- há 2 meses
FUTURANDO 20251006
A participação feminina na ciência global ainda é inferior a 30%.
Para mudar esse cenário, projetos vêm apoiando pesquisadoras na superação de barreiras e preconceitos, abrindo caminhos para uma ciência mais diversa e inclusiva.
E ainda: A receita original dos antigos egípcios para embalsamar seus mortos.
A participação feminina na ciência global ainda é inferior a 30%.
Para mudar esse cenário, projetos vêm apoiando pesquisadoras na superação de barreiras e preconceitos, abrindo caminhos para uma ciência mais diversa e inclusiva.
E ainda: A receita original dos antigos egípcios para embalsamar seus mortos.
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AprendizadoTranscrição
00:00Ainda há poucas mulheres na pesquisa.
00:03A participação feminina na ciência global é inferior a 30%.
00:07Elas enfrentam barreiras que colegas homens sequer percebem.
00:11Mas não faltam exemplos de pesquisadoras brilhantes.
00:15Por isso, hoje reunimos cientistas renomadas que estão fazendo história.
00:21O Futurando está no ar.
00:25Como funcionam os nossos genes?
00:28Essa cientista e sua equipe querem achar a resposta analisando o DNA humano.
00:34Estudamos a estrutura 3D do DNA em nossas células
00:38e como ela influencia as atividades dos nossos genes.
00:42Esse estudo pode ajudar a compreender doenças como o câncer.
00:46A pesquisadora trabalha no Instituto Max Planck de Ciências Multidisciplinares em Göttingen,
00:51na Alemanha, desde 2020.
00:53Aqui, no estado da Baixa Saxônia, em média, 2 em cada 5 pesquisadores,
00:59em institutos e universidades, eram mulheres em 2023.
01:02Mas elas enfrentam com frequência obstáculos que os homens sequer percebem.
01:07Acredito que, mesmo como cientista, você tem que lidar com preconceitos inconscientes
01:15e acho que isso dificulta na hora de se estabelecer como uma pesquisadora reconhecida na sua área,
01:21principalmente no início da carreira.
01:22Mas não é só o preconceito que afeta as pesquisadoras.
01:29Elas também enfrentam modelos de gênero ultrapassados
01:32e questionamentos sobre sua competência científica.
01:35O momento mais desafiador da minha carreira foi enquanto os meus filhos eram pequenos,
01:46porque foi a primeira vez que eu realmente senti a pressão da sociedade.
01:50Diziam, por favor, volte para casa.
01:52Foi difícil resistir a isso e ter a convicção de que esse era o caminho certo.
01:57Não só para mim, mas também para os meus filhos.
02:00Foi um período difícil.
02:01Na Alemanha, nos últimos cinco anos, a quantidade de mulheres na ciência aumentou lentamente.
02:12Na equipe de pesquisa de Marika, entre os pesquisadores iniciantes, a maioria são mulheres.
02:17A ciência é um campo muito amplo.
02:21Há muito para explorar.
02:22Tenho muita sorte de ter encontrado uma vaga na sociedade Max Planck para realizar a minha pesquisa,
02:27onde eu sou apoiada pela minha supervisora.
02:31Quanto mais alto o cargo, menor a presença feminina.
02:35Na Alemanha, apenas um terço das posições de professor universitário é ocupado por mulheres,
02:40mas essa proporção está crescendo.
02:42As universidades têm trabalhado para mudar isso.
02:47Atualmente, temos uma vaga ocupada por uma professora que só se candidatou porque a abordamos
02:52e só decidiu aceitar o cargo porque a apoiamos muito.
02:56Marika conseguiu sua posição como coordenadora por meio de um programa de fomento.
03:06Acredito que iniciativas como o Programa de Excelência Lisa Meintner são extremamente importantes,
03:12porque apoiam pesquisadoras promissoras em um estágio inicial de suas carreiras
03:16e permitem que elas se concentrem no desenvolvimento de seus programas de pesquisa.
03:21Marika quer continuar nesse caminho, desenvolvendo um trabalho que pode levar a pesquisadora a uma posição de liderança.
03:31Mulheres que desejam trilhar uma carreira acadêmica dominada por homens devem ter objetivos muito claros.
