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A derrota do partido de Javier Milei gerou forte turbulência nos mercados argentinos, com a bolsa caindo 13,25% e o dólar disparando. Para analisar os impactos políticos e econômicos, Marcelo conversa com Matheus Oliveira, professor de relações internacionais da UFU, especialista em América Latina e Argentina.

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Transcrição
00:00E diante dessa derrota de Javier Milley, o dia foi caótico no mercado financeiro argentino.
00:06A bolsa de Buenos Aires caiu 13,25% e o dólar teve uma valorização de 3,60 centavos por relação ao peso argentino.
00:20Para a gente conseguir entender mais essas nuances da economia, como isso está interligado com a política,
00:27eu recebo agora para um papo o Matheus Oliveira, que é professor de Relações Internacionais da Universidade Federal de Uberlândia
00:37e um estudioso de América Latina, em especial, com um recorte bastante especial sobre a Argentina.
00:44Matheus, prazer conversar com você, prazer te receber aqui no Conexão.
00:49Vamos tentar desvendar esse nó entre política e economia da Argentina.
00:57Eu só queria fazer uma breve observação que eu fiquei surpreso, no melhor sentido da palavra,
01:02de ouvir o Javier Milley dizendo que aceita o resultado das eleições, que perdeu.
01:09Isso é um movimento muito importante na América Latina dos últimos tempos, só esse registro que eu queria fazer.
01:18Agora, eu vou te passar a palavra pra gente esmiuçar a questão política, mas com um olho na economia, Matheus.
01:27Você começa a perceber que o Javier Milley, ele se depara com o que eu chamo de bigorna da realidade?
01:34Porque uma coisa é o candidato, depois o político eleito tem que lidar com uma realidade em que algumas promessas de campanha não cabem mais.
01:45Essa derrota arranha um capital político e mostra como ele está diante da opinião pública.
01:50Você aposta numa mudança dessa política fiscal da Argentina, em que ele falava de fechar o Banco Central,
01:59dolarizar, cortes abruptos de gastos, redução de benefícios a populações mais carentes?
02:07Talvez a gente veja um revés daqui pra frente?
02:10Perdão pela minha longa introdução.
02:12Boa noite, seja bem-vindo mais uma vez.
02:13Boa noite, Marcelo.
02:16Boa noite a todos que estão nos acompanhando.
02:18Prazer em falar com você aqui.
02:21Eu gostei muito da expressão bigorna da realidade, acho que vem muito a calhar.
02:27Peronor Múcio, ele de fato reconheceu a derrota.
02:33Não sei se seria possível fazer outro movimento, tendo perdido aí por uma diferença que ficou entre 13, quase 14 pontos percentuais, né?
02:45Que é uma diferença muito significativa.
02:48Só pra quem está nos acompanhando, assim, dentro do sistema político argentino, se isso fosse uma eleição presidencial, por exemplo,
02:55ela ficaria resolvida no primeiro turno já.
02:58E ato contínuo, né, logo depois de assumir a derrota, o que ele faz?
03:04Ele dobra a aposta.
03:05Ele diz que pra quem acha que isso significa que o governo vai mudar alguma coisa,
03:10que a orientação geral do governo está equivocada, ele diz um rotundo não,
03:17e que na verdade agora é o momento de avançar mais, de aprofundar ainda mais essas medidas.
03:25É claro que isso pode ser só discurso pra tentar mostrar alguma força, né, pra tentar mostrar alguma capacidade de resistência
03:36depois de uma derrota que ele não antecipava que seria tão dura, né?
03:41O que se comenta é que, em torno do Milley, a expectativa era que, na pior das hipóteses, a derrota fosse aí em torno de 5 pontos percentuais.
03:55Na verdade, isso foi praticamente o triplo, né, do que ele estava esperando.
04:01Mas o que a gente tem visto do governo Milley desde dezembro de 2023 é uma insistência muito grande
04:12em permanecer em determinados caminhos, ainda que esses caminhos não se mostrem os mais acertados.
04:20Eu apostaria que, assim, os próximos dias vão ser muito decisivos pra gente entender pra onde que isso vai,
04:28até porque, além dessa derrota maiúscula que ele sofreu nas urnas,
04:32ele também teve uma derrota recente no Congresso, que foi a primeira vez desde que o governo Milley começou
04:39que o Congresso argentino derrubou um veto presidencial, né, que foi o caso justamente da lei
04:47que previa a continuidade de concessão de benefícios a idosos, aposentados,
04:53no meio daquele escândalo envolvendo a irmã e a Karina Milley.
04:57E, assim, sinceramente, a gente está vendo o vídeo, né, do Milley falando,
05:01as caras das pessoas em volta dele, acho que dizem tudo, né,
05:05quando se pensa na possibilidade de seguir nesse rumo que ele está defendendo.
