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  • há 5 semanas
BRASILIANA: O MUSICAL NEGRO QUE APRESENTOU O BRASIL AO MUNDO

DOCUMENTÁRIO / 82’ / COR E P&B / 2024 / BRA

Encerramento

Brasiliana, o musical negro que apresentou o Brasil ao mundo”,resgata a trajetória dacompanhia de teatro de revista Brasiliana que percorreu mais de 90 países ao longo deseus 25 anos de atividade.

FiCha Técnica

Direção: Joel Zito Araújo

Produção: Érida Ferreira e Nuno Godolphim

Roteiro: Itamar Dantas, Joel Zito Araújo

Direção de Fotografia: Kiko Barbosa

Direção de Arte: Inhamis Studio

Montagem: Daniel Couto, edt.

Som Direto: Fabinho Ferreira

Música original: Brasiliana, Brasil Tropical (Maestro José Prattes)

Finalização de som: Rafael Kneif Reis

Elenco: Haroldo Costa, Gino Askanasy, Carminha Simpatia, Marinês Yagnes, Nelson Lima, Joel Luís, Luís Antônio, Martinho Fiuza e Watusi
Transcrição
00:00:00Transcrição e Legendas Pedro Negri
00:00:30Transcrição e Legendas Pedro Negri
00:01:00Transcrição e Legendas Pedro Negri
00:01:10Entre artistas, bailarinos, cantores, músicos, parte técnica, mais de 1.100 pessoas.
00:01:19Muito bem na Suíça, na Itália, na Áustria, na Eslávia, na Polônia, na Tchecoslováquia, na Pichai, né?
00:01:31Eu sou meio alemão, preto alemão, sabe?
00:01:34Eu fui testada para fazer o navio negreiro.
00:01:42Ah, foi a minha chance.
00:01:44Quem você pensava, o chamado Tupari estava lá.
00:01:51O Jean Cocteau estava lá? Estava.
00:01:55O Jean Marré estava lá? Todo mundo estava lá.
00:01:59No Japão, o show foi 11 horas da manhã, porque era em comemoração ao aniversário do imperador Heruíto.
00:02:07Heruíto. E ele estava lá também, Heruíto.
00:02:12Eu fui namoradeira demais, mas só namoradeira.
00:02:16As minhas curvas estavam ali no lugar certo, para ser uma vedete.
00:02:20Eu pegava a iraniana, a parte, vietnamita.
00:02:24Não tem tempo ruim não, compadre. Ei, vou embora.
00:02:26Era a história do negro dentro das coisas que tem aqui no nosso país,
00:02:34dos estados que compõem essas danças, essas coisas.
00:02:49Mostra aí.
00:02:56Essa aqui é do teatro letoado.
00:03:04Não é que é?
00:03:06Ah, isso aqui? É a capa com...
00:03:07É. Aqui está o Matheus, aqui a Mery,
00:03:10e aqui a Mery e o Nery.
00:03:13E o Nery, e o Nery.
00:03:14E o Nery.
00:03:16Eu vou começar lá de trás mesmo,
00:03:20lá na terra de juventude,
00:03:24chegando ao Tem.
00:03:26É o Teatro Experimental do Negro.
00:03:28Olha, o Tem, o Teatro Experimental do Negro,
00:03:32não foi o início da minha chamada vida artística,
00:03:37porque eu tinha outros pecadinhos teatrais feitos.
00:03:45Eu não fui ao teatro para fazer teatro,
00:03:47eu fui ao teatro para ser alfabetizador.
00:03:51E o Teatro Experimental do Negro
00:03:52fazia, criou um curso de urbanização
00:03:56e era dedicado, destinado,
00:03:59ao pessoal da redondeza,
00:04:01empregadas domésticas,
00:04:03operários, a condição civil.
00:04:05E um belo dia,
00:04:07chegou lá uma pessoa,
00:04:09vindo do Andaterra,
00:04:11onde funcionava o ensaio do Tem,
00:04:13que eu não sabia nem o que era o Tem,
00:04:15na verdade,
00:04:15e ele disse,
00:04:16pô, nós estamos com problema,
00:04:18porque estamos lá com a peça
00:04:20e ensaiando,
00:04:22e tem um ator
00:04:23que vai fazer o peregrino
00:04:24e o cara não apareceu
00:04:26e todo mundo está lá aguardando,
00:04:28você pode ir.
00:04:29Quando terminou,
00:04:33o Avid,
00:04:34o Nascimento,
00:04:36foi o criador,
00:04:38o propulsor dos teatros do Ando Negro,
00:04:40o Zé,
00:04:41falou,
00:04:42isso que você não quer
00:04:42acomodar seus horários aí
00:04:44e fazer a letra,
00:04:45e ensaiar com a gente,
00:04:46porque eu acho que esse cara não vem.
00:04:48Foi assim que eu ganhei
00:04:49o papel de peregrino.
00:04:52E eu fui participando,
00:04:53nós também fizemos um papel e tal,
00:04:55e aí estou lá,
00:04:56e já estou mesmo improvisado.
00:05:00O que te levou
00:05:01a sair do Tem
00:05:03e criar o Grupo Novo?
00:05:07Olha, é o seguinte,
00:05:08o repertório do Tem
00:05:11era um repertório dramático,
00:05:12o repertório do teatro
00:05:14se propunha
00:05:15a ensinar uma peça.
00:05:17A gente achava que era
00:05:18umas coisas muito pesadas,
00:05:19a gente queria movimento,
00:05:21porque a gente se encontrava
00:05:23no fim de semana
00:05:23e ia dançar nos maios,
00:05:24tinha baile da Associação Comercial
00:05:26do Rio de Janeiro,
00:05:27tinha baile onde era
00:05:28o Castelo Atlântico.
00:05:29Então, nós tínhamos um grupo
00:05:30que se desmovia assim, né?
00:05:32Onde tinha um som,
00:05:34a Orquestra Severino Araújo,
00:05:35a gente estava lá.
00:05:36Orquestra, não sei o que,
00:05:37Rui Rei,
00:05:38e sua orquestra,
00:05:38eu estava lá.
00:05:39E a gente se desmovia,
00:05:40olha, vamos fazer um grupo
00:05:41de dança e tal,
00:05:43para decorrer,
00:05:44né?
00:05:46O Paraná de Arão Palpita,
00:05:47aí a gente saiu
00:05:50do Teatro de Janeiro,
00:05:51uma cisão do Teatro de Janeiro.
00:05:53aí formamos o Grupo dos Novos.
00:06:02Dinheiro Zero,
00:06:03a gente saiava
00:06:04no terreno,
00:06:06no quintal
00:06:08de um amigo nosso
00:06:09e fazíamos um tour,
00:06:12vamos dizer assim,
00:06:13pelos terreiros
00:06:14da Machado Fluminense,
00:06:15porque a gente estava
00:06:16querendo buscar elementos
00:06:17para poder fazer a peça,
00:06:19porque a peça falava
00:06:19no assunto,
00:06:20mas tinha que mostrar o assunto,
00:06:22então a gente ia,
00:06:24são ateus,
00:06:26Caxias,
00:06:26foi lá que eu conheci
00:06:27o João João da Goméia,
00:06:30nós arregimentamos,
00:06:31conquistamos um organ de couro,
00:06:33que é aquele organ de couro,
00:06:34como você sabe,
00:06:35é o que fica tocando
00:06:36para os santos,
00:06:37né?
00:06:38E tinha um cara
00:06:38que era o filho
00:06:39de uma das mães de santos,
00:06:43até eu confesso a você,
00:06:44com toda honestidade,
00:06:46que até hoje
00:06:47eu não vi ninguém
00:06:50tocar um atabaque
00:06:51como o Mateo.
00:06:55Macumba é um rituale religioso
00:06:57de alguns negros do Brasil.
00:06:59Macumba é a dança
00:07:00que vemos aqui
00:07:01riproduta a Milano
00:07:02da compagnia
00:07:02da revista brasileira.
00:07:04É dedicada a Dexu,
00:07:06divinidade infernale,
00:07:08o que tridente
00:07:09simboliza
00:07:09e crema de ficha
00:07:10e do humo,
00:07:11do fogo,
00:07:12do álcool.
00:07:34E foi nessa
00:07:35que a gente foi crescendo
00:07:35e fazendo o problema.
00:07:37Nessas nossas idas,
00:07:38num tramo,
00:07:38num vagão do trem,
00:07:40aí tinha um cara
00:07:40que eu já conhecia,
00:07:41tinha visto
00:07:42em algum lugar,
00:07:44eu acho que era
00:07:44nos teatros,
00:07:46alguma estreia.
00:07:48Aí eu não sei
00:07:48quem foi a iniciativa,
00:07:49se foi meu,
00:07:49foi dele.
00:07:50Eu sei que a gente
00:07:50começou um papo.
00:07:52Aí eu disse a ele
00:07:53que ia ter no dia seguinte
00:07:55a inauguração
00:07:57do nosso quintal,
00:07:58da nossa sede
00:07:59e se ele quiser
00:08:00te comparecer,
00:08:02pô, seria um prazer,
00:08:03coisa e tal.
00:08:04Muito bem.
00:08:05Dia seguinte,
00:08:06fizemos a festa
00:08:07e o cara foi.
00:08:09Meu pai,
00:08:10Miesel Ascanase,
00:08:11veio ao Brasil
00:08:12por causa de duas opções.
00:08:16Para ele,
00:08:16se eu tinha
00:08:16Auschwitz
00:08:17ou Rio de Janeiro.
00:08:18Então ele optou
00:08:19por Rio de Janeiro.
00:08:20Como ele não tinha
00:08:21os meios
00:08:23financeiros,
00:08:25ele começou a vender livros
00:08:26de porta em porta.
00:08:29Deu certo,
00:08:31construiu uma livraria,
00:08:32a livraria Ascanase,
00:08:34da Rua do Ouvidor,
00:08:35abriu uma galeria,
00:08:38foi um grande sucesso
00:08:39e aí devagarzinho,
00:08:41em 1949,
00:08:43ele decidiu,
00:08:44pronto,
00:08:44agora estou pronto
00:08:45para começar
00:08:46uma nova etapa
00:08:48da vida,
00:08:50mostrar ao público
00:08:51o que eu senti
00:08:52quando eu cheguei
00:08:53na Praça Amor.
00:08:54e deu espaço
00:08:56para a gente ensaiar
00:08:56porque ele tinha
00:08:57um terraço,
00:08:59para cimentar
00:09:01e tal.
00:09:02E aí,
00:09:02pô,
00:09:03quem está ensaiando
00:09:04no chão batido,
00:09:06encontrar cimento
00:09:09já era um ganho.
00:09:11Sim, sim.
00:09:13E a gente começou
00:09:14a ensaiar lá.
00:09:14Virou o que hoje
00:09:15a rapaziada
