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Natureza - Um Apelo à Reconciliação - PARTE 2
Foca nos desafios contemporâneos (crise climática, perda de biodiversidade, paradoxos da sociedade moderna).
O realizador questiona os impactos da humanidade e exorta a uma transformação coletiva e a uma ação individual baseada na esperança, no amor e na empatia para a reconciliação com a natureza.
Foca nos desafios contemporâneos (crise climática, perda de biodiversidade, paradoxos da sociedade moderna).
O realizador questiona os impactos da humanidade e exorta a uma transformação coletiva e a uma ação individual baseada na esperança, no amor e na empatia para a reconciliação com a natureza.
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AprendizadoTranscrição
00:00A Natureza
00:01Chamo-me Jan Arthus Bertrand, tenho 78 anos e gostaria de vos falar sobre a natureza.
00:30Com a idade, adquiri um sentimento profundo de que nos esquecemos do essencial.
00:47Cegos pela nossa inteligência, todos os dias destruímos mais uma parte do mundo natural.
00:53Por ignorância, declaramos guerra ao mundo natural.
00:57Sim, é uma guerra contra a vida.
01:00Dirijo-me agora a vocês, que estão a assistir a este filme, para podermos refletir sobre o que nos divide e, ao mesmo tempo, o que nos aprisiona.
01:16Refiro-me a todas as ordens contraditórias e paradoxos omnipresentes nas nossas sociedades e no nosso cotidiano.
01:23Comecemos pela transição energética, por exemplo.
01:35Em 2015, os países signatários do Acordo de Paris sobre o Clima concordaram que o mundo deveria descarbonizar-se até 2050.
01:43Isso significa que, em França, temos 25 anos para reduzir o nosso consumo de energias fósseis em 5 vezes.
01:55Todos aplaudiram o Acordo no momento da assinatura.
01:59Mas será que compreendemos realmente o que este compromisso implica?
02:03Claro que não.
02:16Mas, por enquanto, a sua produção apenas acresce à das energias fósseis, em vez de a substituir.
02:22Mesmo o hidrogênio, apresentado como uma solução ideal, é uma falácia.
02:31A sua produção depende em 98% das energias fósseis.
02:37Trata-se, portanto, de uma alternativa falsa, tal como os biocombustíveis.
02:44Procuramos novas fontes de energia quando deveríamos encontrar soluções para consumir menos.
02:52Estamos sempre a ouvir falar da transição energética, mas, por enquanto, é apenas uma ilusão.
03:02O mundo inteiro continua a usar carvão em níveis recorde e o nosso consumo de petróleo não diminuiu.
03:07Pior ainda, as gigantes petrolíferas nunca ganharam tanto dinheiro.
03:13Os restos de micro-organismos que viveram há milhões de anos foram transformados em jazidas de petróleo.
03:18Passámos a utilizar este combustível como motor da nossa economia atual.
03:22Ao continuar a explorar estes combustíveis fósseis, estamos a desencadear bombas climáticas que nos colocam em perigo.
03:30Os cientistas e a Agência Internacional de Energia apelam para que se deixe de investir em petróleo e gás,
03:35para conseguirmos salvar a humanidade do caos climático.
03:38Paradoxalmente, as grandes empresas de combustíveis fósseis continuam a explorar e a procurar novos locais de reservas de carvão, petróleo e gás.
03:47Justificam os seus investimentos em nome do aumento da procura e continuam a receber o aval de vários países e o apoio dos bancos.
03:54Para continuarem a crescer, não impõem limites ao consumo de petróleo.
04:01É um verdadeiro bar aberto.
04:03Para mim, é normal que as gigantes petrolíferas alimentem as violências e as tensões sociais.
04:23Apoio completamente todos os jovens que se mobilizam para denunciar estas indústrias fósseis.
04:29É preciso admitir que a nossa vida está mergulhada em petróleo.
04:34Já não são apenas os nossos transportes, mas também as nossas roupas, os nossos pratos, os nossos edifícios.
04:39Tudo o que consumimos é produzido com recurso a combustíveis fósseis.
04:44O problema é que 2050 é já amanhã.
04:48Acordar apenas alguns anos antes deste prazo que foi estabelecido não servirá de nada.
04:55É agora que temos de começar a desacelerar a máquina.
04:59Precisamos de uma verdadeira revolução e isso será difícil.
05:03É ridículo esconder isso.
05:10A temperatura média global aumenta todos os anos.
05:15Todos sentimos os efeitos das alterações climáticas,
05:17que vão desde chuvas torrenciais a ventos fortes,
05:20passando por picos de calor extremo.
05:22Aliadas a níveis de umidade sem precedentes,
05:27as ondas de calor tornam-se insuportáveis.
05:29Em junho de 2024,
05:39a peregrinação ameca foi marcada por mais de 1.300 mortes,
05:43a maioria devido a temperaturas superiores a 52 graus.
05:48Para arrefecer o ar e salvar vidas,
05:51o ar-condicionado tornou-se indispensável nos países mais quentes e para pessoas mais frágeis.
05:56Em apenas 30 anos,
06:00triplicou o número de aparelhos de ar-condicionado vendidos por ano.
06:02Hoje, o ar-condicionado representa 10% do consumo mundial de eletricidade,
06:10ou seja, tanto quanto todos os outros eletrodomésticos juntos.
06:15Esse número pode triplicar até 2050.
06:20É um ciclo vicioso.
06:22Quanto mais calor faz, mais usamos o ar-condicionado.
06:25E quanto mais usamos o ar-condicionado,
06:27mais energia consumimos.
06:28Pode aumentar a temperatura da atmosfera.
06:32Nunca houve tantas mudanças tão bruscas.
06:36E isso devia fazermos o refletir.
06:38Esse paradoxo é muito claro.
06:41É uma falha de adaptação.
06:42A Sphere, uma sala de espetáculos inaugurada no final de 2023 em Las Vegas,
06:57é coberta por 57 milhões de diodos.
07:01O resultado é impressionante,
07:03mas é um poço sem fundo em termos energéticos,
07:05representando o consumo anual de energia de uma cidade de tamanho médio.
