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Mauricio Moura, fundador do Instituto Idea e professor da universidade de George Washington, analisa a escalada das tensões comerciais entre EUA e Canadá após nova decisão de Donald Trump. Ele aponta riscos econômicos, diplomáticos e políticos, destacando como o protecionismo pode custar caro ao presidente republicano às vésperas das eleições de meio de mandato.

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Transcrição
00:00E sobre essa queda de braço, esse novo capítulo aí da tensão comercial entre Estados Unidos e Canadá,
00:07eu converso agora com Maurício Moura, que é fundador do Instituto IDEA e professor da Universidade de George Washington,
00:16a quem eu recebo aqui sempre com muito prazer e começo a conversa saudando-o, desejando-lhe uma ótima noite.
00:24Maurício, a gente está falando de um comércio que é crucial para os dois países.
00:28É a maior fronteira seca entre dois países de todo o mundo.
00:33E vamos pegar um traço da história mais recente, pós-segunda guerra mundial, uma história bem contemporânea.
00:41A relação entre os dois, politicamente falando, excelente.
00:45Foram aliados na segunda guerra, depois tornaram-se ali, criaram alianças importantíssimas no lado do comércio.
00:55E muitos setores são completamente interdependentes.
01:02Aí eu chego com uma pergunta óbvia.
01:04É mais um tiro no pé do Donald Trump?
01:07Ele não está aplicando depois, talvez, um remédio muito amargo, querendo as tais tarifas?
01:13Que tipos de danos ele pode causar a curto prazo?
01:19Primeiro a gente fala da parte comercial.
01:22Depois a gente surfa, pelas ondas que você domina com mais maestria, a política.
01:28Porque, imagino eu, que vai haver desdobramentos políticos para o capital político do Donald Trump.
01:34Mas vamos falar, e você que mora nos Estados Unidos, entenda essa realidade comercial entre os dois países
01:38e essa interdependência de dois gigantes da América do Norte.
01:43Boa noite mais uma vez.
01:45Bom, Marcelo, boa noite. É sempre um prazer estar aqui com você.
01:48Essa tua pergunta a gente pode dividir em várias partes.
01:51Bom, a primeira parte é a parte mais óbvia que você mencionou.
01:56Esse comércio Canadá e Estados Unidos é vital, principalmente para o Canadá,
02:01mas também é muito importante para os estados ali que fazem fronteira com o Canadá.
02:06E você mencionou uma coisa muito importante.
02:09O Canadá, na prática, talvez seja o maior aliado dos Estados Unidos histórico.
02:15O Canadá esteve com os Estados Unidos em todas as, como você mencionou, na Segunda Guerra Mundial,
02:18mas em todos os embates globais.
02:22A amizade, os laços entre Canadá e Estados Unidos são enormes.
02:25Então é que, simbolicamente, a embaixada do Canadá em Washington é uma das maiores embaixadas
02:29e fica basicamente na cara do Capitólio.
02:32Então é meio surreal isso que está acontecendo com o Canadá,
02:35porque o Canadá seria, na verdade, o último país que qualquer governo americano deveria criar problema.
02:40E claramente está sendo não só um dos primeiros lá no começo do governo Trump,
02:44como está sendo intensamente e recorrentemente uma tensão totalmente desnecessária
02:50do ponto de vista diplomático e principalmente comercial.
02:54E foi lembrado aí na discussão que a gente viu anteriormente,
02:57o Ronald Reagan era um político liberal no sentido econômico pleno.
03:02Ele não só defendia a redução do protecionismo,
03:05foi um fambento nos anos de Reagan que a globalização ganhou muita tração no mundo.
03:11Todo esse sistema globalizado de produção e logística e cadeias de produção globais
03:17que as empresas americanas sempre surfaram,
03:19obviamente tiveram muita origem nos anos em que o Ronald Reagan estava na Casa Branca.
03:23Então, obviamente, o que ele fala e o que ele representa historicamente é o oposto
03:27do que o Trump está fazendo agora, que são políticas protecionistas,
03:31são políticas de diplomacia bastante polêmica, para dizer o mínimo.
03:35E aí, do ponto de vista só econômico-comercial, Marcelo,
03:38acho que o pior de toda essa situação é que fica claro que hoje o governo americano
03:43não tem uma política de Estado em relação a essas negociações comerciais.
03:46A gente, basicamente, vive do humor diário do Donald Trump,
03:51o que, obviamente, introduz um mecanismo de incerteza, não só para o Canadá,
03:56mas todos os países que hoje estão negociando diretamente temas comerciais e diplomáticos
04:01com os Estados Unidos.
04:02Eu acho que, assim, todo mundo perde nessa situação.
04:05O Canadá está soltando já números econômicos,
04:07consequência dessa tensão com o governo americano,
04:12que são, obviamente, muito desfavoráveis.