00:09:16chama de ponte.
00:09:17Virou um ponte cultural,
00:09:19todo mundo ia lá
00:09:20vendo a coisa.
00:09:21E aí foi enchendo
00:09:21a gente de gás.
00:09:22e foi um tal de juntar
00:09:24que depois a companhia
00:09:26ficou, rapaz,
00:09:27com, não sei lá,
00:09:28com 30 pessoas.
00:09:29E aí foi batizado
00:09:31então como
00:09:31Teatro Folcolórico Brasileiro.
00:09:33Assim nasceu
00:09:34o Teatro Folcolórico Brasileiro.
00:09:39O primeiro espetáculo
00:09:40foi em 1950,
00:09:42se eu me lembro,
00:09:4425 de janeiro de 1950.
00:09:47Eu não participei,
00:09:48eu ainda era muito jovem,
00:09:50mas eu conheço
00:09:51todas as histórias
00:09:52do meu pai.
00:09:53Quem estava lá
00:09:54só foram os embaixadores.
00:09:55Naquela época
00:09:56o Rio de Janeiro
00:09:56ainda era a capital,
00:09:57então todo mundo gostou muito.
00:09:59E naquela época
00:09:59era muito complicado
00:10:00porque, por exemplo,
00:10:01o quadro de Candomblé,
00:10:03Macumba,
00:10:04as pessoas recebiam
00:10:05santo em cena,
00:10:07você tinha que fechar
00:10:08a cortina,
00:10:09sair dando tapa
00:10:09nas pessoas
00:10:10para acordar e tal.
00:10:11Foi assim
00:10:12o todo começo.
00:10:13nós fomos buscar
00:10:15formamos um repertório
00:10:17em cima
00:10:19dessa chamada
00:10:21contribuição negra
00:10:22à cultura brasileira.
00:10:24Então,
00:10:25nós tínhamos,
00:10:27como te falei,
00:10:28uma música
00:10:28do Éclo Tavares,
00:10:30que é um autor
00:10:31iludito,
00:10:32nós tínhamos
00:10:35a Ernesto Nazaré,
00:10:37que é outra
00:10:38figura básica
00:10:39na história
00:10:39da música brasileira,
00:10:41mas nós tínhamos
00:10:42uma cumba de Exu,
00:10:43que era uma reprodução
00:10:44de uma cumba.
00:10:46Já nesse espetáculo
00:10:47que você montou,
00:10:48já tinha uma cumba de Exu?
00:10:49Sim.
00:10:53A originalidade
00:10:54do espetáculo
00:10:55estava na nossa capacidade
00:10:57de transformar
00:10:59para a cena
00:11:00uma coisa que é de rua.
00:11:02Aaaaaaah!
00:11:15Você que abria
00:11:16com o navio negrilho
00:11:17contando a história
00:11:18do negro,
00:11:18que era muitíssimo lindo,
00:11:22aparecia os navios
00:11:23negros amarrados,
00:11:25fizeram muito lindo
00:11:27os panéis.
00:11:29Parecia que você estava
00:11:30naquele local mesmo.
00:11:32o myślę,
00:11:38o tempo éальные
00:11:54o Hy-Ri-Ri-Ri-Ri-Ri-Ri-Ri-Ri-Ri-Ri.
00:11:56Música
00:12:24O navio negreiro, me parece que depois vinha a gente já no Brasil, já tinha acabado a escravatura, já dançando o maracatu.
00:12:34Música
00:12:46Aí depois tinha o chachado, né, aquela parte do Nordeste, também o pessoal dançando chachado nas festas de São João.
00:12:55Aí vinha o cafezal que também era belíssimo.
00:12:59Música
00:13:01Olha, cafezal e esse, a gente esperando os maridos vindo da pescaria, era um negócio de arrepiar.
00:13:11Era quase 10 minutos de dança.
00:13:15E sempre para dançar 10 minutos, sem poder respirar, é um negócio de louco.
00:13:20Eu sei que terminava com o carnaval, que aí vinha tipo as escolas de samba, né, mostrando como era, mostrando algumas fantasias de destaque, que eram fantasias também belíssimas.
00:13:33Cada um tinha um pedacinho da sua coreografia, depois disso ia para pegar o público.
00:13:38Ficava só o Mestre Sela Porta Bandeira, os ritmistas em cima tocando.
00:13:44Era a história do negro dentro das coisas que tem aqui no nosso país, dos estados que compõem essas danças, essas coisas.
00:13:52O nosso sentimento aqui era assim, nós queríamos fazer dessa maneira.
00:13:57Podíamos ter escolhido vários tipos de espetáculo, vários jeitos de fazer o espetáculo.
00:14:03Esse a gente fez, foi fazendo e foi dando certo.
00:14:05Música
00:14:06Era um fim de semana, porque nós estávamos fazendo uma matinê.
00:14:13Nós saímos, nós, quer dizer, eu e mais um ator lá, vamos tomar um café na cena, ali embaixo, quando aparece um cara desse tamanho assim, se dirigiu para mim.
00:14:22Aí entrou assim, que é o mestre de balé? Mariano Norski.
00:14:29O negócio era o seguinte, ia ter o festival de Londres, o festival de dança em Londres.
00:14:36E ele era um dos delegados do festival para descobrir espetáculos na América Latina que pudessem se apresentar em Londres.
00:14:45E ficou falado mais ou menos isso que, bom, isso é isso para Escanada, evidentemente, que era o empresário.
00:14:51Vocês dão as passagens.
00:14:54Chegou em Londres, é com a gente.
00:14:57Nós cuidamos de todos.
00:14:59Pô, mas o negócio é o seguinte, eram 30 pessoas, como é que vai apagar?
00:15:04Rio, Londres, 30 pessoas, como é que vai ser?
00:15:07Bom, aí ficou falado, mas ainda faltou algum tempo, etc.
00:15:12E nós aí continuamos a fazer.
00:15:14Aí nós de São Paulo, a gente começou a fazer um turnê pela América do Sul.
00:15:22Fez Chile, fez Peru, fez Bolívia, coisa e tal, blá, blá, blá.
00:15:25E quando eu digo fez, eu não digo fez a capital, não.
00:15:28A gente ia nas cidades do interior.
00:15:30Nós ficamos numa cidade chamada Mampoço e o cara contratou para fazer um turnê pela Colômbia.
00:15:40Primeiro espetáculo em Mampoço, maravilha, coisa e tal, blá, blá, blá.
00:15:45No dia seguinte, que deu o cara?
00:15:50O cara fugiu com dinheiro.
00:15:52Ela ficou sem pai, sem mãe.
00:15:53Ela não estava conosco nessa altura, que estava no Brasil, tentando uma verba, um ministério, aquela coisa.
00:16:02Para subsidiar nossas vidas, né?
00:16:05Porque a nossa meta era Londres.
00:16:07E na ausência do Miescio, quem era o responsável pela companhia nessa jornada?
00:16:15Eu.
00:16:15Eu tinha 23 anos.
00:16:19E tinha 40 caras em cima de mim.
00:16:22Não é mole?
00:16:25Quando o cara constatou que estávamos a pé, que não tinha nem empresário, nem os canais, nem empresário local,
00:16:33aí ele tinha que tomar soluções.
00:16:36Então eu saía com o Waldemar, que era um grande redimista também,
00:16:42e a gente saía remando, era o Rio Madalena, nós estávamos nas margens do Rio Madalena.
00:16:50Então a gente saía remando para as cidades vizinhas, oferecendo espetáculo.
00:16:54Aí levava lençol, pedia lençol, esticava o lençol para fazer cortina e tal, e a gente fazia o espetáculo.
00:17:01E depois corria o popular chapéu, e com esse dinheiro a gente ainda dava algum para o cara amortizar as dívidas do hotel.
00:17:12A travessia não foi de brincadeira, porque nós fomos de navio, claro, foi mais de uma semana.
00:17:23Aí eu me lembrei que tinha uma coleção de livros chamada Brasiliana.
00:17:28Aí eu falei, pô, é um nome sonoro, um nome bonito e um nome que dá a intenção do nosso trabalho.
00:17:34Aí eu sugeri para o Mariano Norte, que gostou, Brasiliana, Brasiliana.
00:17:38Bom, aí ele foi batizado como Brasiliana, e quando nós estaremos no dia do Alvaro, já estamos como Brasileiros.
00:17:45Quando a Brasiliana foi para a Europa, se foi depois da guerra, a Europa estava meio deprimida, cheia de problemas e tal.
00:18:11E quando chegou esse show, cheio de alegria, cores e tal, foi o maior sucesso.
00:18:18A cortina que abriu o palco do teatro Etoile, na nossa estreia, que foi uma estreia concorrentíssima,
00:18:27quem você pensava do chamado Tuparri estava lá.
00:18:30Você perguntava, o Jean Coquetout estava lá? Estava.
00:18:34O Jean Marré estava lá? Estava.
00:18:37A Colette Marchand estava lá? Estava.
00:18:39Todo mundo estava lá? O chamado Tuparri foi a nossa estreia.
00:18:42E essa cortina que abriu é aquela que a gente dormia em cima, lá em Pupu.
00:18:51Foi com a nossa estreia que o Brasil descobriu que nós estávamos no exterior.
00:18:55E aí nós fomos fazer uma reportagem, uma sessão fotográfica com eles, no Palais de Cheio,
00:19:05aquela terração que tem, que no fundo tem a Torre Eiffel.
00:19:12Mas essa reportagem, que foi publicada pelo Museu, foi descobriu pelo Brasil que havia a brasileira no exterior.
00:19:21Um ano de que a torre Eiffel foi o primeiro lugar de essa estação de Tuparri foi o Brasil.
00:19:27Isso foi o primeiro lugar da Tuparri da Tuparri de Brasília na Brasília.
00:19:30Foi a criação de 5 anos, mas hoje ela já foi o nome em Kandombel.
00:19:34Aqui a trupe para o ritmo brasileiro de vila, o cantorvel.
00:19:38Um novo antigo religioso Danz.
00:19:40O que é isso?
00:20:10Em Roma, a gente fez o Teatro Sistina e tinha um brasileiro lá que trabalhava na TINET, que nos convidou para conhecer, a gente queria conhecer, claro que é tudo, então ele levou a gente, a gente viu os sets de vários filmes e tal.