07:09A maior ironia é que esta instalação não teria sido possível
07:14sem a invenção das lâmpadas LED,
07:17que foram inicialmente comercializadas para reduzir os gastos energéticos.
07:21Mais um exemplo em que o progresso se torna um paradoxo.
07:26Aproveitamos as inovações para fazer sempre mais coisas,
07:29anulando os seus efeitos positivos.
07:31Perante o aquecimento global,
07:40contamos histórias, inventamos cenários que nos tranquilizam
07:43para continuarmos a pensar que não precisamos mudar nada.
07:48Como, por exemplo, a fábrica muito divulgada na Islândia
07:51que retira CO2 da atmosfera
07:53e é apresentada como uma solução milagrosa.
07:56Ela mistura o CO2 com água
07:57e depois injeta-o a mil metros de profundidade,
08:00onde a mistura se transforma em rocha dois anos depois.
08:05Infelizmente, precisaríamos de nove milhões de fábricas como essa
08:09e de toda a energia do mundo
08:10para capturar todas as nossas emissões anuais de CO2.
08:15É impossível.
08:16Nós, tais aprendizes de feiticeiro,
08:42agimos com urgência e achamos que a ciência nos vai salvar.
08:45No entanto, a história ensina-nos que as respostas demoram mais tempo a surgir.
08:51Temos de desacelerar.
08:52Não consigo deixar de pensar neste paradoxo
09:03quando estou ao volante do meu carro elétrico.
09:07Tenho sempre a sensação de estar a deslocar-me de forma mais ecológica.
09:12Infelizmente, por mais que esteja em paz com as minhas convicções,
09:16também sei que esta solução não é ideal.
09:17Ao conduzir, emito até cinco vezes menos CO2
09:23do que com um carro alimentado por combustíveis fósseis.
09:26Mas a produção de carros elétricos depende da utilização
09:29de muitos materiais que têm de ser constantemente extraídos da terra.
09:34Os 80 a 100 quilos de cobre necessários para fazer o meu veículo andar
09:38exigiram a extração de 25 toneladas de terra,
09:41sem mencionar a poluição da água e os desastres ecológicos associados.
09:48Juntamente com o níquel, o lítio e o cobalto,
09:51o cobre é o novo ouro negro
09:52e é indispensável para a transição energética.
09:56No entanto, vai tornar-se escasso muito rapidamente.
09:59Para responder às nossas necessidades até 2050,
10:02seria necessário produzir mais metais nos próximos 35 anos
10:06do que todos os que foram produzidos desde a antiguidade.
10:08Não nos esqueçamos de que o carvão
10:12continua a ser o principal combustível utilizado
10:14para produzir eletricidade em todo o mundo.
10:20Acreditamos estar a agir da forma correta
10:23ao deixar de usar gasolina,
10:24mas conduzir com a eletricidade produzida a partir do carvão
10:27também não faz qualquer sentido.
10:30Substituir o problema do petróleo pela extração de metais e carvão
10:33não muda nada se não repensarmos toda a nossa mobilidade.
10:38O avião é outro problema.
10:45Dada a quantidade de voos que já fiz,
10:47sei que as viagens nos enriquecem
10:49e não vou te ser críticas a isso.
10:53Mas agora somos convidados a viajar pelo mundo de avião
10:57a preços baratíssimos,
10:58tornando cada vez mais invisível
11:00o verdadeiro custo ecológico de um voo.
11:02Ao mesmo tempo, também somos incentivados a viajar de comboio,
11:08mas o comboio continua a ser muito mais dispendioso.
11:12Mas por que é que o combustível utilizado pelos aviões
11:14ainda não é tributado como a gasolina dos nossos carros?
11:19Está na hora de questionarmos esta convenção
11:21que favorece o desenvolvimento da aviação internacional desde 1944.
11:24Mais uma vez, nenhum Estado questiona estas medidas
11:29e os preços baixos agradam a todos.
11:35Espera-se que o número de passageiros aéreos duplique até 2034,
11:39atingindo 7 mil milhões por ano.
11:42E nos países emergentes, as perspectivas de crescimento são ainda maiores.
11:45Quando me dizem, eu viajo de avião, mas não faz mal porque também planto árvores,
12:03é importante que tenhamos noção
12:05de que seria necessário plantar 15 mil milhões de árvores por ano,
12:09ou seja, uma área equivalente aos Estados Unidos da América
12:13para compensar todos os voos realizados anualmente.
12:41E o que dizer dos navios de cruzeiro?
12:43Que ilustram a nossa mania da grandeza.
12:46São construídos com dimensões cada vez maiores,
12:49criando verdadeiras cidades flutuantes
12:51com capacidade para até 9 mil pessoas.
12:55Esta exuberância consome cada vez mais recursos
12:57e ultrapassam muito as emissões de CO2 dos aviões.
13:05Fico horrorizado quando vejo a tendência
13:08de criar listas de destinos distantes para visitar,
13:10quando vejo paisagens invadidas com o único objetivo
13:13de obter uma fotografia instagramável.
13:23Em alguns locais, o excesso de visitantes prejudica
13:26a conservação do ambiente local, como no Monte Ivereste,
13:30onde os alpinistas, acompanhados por Sherpas,
13:33fazem fila para chegar ao cum,
13:35como se estivessem à espera nas filas de um supermercado
13:37ou de um cinema.
13:41Ou aqui, nos parques nacionais,
13:43onde toda a gente vem ao mesmo tempo,
13:45ao mesmo local, fazer as mesmas coisas.
13:47Como podemos explorar o mundo sem poluir
13:57e respeitar os locais que visitamos?
14:12Estaremos prontos para rever também a natureza
14:15das mudanças que provocámos?
14:20As nossas relações comerciais
14:22criaram uma aldeia global cheia de paradoxos.
14:31Nos nossos pratos encontramos salmão da Noruega,
14:34abacados do México, camarões de Madagascar
14:37e molho de tomate da China.
14:43Tudo é possível e nada nos surpreende.