03:40Qual é o propósito da pesquisa delas? Qual a motivação?
03:43A cientista que acompanhamos na reportagem a seguir é especialista em pântanos,
03:48fundamentais para a proteção do clima e da biodiversidade.
03:52O pântano, misterioso e único.
03:58Poucas pessoas conhecem os pântanos do mundo tão bem quanto essa bióloga.
04:07Pântanos são ecossistemas que se desenvolvem onde há excesso de água na paisagem.
04:13Como aqui, por exemplo.
04:14Isso permite que as plantas adaptadas às condições úmidas não se decomponham completamente,
04:19mas formem turfa, que é onde eu estou pisando.
04:22E há muitas razões pelas quais é importante proteger os pântanos,
04:26especialmente na Alemanha, onde destruímos quase todos eles.
04:31Francisca pesquisa pântanos e luta pela preservação deles há anos.
04:34Pântanos como esse são raros.
04:42A área de Mömersevisen, em Brandenburgo, foi reidratada há três anos.
04:47Desde então, muitas plantas e animais retornaram.
04:51O que vemos claramente aqui é a transição.
04:55Essas ciperáceas estão crescendo aqui no pântano.
04:58Elas têm folhas verdes no topo e aqui embaixo há algumas raízes,
05:02as partes brancas e marrons.
05:03Isso já é a transição para a turfa.
05:07O que torna os pântanos tão especiais é justamente o fato de que as raízes não se decompõem completamente,
05:12ou seja, se acumula mais matéria do que se perde.
05:16A turfa se desenvolve ao longo de milênios e forma um ecossistema especial.
05:22Proteger os pântanos significa muito mais do que apenas preservar um pedacinho da natureza.
05:28Enfrentamos verdadeiros desafios sociais nesse momento.
05:31Se formos citar apenas dois, temos a crise climática e da biodiversidade.
05:36Os pântanos não são a salvação do mundo e não vão resolver tudo,
05:39mas são um exemplo de como muitas soluções podem se conectar.
05:44Embora os pântanos ocupem apenas 4% da área terrestre global,
05:48eles oferecem benefícios ambientais importantes,
05:51contêm mais carbono do que todas as florestas da Terra juntas
05:55e fornecem habitat para plantas e animais raros.
05:58Na Alemanha, 95% deles foram drenados e hoje geram 7% dos gases de efeito estufa.
06:06Se os pântanos tivessem mais água em vez de emitir carbono,
06:10poderiam armazená-lo e proteger o clima.
06:12É por isso que Francisca luta para reidratar mais pântanos na Alemanha.
06:17Mas há um empecilho.
06:18Hoje, essas terras são usadas para a agricultura.
06:26No passado, a proteção de pântanos significava que a agricultura era retirada daquele lugar
06:33que a terra era comprada e que áreas selvagens poderiam ser restabelecidas.
06:38Isso é importante, mas quando consideramos que agora temos quase 2 milhões de hectares de pântanos na Alemanha,
06:43onde o nível da água deve ser gradualmente elevado,
06:47não vamos conseguir realizar esse plano sozinhos.
06:51É por isso que ela busca o diálogo, por exemplo, com esse agricultor em Brandemburgo.
06:56Ele participa de um projeto de reidratação.
06:59No futuro, a conservação dos pântanos deve andar de mãos dadas com a agricultura.
07:06O problema é que a área fica encharcada no inverno
07:09e na primavera não é possível acessá-la para realizar medidas de conservação.
07:12E a reidratação apresenta novos problemas aos agricultores.
07:21Acredito que ouvir é muito importante, perguntar os motivos e também buscar soluções em conjunto,
07:28sem chegar com um plano pronto, mas sempre perguntando como isso pode funcionar aqui, na prática.
07:33Junto com os agricultores, ela quer explorar as possibilidades da agricultura em pântanos,
07:41seja com juncos em áreas úmidas ou, como aqui, em partes que permanecem secas no verão.
07:47O agricultor ainda pode cultivar alimento para seus animais, mas em menor quantidade do que antes.
07:52Claro que queremos fazer a nossa parte, porque a proteção climática e os temas relacionados
08:01são realmente importantes, mas isso também representa cortes para nós.
08:05Essa área não é tão economicamente atrativa como antes.