04:13Quando eu converso aqui, Marcelo, com vários representantes de Estados
04:18que fazem fronteira com o Canadá, senadores e deputados,
04:21muitos deles são preocupados porque tem uma cadeia produtiva
04:23que um produto é produzido nos Estados Unidos, vai para o Canadá,
04:27é processado e volta para os Estados Unidos.
04:29E, obviamente, que essa cadeia está sendo muito prejudicada.
04:33Eu até conversei há um tempo atrás com um senador do Maine.
04:36O Maine produz lagosta, mas lagosta é pescada nos Estados Unidos,
04:39é processada no Canadá, depois volta para ser vendida nos Estados Unidos.
04:42E essa tensão, obviamente, está prejudicando muito o setor.
04:45E isso são várias histórias.
04:47Você vai no Congresso americano, você só ouve histórias sobre isso.
04:49Então, assim, essa situação é ruim para todo mundo no final, né, Marcelo?
04:52Pois é. E aí tem um agravante do lado de cima da fronteira, né, Maurício?
04:56Porque os Estados Unidos, agora foram ultrapassados pela China,
05:00mas eram os grandes comerciantes globais.
05:03Os Estados Unidos faziam, claro, ainda fazem,
05:06mas agora em menor escala em comparação com a China,
05:09comércio com o mundo inteiro.
05:11O Canadá não tem o mesmo privilégio.
05:13Então, a dependência Canadá-Estados Unidos é muito maior do que Estados Unidos e Canadá.
05:19A gente está falando aqui de estados e tal,
05:21mas se a gente for olhar as minúcias, né,
05:25quando a gente leva a discussão para um microcosmo,
05:28para setores específicos, vai ter muita gente prejudicada.
05:33A gente ainda vai ter muita chance para falar disso,
05:35mas o que me chamou a atenção, e aí particularmente que jogada, né,
05:40da província de Ontário, porque confesso que eu fiquei surpreso com a notícia de hoje,
05:45que a parte, né, então, da província canadense de Ontário
05:49estava usando isso como uma propaganda,
05:51porque eu já havia visto essa publicação de um discurso recuperado do Ronald Reagan,
05:57feito pelos chineses, né?
05:59E aí, só para colocar todo mundo no mesmo contexto,
06:04agora assumiu um pouco, né, o nome Ronald Reagan no segundo mandato do Donald Trump,
06:08mas no primeiro, ele fez uma campanha tentando clivar a imagem dele,
06:12o Donald Trump, com o do Ronald Reagan,
06:14que entra para a história recente dos presidentes americanos,
06:16com o presidente transformador.
06:18No primeiro mandato, no dia da posse,
06:21o Trump pede para a biblioteca Reagan a bíblia usada pelo Ronald Reagan,
06:28ele usa uma bíblia que ele ganhou da mãe, o Trump,
06:31uma bíblia do Reagan, para deixar muito claro
06:33que ele queria fazer uma espécie de um espelhamento do Ronald Reagan.
06:38Ele sempre usou o Reagan como um exemplo,
06:40e agora os chineses e os canadenses contrapõem, né,
06:44isso irritou claramente o Donald Trump.
06:48Feita essa alegoria, vamos entrar para essa análise política
06:51que eu sei que você faz com maestria.
06:53Maurício, ano que vem, mid-term elections, né,
06:58o capital político do presidente é sempre muito importante
07:03para evitar uma perda de poder dentro do Congresso.
07:07Também estou me apelando e me apegando a um dado histórico,
07:12porque, em geral, o presidente eleito chega com uma maioria ali,
07:17ou o presidente eleito que chega com maioria,
07:20tende a perder no mid-term election,
07:23mantendo ali uma coisa de pesos e contrapontos.
07:28Agora, a chance de perda do Donald Trump de poder
07:32dentro das duas câmaras, dentro das duas casas do Congresso,
07:37na tua leitura, Maurício, pode ser maior?
07:40Quer dizer, ele pode perder mais cadeira para os democratas?
07:44Eu vou colocar uma variável para deixar essa equação ainda mais complicada,
07:48porque cá entre nós, os democratas, também não estão muito bem avaliados,
07:53segundo pesquisas de opinião.
07:55Você que está aí, né, e que fareja com mais proximidade
07:58a política americana, o que te parece agora
08:01as eleições que ainda levam um ano para acontecer,
08:04mas que a campanha daqui a pouco começa nos Estados Unidos,
08:08ali no legislativo.
08:11Bom, para começar, Marcelo, eu queria que você ficasse atento também
08:14que a gente vai ter duas eleições de governador esse ano ainda, em 2025,
08:18uma no estado de Nova Jersey,
08:21que é um estado governado por democratas,
08:23mas teremos uma no estado governado por um republicano,
08:26o Glenn Jansky, do estado da Virgínia,
08:29e hoje a candidata democrata, Abigail Spamberger,
08:32ela está liderando as pesquisas,
08:34então já pode ter uma sinalização de mudança
08:36nessa eleição da Virgínia, que agora é no dia 4 de novembro.
