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O economista Luiz Alberto Machado analisa o desafio de Javier Milei após vitória nas legislativas. Com dívida superior a US$ 270 bi e reservas baixas, a Argentina enfrenta risco de colapso financeiro. Machado alerta para a “armadilha da dívida” e o dilema geopolítico entre EUA e China, de quem o país busca apoio para manter a economia viva.

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Transcrição
00:00E sobre essa movimentação do mercado argentino, após a vitória do presidente Javier Milen nessas eleições legislativas
00:07que marcam o meio do mandato presidencial, eu converso com o Luiz Alberto Machado, economista e autor do livro Economia Criativa,
00:17a quem eu começo agradecendo a presença. Obrigado, Machado, sempre um prazer revê-lo.
00:22Como na televisão as coisas são mais enxudas, a gente colocou aqui autor do livro Economia Criativa, mas Machado tem uma longa biografia aí
00:33e eu sei que é um amante da Argentina, visita a Argentina com regularidade, inclusive para entender de perto essas nuances da economia argentina.
00:44Por isso que eu quis te ouvir, Machado.
00:46Vamos falar do Millen, vamos falar da situação da economia argentina que agora ganhou, ou tem tudo para ganhar, um aporte de 20 bilhões de dólares do governo americano.
01:00Só que já recebeu aí dinheiro do Fundo Monetário Internacional, outros organismos internacionais, da China.
01:07Como é que isso pode ajudar o Millen?
01:11E parece uma pergunta simples, é que daqui a pouco vem a contraprova, que eu sei que você é um economista experiente, Machado,
01:20e eu quero olhar o verso da página, mas vamos olhar aí o lado meio cheio do copo, né?
01:26Dívida grande da Argentina, mas entrou um dinheirão aí, 20 bilhões de dólares.
01:31O que que isso, como isso deixa a economia argentina?
01:35Boa noite mais uma vez.
01:35Boa noite, Favalli. É um prazer voltar aqui ao Jornal Conexão e falar sobre a economia argentina.
01:44O Millen até se surpreendeu, porque a vitória que ele teve foi muito acima da própria expectativa.
01:52Eu acho que dois fatores são fundamentais.
01:55Um, o apoio que ele recebeu do Trump, que lhe permitiu ganhar um fôlego importante nesse momento.
02:02O segundo, o fato dos argentinos estarem muito cansados com o peronismo e os resultados das ações praticadas pelo peronismo nos últimos governos.
02:15Então, o governo do Millen, que apostou numa coisa diferente e que, não vou dizer que conseguiu grandes resultados,
02:23mas os maiores problemas do Millen não foram na economia.
02:26Foram na questão da corrupção, na questão do envolvimento da irmã dele com uma série de coisas.
02:31Então, ele ganhou um crédito de confiança dos argentinos para dar continuidade às reformas que ele vem implementando.
02:41Machado, vamos traduzir um pouco em números para a gente não ficar só no campo da teoria,
02:46embora eu precise do seu campo da teoria, que você é um especialista nisso.
02:50Vamos lá.
02:50Tamanho da dívida argentina, isso na última contagem do primeiro trimestre de 2025, números oficiais,
02:59baseado nos dados do INDEC, que é uma espécie do IBGE da Argentina,
03:03o Instituto Nacional de Estatísticas e Censos da Argentina.
03:07Quase 300 bilhões de dólares.
03:10Tá bom, exagerei.
03:11Vai 278 bilhões de dólares.
03:15Dados do primeiro trimestre, deve ser mais.
03:17Tá bom, tamanho da dívida, tamanho da reserva, fui atrás dessa informação também.
03:23Daqui a pouco eu volto nessas telas.
03:25Reservas brutas, que não podem ser usadas imediatamente, estão ali guardadas.
03:2933 bilhões de dólares.
03:32As reservas líquidas estimadas, 6 bilhões, que poderiam ser usadas imediatamente.
03:38Somando aqui, 39, quase 40 bilhões de dólares.
03:42Está bem longe dos tais 278 bilhões de dólares.
03:49E para piorar a dívida em dólar, tem como, humilei, reverter essa situação, criar caixa para chegar na dívida.