08:10O agricultor recebe subsídios para a conservação da natureza,
08:14mas isso não compensa a colheita inferior e os riscos.
08:17Para garantir maior apoio governamental para a conservação dos pântanos,
08:23Francisca precisa de apoio político.
08:26Ela divide seu trabalho entre as cidades Greifswald, Berlim e Bruxelas
08:30e busca o diálogo com todos.
08:34Como aqui no Conselho de Desenvolvimento Sustentável,
08:37assessorado pelo governo federal alemão.
08:40E também com as associações agrícolas que temem pelos seus lucros.
08:44Francisca é a primeira pessoa a dizer no campo da conservação dos pântanos
08:51que devemos salvá-los em prol da proteção do clima e da biodiversidade,
08:55mas que também devemos proteger os agricultores que ganham a vida nesse setor.
09:00E quando alguém representa sua causa com tanto comprometimento e competência,
09:04discutir e encontrar soluções juntos fica ainda melhor.
09:08Discutir, ouvir, respeitar outras opiniões.
09:11E não perder de vista a proteção ambiental.
09:13Tudo isso exige muita energia e perseverança.
09:17Por um lado, ajuda muito acreditar que o que você está defendendo vale a pena.
09:22Tenho certeza de que há muitas sinergias envolvidas com o pântano.
09:26Clima, biodiversidade, gestão sustentável, está tudo ali.
09:31E é fundamental falar sobre prazos.
09:34Ninguém precisa implementar 100% de proteção climática imediatamente.
09:38Mas todos temos que trabalhar juntos para chegar lá.
09:44Francisca não é apenas uma especialista em pântanos,
09:47mas também sabe como convencer as pessoas a protegê-los.
09:50Algo que pode ajudar a todos.
09:52Remover de óxido de carbono da atmosfera,
10:00armazená-lo e assim desacelerar as mudanças climáticas e o aquecimento global.
10:05A natureza pode fazer isso por meio da fotossíntese.
10:09Mas processos técnicos também são possíveis.
10:12E a climatologista Kira Heffert está trabalhando nisso.
10:16Estamos em uma estação meteorológica no telhado do Centro de Pesquisa Geoambiental
10:24na cidade alemã de Tübingen.
10:26Aqui, a equipe liderada por Kira e Matias quer realizar a fotossíntese artificial.
10:32Ou seja, usar a energia solar para converter CO2 em uma substância inofensiva.
10:37A fotossíntese artificial já é dez vezes mais eficiente do que a natural.
10:43As árvores, por exemplo, elas usam apenas 1% da energia solar
10:47para fixar CO2 e, por fim, armazená-lo na badeira.
10:56Esse é o ciclo natural do carbono,
10:58que criou um clima estável na Terra ao longo de milhões de anos.
11:02O que nós, humanos, fizemos foi, sistematicamente,
11:06desenterrar essas reservas naturais de carbono
11:08que ficaram enterradas no solo durante esses milhões de anos e queimá-las.
11:16Agora enfrentamos um desafio.
11:18A concentração de CO2 na atmosfera, proveniente da combustão,
11:22está alterando o nosso clima e de forma tão drástica
11:26que estamos tendo consequências negativas para prosperarmos
11:29e para termos paz no mundo.
11:32Pesquisadores estão procurando um botão de reset para as emissões de CO2.
11:40Chamado de NETPEC, o projeto reúne cientistas de diversas áreas.
11:45Kira é climatologista.
11:47Matias conduz pesquisas na área de físico-química.
11:52Nesse experimento, o CO2 é injetado em uma solução eletrolítica.
11:57A semiesfera prateada funciona como catalisador.
12:00Assim, os pesquisadores querem transformar moléculas de CO2 em flocos de carbono.
12:07Algo está acontecendo aqui nessa superfície.
12:10Pequenas bolhas estão se formando.
12:12E nessa fase, o nosso catalisador está, na verdade,
12:15produzindo monóxido de carbono.
12:17Você pode ver claramente aqui que, além das bolhas subindo,
12:22flocos pretos também estão começando a se depositar na superfície.
12:26E esse é o carbono que queremos extrair do processo.
12:28Os flocos de carbono crescem na superfície do metal e se desprendem com vibração.