00:20:37E aí, como nós íamos ficar um tempo, eles estavam fazendo um filme do qual esse rapaz, cujo nome é Antônio de Tefé, bom vivão, bonitão e tal, foi apresentado para estudar cinema e tal, e estava lá.
00:20:51E estava sendo feito, então, um filme, cujo nome era Te Troviamo em Galeria.
00:20:56Aí inventaram lá uma cena, e nós participávamos, e tinha uma jovem, mas muito jovem, Starlet, começando lá, mas essa moça se chamava, o nome que ela usava era Sofia Cotiglione, ou seja, Sofia Loya.
00:21:22A cena foi montada no palco do Sistina, era uma espécie de um cais, onde o navio atracava e ela saía, garbosamente, descia a escada, e nós estávamos embaixo fazendo um auê.
00:21:39E aí
00:21:40E aí
00:21:59O primeiro filme da Sofia Lohan, título Vendo em Galeria e nós estávamos lá.
00:22:19Eu vi uma matéria aqui, até tem essa matéria aqui em um jornal, que falou da sua ruptura
00:22:35com o Brasiliana, inclusive um conflito jurídico que você teve com o Mércio, você pode contar
00:22:41um pouco o que foi isso?
00:22:43Quando nós voltamos da Europa, depois dos cinco anos de viagem, já estávamos naquela
00:22:51corrente de voltar para a Europa, mas mudando o repertório, mudando, não sei o que, mudando,
00:22:57e eu não concordava, eu disse, não, a gente pode fazer um outro repertório, mudar por
00:23:01causa disso, não, a linha é essa, você não vai mudar o Bolshoi, nem nenhuma, só porque
00:23:08eu disse, não, a linha é essa, o caminho é esse, tudo bem, o povo brasileiro é riquíssimo,
00:23:13a briga foi baseada nessa iniciativa dele de mudar o caráter e ficar com o nome, aí eu disse,
00:23:24não.
00:23:38Boa noite, Brasiliana 69, das Ensemble, der Direktor Mércio Askenazi und die Carnavalskönigin.
00:23:49Sie sind schon seit einigen Wochen in Deutschland und werden noch bis Ende Januar zu sehen sein.
00:23:54Erzählen Sie uns ein wenig die Geschichte der Brasiliana 69.
00:23:57Ich habe oft die Glaubensgemeinden von Rio, die sich Macumba nennen, aufgesucht, dann
00:24:15die Samba-Schulen, unsere Leute machen den berühmten Carneval von Rio.
00:24:18In 1970, minha avó faleceu.
00:24:23Aí eu fui conversar com meu pai, falei, ó, eu trabalhava em banco, eu falei com meu
00:24:29pai, me mostra seu balanço, passivo, ativo, olhei, fui lá pro meu chefe do banco, falei,
00:24:35ó, esquece, segunda-feira eu não venho mais trabalhar e fui trabalhar com meu pai.
00:24:41Meu pai falava assim pra mim, ó, você não precisa inventar nada, tudo que é bom já foi inventado,
00:24:46tá? Aí eu falava assim, tá bom. Então, é, foi, foi uma, assim, uma experiência nova
00:24:53pra mim. Hoje eu entendo que era uma coisa excepcional. A Brasiliana nunca foi um show
00:25:01igual aos americanos, nunca, nunca foi aquela perfeição. Foi uma coisa, assim, diferente,
00:25:06uma, um esprit, uma, uma, uma alegria, uma coisa que, que os outros shows não têm.
00:25:12É, às vezes estilizava, né? Eu primeiro fazia, como fala, aquela coisa de sapateado,
00:25:20botava todo mundo pra fazer, daí tirava, né? Aquela, pensava e gravava, né? Mesmo pra,
00:25:29eu tenho um candomblé que eu montei, que é a coisa mais linda. Pra concorrer com eles,
00:25:33para ter um contrato na Europa, tinha que fazer isso, estilizar, né? Não ia for folclórico
00:25:41puro folclórico, ia o quê? Ficava dois, três dias, tinha que sair do país, né? E a
00:25:49Brasileana ficava meses, né? Da, bekam ich lust, irgendetwas mit denen
00:25:55trabalhando, né? E o quê que eles tannam?
00:26:14O público durante o show, o público já ficou, ficava assim, todo mundo sorridente. Agora, no último quadro,
00:26:21No quadro carnaval, o elenco descia ao público, pegava o público para dançar carnaval em cena.
00:26:27Aí descia confetes, balões, serpentinas e tal, e todo mundo feliz.
00:26:36Todo dia era a mesma coisa.
00:26:51Sonst seks de lá.
00:26:53Jurele, oi, oi.
00:26:55E isso é doido?
00:26:57Seja, eu vou te rolar.
00:26:58Oh, mamá.
00:27:00Ja, mas eu vou te rolar.
00:27:01É...
00:27:02Oh, amor, é oi.
00:27:03Agora eu vou te rolar.
00:27:04Elisabeth, oi.
00:27:05E é doido?
00:27:06Eu vou te rolar.
00:27:07E é doido.
00:27:08E é doido.
00:27:09E é doido.
00:27:10E é doido.
00:27:11E é doido.
00:27:12Aus- und de agora?
00:27:13Oh, mamá.
00:27:14Ja, por quê?
00:27:15Ja, por quê?
00:27:16Es é doido.
00:27:17E é doido.
00:27:18Eu sei doido.
00:27:19Vamos lá.
00:27:49Aquele beijinho para a senhora é o Brasil!
00:27:58Essa é a primeira vez que eu vou falar desse babado.
00:28:02Aí foi um amor proibido.
00:28:05Sabe aquelas coisas, aqueles amores proibidos?
00:28:08E com o Jair Rodrigues que você está falando.
00:28:11Falo mesmo porque foi verdade.
00:28:13Naquela época tudo era vedete,
00:28:14tudo era motivo de você ter uma faixa.
00:28:20Você era rainha e você carregava mil faixas pra casa.
00:28:24E foi uma época muito boa pra mim.
00:28:26O Jair estava começando na vida dele também a ser cantor,
00:28:30tentando a vida dele e eu a minha.
00:28:32E nós nos encontramos.
00:28:33Mas nós éramos muito jovens.
00:28:36E aí, ó...
00:28:38Aí rolou, né?
00:28:40Rolou aquele amor, aquela simpatia.
00:28:43E ele ia me apanhar e ele tinha os programas dele, eu tinha os meus.
00:28:47E quando a minha família soube que eu estava com o tal Jair Rodrigues, aí pronto.
00:28:54Aquela velha história que as mães no Brasil diziam, né?
00:28:59Tem que ter um DR na frente.
00:29:01E o Jair Rodrigues não tinha um DR, ele era um cantor.
00:29:04Tinha um C na frente.
00:29:07Erraram feio.
00:29:09Erraram feio.
00:29:11Não queriam que ele se metesse com mulher nenhuma, com Juralva nenhuma, com namorada nenhuma,
00:29:17seja lá um termo que quiserem usar, porque era uma negra, né?
00:29:23Eu sou uma negra e, na época, o pretinho tem que estar com a lourinha
00:29:28e a lourinha tem que estar com o pretinho.
00:29:30E eu não gosto desse papo comigo, não.
00:29:33Estou falando de 1963 aí.
00:29:35O Jair estava começando e eu também.
00:29:38Eu, na minha carreira, várias oportunidades que me deram,
00:29:43e aí nós nos separamos.
00:29:47Eu estava fazendo teatro, Casa Grande Senzala,
00:29:53e fui convidada para participar de um espetáculo só de seis semanas,
00:30:02seis, quatro semanas, na Inglaterra.
00:30:05E eu fui para participar na Inglaterra de quatro semanas,
00:30:09e depois Ascanasa chegou, viu o espetáculo, e chegou e falou,
00:30:12Jair, mas você não quer vir participar da...
00:30:16Te convido para participar da Brasiliana?
00:30:18Naturalmente, depois que eu escutei, soube a Brasiliana.
00:30:21Bom, quem não fizesse parte da Brasiliana...
00:30:24Então, estava perdendo muito.
00:30:26Quando eu cheguei, eu era mais jovem do momento,
00:30:28aí todo mundo me acolheu muito bem,
00:30:30todo mundo querendo me ensinar coreografia, qual é a roupa,
00:30:32e qual é o quadro que eu vou dançar,
00:30:36e eu só tinha dois ou três dias para aprender tudo aquilo.
00:30:39Só eram duas horas de espetáculo,
00:30:41eu tinha que aprender muitas coreografias.
00:30:43Aí me pegaram em dois, três dias,
00:30:45passaram aqueles números todos,
00:30:47e eu já entrei em cena direto.
00:30:48Eu queria algo mais, sabe?
00:31:04E sempre vi esse filme,
00:31:07Legacia, às vezes com a Ruth Souza,
00:31:11e aquilo ali me deu uma empolgação,
00:31:14assim, ah, eu quero ser artista também.
00:31:18Então, depois me informaram
00:31:21que tinha o Domingos Campos,
00:31:24professor de dança.
00:31:26Olha, eu tinha tanta vontade de ser artista,
00:31:29que ele fazia, ele mostrava uma coreografia,
00:31:33por exemplo, um batman,
00:31:35ele fazia assim, eu já fazia mais lá em cima.
00:31:38Aí veio um senhor andando devagarzinho, assim, na sala,
00:31:41aí ele veio e disse assim, olha,
00:31:44essa companhia se chama Brasiliana,
00:31:48e nós já tivemos um torneio na Europa,
00:31:53e agora nós estamos aqui renovando a Brasiliana
00:31:58para voltar a torneio na Europa.
00:32:01Estão precisando de gente, moças bonitas com você.
00:32:06E eu, por exemplo, eu pensei assim,
00:32:08eu acho que eu não vou ter essa sorte de ir para a Europa, não,
00:32:13porque tinha mulatas bonitas, mulatas altas,
00:32:16óleo verde, etc.
00:32:18Fale assim, ah, eu não tenho chance do pequenininho, baixinho.
