e o que nós podemos chamar até de recuo da parte do presidente Trump com relação à forma como enxerga o Brasil, o governo brasileiro,
02:52a questão da carne, do café, e pensando que o Donald Trump acabou escolhendo talvez o pior momento nos últimos 70 anos,
03:02pensando em produção interna de carne nos Estados Unidos, para impor essas sanções ao Brasil.
03:09O preço da carne já vem muito alto. Nós estamos falando de pelo menos um aumento de 14% nos últimos 12 meses no preço da carne,
03:18até por conta da produção baixa nos Estados Unidos, a pior produção dos últimos 70 anos.
03:26E isso faz com que os Estados Unidos precisem urgentemente olhar para os lados e fazer negociações.
03:34E isso inclui, naturalmente, o Brasil, até porque a preocupação maior do Donald Trump nesse momento é com relação à política interna,
03:42à economia, até porque, por exemplo, para dar aquele combustível básico para entender a rotina americana,
03:50todo americano basicamente vai começar o seu dia com um bom café, muitas vezes brasileiro,
03:55e vai terminar a sua semana com o seu hambúrguer clássico, happy hour, que faz parte da vida americana
04:02e também um componente brasileiro muito presente ali.
04:06Lucas, a gente falou aí do preço da alimentação, óbvio.
04:11Outra medida do Trump foi colocar tarifas nos três produtos semi-acabados, alumínio, ferro e aço.
04:19E usa-se alumínio, ferro e aço para construção civil, para produção de veículos.
04:25E o americano, do jeito que ele gosta de café, do jeito que ele gosta de hambúrguer, ele também gosta de carro.
04:31O americano, você entende isso muito bem, né, porque você se americanizou, é o seguinte,
04:37o americano tem um dinheirinho no bolso, ele vê uma perspectiva boa, a taxa de juros baixa,
04:43ele confia no governo, ele vai e compra uma casa, ele realiza o tal do sonho americano,
04:47que é aquela casa que a gente vê no seriado, afastada do centro, põe ali duas caminhonetes na porta,
04:54tem o gramado na frente, o quintal atrás, né.
05:00Agora, com aço, ferro e alumínio, tudo isso que eu estou falando fica mais caro.
05:05O carro zero quilômetro, que o americano gosta de trocar a cada dois, três anos,
05:09a caminhonete, que é o grande sonho de parte do americano que mora no Middle West,
05:13a casa nova, quando a família cresce, ele quer ir para um subúrbio, que tem uma casa mais confortável.
05:20O Trump falou, vou subir estes e outros preços, essas tarifas, para forçar uma produção interna.
05:28Siderurgia americana vai ter que levar aqui uma corda para produzir mais e nós importarmos menos,
05:35e aqui eu gero emprego. Ok, você põe no papel, dá tudo certo, fica facinho.
05:41Transformar a teoria para a prática é que são elas.
05:44Isso já chegou nos Estados Unidos ou ainda está no campo das ideias?
05:49Tem uma expansão do pátio industrial? Tem uma expansão de produção?
05:54Tem uma empregabilidade, uma contratação em ritmo acelerado,
06:00como havia prometido o Donald Trump com as tarifas?
06:02Olha, Favali, as intenções do presidente Trump estavam e são muito claras
06:10com relação a reestabelecer algo que você coloca muito bem, o sonho americano.
06:16O sonho americano, ele não tem a ver somente com o acesso a bens de consumo
06:21no dia a dia no supermercado, mas também com a compra de um novo automóvel,
06:26a facilidade de você comprar uma casa própria, trocar de telefone.
06:33Tudo isso tem muito a ver com a forma como os americanos enxergam a sua vida
06:37e as aspirações também que os americanos possuem com relação à sua vida
06:42de uma forma íntegra, completa.
06:45O American Way of Life, a forma de se viver americano.
06:48E por isso que existe uma expectativa enorme e por isso até que o presidente Trump
06:53conseguiu se eleger exatamente com essa plataforma de retomar uma pujança econômica,
07:00principalmente os estados do Meio Oeste que tinham e ainda possuem uma tradição
07:05muito grande com relação a fabricações de automóveis e por isso que há uma preocupação
07:11de trazer novamente as indústrias de volta aos Estados Unidos e agora retomam a sua questão
07:18sobre a questão de se isso efetivamente tem acontecido nos Estados Unidos.