05:11Matheus, eu volto um pouco à campanha do Javier Milley,
05:15que dá uma vitória bastante importante, né, uma derrota ao peronismo,
05:20embora ele tenha chegado no segundo turno em segundo lugar em comparação ao candidato da situação,
05:26o Sérgio Massa, mas aí o revés dele foi bastante significativo e um discurso duro,
05:34performático, cheio de alegorias com motosserra, mas ele também trazendo,
05:40fora essas coisas pouco prováveis, né, fechar o Banco Central,
05:44abrir mão do peso para dolarizar, é possível, mas muito pouco provável,
05:48diante do tamanho da economia argentina, ele falava muito em romper com o Mercosul,
05:53sair do Mercosul, se afastar do Brasil, só que no meio do caminho apareceu o tarifácio, né,
05:59tudo bem que a Argentina foi muito menos taxada em comparação com o Brasil,
06:03mas há um impacto nas exportações, tanto que houve um aumento da relação comercial entre a Argentina
06:10com o Brasil por conta do tarifácio do Trump, essa questão do Mercosul,
06:15é claro que quando a gente faz análise, a gente também põe umas pitadas de uma futurologia,
06:21mas na tua leitura, que você é muito bom para entender a história política da Argentina,
06:25é um profundo conhecedor nesse sentido, você acha que vai ficar no discurso,
06:30ou este pilar Brasil-Argentina no Mercosul corre riscos?
06:37Ele corre riscos, acho que a gente tem que calibrar um pouco de que risco nós estamos falando, né,
06:46hoje eu acho que é um tanto improvável que ele consiga fazer o que seria a ruptura total,
06:54que seria a saída da Argentina do bloco, ou uma outra forma de acabar com o Mercosul na prática,
07:03seria o Argentina assinar um tratado de livre comércio com os Estados Unidos, como ele previa, né,
07:10pela regra do Mercosul, os membros do Mercosul só podem fazer acordo de livre comércio,
07:15em conjunto eles não podem fazer separadamente.
07:17Eu acho o seguinte, Marcelo, por um lado, ele não nutre nenhuma simpatia pelo Mercosul,
07:26se fosse só a vontade dele, provavelmente já teria feito algum movimento mais drástico.
07:32Agora, existem pressões importantes de segmentos que são importantes do empresariado argentino,
07:38que mantém e que pressionam o governo em favor de uma continuidade do Mercosul,
07:45e ao mesmo tempo, eu acho que a diplomacia brasileira, ela tem sido um tanto hábil em conduzir isso,
07:53especialmente nos últimos meses, e de que forma, né, acho que de duas maneiras principais.
07:58Primeiro, é deixando o Mercosul um pouco em velocidade de cruzeiro,
08:02sem querer fazer nenhuma grande mudança de rota, ou seja,
08:07você não tem notícia recente de o Brasil tentando passar alguma agenda,
08:11alguma questão que fosse mais polêmica, que fosse causar mais aflito.
08:15É quase como se fosse, não, deixa correr, até para ver se esquece um pouco do Mercosul,
08:21enquanto o trabalho prossegue normalmente.
08:26E, por outro lado, o governo brasileiro,
08:29e nos últimos dias a gente viu mais algumas revidências disso,
08:33ele está muito empenhado em assinar, em definitivo,
08:36o acordo de livre comércio com a União Europeia, que é esse acordo que se arrasta aí há décadas, né,
08:45para quem acompanha o Mercosul, tem mais de 20 anos que a gente fala desse acordo.
08:50E essa é uma jogada muito interessante, porque para o Milley,
08:53enquanto um presidente que se coloca como o baluarte do liberalismo na região,
08:59como é que ele vai se opor a um acordo de livre comércio celebrado pelo Mercosul, né,
09:05eu acho que é uma saída interessante que tem sido posturada a partir do Brasil,
09:09nesse sentido, assim, vamos assinar o acordo,
09:12o acordo está muito bem azeitado,
09:15acho que os termos estão bem definidos em ambas as partes,
09:20e, além disso, é um trúrgico importante para o Milley,
09:25para combater essa postura mais agressiva do Milley em relação ao Mercosul via a coisa.
09:35Matheus, é uma pena a gente tratar de um assunto tão complexo,
09:38com um personagem tão importante na nossa história contemporânea,
09:42que é o Javier Milley, com tão pouco tempo.
09:46Então, estendo o convite, a gente continua essa conversa
09:49numa próxima oportunidade que não vai demorar,
09:52porque o Javier Milley sempre nos dá muitos subsídios para falarmos daqui do Cone Sul,
09:58mas, por enquanto, queria agradecer a você ter compartilhado os seus conhecimentos aqui
10:02com a nossa audiência.
10:03Conversei com Matheus Oliveira,
10:05professor de Relações Internacionais da Universidade Federal de Uberlândia,
10:09um estudioso da América Latina e, em especial, de Argentina,
10:13a quem, de novo, eu agradeço e espero recebê-lo aqui muito em breve.
10:16Matheus, obrigado mais uma vez.
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