00:32:21Eu sei dizer que na hora, para os que saíram,
00:32:27ele disse, olha, vocês não vão agora,
00:32:31mas vocês continuam ensaiando mais,
00:32:36vão aprendendo mais, que vocês podem ir na próxima leva.
00:32:39Aí já ficamos sabendo que a gente ia e eu estava incluída, né?
00:32:45Aí tinha uma outra colega, a Dica Lima,
00:32:48me catucava assim,
00:32:50e ficamos aqui naquela emoção, e depois ele falou para nós,
00:32:56olha, eu estou numa sala ali,
00:32:58depois eu vou chamar um por um,
00:33:02um por uma, para fazer o contrato.
00:33:06Aí tudo bem, ficou todo mundo contente,
00:33:08todo mundo feliz da vida, você e outro mundo sim.
00:33:11Música
00:33:36Itália, Espanha, Andorra,
00:33:39França...
00:33:43Estava aí, todos os lugares que nós trabalhávamos,
00:33:46era sucesso, aplausos, aplausos, aplausos, aplausos.
00:33:50Depois de duas horas de espetáculo e 15 minutos de pausa,
00:33:53era, mas você não sentia isso,
00:33:57você sentia o prazer de voltar ali e dançar.
00:34:00Música
00:34:03Aí de não sei porque, acho que o contrato terminou,
00:34:06ela quis ir embora, foi embora.
00:34:09Aí o Walter Ribeiro, que veio responsável com o balé,
00:34:15aí o Walter Ribeiro treinou algumas, cada dia era uma.
00:34:20E por último, eu fui testada para fazer o navio negreiro.
00:34:24Ah, foi a minha chance.
00:34:29Música
00:34:32Música
00:34:33Música
00:34:44Música
00:34:47Música
00:34:48Música
00:34:50Música
00:34:51Música
00:34:52Música
00:34:53No final, tinha um movimento na coreografia,
00:35:08que todos nós tínhamos que, uma coreografia que a gente fazia tudo junto, e depois rodava, rodava e esticava o braço e terminava com o braço em cima.
00:35:32Música
00:35:38Olha, foi tanto aplauso, tanto aplauso, que foi difícil para acalmar para o público parar de aplaudir.
00:35:46Música
00:35:47Nós éramos um time de mulacas na brasiliana, de todo tamanho, de todo tipo, de toda largura, de toda altura, e a presença dessa mulher, não importava se ela era gorda, magra, mais alta, mais firma, na minha opinião, era o show que ia.
00:36:05Música
00:36:08Música
00:36:09E aí
00:36:39eles estão aqui há quase sete anos.
00:37:09E aí
00:37:11veio um jornalista e fez assim,
00:37:12Sil, aí o Abelardo falou assim,
00:37:15o que é? Eu quero falar com aquela moça ali.
00:37:17Aí ele chegou perto de mim
00:37:19e falou assim, eu sou do
00:37:20fotógrafo do jornal,
00:37:23acho que é Folha de São Paulo, ou Estadão,
00:37:25e eu queria fazer uma foto contigo
00:37:27para sair em pôster.
00:37:28Eu falei, pôster? Ele falou exatamente
00:37:31isso. Eu falei, ah moça,
00:37:33mas eu não tenho dinheiro para pagar o senhor.
00:37:35Ele falou, não, você não vai me pagar.
00:37:37Eu que deveria te pagar. Eu falei, é mesmo?
00:37:39Ele falou, é. Se você quiser,
00:37:41me dê o cartão, eu fui. E passaram-se
00:37:4315 dias. Eu estava no Rio de Janeiro,
00:37:45eu estava voltando para São Paulo,
00:37:47encontrei com o Valmor Chagas,
00:37:48e ele falou assim, eu vi um pôster seu
00:37:51no restaurante Gigeto.
00:37:53Eu falei, é? Eu falei, caramba,
00:37:55então saiu mesmo. Aí eu chego lá
00:37:57e estava escrito ao lado do pôster,
00:37:59estava escrito assim,
00:38:00vatuzi, bacaninha, tipo exportação.
00:38:03Olha só que coincidência.
00:38:05E nisso, Mieças Canazzi,
00:38:06estava procurando a moça do pôster, né?
00:38:09Aí o Abelato falou assim,
00:38:11mas eu a conheço, ela é minha amiga.
00:38:13Então, fui apresentado ao senhor Mieças Canazzi,
00:38:16e eu fui lá e fui me integrar na Brasiliana.
00:38:19Eu tinha os colegas que eram pequenos,
00:38:28menores do que eu.
00:38:29Eu mesmo, com 1,73m,
00:38:31boto um sapatão com mais de 15cm,
00:38:33naturalmente eu vou às alturas.
00:38:35Mas se você não dança,
00:38:36o que adianta a altura?
00:38:37Às vezes eu tinha colegas que eram menores do que eu,
00:38:40que era uma presença de pessoas.
00:38:42Foi o que eu falei, eu aprendi a dançar,
00:38:44aprendi o comportamento cênico,
00:38:46que é uma coisa muito difícil.
00:38:48E isso eu aprendi com a Brasiliana.
00:38:59Passaram pelas mãos do meu pai
00:39:01mais de 1.100 pessoas.
00:39:03Entre artistas, balerinos, cantores, músicos,
00:39:09parte técnica, iluminação.
00:39:16E a orquestra, que era a prática,
00:39:19que comandava Matheus na bateria,
00:39:21prática no teclado,
00:39:23tinha três sopros,
00:39:24violão, dois,
00:39:26seis intimistas.
00:39:30Essa qualidade de pessoas que a Brasiliana
00:39:33agregou, que a Brasiliana recebeu,
00:39:36os quadros que a Brasiliana tinha,
00:39:38o quadro da Bahia.
00:39:39Eu vendendo acarajé e Tobias vendendo ostra,
00:39:43e era cantado isso.
00:39:45Era muito bonito.
00:39:46As dawn breaks,
00:39:48a square fills with buy-in,
00:39:49tradespeople singing and selling their wares.
00:39:52Aí todo mundo,
00:39:53um entrava vendendo laranja,
00:39:55outro entrava,
00:39:57e eram umas 15, 20 pessoas a virar.
00:40:00O quadro do Rio de Janeiro,
00:40:10dos engraxates,
00:40:13que era o pintinho,
00:40:15que fazia umas coisas assim, mímicas,
00:40:17e você morria de rir sem entender,
00:40:18sem falar uma palavra em alemão,
00:40:20logo que fosse.
00:40:20E o Abelardo também,
00:40:28que ele fazia o palhaço,
00:40:30aquele mimo,
00:40:32ele se maquiava em cena e tudo mais,
00:40:34e se vestia de palhaço em cena,
00:40:37e o povo morria de rir.
00:40:48Esses eram os grandes artistas,
00:40:49que estavam lá na Brasiliana,
00:40:51que a Brasiliana agregou.
00:40:53A Brasiliana realmente deu oportunidade
00:40:54às pessoas que tinham grandes talentos,
00:40:56e elas souberam aproveitar.
00:40:57Nós nos encontramos,
00:41:08que quando eu saí daqui do Brasil,
00:41:11eu fui trabalhar com um grupo na Itália,
00:41:16e esse grupo ficou lá um período de oito meses.
00:41:33E aí um amigo nosso, né,
00:41:35me arrumou essa transferência
00:41:36para ir para o grande companhia Festival do Brasil.
00:41:43Entendeu?
00:41:44Onde ele estava,
00:41:45que era antiga brasiliana.
00:41:46Daí começou
00:41:47a jornada, né,
00:41:50uma jornada de cinco anos,
00:41:52onde nos tornamos amigos.
00:41:54Isso é grande.
00:41:54Eu cheguei lá,
00:42:00eu só sambava,
00:42:01e tocava lá um instrumento de percussão.
00:42:04Então o diretor falou assim,
00:42:05minha cara,
00:42:06tu acha que tu vai ficar aqui atrás?
00:42:10Fazendo essa coisinha assim devagar,
00:42:12tu vai lá para frente.
00:42:14Ele falou, para frente não,
00:42:14não vai no palco, vai dançar.
00:42:16Quando não tinha esse tempo,
00:42:17onde é que eu aprendi a coreografia?
00:42:20Dentro do quarto do hotel,
00:42:23abria assim a porta do armário,
00:42:27tinha um espelho.
00:42:29Aí o colherba ficava na minha frente,
00:42:31eu botava a mão na cintura dele
00:42:32e ia me conduzir,
00:42:34não está entendendo?
00:42:35Ele tinha que dar aquela requebrada e tal,
00:42:37tal,
00:42:37dava umas pancadas no conhaque.
00:42:39Falei que agora eu vou.
00:42:41Aí a mulher que eu partia com 150.
00:42:46Ele tinha a rivalidade.
00:42:48Aí tinha.
00:42:48Um querendo ser mais bonito do que o outro.
00:42:51Aí o bicho pegava.
00:42:54Ali o cavalo virava égua, compadre.
00:42:57Alô, o que é?
00:42:58Onde é malandragem?
00:43:06Teve um lance muito interessante,
00:43:09nós estávamos na Grécia,
00:43:11e aí a Carminha começou a reclamar.
00:43:13Aí falou, não,
00:43:13por que eu carrego o show nas costas?
00:43:16Aí essas caralhas falam assim,
00:43:17Carminha, deixa eu falar uma coisa pra você.
00:43:20Aqui na Brasiliana,
00:43:21as mulheres pequenininhas,
00:43:23mais ou menos,
00:43:24têm que trabalhar,
00:43:25as grandes só pra embelezar.
00:43:26Ela deu um ataque,
00:43:27eu falei, não te disse?
00:43:28E uma das vezes nós estávamos,
00:43:30estávamos lá em München,
00:43:32em Munique.
00:43:33Aí começamos a ensaiar,
00:43:35a Carminha está doente,
00:43:36não vai poder trabalhar amanhã.
00:43:37Aí é a sua vez.
00:43:38Aí eu aprendi a dançar o Lundu,
00:43:40e tomei o lugar dela.
00:43:41Aí quando ela soube que foi bem,
00:43:43no dia seguinte ela voltou.
00:43:49Eu acho que é ciúmes de palco,
00:43:52porque todas as danças que eu fazia
00:43:54eram muito bem aplaudidas.
00:43:56Por que isso?
00:43:57Então só pode ser inveja,
00:43:59ou despeito do meu sucesso.
00:44:04Quem era gratificado com isso
00:44:10era a plateia,