14:46Mas será normal que estes produtos vindos de tão longe
14:49custem frequentemente menos do que os produtos locais?
14:55Nos campos, a agricultura intensiva eliminou as fronteiras,
15:00desflorestou, removeu sebes, cultivou fora do solo,
15:03uniformizou e massificou as culturas.
15:10Hoje, um agricultor pode alimentar até 20 vezes mais pessoas
15:14do que um camponês no início do século XX.
15:16Os agricultores fizeram o que lhes foi pedido.
15:22Produzem cada vez mais e cada vez mais barato.
15:26E fazem-no de forma eficaz.
15:30O que mais me entristece nesta história
15:32é que, apesar disso,
15:34os nossos agricultores lutam para sobreviver.
15:36Em França, em cada 100 euros gastos em alimentação
15:41num supermercado,
15:42apenas 8 euros revertem para os agricultores.
15:46Para muitos,
15:47o sonho de alimentar o mundo transformou-se num pesadelo.
15:51E um terço deles vive agora
15:52abaixo do limiar da pobreza.
15:56A taxa de suicídios entre os trabalhadores agrícolas
15:59ultrapassa muito a de outras profissões.
16:02É um sofrimento silencioso
16:03que se esconde por trás de campos e prados.
16:06No final das contas,
16:14este sistema já não é viável.
16:16Como algumas pessoas agem de forma impune,
16:19saímos todos a perder.
16:22Como é que a profissão mais importante do mundo
16:24está nesta situação?
16:28Temos de respeitar o seu trabalho
16:30e precisamos de os ajudar a mudar o sistema.
16:36Neste círculo vicioso,
16:40os agricultores usam pesticidas nas culturas
16:42para continuar a sobreviver
16:43e acompanhar o ritmo da procura
16:45a preços cada vez mais baixos.
16:48Os pesticidas permitem aumentar o rendimento,
16:51mas a que preço?
16:52Estes produtos, derivados de armas químicas,
16:57são usados em grande escala.
16:59100 mil toneladas de produtos fitossanitários
17:02são vendidas em França todos os anos.
17:04Estamos a trazer a guerra biológica para os nossos pratos.
17:09Os pesticidas são um dos maiores paradoxos.
17:11Eles envenenam os agricultores,
17:13debilitam a nossa saúde,
17:15poluem os lençóis freáticos
17:17e destroem a biodiversidade.
17:20Em França, cerca de 531 produtos químicos
17:24chegaram a ser autorizados
17:26e posteriormente proibidos.
17:28Os que ainda são utilizados,
17:30como o glifosato,
17:31um dia também serão proibidos.
17:34De que estamos à espera?
17:36Mesmo os pesticidas,
17:40cuja utilização proibimos nos nossos países,
17:43continuam a ser exportados
17:44para países com rendimentos mais baixos
17:46e normas ambientais muito menos restritivas.
17:50Para mim, isto já não é um paradoxo,
17:53mas sim um grande escândalo.
17:56Como é que os nossos representantes
17:57podem fechar os olhos a estas práticas
17:59e privilegiar uma economia
18:01que envenena vidas noutros lugares do planeta?
18:03Por que não aprender com um escândalo
18:07como a cloro de cona,
18:09um inseticida proibido nas Antilhas
18:11demasiado tarde,
18:12apesar de já ser proibido noutros lugares?
18:18Atualmente, a população local
18:20vive com uma taxa de cancro
18:21muito acima da média.
18:24Essas incoerências deviam ser mais divulgadas
18:27e demonstram que não aprendemos
18:28com os nossos erros.
18:33Não sou agricultor
18:34e não tenho uma solução
18:35para este problema.
18:37Mas os pesticidas não podem ser a resposta
18:39porque aniquilam vários seres vivos.
18:47Hoje sabemos que existem várias soluções
18:50para conciliar agricultura e ambiente.
18:54Estou convencido de que a agricultura biológica
18:56tem muitos mais benefícios para a sociedade
18:59em comparação com a agricultura intensiva.
19:02No entanto, os agricultores que têm a coragem
19:04de ir contra o sistema
19:05e cultivar de forma mais ecológica
19:07acabam por enfrentar diversas dificuldades.
19:11O seu setor está em queda livre
19:12por falta de compradores e de apoio público.
19:16Não é revoltante que um modo de cultivo
19:18mais sustentável esteja em declínio
19:20há já alguns anos?
19:21Não faz sentido nenhum.
19:22O custo da agricultura biológica
19:27reflete a mão de obra adicional necessária
19:30para trabalhar com a terra
19:32e não contra ela.
19:35Uma alimentação mais saudável para todos
19:37é proteger a vida e proteger-se a si.
19:47Ficou aterrorizado ao ver a vida
19:49que abundava na natureza
19:50a ser progressivamente aniquilada.
19:52Até mesmo a Amazónia
19:58o maior pulmão verde do mundo
20:00em reserva de biodiversidade inigualável
20:02perde milhares de quilómetros quadrados
20:04de floresta todos os anos
20:06devido ao aumento dos campos de cultivo de soja
20:08repletos de organismos geneticamente modificados
20:11que destroem os solos
20:12para alimentar os animais que consumimos.
20:16Vista do espaço
20:17a desflorestação revela um mosaico
20:19de terras nuas e empobrecidas.
20:22Todos os anos uma área equivalente ao tamanho da Bélgica
20:27de floresta primária é destruída.
20:30Isto porque mais de 80% das terras agrícolas
20:33são usadas para a pecuária.
20:37Este é o cerne do problema.
20:38também existem novas fábricas de produção de leite.
20:47A lógica do rendimento
20:49e da otimização
20:51provoca uma forma de violência
20:52que não gostamos de encarar.
20:53Não gostaria nada de ser esta vaca leiteira
21:01explorada e equiparada a uma máquina
21:03para produzir o máximo de leite possível.
21:08Tiram-lhe o bezerro assim que nasce.
21:10Colocam-no em cabines individuais e frias
21:12sem um único pedaço de erva.
21:14E normalmente abatem-no antes dos oito meses.