07:23A resposta que eu tenho objetivamente é que esse crescimento ele é tímido ainda,
07:28a economia americana, obviamente que por mais que seja uma economia muito estável,
07:35diferentemente, por exemplo, de países latino-americanos,
07:39é uma economia que ainda cresce com uma certa dificuldade, pensando principalmente ainda
07:44na inflação que ainda incomoda os americanos, também o crescimento econômico,
07:50a oferta de emprego, há uma sensação geral nos Estados Unidos de uma dificuldade, por exemplo,
07:55de se conseguir emprego depois de se graduar na faculdade, inclusive há estudos nesse sentido
08:00que apontam que a geração hoje que se forma em universidades americanas
08:05é a geração que hoje tem mais dificuldades, pelo menos nos últimos 50 anos,
08:09para conseguir empregos e não somente em áreas, por exemplo, que já são tradicionalmente mais difíceis,
08:16como por exemplo, ciências humanas, mas também na área de tecnologia,
08:19existe uma dificuldade de contratação desses profissionais,
08:23até por conta da disponibilidade de empregos nessa área,
08:27por isso que há também uma ânsia, uma vontade de se consumir aqui nos Estados Unidos,
08:34até pela tradição que o país tem, mas ainda um crescimento muito tímido,
08:39e isso reverbera também nas pesquisas que apontam que o presidente Trump
08:43não é tão popular quanto ele gostaria que fosse nesse momento,
08:46o que abre margem também para que os democratas pensem sim na possibilidade
08:51de garantir uma maioria nas ruas casas a partir das eleições do próximo ano.
08:57Lucas, você tocou num ponto crucial, vou anotar,
09:01porque eu tenho certeza que nós vamos nos falar muito ainda,
09:04principalmente no ano que vem, que é esse desalento do jovem adulto,
09:08aquele que está entrando no mercado de trabalho, não tem muita perspectiva,
09:14e isso tem um impacto político num recorte muito específico.
09:18Mas falamos muito do Donald Trump e tudo mais,
09:21eu queria virar a página, pegando o que você falou agora há pouco,
09:24há segundos, sobre os democratas.
09:27Aqui no Brasil, fazendo uma análise política,
09:30a gente tem que levar em consideração dezenas de partidos.
09:34Nos Estados Unidos isso fica mais fácil,
09:36porque você tem os democratas e os republicanos.
09:38Tem outras agremiações políticas, mas majoritariamente,
09:42há 200 anos, você tem um lado, o outro, é tudo muito mais claro.
09:46para a vitória dos democratas, quer dizer,
09:50para a derrota do Donald Trump, os republicanos,
09:52seria a vitória dos democratas.
09:53E que eu sei que também não estão lá tão bem avaliados assim, né?
09:58O que você pode fazer dessa leitura?
10:01Os democratas não têm um grande sucessor, um grande líder,
10:06depois que os Clinton, os Obama, o Biden,
10:10saíram, esses grandes falcões da política americana dos democratas,
10:14talvez eles não tenham deixado um sucessor à altura,
10:18mas olhando para um escalão mais baixo,
10:21sem fazer nenhum julgamento, nenhum érito, nada disso,
10:25escalão mais baixo que eu estou falando dos deputados, por exemplo,
10:28e senadores, não estou falando de uma liderança para presidente,
10:31eles têm construído lideranças que podem fazer frente ao MAGA.
10:36E aí, Lucas, desculpa, a gente tem um minutinho de conversa só.
10:40Claro, e esse é um momento muito delicado para o Partido Democrata.
10:46Hoje, as aspirações e as manifestações que são feitas nos Estados Unidos
10:52contra o governo Trump em várias cidades não são convocadas pelos democratas,
10:56mas, sobretudo, por organizações da sociedade civil descontentes
11:01com a situação atual do governo dos Estados Unidos.
11:04Inclusive, os democratas tentam encontrar maneiras de fazer oposição a este governo
11:09sem ter o respaldo popular que ainda falta a este partido.
11:14Há um futuro ainda muito longo, pensando nas eleições midterm,
11:18mas o fato é que hoje os democratas estão muito fragilizados
11:21e hoje quem faz a oposição real ao governo Trump
11:24são as organizações da sociedade civil que ainda não abraçaram o Partido Democrata.
11:29Lucas, o prazer de conversar contigo é sempre ter a certeza de uma aula
11:35com toda a amplitude necessária para a gente entender a complicada política americana.
11:41Por mais que sejam só dois partidos, existem muitas camadas
11:45e você faz essa explicação com maestria.
11:49Lucas de Souza Martins, que conversa com a gente direto de Washington, capital americana,
11:53ele que é consultor e pesquisador na Temple University, que fica na Filadélfia.
11:59Olha a plasticidade, a flexibilidade do Lucas.
12:03Na capital, atende os estudos da Filadélfia, que tem um aspecto histórico muito importante,
12:08político também, e sempre aqui com muita gentileza,
12:12nos ajuda a entender a difícil política americana.
12:15Lucas, bom restinho de semana.
12:18A gente se fala em breve, eu espero.
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