12:39Trata-se de carbono puro, grafite semelhante ao encontrado no lápis.
12:45É atóxico, resistente às chamas e fácil de armazenar.
12:48O produto final depende do catalisador.
12:53Flocos de carbono são apenas uma possibilidade.
12:56A tecnologia ainda está em fase inicial, mas as emissões negativas,
13:00ou seja, a remoção do CO2 da atmosfera,
13:03são parte integrante de todos os cálculos para atingir as metas climáticas.
13:08Idealmente, não precisaríamos dessa tecnologia.
13:13Isso precisa ficar claro.
13:15Idealmente, a humanidade deveria perceber, hoje mesmo,
13:18que precisamos parar é de queimar hidrocarbonetos.
13:21Mas, num cenário nada ideal, precisamos dessa tecnologia,
13:25como um plano B, para sair de um dilema bem difícil,
13:29o de que estamos liberando CO2 há muito tempo
13:32e que as pessoas dependem de motores de combustão e combustíveis fósseis.
13:36E, se precisamos tanto disso, então vamos usar uma quantidade muito, muito grande.
13:45Mesmo os cenários mais otimistas não prevêem que cessaremos completamente
13:50as emissões globais de CO2 em poucos anos.
13:53O que seria necessário para atingir as metas climáticas
13:56e para limitar o aquecimento global a 2 graus Celsius?
14:00Os pesquisadores comparam o CO2, que continua sendo emitido,
14:04a uma espécie de saldo negativo na conta bancária.
14:11Para ainda atingir a meta, podemos tentar quitar esse saldo negativo,
14:18que é o que chamamos de emissões negativas.
14:20Isso significa que extraímos o CO2, que já foi liberado na atmosfera,
14:26e o armazenamos de forma permanente.
14:29Isso torna possível, em princípio, atingir essas metas.
14:32Mas, claro, há um custo muito mais alto.
14:39O tempo está se esgotando.
14:41A equipe do NetPack espera mais financiamento para trabalhar com mais pesquisadores
14:46na busca de soluções para o que é, atualmente, o maior problema da humanidade.
14:51Em dez anos, quero estar aqui, mostrar a vocês as montanhas de carbono que extraímos da atmosfera.
14:58Melhor ainda, em cinco.
15:00Pessoal em cinco.
15:02No inverno europeu, quando as árvores estão sem folhas,
15:06quase não ocorre fotossíntese natural.
15:08A fotossíntese artificial, por outro lado,
15:11poderia usar cada hora de sol, mesmo no inverno, para remover CO2 da atmosfera.
15:16Ainda assim, as tecnologias de emissão negativa nunca vão poder substituir medidas de proteção climática.
15:29Temos medo de que a pesquisa sobre remoção de CO2 leve a uma menor proteção climática.
15:36Isso representa um grande dilema para nós.
15:38Algumas pessoas dizem que, se conseguirmos remover CO2 da atmosfera,
15:43podemos continuar a operar usinas termoelétricas a gás.
15:48Mas não funciona assim.
15:49Os nossos cálculos só funcionam se a indústria se descarbonizar completamente
15:54e cobrirmos as emissões de CO2 restantes, absolutamente necessárias,
16:00com a fotossíntese artificial.
16:03Não é uma desculpa esfarrapada.
16:05Para estabilizar o aumento da temperatura do planeta,
16:14ainda precisamos parar de queimar combustíveis fósseis.
16:17Emissões negativas por si só não resolvem a crise climática.
16:24Encontrar uma solução rápida para salvar o mundo.
16:28Não é bem assim que a próxima cientista que entrevistamos pensa.
16:31Mas ela também trabalha com catalisadores.
16:35Catalisadores naturais.
16:37E com plantas que às vezes têm nomes fascinantes e exóticos.
16:42Pode parecer e soar como uma erva daninha.
16:46Mas a erva de passarinho japonesa,
16:48falopia japônica,
16:49pode ser uma planta útil.
16:51Colhida manualmente para evitar danos,
16:53ela cresce em quase todos os lugares ao longo deste afluente do rio Ródano,
16:57no sul da França.
16:58A química Cláudia Grison a descobriu aqui.
17:02Se não for controlada, essa espécie invasora é extremamente prejudicial.