21:18Assim que deixam de produzir leite suficiente
21:20estas vacas são enviadas para o matadouro
21:23para acabar como carne picada.
21:26Por que será que ainda concordamos
21:27com transformar seres vivos numa indústria?
21:31Por que é que ainda aceitamos ver as vacas
21:33como pedaços de carne?
21:34Com que direito criámos os matadouros?
21:49Sabemos que os animais
21:50são dotados de consciência e sensibilidade.
21:54Eles sofrem tanto quanto nós.
21:56E isto deveria levar-nos a questionar
21:57se os seres humanos são realmente empáticos.
22:01No entanto, todos os anos
22:03matamos 92 mil milhões de animais terrestres
22:06para a alimentação.
22:08Será que não poderíamos tentar
22:10reduzir este número absurdo?
22:15Ao dizer isto, sei que estou a ofender
22:17os criadores de animais.
22:18E lamento.
22:20Não é a minha intenção.
22:21Muitos deles fazem um ótimo trabalho.
22:25São os métodos e as formas
22:27de produção intensiva e irracional
22:29que são problemáticos
22:30para a nossa saúde e para o planeta.
22:33O nosso consumo de carne
22:37deveria ser reduzido para metade
22:39até 2050
22:40para que França cumpra
22:42os seus compromissos climáticos.
22:48É muitas vezes sob o pretexto dos hábitos
22:50mas também da tradição
22:51que perpetuamos esta violência.
22:54nas ilhas Faroé, na Dinamarca
23:01ocorre anualmente o maior massacre
23:03de mamíferos marinhos da Europa.
23:10Mais de 1500 cetáceos
23:12são mortos ao longo de cerca de 20 baías.
23:15É uma loucura.
23:18Estas imagens são chocantes.
23:25Antigamente, estas caçadas
23:27alimentavam as aldeias durante meses
23:28mas atualmente as ilhas Faroé
23:31têm um dos níveis de vida
23:32mais elevados da Europa.
23:35Esses cetáceos
23:36são uma espécie protegida.
23:37Por que motivo
23:41mantemos uma prática
23:42tão cruel?
23:51Fico com um nó na garganta
23:53ao ver estas imagens.
23:54É um autêntico banho de sangue.
23:56Esta prática parece-nos bárbara
24:05mas a pesca intensiva
24:06que enche as prateleiras
24:08dos nossos supermercados
24:09envolve tanta ou mais violência.
24:21Os oceanos
24:23estas vastas extensões de vida
24:25são um bem comum
24:26um património da humanidade.
24:29No entanto
24:30há quem pratique pesca em excesso
24:32impedindo a renovação
24:33dos recursos naturais.
24:36Os nossos governos
24:37autorizam a utilização
24:38de arrastões
24:39em áreas marinhas protegidas.
24:42Por que motivo
24:43querem fazer-nos crer
24:44que esses templos
24:45da biodiversidade
24:46estão protegidos
24:47se há quem tenha o direito
24:48de os usar
24:49como uma reserva de mercadorias?
24:52Ainda por cima
24:5325% do peixe apanhado
24:55a nível global
24:56é transformado
24:57em farinha
24:57ou óleo
24:58para alimentar salmões
24:59e outros peixes de viveiro.
25:01é completamente absurdo.
25:12Mas podemos evitar isto?
25:17A boa notícia
25:18é que podemos escolher
25:20de forma consciente
25:21o que colocamos
25:22no carrinho de compras
25:23e no prato.
25:23o que acontece
25:24é que podemos
25:25ter que fazer
25:26o que acontece
25:27e o que acontece
25:27é que podemos
25:28ser um processo
25:29que faz
25:30o que acontece
25:30e o que acontece
25:31é que podemos
25:32fazer.
25:32Mas é um primeiro passo.
25:37Podemos começar
25:38uma mudança
25:38no sistema
25:39alinhando as nossas escolhas
25:41como consumidores
25:42com as nossas intenções
25:43como cidadãos.
25:44Isso fará a diferença.
25:46acho que temos
25:59mais escolhas
26:00do que achamos
26:01não só em relação
26:02ao que comemos
26:03mas também
26:03em relação
26:04ao que consumimos
26:04de forma geral.
26:07Em relação
26:07ao que vestimos
26:08por exemplo.
26:08Atualmente
26:12a moda pronta a vestir
26:13consegue a proeza
26:14de renovar
26:15as coleções
26:15todas as semanas.
26:20Já estamos
26:21muito longe
26:21das coleções
26:22que acompanhavam
26:22o ritmo das estações.
26:26As marcas
26:27invadem
26:28os nossos telemóveis
26:29e as nossas redes sociais
26:30onde pagam
26:31a influenciadores
26:32para promoverem
26:33um guarda-roupa
26:34cada vez mais vasto.
26:38A marca chinesa
26:39de pronto a vestir
26:40Shein
26:40tem 470 mil
26:43peças de roupa
26:44disponíveis
26:45no seu site
26:46e adiciona
26:47cerca de
26:487200 novas peças
26:50por dia.
26:51É uma loucura.
26:52Pense nisto.
26:54A produção
26:54têxtil
26:55é responsável
26:55por cerca de
26:5610%
26:57das nossas
26:57emissões de carbono
26:58e está
26:59entre as indústrias
27:00mais poluentes.
27:03Seja pelo cultivo
27:04de matérias-primas
27:05que consomem
27:05muita água
27:06e pesticidas
27:07seja pelo uso
27:08de fibras sintéticas
27:09seja pelos corantes
27:10ou ainda
27:11pelo transporte.
27:14Se compram
27:15uma t-shirt
27:16por 5 ou 10 euros
27:17consegue perceber
27:18que não sobra muito
27:19para pagar
27:19às pessoas
27:20que a fabricaram.
27:21Como serão
27:22as suas condições
27:23de trabalho
27:23e a sua saúde geral
27:24afetada
27:25por produtos nocivos?
27:30Um francês
27:31compra em média
27:3242 peças
27:33de roupa
27:33novas por ano.
27:35É o dobro
27:35do que se comprava
27:36há 20 anos
27:36embora usemos
27:37apenas um terço
27:38das roupas
27:39que temos
27:39no guarda-roupa.