08:40O que eu digo mudança, né?
08:41Porque o governo Trump hoje é um governo mal avaliado.
08:44A média das pesquisas, o agregador de pesquisas
08:47tem uma avaliação positiva de 40%,
08:49contra uma avaliação negativa na casa dos 55%.
08:52Ele perdeu popularidade ao longo,
08:55desde a posse lá em 20 de janeiro.
08:58É uma avaliação negativa muito semelhante
09:00a que ele tinha em 2017, no primeiro mandato dele.
09:04E, obviamente, uma avaliação negativa
09:06de um presidente, ela tende, como você mencionou,
09:10a produzir um resultado negativo
09:11nas eleições de meio de mandato,
09:13que são as eleições de congresso
09:14que a gente vai ter em 2026.
09:16Dito isso, Marcela,
09:17a eleição ano que vem, para mim, é uma incógnita,
09:20porque está acontecendo agora,
09:22exatamente nesse momento nos Estados Unidos,
09:24uma coisa que a eleição,
09:26para a Câmara dos Deputados,
09:27é uma eleição distrital dentro dos estados,
09:29dentro de cada estado.
09:31E a gente tem um movimento agora,
09:32que começou no Texas,
09:33de gerrymandering,
09:34de mudar os distritos para favorecer,
09:37no caso do Texas,
09:38favorecer os representantes republicanos.
09:41Ou seja, você criar os distritos
09:43de uma maneira que concentre os votos republicanos
09:45para a maioria dos representantes.
09:47Os democratas estão tentando responder
09:49com um plebiscito na Califórnia
09:51para também fazer, redistribuir os distritos.
09:54Há um movimento republicano
09:55para redistribuir distritos em Indiana,
09:58em Missouri, em Carolina do Norte.
10:00Então, hoje, baseado na reprovação do Trump,
10:03seria natural dizer que os democráticos
10:05têm muita chance de virar a Câmara.
10:07Mas a gente não tem a menor ideia
10:08de que distritos estarão disponíveis
10:11no ano que vem.
10:11Isso, na verdade, é uma novidade
10:12na política americana.
10:13É mais uma incerteza
10:16no processo eleitoral americano.
10:18E, no lado do Senado,
10:19é muito mais difícil para os democratas.
10:20Hoje está 53 a 47 para os republicanos.
10:23Os democratas têm defesas difíceis.
10:25Uma, por exemplo,
10:26é a defesa de um senador na Georgia,
10:28que é um Estado republicano.
10:30Então, assim, na teoria,
10:31seria bom, seria um momento de virada,
10:33principalmente na Câmara dos Deputados.
10:35Mas, honestamente,
10:36a gente está vivendo um cenário
10:37bastante incerto.
10:38E tem muita gente na Casa Branca
10:39que eu converso, Marcelo,
10:41que dificilmente,
10:42que acredita que dificilmente
10:43o Trump vai aceitar um resultado
10:44que não seja a maioria republicana na Câmara.
10:46Então, a gente tem bastante incerteza
10:48para 2026.
10:50Bom, Maurício,
10:51uma coisa que a gente consegue ter certeza,
10:53independente do juízo de valor
10:55e opinião de cada um,
10:57minha, sua e de quem está nos assistindo,
10:59é que o Donald Trump
11:00vai deixar uma marca indelével
11:03na história recente da política americana.
11:06Aí fica no juízo de valor de cada um
11:09se é para o bem
11:10ou se é para o mal.
11:12Maurício,
11:12prazer te receber aqui.
11:14Eu sei que a gente vai ter muito argumento
11:16para falar, principalmente no ano que vem.
11:17torço para que um dia eu tenha o prazer
11:19de te receber aqui no estúdio
11:20para a gente usar os nossos recursos aqui
11:22e olhar tudo isso
11:23num mapa.
11:25Eu sei que você está, às vezes,
11:27nessa ponte aérea
11:28Brasil-Estados Unidos,
11:31mas espero tê-lo aqui.
11:32Eu queria tornar pública
11:34essa informação,
11:35prazer dessa enorme coincidência.
11:37Eu e o Maurício,
11:38nós estudamos juntos
11:39quando éramos jovens
11:40e nos reencontramos aqui na tela
11:42numa maior,
11:44numa gigantesca coincidência.
11:46Fico orgulhoso de te ver aí
11:47nessa enorme evolução.
11:49Maurício Moura,
11:50até uma próxima oportunidade
11:52que eu tenho certeza
11:52que vai ser muito em breve.
11:54Tchau, tchau.
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