17:08Ela cresce três a quatro vezes mais rápido que as outras plantas,
17:13sufocando a biodiversidade desta área,
17:15que possui uma variedade excepcional de plantas.
17:18Ou seja, é uma verdadeira catástrofe.
17:21E não apenas do ponto de vista ecológico,
17:23mas também do econômico,
17:24pois sufoca este afluente que deveria regular o excesso de água do Ródano.
17:28Uma possibilidade seria tentar eliminar as plantas,
17:33mas Cláudia encontrou uma maneira de aproveitá-las.
17:36Ela desenvolveu um processo exclusivo para obter catalisadores naturais.
17:40Estes são amplamente utilizados em pesquisas farmacêuticas
17:43e na produção de cosméticos,
17:45pois são altamente eficientes em acelerar reações químicas complexas
17:49para criar novas moléculas.
17:51Essa planta tem uma fisiologia única.
17:54Ela pode emitir moléculas que envenenam as plantas vizinhas.
17:58Cláudia é fascinada pelas incríveis habilidades das plantas há muito tempo.
18:03Há mais de 10 anos,
18:04ela trabalhou com um grupo de estudantes
18:05numa pesquisa sobre as propriedades únicas de espécies nativas da Nova Caledônia,
18:10um território francês no Pacífico.
18:13Na Nova Caledônia, descobri algumas espécies de plantas excepcionais,
18:18que toleram a poluição, por assim dizer.
18:22Melhor ainda, elas conseguem extrair metais do ambiente
18:25e armazená-los em suas folhas.
18:28Com essas plantas, é possível regenerar solos completamente degradados
18:33pela presença de metais.
18:37Aqui na França, a química tem se concentrado em plantas invasoras.
18:41Algumas espécies podem purificar água poluída.
18:44Outras, como a erva de passarinho japonesa,
18:47agora estão sendo processadas em laboratório para o uso na indústria.
18:50A Companhia Nacional do Ródano é responsável pela gestão das terras ao longo do rio
18:55e pelo controle de espécies invasoras.
18:58Juntamente com os cientistas, eles colhem as plantas em diversos pontos.
19:04Estamos buscando desenvolver técnicas de controle de pragas
19:09que possam ser usadas em grande ou pequena escala,
19:11e em diferentes plantas.
19:13O benefício é que estamos promovendo um tipo de química verde e sustentável.
19:17É uma espécie de economia circular que integra várias espécies.
19:24Hoje, a equipe conseguiu limpar apenas algumas centenas de metros de terra.
19:28As plantas são levadas para um armazém
19:30e ficam lá para secar por pelo menos três dias, ou mais.
19:34Em seguida, são trituradas e enviadas para laboratório.
19:39Aqui, o material vegetal é colocado no forno para secar por algumas horas.
19:43Só então está pronto para o processo químico no laboratório.
19:47O catalisador orgânico resultante é misturado com água
19:52e alguns aditivos naturais para criar um produto indispensável em cosméticos, por exemplo.
19:57O produto de Cláudia é totalmente natural,
19:59uma alternativa limpa para uma indústria que busca abandonar
20:02as substâncias nocivas do petróleo em produtos de higiene pessoal.
20:08As pessoas pensam na química como uma disciplina com um impacto ambiental terrível,
20:14o que muitas vezes é verdade.
20:16Mas a química também nos dá uma melhor compreensão da ecologia.
20:20Como uma planta, um inseto funciona em nível molecular.
20:23E, portanto, a química pode ter um impacto positivo no meio ambiente.
20:27Estou interessada em conciliar essas duas disciplinas.
20:33As descobertas de Cláudia sobre plantas na Nova Caledônia e na França
20:37são tão inovadoras que ela recebeu o prêmio Inventor Europeu em 2022.
20:41A vencedora é Cláudia Grisson.
20:44Cláudia Grisson já fundou duas empresas, prova de que seus catalisadores orgânicos são necessários.
20:56E, por fim, uma cientista, uma arqueóloga que ainda está no início da carreira.
21:09Ela se interessa por múmias e pelas técnicas que os antigos egípcios usavam
21:14para embalsamar os corpos de seus mortos.
21:19Essa pesquisadora precisa tocar em materiais que a maioria das pessoas prefere evitar.