04:00E não é só isso, pagar a dívida e dar um fôlego para o país.
04:03Mas, repito, falta muito.
04:05Este ambiente, Machado, favorável para o investidor externo, até para o turista, que leva um dólar em menor escala,
04:12mas principalmente para o industrial, o investidor externo, investir na Argentina.
04:17Isso tem se mostrado mais palatável?
04:21Mais factível?
04:22Essa é a pergunta de um milhão de dólares, né, Favalli?
04:27Mas eu sempre insisto nessa questão.
04:31Você tem o efeito comparação.
04:33O passado da Argentina condena.
04:35Então, a expectativa que eles têm não é com relação a muita coisa do Millet.
04:41É para não voltar ao inferno que eles viveram durante os últimos, sei lá, 20 anos.
04:48E aí eu chamo a atenção para uma coisa importante.
04:51A grande diferença, talvez, entre a economia brasileira e a economia argentina
04:55reside exatamente nesse colchão representado pelas reservas internacionais.
05:01Enquanto o Brasil, quando conseguiu equilibrar a economia, equilibrar monetariamente,
05:07criar um real forte, ou pelo menos a inflação brasileira se mantém em padrões relativamente satisfatórios
05:15para os padrões brasileiros, na Argentina você tem essa dificuldade.
05:21Há uma desconfiança com relação à inflação, mas há, acima de tudo,
05:25uma impossibilidade de você trabalhar com reservas,
05:28que é um colchão extremamente importante que o Brasil dispõe.
05:32Machado, voltando para cá, o seguinte, né,
05:36tamanho das reservas cambiais, mostrei essa tela.
05:38Para quem a Argentina está devendo, e é uma dívida histórica, isso não tem a ver diretamente com o Millet.
05:46FMI passa dos 40 bilhões de dólares, e aí eu fui rever esse dado e confesso que isso me chamou a atenção.
05:54Mais do que os 40 bilhões de dólares que a Argentina deve para o Fundo Monetário Internacional,
06:0037% do crédito que o FMI tem que receber no resto do mundo é da Argentina.
06:08É o maior devedor, disparado.
06:10Isso eu já sabia, mas que é 37% de todos os empréstimos atuais do FMI na Argentina é que me surpreendeu.
06:18Bom, outros organismos internacionais fiadores, os chamados bondholders,
06:24aqueles que compram os stake bonds da dívida,
06:29Banco Mundial, Banco Interamericano de Desenvolvimento, o BID,
06:33e dois swap cambiais.
06:37Um dos Estados Unidos, esse aí prometido pelo Trump, mas o que não aconteceu,
06:41e outro já feito pela China na casa dos 18 bilhões de dólares.
06:47Tá bom, onde que eu quero chegar, e aí a sua expertise de ter sido diretor da faculdade de jornalismo,
06:55da prestigiada FAAP, sabe a teoria econômica na ponta da língua, Machado?
07:02Aqui, ó, aprendi com você, sendo professor, a armadilha da dívida.
07:08Porque o negócio você vai devendo, e não tem aqui empréstimo paterno, né?
07:13Tem um negócio chamado juros correndo.
07:15Qual é o risco de cada vez mais você pedir dinheiro para devedores, credores diferentes, né?
07:23Desculpa, o devedor é argentino, você tem credores diferentes.
07:27O país se endivida e pode se tornar a dívida insustentável.
07:32O serviço da dívida fica tão elevado que ele precisa pedir outros empréstimos
07:38empréstimos para pagar as parcelas de primeiros financiamentos.
07:44E às vezes você precisa pedir um empréstimo só para pagar os juros,
07:47chamada armadilha da dívida.
07:50E essa minha pergunta tem dois estágios.
07:52Primeiro, vamos falar sobre a armadilha da dívida economicamente falando.
07:57Depois nós vamos falar de politicamente falando.
08:00A Argentina corre o risco de entrar nessa bola de neve gigante?
08:05Quanto mais ela anda, maior fica, até virar uma avalanche, Machado?
08:10Não, não corre o risco de entrar.
08:12Ela já entrou.
08:13Agora, ela já está nessa bola de neve há muito tempo.
08:17O que o Milet está tentando fazer é reverter uma tendência que era,
08:23vamos dizer assim, irrecuperável.