27:42Cerca de 22%
27:43das encomendas
27:44entregues
27:44pelos correios
27:45franceses
27:46são roupas
27:46provenientes
27:47da China
27:47e produzidas
27:48pela Temu
27:49ou pela Xi'in.
27:52A indústria têxtil
27:54baseia-se
27:54num modelo linear
27:55ultrapassado
27:56que não cessa
27:57de produzir,
27:57fabricar,
27:58vender
27:58e deitar fora.
27:59A cada segundo
28:06que passa
28:07o equivalente
28:08a um caminhão
28:08de têxteis
28:09é enviado
28:09para o lixo.
28:10Apenas 20%
28:11é reciclado
28:12e o restante
28:13acaba em aterros
28:14como este
28:15no Gana.
28:20Ou ainda no Chile
28:21onde montes
28:22infindáveis
28:23de tecido
28:23se acumulam
28:24nas dunas
28:25do Atacama.
28:25vivemos
28:28no grande
28:28paradoxo
28:29da nossa era
28:30produzir mais
28:31para consumir mais
28:32para ser sempre
28:33mais barato
28:34e desperdiçar
28:35cada vez mais
28:36assim estamos
28:37a destruir
28:37e a perder
28:38em todos os aspectos.
28:44O que me ultrapassa
28:45é que esta indústria
28:47da superprodução
28:48está completamente
28:49desligada
28:49das nossas necessidades
28:51reais.
28:55é um desperdício
28:56inimaginável.
29:09Se partirmos
29:10do princípio
29:11de que as nossas roupas
29:12refletem a nossa identidade
29:13e contam uma história
29:15será que estamos
29:16realmente orgulhosos
29:17do que dizem
29:18sobre nós atualmente?
29:19Podemos aplicar
29:25este pensamento
29:26à grande maioria
29:26dos objetos
29:27que possuímos.
29:39Estes objetos
29:40proporcionam-nos
29:41conforto
29:42e uma poupança
29:43de tempo
29:43para além
29:44de facilitar
29:45o nosso dia-a-dia.
29:46Mas perante
29:47estas montanhas
29:48de lixo
29:48concluo
29:49que não foram feitos
29:50para serem reparáveis
29:51nem recicláveis.
29:54No entanto,
29:55na natureza
29:55o conceito
29:56de resíduo
29:57não existe.
29:58Lembre-se
29:59de que
29:59nada se perde
30:00tudo se transforma
30:01numa lógica circular.
30:13Para mim
30:14o plástico
30:15é o símbolo
30:15desta lógica
30:16de usar
30:17e deitar fora.
30:18está por toda
30:20a parte.
30:21Apesar
30:21de só ter sido
30:22inventado
30:22há um século
30:23ocupou
30:24terceiro lugar
30:24no pódio
30:25dos materiais
30:26mais fabricados
30:27no mundo
30:27logo a seguir
30:28ao cimento
30:28e ao aço.
30:32Sendo tão prático
30:33o plástico
30:34derivado do petróleo
30:35facilitou muito
30:36o nosso dia-a-dia
30:37e algumas
30:38das suas
30:38utilizações
30:39são indispensáveis.
30:40o problema
30:43é que
30:44na maioria
30:44das vezes
30:45é usado
30:46de forma
30:46efêmera
30:47e após
30:47utilizado
30:48cerca de 90%
30:49dos objetos
30:50de plástico
30:50são lixo.
30:53O que era
30:54um progresso
30:54incrível
30:55tornou-se
30:56uma poluição
30:57incrível.
31:00Soma-se
31:00aos milhares
31:01de produtos
31:02químicos
31:02artificiais
31:03e aos poluentes
31:04eternos
31:05que contaminam
31:06permanentemente
31:07o nosso ambiente.
31:07encontram-se
31:09na água
31:10dos oceanos
31:11e são levados
31:12para as praias
31:12de todo o mundo.
31:14São encontrados
31:14até no gelo
31:15da Antártida
31:16e nas profundezas
31:17do oceano
31:18nos tecidos
31:19dos animais marinhos
31:20e até mesmo
31:20no nosso corpo.
31:32O mais alarmante
31:33é que os fabricantes
31:34de petroquímicos
31:35prevêem triplicar
31:37a produção mundial
31:37de plástico
31:38até 2060.
31:50Tal como o plástico
31:51a produção
31:52de cimento
31:53também exige
31:53muito combustível fóssil
31:54no beandamento
31:55de petróleo.
31:58É mais um paradoxo.
32:00Olhemos para
32:00Chongqing
32:01uma nova cidade
32:02chinesa
32:03que surgiu
32:03do nada
32:04nos anos 90.
32:05na minha opinião
32:07a rapidez
32:08do seu desenvolvimento
32:09representa o auge
32:10da betonização
32:11do mundo.
32:15Já toda a gente
32:16sabe que vamos ter
32:17escassez da areia
32:18necessária para o betão
32:19mas continuamos
32:20a extraí-la em massa
32:21para construir
32:21de forma desenfriada.
32:23imagino
32:26a cada dois anos
32:27a China consome
32:28tanto betão
32:29quanto os Estados Unidos
32:30num século.
32:33Quando sabemos
32:33que há 1 milhão
32:34e 300 mil pessoas
32:35a mudar-se
32:36para as cidades
32:36todas as semanas
32:37não há sinais
32:39de que este consumo
32:39vá diminuir.
32:40entre 4 paredes
32:51atrás dos nossos
32:52ecrãs
32:53estamos em
32:54contacto
32:54com os outros
32:55mas completamente
32:56desligados
32:57do resto do mundo
32:58natural
32:58do qual dependemos
33:00todos os dias.
33:01Quando olho
33:12para estes paradoxos
33:13e esta máquina
33:14que parece
33:14não poder ser parada
33:16fico perdido.
33:18E fico ainda mais
33:19preocupado
33:19quando vejo
33:20que em vez
33:21de discutirmos
33:22sobre o clima
33:22devíamos enfrentar
33:23seriamente
33:24estes problemas
33:25ecológicos.