21:2830 amostras de pele humana.
21:31É isso que essa arqueóloga retira da incubadora praticamente todos os dias
21:35aqui no Instituto de Medicina Legal de Munique.
21:37Ela quer secá-las, lavá-las e embalsamá-las para sua dissertação de mestrado.
21:43Tudo isso, assim como os antigos egípcios, provavelmente faziam em larga escala.
21:47Sabemos relativamente pouco sobre os detalhes de como as coisas eram feitas lá.
21:53Agora queremos descobrir o que aconteceu, quando e por quanto tempo.
21:56Também estamos aprendendo mais sobre como as substâncias de embalsamamento
22:00se comportam e como devemos misturá-las.
22:02Juntamente com o pesquisador de múmias Andréas Nelich,
22:08ela busca a receita dos mumificadores.
22:11Uma receita que permanece desconhecida até hoje.
22:14A arqueóloga secou repetidamente a pele de corpos doados
22:18com bicarbonato de sódio por mais de um mês.
22:21Agora os cientistas estão documentando a aparência, o cheiro e o peso dos pedaços de pele.
22:25E estão coletando amostras para analisar tecido, DNA e proteínas.
22:30Não é uma tarefa fácil.
22:32Elas já estão tão ressecadas que não é mais possível coletar uma amostra com um bisturi.
22:42Isso é surpreendente, mas vamos ver.
22:44Se já tivéssemos todas as respostas, não precisaríamos realizar o experimento.
22:50As amostras são então lavadas com vinho
22:52e hoje, pela primeira vez, embalsamadas com misturas de diferentes substâncias.
22:57Entre elas, ingredientes exóticos como elemi, arueira, cipreste e óleo de cedro.
23:07São óleos, gorduras e resinas que extraímos essencialmente das pesquisas
23:14da oficina de embalsamamento em Sacará.
23:18No entanto, sem conhecer as concentrações, agora precisamos testá-las.
23:25Pesquisas realizadas há alguns anos ajudaram a esclarecer quais substâncias os antigos egípcios usavam.
23:32Em 2016, uma equipe de cientistas alemães e egípcios descobriu uma oficina subterrânea
23:38de embalsamamento em Sacará, perto do Cairo.
23:40Nela, havia jarros antigos que continham óleo e cremes.
23:46Uma análise de laboratório determinou o conteúdo.
23:50Foi realmente um avanço, pois forneceu evidências arqueológicas de quais substâncias foram usadas.
23:56Até então, sabíamos pouco a partir das descrições de Heródoto e de Odorociculo.
24:02Com as informações fornecidas por esses historiadores antigos, Andréas tentou recriar o processo
24:10de mumificação há mais de dez anos num porco.
24:14Mas havia um grande problema.
24:16Autores como Heródoto e de Odoro escreveram séculos depois do ocorrido e suas instruções
24:20eram imprecisas.
24:22Os experimentos atuais se baseiam em um ponto de partida muito melhor.
24:27Os cientistas estão trabalhando com os ingredientes originais em vários objetos de teste ao mesmo tempo.
24:32E podem comparar os resultados obtidos diretamente.
24:41Como podemos testar isso em pele humana, estamos muito mais próximos do original, da múmia, da múmia egípcia.
24:49A jovem arqueóloga e pesquisadora de múmias planeja ter os primeiros resultados do experimento em breve.
24:55Mas até lá, mais alguns dias de embalsamamento ainda estão na agenda.
25:02Do que são feitas as estrelas?
25:09Quantas cores as borboletas conseguem ver?
25:11Os robôs poderiam um dia ter bebês?
25:14Você tem alguma dúvida sobre ciência?
25:16Então escreva pra gente.
25:18Se respondermos a sua pergunta, você receberá uma pequena surpresa como agradecimento.
25:23Vamos lá!
25:24É verdade que muitas pesquisadoras já são grandes referências e a presença de mulheres na ciência está se tornando cada vez mais natural.
25:39Mas ainda temos um longo caminho pela frente.
25:43Precisamos de muito mais mulheres contribuindo, inovando e liderando nessa área.
25:48O Futurando está chegando ao fim.
25:50Esperamos por você na semana que vem.
25:52Até lá!