00:44:12que via que o pessoal
00:44:13estava lá em cima, né?
00:44:14Então um abria um braço desse tamanho,
00:44:16tu criava o três.
00:44:17Agora é o jogador de futebol,
00:44:18um tendo a ser mais do que o outro.
00:44:19Mas o espetáculo funcionava,
00:44:22porque dava mais fogo.
00:44:32Quando o Matheus dizia,
00:44:33aí todo mundo se apontava para sair.
00:44:36O ônibus saía de manhã,
00:44:38oito horas,
00:44:38tomava café,
00:44:39refeição da manhã,
00:44:41e aí quilômetros de estrada.
00:44:43O samba correndo lá atrás,
00:44:46os que precisavam cuidar da visóis,
00:44:49sentavam mais na frente,
00:44:52e os que gostavam da bagunça,
00:44:54como eu,
00:44:54sentavam lá atrás.
00:44:56Era essa coisa,
00:44:57saía de um e já viajava para o outro.
00:44:59Tinha esse ônibus que deitava,
00:45:01igual avião.
00:45:02Aí era assim nossa vida,
00:45:03era dentro do ônibus.
00:45:05Às vezes eles diziam,
00:45:07vocês querem dormir aqui na cidade,
00:45:09ou quer ir direto para outra cidade?
00:45:11A gente não,
00:45:11é melhor a gente ir direto,
00:45:13que já amanhece lá,
00:45:13dá para fazer algumas coisas.
00:45:15Então cada uma,
00:45:16as pessoas tinham a sua mala de roupa,
00:45:18e a outra era a mala da cozinha.
00:45:21comprávamos feijão,
00:45:22botávamos dentro da panela,
00:45:25aí faziam feijão escondido,
00:45:26na ducha do banheiro,
00:45:28dentro da banheira,
00:45:29e ali fazia aquela feijoada.
00:45:31Aí aquele cheiro,
00:45:32imagina no hotel,
00:45:33aquele cheiro de comida
00:45:34nos corredores dos hotéis.
00:45:35Quando chegamos no hotel,
00:45:38eu, pela manhã,
00:45:38levei um susto.
00:45:39Eu levei um susto danado,
00:45:41porque em cima,
00:45:44na prateleira do hotel,
00:45:46estavam todos os fogõezinhos
00:45:48com os quartos.
00:45:49Foi horrível.
00:45:50O meu quarto estava ali,
00:45:52de meu fogão,
00:45:53em cima,
00:45:54mas ninguém falou nada.
00:45:57Sabe como é que é brasileiro?
00:45:58Todo mundo viu e se trancou.
00:46:00Por favor, a minha chave.
00:46:02Fazia mesmo,
00:46:02porque você ganhava pouco,
00:46:05a brasileira não te dava a casa,
00:46:07o café da manhã,
00:46:09mas a comida,
00:46:10você que tinha que,
00:46:11então a gente poupava,
00:46:12e tudo mais,
00:46:13para poder fazer nossa comida,
00:46:15não em restaurante,
00:46:16porque ficava caro,
00:46:17então fazíamos
00:46:17nossas próprias comidas
00:46:18nos hotéis.
00:46:19Cada um tinha um potinho
00:46:20de vinho com a porub.
00:46:22A gente botava na porta
00:46:23da chave,
00:46:24disse a mulher vinha,
00:46:25olhada, né?
00:46:27Aí veio o cheirinho
00:46:28de vinho com a porub.
00:46:30Menino que a gente
00:46:31está cozinhando
00:46:32quase meia-noite,
00:46:34aí ouvimos aquilo.
00:46:39Lá embaixo na rua,
00:46:40eu fui para a janela,
00:46:42olhar,
00:46:43aí os outros também foram,
00:46:45eram os bombeiros,
00:46:46sentiram o cheiro,
00:46:48os donos do hotel,
00:46:49e disse que o hotel
00:46:50estava pegando fogo.
00:46:53Aí os donos
00:46:54veem das portas,
00:46:55está pegando fogo.
00:46:58Todo mundo rua.
00:46:59Quero isso,
00:47:00não,
00:47:00quero ninguém mais.
00:47:01Todo mundo rua.
00:47:03Uma hora da manhã,
00:47:04se eu acho que a nossa,
00:47:05ah, meu Deus,
00:47:06onde eu vou botar essa gente?
00:47:08Eu vou mandar brasileiro
00:47:10embora.
00:47:10Não posso com essa gente,
00:47:12é tudo maluco.
00:47:13A Brasileira
00:47:25foi uma ideia diferente
00:47:28de show business.
00:47:29Eu trabalhei com pessoas
00:47:34de show business
00:47:34muito grande,
00:47:35e teve várias pessoas,
00:47:37Macello Mastroianni,
00:47:38que adorou,
00:47:40tem o rei da Espanha,
00:47:42Juan Carlos,
00:47:43que estudava em Geneve,
00:47:45participou do carnaval e tal.
00:47:47Então,
00:47:48muitas pessoas
00:47:49famosas,
00:47:51não.
00:47:51Na Inglaterra,
00:47:52nós trabalhamos com
00:47:53Nath Kinkol,
00:47:56tinha a ser um
00:47:56David Jr.,
00:47:57uma vez cantou conosco,
00:47:59mas foi na França.
00:48:00Aquele também,
00:48:01muito famoso,
00:48:02cantou,
00:48:02que até veio o Brasil também,
00:48:04Frank Sinatra.
00:48:06Em Paris,
00:48:07teve um festival
00:48:11para ajudar
00:48:14todas as pessoas
00:48:15pobres do mundo.
00:48:17Então,
00:48:17participou lá
00:48:18todos os programas,
00:48:20Johnny Holiday,
00:48:22Marlon Brando,
00:48:23e mais outros
00:48:24mais famosos
00:48:26de Hollywood.
00:48:28E nós,
00:48:29a Brasiliana.
00:48:29A Brasiliana.
00:48:31Isso começa como um conto de fés.
00:48:33Este noite,
00:48:34o Palais de Chaillot
00:48:35nunca mais melhor
00:48:36portou seu nome.
00:48:37Este lugar de encontro
00:48:37entre os mais grandes
00:48:38talentos do mundo
00:48:39e a generosidade de Paris.
00:48:41Talent e generosidade
00:48:43quando dois
00:48:43soberanos de esta taia
00:48:44se retrouvent,
00:48:45o que isso dá
00:48:46do bom humor?
00:48:49Elizabeth Taylor
00:48:50e Richard Burton
00:48:51para agora
00:48:52na sala
00:48:52e na cena
00:48:53com tantos outros artistas.
00:48:56Os Beatles,
00:48:57vindo este noite
00:48:57como espectador.
00:48:58Esta fleur
00:49:00é para vocês
00:49:00e pois que vocês
00:49:03chegam em mesmo
00:49:04tempo que
00:49:04o espectáculo.
00:49:06Aquele monte de gente,
00:49:33aquela loucura.
00:49:34foi um grande sucesso.
00:49:35Era um sucesso,
00:49:37um sucesso.
00:49:45Eu sei dizer que
00:49:47quando nós subimos
00:49:49o elevador,
00:49:50entrou também
00:49:50Elizabeth Taylor
00:49:51com Richard Burton.
00:49:52a apresentatriz
00:49:54que nós possamos imaginar
00:49:55Elizabeth Taylor.
00:49:56Encontramos com eles
00:50:11no elevador.
00:50:13Aí ela puxou uma conversa
00:50:15e nos convidou
00:50:16para ir
00:50:17na mansão dela
00:50:18na França
00:50:19para tomar um banho
00:50:21e conversar
00:50:22sobre o Brasil.
00:50:23e pior que era ele
00:50:24que eu ficava igual
00:50:25só rindo.
00:50:27Porque eu não falava
00:50:27uma palavra de inglês.
00:50:32No Japão
00:50:33o show
00:50:35foi 11 horas da manhã.
00:50:37Gente,
00:50:37como é que é 11 horas da manhã
00:50:38um show?
00:50:39É 11 p.m.
00:50:41not a.m.
00:50:42Não, não, a.m.
00:50:44Falei, carambinha agora,
00:50:45tem que acordar
00:50:46todo mundo
00:50:46às 7 horas da manhã,
00:50:48às 6 horas da manhã
00:50:49para estar pronto e tal.
00:50:51Tinha 7 mil japoneses
00:50:53dentro da sala
00:50:54porque era em comemoração
00:50:56ao aniversário
00:50:58do imperador Heruíto.
00:51:00E ele estava lá também,
00:51:01Heruíto.
00:51:02Então foi um maior sucesso.
00:51:04Dançava,
00:51:05rebolava,
00:51:06tão engraçado,
00:51:06as mulheres,
00:51:07a gente ria de rir com ele.
00:51:09Era a mesma coisa,
00:51:11a mesma coisa.
00:51:12Eles ficavam encantados
00:51:13com o colorido das roupas,
00:51:15com o cenário, né?
00:51:17Lindo, lindo, lindo.
00:51:21Agora, falando politicamente assim,
00:51:23vocês se sentiam reconhecidos
00:51:28ou às vezes se sentiam explorados
00:51:30pelos empresários
00:51:32das companhias?
00:51:36Eu, na minha opinião,
00:51:37não me senti nunca explorado.
00:51:39Pelo contrário,
00:51:40agradecido.
00:51:44Agradecido.
00:51:46Porque isso que a gente fazia
00:51:47era muito caso, Joel.
00:51:49No início eles foram de navio,
00:51:51mas depois dos anos 70
00:51:52foram de avião.
00:51:54Você chegar numa cidade,
00:51:56entrar num ônibus,
00:51:57viajar 200 quilômetros,
00:52:00200 quilômetros de trem
00:52:01dá uma grana.
00:52:03Um hotel custa,
00:52:04almoço custa,
00:52:06janta custa.
00:52:07muito.
00:52:09E você tem uma oportunidade
00:52:11de aprender um idioma.
00:52:12Se você não for preguiçoso,
00:52:15é good night,
00:52:15é amanhã,
00:52:16bonjour depois,
00:52:18bonaceira,
00:52:20bonjourno.
00:52:21E você vai ver
00:52:23mulher de olho azul
00:52:24que vai gostar de você.
00:52:25pode falar.
00:52:30Não, não pode não,
00:52:31é bem complicado.
00:52:33Aí que é onde o macaco
00:52:34come a banana, parceiro.
00:52:39Eu namorava quem eu queria.
00:52:41Você pode me escolher,
00:52:42mas quem escolhe você
00:52:43sou eu, né?
00:52:44O Robert De Niro,
00:52:45ele se apaixonou por mim,
00:52:46eu falei,
00:52:46tudo bem.
00:52:47eu fui namoradeira demais,
00:52:50mas só namoradeira,
00:52:52namorar,
00:52:53gente,
00:52:53tem que explicar,
00:52:54namorar,
00:52:55olhar,