33:27E para resolver
33:29alguns deles
33:29só precisamos
33:30de mudar
33:31os nossos
33:31hábitos de consumo
33:32é muito mais fácil
33:35negar os problemas
33:36do que reconhecê-los
33:37e agir sobre eles.
33:41Temos de compreender
33:42e apoiar
33:43os jovens revoltados
33:44que não querem
33:45continuar este sistema
33:46de desenvolvimento
33:46estão ansiosos
33:48e lutam.
33:50Ter 20 anos hoje
33:50não é o mesmo
33:51que era há 50 anos
33:52mas é preciso aceitar
33:55que a revolta
33:55ainda é algo comum
33:56entre os jovens
33:57e compreendo-os
34:00ainda melhor
34:00quando vejo
34:01que os políticos
34:02não estão
34:03à altura
34:03das soluções
34:04para os problemas
34:05ambientais.
34:08Quando vejo
34:09os Estados Unidos
34:10da América
34:10governados
34:11pela segunda vez
34:11por um presidente
34:12séptico
34:13relativamente
34:13a problemas
34:14ecológicos
34:14aceitamos a mediocridade
34:18onde deveríamos
34:19exigir excelência.
34:24Infelizmente
34:24os nossos representantes
34:26são um eco
34:26das contradições
34:27da nossa sociedade
34:28vejo-os
34:31como prisioneiros
34:31da sua reeleição
34:33da obrigação
34:33de crescer
34:34enredados
34:35em mil e uma
34:36questões
34:36contraditórias
34:37não desculpo nada
34:39mas tento compreender
34:40quais são as relações
34:41de força
34:42que nos impedem
34:43de avançar
34:43na direção certa
34:45e de ter coragem
34:46para fazer o que é necessário.
34:48Tomemos o exemplo
34:49da SCOP
34:50as conferências
34:51internacionais
34:51sobre o clima
34:52organizadas anualmente
34:53pelas Nações Unidas
34:54há quase 30 anos.
34:56Essas grandes reuniões
34:57são úteis
34:58pois são o único
34:58momento do ano
34:59em que o mundo inteiro
35:00se preocupa com o clima.
35:02Infelizmente
35:02nenhuma das 29
35:04conferências
35:05conseguiu reduzir
35:06a concentração
35:06de CO2
35:07na atmosfera
35:08e continuam
35:09a ter lugar
35:10em países
35:11produtores de petróleo.
35:14As declarações bonitas
35:16não servem para nada
35:16se não forem
35:17seguidas de ações.
35:20Mas quando é que
35:21vamos acordar
35:22coletivamente
35:23e decidir agir
35:24de forma diferente?
35:41Tenho a impressão
35:42de que já não conseguimos
35:43pensar nas limitações
35:44que os nossos próprios
35:45paradoxos nos impõem.
35:50Às vezes
35:50sinto que estamos perdidos.
35:56Já não sabemos
35:57a quem devemos dar ouvidos
35:58nem em quem acreditar.
35:59O que está a acontecer
36:23no mundo
36:24parte-me o coração.
36:25Para mim
36:35a guerra
36:36é o paradoxo
36:37supremo
36:38da nossa humanidade.
36:43Filmei
36:44a desolação
36:45em Mussul
36:45no Iraque
36:46onde as ruínas
36:47ainda estavam
36:48impregnadas
36:49do cheiro
36:49dos mortos.
36:51Esse cheiro
36:52marcou-me
36:53para sempre.
36:55Nós que nos
36:56orgulhamos tanto
36:57de ser uma espécie
36:57diferente
36:58dotada de vários
36:59níveis de consciência
37:00capaz de empatia
37:01e de sensibilidade
37:02conseguimos aceitar
37:06também a violência?
37:10Acho que fazemos
37:11com a natureza
37:12o que fazemos
37:12com a guerra.
37:13Aceitamos a banalidade
37:15do mal
37:15que nos rodeia.
37:19Vemos tanta violência
37:20nos nossos ecrãs
37:21que é fácil
37:21habituar-mo-nos
37:22a ela
37:23assimilá-la
37:24como mais
37:24uma notícia
37:25qualquer.
37:27Eu próprio
37:28estou preso
37:29neste fluxo
37:29de imagens
37:30e nesta abundância
37:31de informações
37:31que me perturbam.
37:35Sinto-me
37:35simultaneamente
37:36muito próximo
37:37e muito distante
37:38destes conflitos.
37:39No entanto
37:45os países
37:46em que vivemos
37:47contribuem para isso.
37:50Não é paradoxal
37:51que a França
37:51o meu país
37:52o país dos direitos humanos
37:54que aboliu
37:55a pena de morte
37:56seja hoje
37:57o segundo maior
37:58exportador de armas
37:59do mundo
37:59e que dizer
38:00dos cinco membros
38:01do Conselho de Segurança
38:02das Nações Unidas
38:03que são os maiores
38:05produtores de armas
38:06quando a sua função
38:07deveria ser
38:08garantir a paz.
38:09Após
38:204.006 milhões
38:22de anos
38:22depois da formação
38:23do planeta
38:24nove países
38:25possuem
38:25um arsenal nuclear
38:27com mais de
38:2713 mil bombas
38:28o suficiente
38:29para destruir
38:3013 vezes
38:31toda a vida
38:32existente na Terra.
38:37Que loucura!
38:39como disse Edgar Morin
38:49o progresso tecnológico
38:51sem sabedoria
38:52torna-se
38:52num instrumento
38:53de morte
38:53onde está o amor
39:00pela vida?
39:00Onde está o amor pela vida?
39:01compreendo a tentação de ceder à impotência
39:29de acreditar que tudo está perdido
39:30mas embora a situação seja crítica
39:33não é irremediável
39:34este mundo de guerra
39:37destruição e opressão
39:39é apenas uma consequência
39:40da nossa irresponsabilidade coletiva
39:42e do nosso consentimento
39:44e do nosso consentimento tácito
39:45a uma lógica de otimização
39:47velocidade
39:48conforto
39:49e desempenho
39:50Temos o poder de mudar
39:55mas será que queremos?