08:25Então, ele está agindo com relação à inflação,
08:29sobretudo com relação à inflação,
08:31que são os grandes resultados que ele teve até agora,
08:34para não precisar agravar a questão dos empréstimos internacionais.
08:40Vamos esclarecer isso daqui para o público em geral.
08:44Quando a situação fica muito ruim,
08:48ou você recorre a empréstimos internacionais,
08:51ou você sai emitindo moeda.
08:52E os argentinos sabem o tamanho do problema,
08:56que significa uma inflação muito alta.
08:58Então, eles estão apostando na capacidade do Milet
09:01de manter a inflação sob controle
09:03e negociar bem com os credores internacionais,
09:06sejam eles organismos internacionais,
09:09sejam eles outros países,
09:10no sentido de dar um fôlego para a economia argentina.
09:14Agora, Machado, você falou a pergunta de um milhão de dólares?
09:17Não.
09:18A pergunta de um milhão de dólares é essa.
09:20Aqui, no caso da Argentina, é a pergunta de 278 bilhões de dólares.
09:25Um milhão de dólares não refresca nada a vida do Millet.
09:29Estão devendo um swap cambial de 19 bilhões,
09:33pouco menos, 18 bilhões de dólares,
09:36para a China, 20 bilhões de dólares para os Estados Unidos,
09:40e que, para a segunda maior economia do mundo,
09:43a primeira maior economia do mundo,
09:4620 bilhões de dólares não é um problema.
09:48Pode ser uma dívida a fundo perdido.
09:51Mas, politicamente falando,
09:54a China está no meio dos dois gigantes do século XXI
09:59que estão brigando pela hegemonia do século.
10:02E aí?
10:02Você vai ter que escolher um lado?
10:03Você vai brigar com um em detrimento a outro?
10:07Você vai devendo dinheiro?
10:09Você não vai xingar com a pessoa que você está devendo dinheiro.
10:11Como fica a situação do Millet,
10:15estou dando a responsabilidade ao presidente,
10:18mas se fosse o Alberto Fernandes,
10:19citaria o Alberto Fernandes,
10:21nessa situação?
10:22Ele está entre o caldeirão,
10:24como é que chama?
10:25Entre a cruz e a espada,
10:27entre a fornalha e o caldeirão.
10:30E daí?
10:31Eu acho que ele não tem muito o que inventar a esta altura,
10:36porque ele já recorreu muito ao Trump.
10:40Então, ele já buscou o apoio dos Estados Unidos.
10:44Ele vai ter que ter muita capacidade de negociação
10:48para tentar convencer os chineses
10:50da mesma forma que ele conseguiu convencer os americanos.
10:53E aí, no sentido de que a Argentina não está
10:56nem pendendo para um lado, nem para o outro,
10:59reconhecendo que são duas grandes potências
11:01da economia mundial
11:03e que, entre outros pontos de disputa,
11:06disputam o território sul-americano.
11:10Machado, obrigado pelos teus esclarecimentos.
11:13A gente já tem um vínculo antigo e tal, não sei o quê.
11:16Tenho a honra de chamá-lo de amigo e professor.
11:18Eu ia fazer uma piada sobre a dificuldade da Argentina,
11:21a dificuldade da sociedade esportiva Palmeiras
11:25em ganhar o Mundial,
11:26porque eu sei que você é um torcedor ferrenho do Palmeiras,
11:28mas eu não vou mexer com essas paixões política e economia.
11:34Mas você sabe onde eu quero chegar, né?
11:37O Palmeiras vai virar e vai reverter e vai chegar a Lima.
11:42Eu estou apostando.
11:43A pergunta era essa, quem chega primeiro, né?
11:46É o Palmeiras no Mundial
11:47ou é a Argentina fora da crise econômica?
11:50Eu vou perguntando aí de tempos em tempos
11:54para a gente fazer essa medição.
11:55Obrigado sempre pelo bom humor e pelas análises precisas.
11:59Luiz Alberto Machado, economista e autor do livro
12:03Economia Criativa,
12:05além de ser integrante do Think Tank Espaço Democrático.
12:11Machado, obrigado. Até uma próxima.
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