00:52:55fazer beijinhos,
00:52:57mas não assim,
00:52:58né?
00:52:59Se apaixonar,
00:53:00não quero mais não.
00:53:01Eu namorei um rapaz
00:53:02chamado Denis,
00:53:03e nós estamos fazendo
00:53:04um show
00:53:05no Philips Allen,
00:53:06do Seudorf,
00:53:07e eu o conheci ali.
00:53:09Muito lindo,
00:53:10lindo,
00:53:10mas ele era lindo mesmo.
00:53:11Aí eu fui
00:53:12para tomar o drink
00:53:12com o Denis.
00:53:14Aí nós começamos ali
00:53:15a fazer charme
00:53:17um com o outro.
00:53:17Ele falou,
00:53:18você me dá um beijo?
00:53:18Eu falei,
00:53:19lógico,
00:53:19eu te dou um beijo.
00:53:20E nisso,
00:53:21daqui a pouco,
00:53:21eu estou ouvindo
00:53:21uma barulhada lá atrás,
00:53:23era o meu ex-namorado,
00:53:24o Roberto,
00:53:24estava tentando,
00:53:25quebrando as cadeiras
00:53:26e tudo mais,
00:53:27e vendo aquela cena.
00:53:28Mas o cara,
00:53:29foi um quebra-quero
00:53:30naquela discoteca,
00:53:31mas aí conseguimos
00:53:32apaziguar tudo,
00:53:33aí eu fui para casa,
00:53:34tudo mais,
00:53:35mas já marquei
00:53:35encontro com o Denis,
00:53:36que ele ia tomar
00:53:37um café da manhã
00:53:37comigo,
00:53:38ele queria.
00:53:38Eu fui para a Finlândia,
00:53:39saí de Estocolmo
00:53:40para Helsinki,
00:53:41lá na Finlândia,
00:53:42e os daqueles
00:53:43Firebolt,
00:53:45sabe?
00:53:46Eu já sabia
00:53:47onde ia abrir
00:53:48a porta do óleo,
00:53:48e eu estava por baixo
00:53:49e abri a porta
00:53:50lá no final.
00:54:02Eu conheci um barão
00:54:04e queria casar comigo,
00:54:06queria casar,
00:54:07queria casar,
00:54:07todos eles a mesma história.
00:54:09Eu sei dizer que ele
00:54:10me deu um carro
00:54:12de presente,
00:54:13um ópio vermelho,
00:54:14bonito, lindo, lindo, lindo.
00:54:16Eu sei dizer
00:54:17que ele disse para mim,
00:54:19eu tenho uma mulher
00:54:21com três filhos,
00:54:23mas eu não sou casado
00:54:23com ela,
00:54:24eu quero casar com você.
00:54:26Eu disse o quê?
00:54:28Estava no palco,
00:54:29lá no teatro.
00:54:31Deixei ele lá no palco
00:54:33e fui para o camarim.
00:54:34A Silvinha,
00:54:35a outra colega,
00:54:36disse, Carminha,
00:54:37vai lá dar atenção
00:54:38para o seu namorado
00:54:40que ele está lá chorando.
00:54:43E ele disse,
00:54:43deixa ele chorar.
00:54:44E o carro?
00:54:45O que foi que eu gostei?
00:54:46Não, ele levou o carro.
00:54:47O ceró era fininho,
00:54:52meu irmão.
00:54:53Eu pegava a iraniana,
00:54:55a parte,
00:54:56a vietnamita.
00:54:57Não tem tempo ruim,
00:54:58não, cupide.
00:54:58Ei, vambora.
00:55:00Aqui só as pretinhas
00:55:01que fazem uma graça,
00:55:03assim mesmo,
00:55:03porra.
00:55:04Chega a bilha,
00:55:05aquela mulher de bilha azul,
00:55:06digo,
00:55:06lá no Brasil,
00:55:08aquela mulher trabalha
00:55:09no banco do Brasil,
00:55:10aqui na,
00:55:10trabalha no mercado,
00:55:11tudo.
00:55:12E já olhava para mim
00:55:13rindo,
00:55:13eu digo,
00:55:14já estou.
00:55:19E aí,
00:55:20o senhor Oscar Laze
00:55:21falou assim,
00:55:22jura?
00:55:23Que tal eu te casar
00:55:24aqui na Europa?
00:55:25Eu sei que Tobias disse,
00:55:27vocês estão seis anos,
00:55:28não tem nenhum guardanave
00:55:30e prato.
00:55:31Aí,
00:55:32eu disse,
00:55:33o senhor fala com ele,
00:55:35vamos ver.
00:55:36Ele disse,
00:55:36não se importe
00:55:38que eu vou dar
00:55:38da sua aliança
00:55:40até onde você vai
00:55:41passar a lua de mel.
00:55:42aí Tobias,
00:55:43vamos,
00:55:44se o senhor quer bancar,
00:55:45não tem problema.
00:55:47Aí,
00:55:47só.
00:55:52Que casamento,
00:55:5320 repórteres
00:55:55de quase todos
00:55:57os países foram.
00:55:59Foi um negócio
00:56:00de assombro.
00:56:02Quando chegamos,
00:56:03ele alugou um salão
00:56:05que era dez disso
00:56:06aqui no Hotel Hilton
00:56:07para fazer a festa.
00:56:08Eu sei que o padre
00:56:09ficou bêbado,
00:56:11os meninos
00:56:12tudo e o padre
00:56:13junto com os meninos
00:56:14dormindo no salão.
00:56:18Aí,
00:56:18ele disse,
00:56:19você vai ficar
00:56:20sete dias em Veneza,
00:56:21é sua lua de mel.
00:56:23Aí,
00:56:23eu passei realmente,
00:56:24tem o retranazgando,
00:56:26passeando,
00:56:27aquela coisa.
00:56:31O Tobias queria morrer
00:56:33quando via mudar roupa.
00:56:34Aí,
00:56:34eu disse,
00:56:35é,
00:56:35ô Roberto,
00:56:36bota uma cortina aí,
00:56:38por que que tem que tirar
00:56:39esses homens todos
00:56:40vendo minha mulher nua?
00:56:42Só era a mulher dele,
00:56:43tinha dez mulheres,
00:56:44cinquenta,
00:56:45ele,
00:56:46mas era muito,
00:56:47ele era muito,
00:56:47ciumento,
00:56:48mas não fazia coerência,
00:56:49todo mundo adorava ele também.
00:56:52Foi 20 anos
00:56:53só de,
00:56:54de alegria,
00:56:56de coisa,
00:56:56só não tivemos filho.
00:56:57Meus pais são,
00:57:09né,
00:57:10Dica Lima,
00:57:11nome artístico dela,
00:57:13José Prates,
00:57:16maestro José Prates.
00:57:18José Prates,
00:57:19meu pai,
00:57:21era diretor musical
00:57:23da Brasiliana.
00:57:25Era o simão
00:57:27um dos mais importantes
00:57:29cargos da companhia.
00:57:31Ele tomava decisões
00:57:32artísticas,
00:57:35o que se fazia no palco,
00:57:36o que se dançava,
00:57:38e ele fazia o repertório musical
00:57:40da Brasiliana.
00:57:42A experiência musical
00:57:43que meu pai tinha
00:57:44era da banda
00:57:45de Fusilena e Navais,
00:57:47porque na medida
00:57:47que a Brasiliana
00:57:48foi fazendo
00:57:49suas turnês,
00:57:51meu pai procurava aprender,
00:57:53aprender a língua,
00:57:55aprender a cultura local,
00:57:56e ele foi incorporando
00:57:57isso
00:57:57às suas obras.
00:57:59Nunca esteve
00:58:00numa escola
00:58:00de música,
00:58:02nunca aprendeu nada.
00:58:04Tudo que ele soube,
00:58:05ele aprendeu de livros
00:58:06dentro do ônibus,
00:58:08nas turnês do mundo.
00:58:10Genial.
00:58:10Nós temos uma legenda
00:58:15na comunidade local,
00:58:16um cara que deve ser conhecido
00:58:18para praticamente todos vocês.
00:58:19Então,
00:58:19sejam bem-vindos,
00:58:20senhoras e senhores,
00:58:21José Prates.
00:58:22Beleza pura!
00:58:25Vamos repetir comigo.
00:58:27Brasil!
00:58:29Não,
00:58:29mais forte esse.
00:58:31Brasil!
00:58:32Meu pai gravou
00:58:33discos com Inesita Barroso,
00:58:37e nesse disco com
00:58:39Inesita Barroso,
00:58:41ele compôs Maracatu.
00:58:44Depois ele foi compondo
00:58:45para a Brasiliana,
00:58:46e alguma coisa também,
00:58:49por conta própria,
00:58:50com obras próprias.
00:58:52Ele tem obras
00:58:54registradas
00:58:55fora do Brasil,
00:58:58na Europa.
00:59:00Compôs alguns discos,
00:59:02não foram poucos, não.
00:59:06A companhia foi
00:59:08amadurecendo artisticamente,
00:59:11junto com ele.
00:59:12Ele estilizou
00:59:13alguns cânticos de candomblé,
00:59:15fez um arranjo moderno
00:59:17em cima desses cânticos de candomblé.
00:59:19ficou lindo.
00:59:20Com um sintetizador,
00:59:22inclusive,
00:59:22com recursos da época,
00:59:25ele criou obras
00:59:26muito interessantes.
00:59:27Mas não teve
00:59:28o reconhecimento devido.
00:59:31Essa é a banda
00:59:32da Brasiliana,
00:59:33led by
00:59:33a música
00:59:34diretora,
00:59:35José Prates.
00:59:36A lembrança do meu pai
00:59:40é a partir
00:59:42dos 12 anos de idade.
00:59:45Foi quando ele fez
00:59:46uma visita
00:59:46em nossa casa,
00:59:48morava com a minha mãe,
00:59:50e aí eu fui apresentado
00:59:51oficialmente
00:59:52ao meu pai.
00:59:54Meu pai tinha carro,
00:59:56meu pai tinha Mercedes,
00:59:58para você ter uma ideia.
00:59:59E da mesma forma
01:00:01que ele teve,
01:00:01ele perdeu.
01:00:02Minha mãe não saía
01:00:04para nada.
01:00:05O balé,
01:00:06isso,
01:00:07minha mãe conta
01:00:07de uma forma engraçadíssima.
01:00:09Só ela sabe contar.
01:00:11Ah,
01:00:12os colegas
01:00:12iam para
01:00:13tudo encher a cara,
01:00:15botar meia-noite,
01:00:16eu ia para a minha casa.
01:00:18Ela estava na Europa.
01:00:19Ela estava na Europa,
01:00:20mas ela não se sentia
01:00:21parte daquilo.
01:00:23Queria alugar
01:00:23para ela ganhar dinheiro.
01:00:25para faturar
01:00:26e voltar para o Brasil
01:00:28e dar uma vida melhor
01:00:30para a família dela.
01:00:37Eu conheci uma professora,
01:00:40Laís,
01:00:41na época era Laís Ixcima,
01:00:44em 1969.
01:00:46Eu faço vestibular
01:00:47e entro na escola de dança.
01:00:51Ela fazia parte
01:00:52do grupo folclórico
01:00:54do Olodumaré,