40:01Estamos num momento crucial
40:03da nossa história
40:04e o que enfrentamos hoje
40:05já não é uma simples questão
40:07de ecologia
40:07Trata-se da nossa própria subsistência
40:15da própria sobrevivência
40:17daquilo que nos liga uns aos outros
40:19e ao nosso planeta
40:20Antes de ser política ou tecnológica
40:24a grande revolução que se aproxima
40:26será a da consciência e do coração
40:28As nossas escolhas individuais e coletivas
40:36devem ser motivadas
40:37por um desejo profundo
40:39de defender a vida na Terra
40:40O século XXI
40:45é um século que tem
40:46tanto de decisivo
40:47quanto de maravilhoso
40:49Temos a oportunidade
40:51de tomar consciência
40:52dos nossos erros
40:53e evoluir
40:53e cabe-nos a nós
40:56decidir que caminho seguiremos
40:57Estas imagens mostram
41:05os milhares de voluntários
41:07que em poucas horas
41:08vieram ajudar as vítimas
41:09das inundações em Valência
41:11Como que atraídos
41:17por um imã de solidariedade
41:19foram movidos
41:20pela vontade de ajudar
41:21Esta solidariedade é contagiante
41:27Gostaríamos todos
41:28de poder ajudar
41:29Acho que é possível
41:34unir-mo-nos
41:34perante as catástrofes
41:36Este impulso de ajuda
41:38toca-me profundamente
41:39Acho que devemos lembrar-nos
41:44dessas histórias
41:45que nos inspiram
41:46e que nos podem transformar
41:48A minha história pessoal
41:54também começou
41:55com inspiração
41:56uma revelação
41:57Jane Goodall
42:00mudou para sempre
42:01o sentido da minha vida
42:02através do seu trabalho
42:03revolucionário
42:04com os chimpanzés
42:05e com a sua abordagem
42:06especialmente sensível
42:07e empática
42:08Ela moldou o meu destino
42:11Ela faz parte
42:13das mulheres
42:14que mudaram o mundo
42:15com um empenho
42:15uma coragem
42:16e uma resiliência
42:17que inspiram admiração
42:19Vejo nelas
42:24uma determinação
42:25e uma humildade
42:26que não tenho
42:26Estão enraizadas
42:30na realidade
42:30Têm empatia
42:32para com a vida
42:33e uma visão de futuro
42:34Elas dizem as coisas
42:38da melhor forma possível
42:39E quero que sejam elas
42:45a terminar este filme
42:46Eu sou mãe
42:50Eu tenho dois filhos
42:52Eu escrevi muitos livros
42:55para tentar compreender
42:56por que estamos lá
42:57por que o sistema econômico
42:58que se escolhemos
42:59nos braços
43:00Eu denonci
43:01a influência do dinheiro
43:03na política
43:04os lobbies
43:05Goldman Sachs
43:07Eu tenho lutado
43:08muito contra
43:09a denoncer
43:09denoncer
43:10denoncer
43:10E eu tenho meu próprio
43:12filho que me olha
43:14e me diz
43:15Mãe, isso significa
43:15o que?
43:15A planete vai morir
43:16E o que posso fazer
43:18para que ela não meie?
43:20E essa pergunta
43:22explica a minha figura
43:24Eu não posso
43:26explicar a minha filha
43:27com palavras
43:28a ele
43:28o que está acontecendo
43:31sem ter
43:33e não posso
43:35vergonha
43:35e não posso
43:36vergonha
43:37Quando eu vejo as histórias no exterior,
43:41eu tenho uma montagem de coléria contra a humanidade.
43:46É preciso que eu vá para a ferme,
43:48e que eu conheço pessoas que trabalham,
43:51ou clientes que vêm buscar os legumes e discutir.
43:55E eu muito amo a humanidade.
44:02É um centro para mim, este lugar.
44:07E você...
44:14Eu amo a vida, eu amo essa planeta,
44:20e eu amo...
44:22a experiência que eu vivi na Terra.
44:26Mas eu estou muito cansada também.
44:30Eu sou fatiguada porque eu me sinto um pouco só.
44:42Eu sei que nós somos milhões de fatigues, de se sentir só.
44:47E eu sei que nós somos milhões de fatigues a lutar,
44:49realmente, todos os dias.
44:52Mas, às vezes, isso parece muito difícil,
44:54muito grande.
44:56E, ao mesmo tempo,
44:58o que há de mais bonito que a vida?
45:00Então, é normal que isso pareça...
45:02impossível de la sauver, é tão precioso.
45:07Eu me sinto impuficiente um dia por dois.
45:10Não, mas há um dia por dois que eu me réveio com uma patate
45:14e eu tenho uma impressão que...
45:16que você pode fazer tudo,
45:17que há de vontade,
45:19que há de vontade,
45:20que há de vontade,
45:21que há de vontade,
45:22que tudo é possível.
45:23E depois, há um outro dia por dois,
45:24onde eu vejo o nível da drôme.
45:26E onde eu quero pleurar.
45:29E eu acho que é bem
45:32ter os dois.
45:33E o militante me ajuda
45:35a não ficar apenas na segunda,
45:37e não ficar em permanente.
45:39De nada fazer,
45:41isso nos deixa um sentimento de impuissão
45:45e uma deprimência muito mais importante
45:47que de agir,
45:48qualquer que seja ação.
45:49Isso pode ser tudo bem,
45:50como...
45:51de consumir menos ou de consumir melhor,
45:54de se engajar em uma associação,
45:56de ajudar os seus amigos,
45:58de mudar de trabalho,
45:59de falar à uma máquina de café
46:01de sujeitos que você se fracasse.
46:02Peu importe a forma,
46:04mas começar a se meter em action.
46:07Eu sei, em todo caso,
46:08que a título pessoal,
46:09é a uma mudança que faz
46:12que há de joia na minha vida,
46:14e não apenas um sentimento
46:16de ser fechado
46:18por o número de crises
46:19que eu vejo na televisão.
46:21E...
46:22E...
46:23Então, oi,
46:24seria isso.
46:25Se escolha como,
46:26mas não permaneça em impuissão.
46:30É claro,
46:31que precisamos de empresas
46:33que mostram que uma outra maneira
46:35de fazer é possível.
47:06É ter um mundo onde as pessoas vivem bem.
47:08E ter um mundo que perdura.
47:10A fim, finalmente, é o bem-estar de humanidade.
47:12Então, é completamente possível ter uma economia ao serviço de um interesse geral.
47:15É só de redressar um pouco a barra, porque o capo foi um pouco perdido nas últimas décadas.
47:21A gente pode ganhar.
47:23Para o instante, isso é pequeno, mas é uma máquina que é gripe.
47:26E talvez, ao mesmo tempo, as vitórias vão se acumular,
47:30em fato, cada vitória é o espoir de uma vitória à venir.
47:33Eu acho que o que é o moteur de todos os meus empregos, é o espoir.
47:40É a convicção profunda de que nós somos muito mais importantes e muito mais fortes
47:44que aqueles e que, hoje, conduisem o mundo ao caos e aos precipícios.
47:49E que não há razão de deixar ganhar aqueles que, hoje, s'exprimem à nossa parte
47:54ou que sacrifiam nosso futuro, o mundo, o nosso filho,
48:00sobre o autel de rapport de força, de poder, de domination
48:07que não tenham absolutamente não conta da vida humana.
48:11Nós temos o poder e isso que devemos guardar em mente.
48:14Nós não somos ninguém.
48:16Não é porque todos somos nos pequenos, não podemos fazer as coisas.
48:19Isso é um argumento que nós encontramos muito bem.
48:22Sim, mas não é porque eu vou fazer algo que isso vai mudar.
48:26Bem, sim, justamente. Todos, juntos, podemos fazer as coisas mudanças.
48:30É bem de dizer isso porque todo mundo diz, mas é verdade.
48:33Tudo o que, hoje, parece, não ter interesse.
48:37A bonté, o amor, a bem-vindos, a compassion, a naíveté mesmo de acreditar.
48:43E é uma responsabilidade, também, de recouper, com essa naíveté infantil,
48:51essa candor, de dizer que é possível.
48:54Eu tenho 31 anos, eu acredito.
48:56Nós sempre mudançamos.
48:57É claro que nós chegamos.
48:58É isso, é isso.
48:59É uma succession de fatos, dia depois dia, que fazem a história.
49:04E a história é feita de pessoas que mudançam as coisas,
49:06que mudançam as coisas, que mudançam as coisas,
49:08que mudançam as coisas, que mudançam as coisas.
49:10E a fatalidade, não é que a somme de nos demissões.
49:13Então, a nós de ne jamais demissionner, qual qu'il arrive.
49:16Mesmo no cœur de l'obscuridade,
49:19no fundo das ténébras,
49:22os humanos nunca abandonam.
49:24Não apenas o espoir, eles nunca abandonam ação,
49:27eles nunca abandonam a resistência.
49:30E mesmo dentro dos campos de concentração,
49:32nós havia pessoas que pensavam o após,
49:35que pensavam o após, que pensavam o após,
49:36que escrevavam as opéras ou as opéretas,
49:38como a vinha, que nos resistências franceses.
49:41Nós tivemos de tudo.
49:42En fait, não nunca, nunca, nunca, nunca,
49:46nunca abandonam ação.
49:48Ação, o combate, a combatividade.
49:52É isso, em fato, é portar...
49:54O fogo é assim, é isso,
49:55é de dizer que não vamos abandonar de tentar.
49:59E é isso em tentando,
50:01que estamos conseguindo,
50:02e que, às vezes, estamos ganhando.
50:03Eu falo muito de ser guardiãs e guardiãs da natureza.
50:15Ninguém, no lait de mort, dizem que não vai consumir,
50:18ou que não vai trabalhar muito bem.
50:19A força do amor é uma coisa absolutamente excelente.
50:23Se a gente não serve a algo mesmo,
50:24enquanto a gente vive,
50:26a qual a gente serve a ser vivente?
50:29Rétablir um diálogo,
50:30rétablir des collaborations,
50:32isso me parece ser o espoir para o amanhã.
50:34O que muda é a coisa,
50:35é de militar collectivemente,
50:37de criar uma verdadeira força.
50:38Réveillez-se, agissez,
50:40não espera que alguém diga não à sua place.
50:44Quando um humano é capaz de aceitar a contração,
50:46ele ganha algo.
50:47De a contração, na a liberdade, em fato.
50:49A verdadeira força é uma forma criativa e não violenta.
50:59Eu me digo que se cada um agir,
51:00vamos chegar a um nível.
51:02Eu acredito que nosso mundo é possível.
51:05Isso se construiu por cima,
51:07no silêncio, e isso aumenta.
51:10E se amor era a solução?
51:12Amor não como um sentimento,
51:14mas como uma energia incrível,
51:16a maioridade das poderes.
51:18Nós precisamos de espoir, de poésia,
51:20nós precisamos de beaux.
51:21Eu acredito que é uma clé, a joia.
51:23Na joia, nós podemos se unir mais facilmente.
51:30Bem, o meu mensagem mais importante para a humanidade
51:33é o que eu digo sempre,
51:35e é tão importante.
51:37E é, você sabe, não esquece que cada um dia que você vive,
51:41cada um de vocês, eu, todos nós,
51:44cada um dia, nós fazemos uma diferença.
51:46Esta frase de Jane faz muito sentido para mim.
52:01Como posso contribuir para fazer a diferença hoje?
52:03A joia, você sabe, não esquece que cada um dia que você viveu.
52:33A joia, você sabe, não esquece que cada um dia que você viveu.
52:35A joia, você sabe, não esquece que cada um dia que você viveu.
52:37A joia, você sabe, não esquece que cada um dia que você viveu.
52:39A joia, você sabe, não esquece que cada um dia que você viveu.
52:43A joia, você sabe, não esquece que cada um dia que você viveu.
52:58A CIDADE NO BRASIL