01:00:56que era um grupo
01:00:56de rapazes
01:00:58capoeiristas.
01:01:00E tinha Bejoca,
01:01:01que era o responsável.
01:01:03Tinha
01:01:03Edivaldo Carneiro e Siua,
01:01:06camisa roxa,
01:01:07que fazia parte
01:01:08também desse grupo.
01:01:09Então,
01:01:10eu lá
01:01:10entro no grupo Olodum.
01:01:12Mas esse grupo
01:01:13em si,
01:01:15ele tinha uma história,
01:01:16sempre tinha um tema.
01:01:18Era um grupo folclórico,
01:01:19ele era bem folclórico,
01:01:20bem preso
01:01:21ao folclore.
01:01:23Quando o grupo,
01:01:24aí eu me formei,
01:01:26tem aí essa ligação
01:01:28de camisa
01:01:29com esse sonho
01:01:31de ir para a Europa.
01:01:33E aí ouve-se falar
01:01:34do Miescio Ascanazzi.
01:01:37Em 1972,
01:01:40a brasileira já estava
01:01:41cinco anos em turnê.
01:01:43As pessoas estavam cansadas.
01:01:45e tal.
01:01:47Aí,
01:01:48o Domingos Campos
01:01:49e o José Prates,
01:01:52que estavam
01:01:53na Bahia,
01:01:54em Salvador,
01:01:56nos contactaram.
01:01:58Vem aqui ver,
01:01:59nós temos aqui
01:01:59um novo grupo e tal.
01:02:02Aí,
01:02:02meu pai falou,
01:02:03vamos lá ver esse negócio.
01:02:04Ficamos em avião,
01:02:05fomos para Salvador,
01:02:05fizeram uma
01:02:06apresentação
01:02:08no Teatro Castro Alves
01:02:09para a gente.
01:02:10Mas o grupo
01:02:11chamava-se
01:02:11Olo do Maré da Bahia.
01:02:13Falei,
01:02:14gente,
01:02:14como é que pode ser
01:02:15Olo do Maré?
01:02:15Como é que você vai vender
01:02:16esse título,
01:02:17Olo do Maré da Bahia,
01:02:18lá fora?
01:02:19Aí tivemos a ideia
01:02:20de fazer o seguinte,
01:02:21vamos levar
01:02:22uma parte
01:02:23desse elenco
01:02:24para a Europa,
01:02:26pegar outra parte
01:02:28da brasiliana,
01:02:28se juntar
01:02:29com esse elenco
01:02:30para criar
01:02:31um novo show.
01:02:32Batizamos o show
01:02:33como Brasil Tropical
01:02:35e,
01:02:37depois de três meses,
01:02:38fomos para a Alemanha Ocidental
01:02:40continuar
01:02:42no mesmo sucesso
01:02:43da brasiliana.
01:02:44A camisa virou para mim
01:02:45e disse,
01:02:46Inaysira,
01:02:47agora há coisa diferente.
01:02:49É importante
01:02:50o sorriso
01:02:51de não sei quem,
01:02:53as pernas
01:02:54de não sei mais quem,
01:02:56a bunda
01:02:56de não sei quem
01:02:57que entra no final
01:02:58para fazer lá
01:02:59uma babagada
01:03:00com o turista
01:03:01que dá um beijo
01:03:02e isso,
01:03:03aquilo e aquilo outro.
01:03:24quando eu fui contratado
01:03:27lá no Brasil,
01:03:29foi o seguinte,
01:03:30o Domingos Campos
01:03:34e o Edivaldo Carneiro,
01:03:36ou seja,
01:03:36a camisa roxa,
01:03:38e eles me convidaram
01:03:40para assistir
01:03:40os ensaios deles
01:03:41e tal e tal
01:03:42e me falaram
01:03:43de antemão
01:03:44que eles gostavam
01:03:44muito do meu samba.
01:03:47Primeiro,
01:03:47eu não queria,
01:03:49fiquei assim,
01:03:50porque quando eu vi
01:03:50os homens vestidos
01:03:51de malha,
01:03:52eu falei,
01:03:52um homem vestido
01:03:54de malha e tal,
01:03:55mas eu estava
01:03:56com um amigo
01:03:57e o amigo respondeu
01:03:58para mim direto,
01:04:00ele falou,
01:04:00não,
01:04:01nós gostamos,
01:04:02vamos participar.
01:04:03Aí ele falou,
01:04:04olha,
01:04:05mas só o samba
01:04:06e você que faz batuque,
01:04:08o outro rapaz,
01:04:10não é bastante,
01:04:11vocês têm que aprender
01:04:13a dançar.
01:04:13Quando eu vi
01:04:18a Tuzzi
01:04:19dançando o Lundu
01:04:20e cantando
01:04:22a Carmen Miranda,
01:04:23e que eu via
01:04:25aquelas coisas
01:04:26todas de boca,
01:04:27não sei o que,
01:04:29tita,
01:04:30eu digo,
01:04:30ai,
01:04:31é isso?
01:04:32Essa é a estética
01:04:33que eu não conhecia.
01:04:35E quando chegou
01:04:36realmente o momento
01:04:37que alguém não pôde
01:04:38fazer essa baiana,
01:04:40eu aí entrei
01:04:41nessa baiana
01:04:42e entrei realmente
01:04:44parecendo uma travestida
01:04:45mesmo,
01:04:46né?
01:04:47Quando essa baiana
01:04:48quando canta
01:04:49e eu bato boqueta
01:04:50pra cá,
01:04:50boqueta pra lá
01:04:51e lá se foi,
01:04:52foi,
01:04:53Zé Maria atrás,
01:04:55ai,
01:04:55assim era o povo todo,
01:04:57foi um alvoroso.
01:05:00São Balicão
01:05:01a Porto Brasil
01:05:03do capital.
01:05:05Eu acho que
01:05:06o Brasil
01:05:06a Porto Brasil
01:05:07é um alvoro
01:05:08que
01:05:08eu me lembro
01:05:10que
01:05:10traçam
01:05:10nossos
01:05:11terros
01:05:11o Larsen,
01:05:31que era
01:05:31o presidente,
01:05:33o chefe
01:05:33da Varick,
01:05:35me ligou,
01:05:36falou,
01:05:36Zinho,
01:05:36tem um grande problema.
01:05:38Falei,
01:05:38qual é o seu problema?
01:05:38na Copa do Mundo
01:05:42em Frankfurt
01:05:43não tem uma representação
01:05:46brasileira.
01:05:48O governo brasileiro
01:05:49não mandou
01:05:50uma atração.
01:05:52Uau!
01:05:53Não mandou
01:05:54uma atração.
01:05:56E agora, amigos,
01:05:58numa deferência especial
01:05:59do comitê organizador
01:06:01da festividade,
01:06:02o Brasil vai
01:06:04encerrar
01:06:05essa apresentação
01:06:06e esse
01:06:07desfile
01:06:07de danças
01:06:08folclóricas.
01:06:09Eram 16
01:06:10meia-bolas
01:06:11e cada bola
01:06:12dessas
01:06:13tinha um elenco
01:06:14dentro.
01:06:16Então,
01:06:17aí tinha todos
01:06:18os países,
01:06:19menos o Brasil.
01:06:21E o Brasil
01:06:21era campeão
01:06:22mundial ainda,
01:06:23na época.
01:06:25Aí eu falei,
01:06:25Larsen,
01:06:26tá bom,
01:06:27aí fomos lá,
01:06:28enchemos a bola.
01:06:28do Brasil tropical
01:06:30que foi fundado
01:06:31por Edivaldo Cardeiro
01:06:32e Domingo Campos
01:06:33na cidade de Salvador,
01:06:35Bahia.
01:06:44Vamos então
01:06:45a apresentação
01:06:45dos brasileiros.
01:06:58que brasileira.
01:07:17Com essa Copa do Mundo, o grupo, nós saímos daquela bola e tal,
01:07:37que para falar a verdade, eu pessoalmente, eu não gostei tanto,
01:07:43porque foi tudo assim muito rápido, a maneira que nós estávamos vestidos e tal,
01:07:49mas, para o mundo, foi a maior divulgação dos shows brasileiros no mundo,
01:07:58foi aquela Copa do Mundo, né?
01:08:13Era como se dizia o Camisa, sempre ele falava um pouco disso,
01:08:21que não tinha técnica nem nada, então que tinha que ser a alegria e a força, né?
01:08:29Que tinha que sobrepujar essa fraqueza dessa coisa da técnica, por exemplo.
01:08:38O Domingos Campos, ele deu uma formação para a gente de dança,
01:08:47o que era fazer um demi-plié, um grand-plié, segurar uma barra e tal.
01:08:52E chegando aqui na Europa, eu dei, eu continuei tomando aula aqui e ali e tal.
01:08:59A maioria era capoeirista, né? A maioria era capoeirista e Domingos que ensinava as coreografias,
01:09:05para dançar bata de feijão, né? Para fazer capoeira do amor, fazer tudo isso.
01:09:10As mulheres também, muitas delas, elas também não dançavam.
01:09:17Eu não sei qual era o objetivo que essas pessoas tinham.
01:09:22São metas, objetivos, né? Diferentes, né? Que, para mim, era importante.
01:09:29Era importante o que eu faço, eu tenho que ter o nome lá escrito, não pode ser.
01:09:35Porque era importante, era a minha profissão.
01:09:38Quem chegou com o diploma de dançarino profissional na companhia,
01:09:42depois do Brasil Tropical, fui eu, né?
01:09:45Foi a única? A única.
01:09:48Que critério que você acha que tinham os empresários do grupo
01:09:51ao selecionar, de um modo geral, as bailarinas e os bailarinos?
01:09:58Era pela forma física, né?
01:10:01Forma física, pessoas altas, né?
01:10:05Os corpos esguios, inclusive eu, muito magra, magra, elegante, alta.
01:10:11Os homens também, né? Musculosos, altos, fortes.
01:10:16Então, tem impressão que a filosofia, né?
01:10:21Por trás dessas apresentações, desses grupos, era mostrar um país que era uma maravilha,
01:10:32só alegria, mulher bonita, curtição, que eu acho que não é à toa que os movimentos,
01:10:41né? O movimento negro, todas essas pessoas que estavam lutando para mudar essa história,
01:10:47eles iam de encontro a esse tipo de espetáculo.
01:10:52Esse é o lado negativo.
01:10:57Essa exploração, esse tipo de exploração artística do corpo da mulher negra,
01:11:04isso desvalorizou a mulher brasileira do modo geral.
01:11:09Por outro lado, nós temos que ver a condição de pobreza, de origem dessas mulheres,
01:11:17de falta de oportunidade por meio do estudo, por meio da educação total.
01:11:26Minha mãe não teve nenhuma oportunidade pela educação e as gerações que vieram depois dela também não tiveram.
01:11:35Eu vi muitas pessoas que se aproveitavam da brasiliana para seguir outros caminhos lá fora.
01:11:39Eu vi, né?
01:11:41Quer dizer, eles queriam ir para a brasiliana, semestre, tinha passagem, tinha passaporte, tinha tudo.
01:11:47Quando chegava lá, ficava uma semana na brasiliana e iam para outros caminhos,
01:11:51que não tem nada a ver com a brasiliana.
01:11:53Que caminhos?
01:11:54Outros caminhos surtuosos, né? Cada um segue lá.
01:11:57E você vê, é muito chato ver muitos brasileiros nessa coisa de...
01:12:02E que o Brasil é conhecido, essa coisa de prostituição.
01:12:05Essa que é verdade, né? Mas não era da brasiliana.
01:12:08As pessoas fazem o que elas bem querem.
01:12:10Elas usam você para alcançar o seu objetivo, ou para o bem ou para o mal.
01:12:15Dançar, por outro lado, sempre foi uma vocação natural do negro.
01:12:21Então você usou esse estereótipo a seu favor, né?
01:12:27E lucrou com ele. Essas mulheres lucraram com esse estereótipo, né?
01:12:33Então foi sem muita consciência desse lado perverso.
01:12:38A brasiliana nunca contratou ninguém para ser prostituta.
01:12:41Isso está no seu âmago, entendeu?
01:12:46Naquilo que você quer ser. Você utilizou, ou você teve uma oportunidade
01:12:50para fazer aquilo que, na realidade, não era o que a brasiliana oferecia.
01:12:53Isso é aquilo que você achava que era melhor para você.
01:12:55Cada um faça da sua vida o que bem quiser.
01:12:57Mas não quero acusar, pelo menos no tempo em que eu fiquei cinco anos na brasiliana,
01:13:01que a brasiliana era aquilo que levava prostituta lá para fora.
01:13:05Porque eu não posso que estaria me ofendendo, entendeu?
01:13:08Eu fui para lá, para a brasiliana, para ter realmente uma grande oportunidade de ser o maestrano.
01:13:25E aos poucos vão chegando muitos grupos.
01:13:28Vão chegando mais grupos, mais grupos, mais grupos, mais grupos.
01:13:31E não é mais novidade.
01:13:34Já caiu no cotidiano.
01:13:38Porque já tem muitas pessoas que saíram desses grupos e que formaram outros.
01:13:46Que formaram outros.
01:13:48E também novos grupos que saem do Brasil.
01:13:52Foi um mercado que se abriu através da brasiliana e o Brasil tropical.
01:13:56A Aruldo levou uns três ou quatro. México, não sei aonde, não sei aonde, não sei aonde.
01:14:01Dica até Iaconde.
01:14:02Eu continuei. Ao longo da minha vida, ao longo da minha vida,
01:14:06eu tenho feito shows em vários lugares, em várias ocasiões, para vários fins.
01:14:10Todos lícitos.
01:14:11Virou moda. Virou moda.
01:14:14E isso não foi bom para o mercado.
01:14:16A moda, porque a moda se passa.
01:14:20E realmente se passou já essa moda.
01:14:26Mas a qualidade nunca foi a qualidade da brasiliana ou do Brasil tropical.
01:14:34Isso não foi.
01:14:36Então tudo é uma certa...
01:14:38Não vou dizer réplica, mas uma certa...
01:14:40Como é que eu digo?
01:14:42Imitação.
01:14:44Imitação pequena da coisa.
01:14:46Mas não é a mesma coisa porque não tem essa ideia por trás.
01:14:52Eles querem fazer uma coreografia, querem mostrar.
01:14:56Nada disso era a ideia do meu pai.
01:14:58Meu pai era a ideia do espírito.
01:15:01Agora esse pessoal não, vai para a Itália, faz lá shows de striptease, não sei o quê.
01:15:07É outro mundo.
01:15:09Não é o mesmo mundo do meu pai.
01:15:12Foi o que nós fizemos.
01:15:15Entendeu?
01:15:16As danças das cidades, as histórias das danças, a chegada do negro aqui no navio negreiro.
01:15:25Aí depois vem o mercado da Bahia, do século 19 de Hebreu, né cara?
01:15:31É a história toda baseada aí.
01:15:33Aí depois vem a dança da lavagem do bonfim, a dança da colheita do café.
01:15:38Não vou dizendo que não se faz.
01:15:40Mas para fazer aquilo hoje tem que ter esse conhecimento aqui.
01:15:44Porque não fazem assim.
01:15:46Eles estão juntando uma coisa com a outra que não faz sentido.
01:15:49Que tinha o programa dos espetáculos.
01:15:51Então o programa vai dizendo como é.
01:15:53Porque aquilo ali dá noção de como o Brasil começou e o que o Brasil é hoje no carnaval.
01:16:08Vim de São Paulo, de Luanda.
01:16:12Me trouxeram de lá pra entrar.
01:16:15Oh, oh, oh, oh, oh.
01:16:20De Luanda, de Luanda.
01:16:23Pra gente era como que aquele sucesso ia ser toda a vida.
01:16:28Apesar que não é engano de qualquer um.
01:16:31A gente tem que aproveitar.
01:16:33Mas nos sentimos honrados.
01:16:36Honrados de vir de família humilde e chegar aonde chegamos.
01:16:44O impacto da palavra Brasil ainda hoje é sentida aonde você quer que vá.
01:16:50A gente sempre teve esse apoio mundial.
01:16:53Menos brasileiro.
01:16:54Essa companhia brasiliana, o Festival do Brasil, elas estão prontas.
01:17:00Elas estão prontas.
01:17:01Elas não morreram.
01:17:03Elas estão prontas.
01:17:04É só fazer.
01:17:05É só remontar, só refazer.
01:17:07Elas estão dormindo.
01:17:08Com certeza.
01:17:16Espetáculo com brasiliana nunca mais ninguém vai montar não.
01:17:25Porque a brasiliana não era um balé normal.
01:17:28Era um balé muito especial.
01:17:31Porque a brasiliana era balé teatro.
01:17:38Os países que eu fui.
01:17:43Sabe?
01:17:44O teatro que eu andei, que eu percorri, que eu dancei.
01:17:49Sabe?
01:17:50Eu tenho muita lembrança.
01:17:51Muito mesmo.
01:17:56Tanto que eu dizia para meus alunos quando eles ficavam...
01:17:58Ah, eu preciso de...
01:18:00Eu não estou aquecida ainda.
01:18:02Eu digo, pois é.
01:18:04Quando a gente está trabalhando na estrada, vai dentro do ônibus.
01:18:08Vê se maquiando.
01:18:10Então esse dia a dia, esse dia a dia realmente foi um aprendizado.
01:18:18A brasiliana está meio incomparável.
01:18:24Eu voltei porque eu queria voltar para o Brasil.
01:18:26Para mostrar, essa menina que saiu do Brasil, foi integrada no grupo da brasiliana.
01:18:31Que aproveitou todas as oportunidades e voltou para a estrela do Moulin Rouge de Paris.
01:18:35A brasiliana é sempre a mãe de todas, não é?
01:18:50A companhia representando o Brasil, do norte, sul, leste, oeste, não teve.
01:18:56Não teve.
01:18:57Só teve a brasiliana.
01:18:59E basta.
01:19:01A brasiliana é sempre a brasiliana.
01:19:04A brasiliana, a brasiliana, oeste, não teve.
01:19:06Chango, chango.
01:19:07Todo mundo é bom.
01:19:08Por isso?
01:19:09A brasiliana é sempre a brasiliana.
01:19:12Pagando quando passou.
01:19:14Oeste, oeste, oeste...
01:19:16A brasiliana é sempre a brasiliana.
01:19:20Oeste, oeste, oeste, oeste.
01:19:22Dança como frevo e maracatu
01:19:27Tem idade de mulher bonita
01:19:32Quando ela passa, todo mundo grita
01:19:37Dança a roça nova, samba e louco
01:19:42Dança como frevo e maracatu
01:19:47Tem idade de mulher bonita
01:19:52Quando ela passa, todo mundo grita
01:19:58Eu sou brasileira
01:20:03Vira o mundo inteiro a caldir
01:20:08Sim, sou brasileira
01:20:13Eu sou o pedaço do branco do Brasil
01:20:17A roça nova, samba e louco
01:20:33Dança como frevo e maracatu
01:20:38Tem idade de mulher bonita
01:20:43Quando ela passa, todo mundo grita
01:20:49Dança a roça nova, samba e louco
01:20:54Dança como frevo e maracatu
01:20:59Tem idade de mulher bonita
01:21:04Quando ela passa, todo mundo grita
01:21:09Eu sou brasileira
01:21:14E o mundo inteiro a caldir
01:21:19Sim, sou brasileira
01:21:23Eu sou o pedaço do branco do Brasil
01:21:28Dança a roça nova, samba e louco
01:21:44Dança como frevo e maracatu
01:21:50Tem idade de mulher bonita
01:21:55Quando ela passa, todo mundo grita
01:22:01Quando ela passa, todo mundo grita
01:22:05Dança como frevo e maracatu
01:22:10Tem idade de mulher bonita
01:22:14Quando ela passa, todo mundo grita
01:22:20Eu sou brasileira
01:22:25E o mundo inteiro a caldir
01:22:31Sim, sou brasileira
01:22:35Eu sou o pedaço do Brasil
01:22:39Sim, sou brasileira
01:22:45Eu sou o pedaço do Brasil
01:22:49Eu sou o pedaço do Brasil
01:22:53Eu sou o pedaço do Brasil
01:22:55Eu sou o pedaço do Brasil
01:22:57Eu sou o pedaço do Brasil
01:22:59Eu sou o pedaço do Brasil
01:23:01Eu sou o pedaço do Brasil
01:23:03Eu sou o pedaço do Brasil
01:23:05Eu sou o pedaço do Brasil
01:23:07Eu sou o pedaço do Brasil
01:23:09Eu sou o pedaço do Brasil
01:23:11Eu sou o pedaço do Brasil
01:23:13Eu sou o pedaço do Brasil
01:23:15Eu sou o pedaço do Brasil

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