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O analista Vinicius Torres Freire e o professor Carlos Braga, da Fundação Dom Cabral e ex-diretor do Banco Mundial, analisaram o impacto das novas sanções entre Estados Unidos e China. O impasse sobre terras raras e tarifas pode reduzir o PIB global e elevar a volatilidade dos mercados nas próximas semanas.

Acompanhe a cobertura em tempo real da guerra tarifária, com exclusividade CNBC: https://timesbrasil.com.br/guerra-comercial/

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00:00Eu vou voltar com Vinícius Torres Freire. Vinícius, esse morde-a-sopra dos Estados Unidos, como a gente está vendo aí desde domingo, indica que a tensão com a China ainda vai durar um tempo?
00:11Isso mesmo, Cris. A expressão é exata. É morde-a-sopra. Por quê? Primeiro, tem um problemaço, porque os dois países se ameaçam impor sanções econômicas que são desastrosas para os dois e para o comércio dos dois.
00:25Não vai funcionar e vai criar muito problema real. Segundo, os Estados Unidos e a China parecem que estão com algum problema na negociação, que a gente não tem muita clareza sobre qual é,
00:40e estão tentando criar vantagens ou fazer pressões para chegarem com alguma vantagem na negociação que vai haver provavelmente no final do mês e no começo de novembro,
00:50que estava marcada, que é quando vencia a última trégua, a trégua mais recente do conflito comercial entre os dois países.
00:57Agora, a gente vê que todo dia tem uma picuinha. Domingo, tudo podia ser resolvido.
01:03Segunda-feira de manhã, o Scott Besson deu entrevista para o Financial Times, dizendo que a China está em recessão e quer levar o mundo junto com ela,
01:11porque faria restrições à exportação de terras raras, que pararia muita indústria de tecnologia de ponta.
01:17Depois, a China impõe restrições, impede que empresas chinesas negociem com filiais americanas de um estaleiro coreano.
01:27Depois, o Trump vem e diz que não, vamos negociar duramente com a China, inclusive porque eles não estão comprando a nossa soja,
01:36a gente não vai comprar óleo de soja da China, o que ficou um pouco circense, porque agora a fritura é real.
01:44Não vão mais comprar óleo para fritar a batata americana da China.
01:48Mas isso tudo indica que os dois países estão se alfinetando e não estão chegando a algum acordo.
01:54Alguma coisa está acontecendo nos bastidores, não sabemos o que é, e tem a ver com a proximidade do vencimento da trégua no começo de novembro.
02:03Então, por causa disso, essas idas e vindas, esse morde à sobra está fazendo com que o mercado fique volátil
02:09e não deve ser diferente pelas próximas semanas, porque não está à vista nenhum acordo
02:15e nenhum dos dois países diz que vai abrir mão do que está fazendo e a China não vai voltar atrás do seu decretácio do Ministério do Comércio
02:23contra a exportação de terras raras e produtos derivados.
02:27Então, a coisa vai se arrastar ainda, deve se arrastar ainda, por pelo menos umas duas semanas.
02:31Obrigada, Vinícius.
02:34A gente vai conversar agora com Carlos Braga, professor associado da Fundação Dom Cabral e ex-diretor do Banco Mundial.
02:40Professor, boa noite. Obrigada por ter aceitado o nosso convite.
02:43Professor, quero começar falando exatamente sobre esse novo capítulo entre Estados Unidos e China.
02:49Na opinião do senhor, quais são os potenciais riscos?
02:52Boa noite.
02:55Bem, os riscos, como já foram mencionados, estão diretamente associados aos fluxos de comércio internacional.
03:05Se a gente olhar, por exemplo, as previsões do FMI para crescimento,
03:10em abril desse ano, o World Economic Outlook do FMI previa uma queda de algo da ordem de 0,5% do PIB
03:22por causa do conflito comercial iniciado pelas medidas protecionistas dos Estados Unidos
03:30e a retaliação chinesa que, como o embaixador Greer acabou de mencionar,
03:37num determinado momento, em abril, levou as tarifas americanas para 145% e a retaliação chinesa a 125%.
03:49Aí os dois lados sentaram, aquela famosa expressão que um jornalista do Financial Times utilizou inicialmente,
04:00taco, né, Trump always taken out, quer dizer, o Trump sempre se acovarda.
04:08Na realidade, ele não se acovardou em todas as medidas, como nós vimos, por exemplo, com relação ao Brasil.
04:16Mas, no caso da China, eles resolveram, então, chegar a uma trégua.
04:22Agora, essa trégua tinha uma data até o início de agosto.
04:26Ela foi postergada até o início de novembro.
04:30Hoje, as tarifas na China sobre as exportações americanas aumentaram para 10%,
04:37enquanto que, no caso dos Estados Unidos, elas estão por volta de 30%.
04:42Mas o grande problema, como já foi mencionado, é a questão do acesso às terras raras.
04:48Porque a China tem, basicamente, um monopólio da produção de terras raras,
04:55são essenciais para imãs, que são muito importantes para a indústria automobilística,
05:00para todo o setor de defesa, né, e não há uma solução rápida.
05:06O Brasil, por exemplo, tem reservas de terras raras,
05:10mas para transformar isso em produção, inclusive por causa das implicações ambientais,
05:18é um longo caminho, né.
05:20Então, esse é o momento que nós estamos vivendo.
05:24E, certamente, essas tensões afetam mercados acionários,
05:29afetam previsões de crescimento.
05:32É o que a gente está observando nesse momento.
05:35Na opinião do senhor, qual deve ser o próximo movimento de Pequim,
05:39o próximo passo de Pequim?
05:43Olha, eu acredito que o governo chinês, que é muito pragmático,
05:49eu, na minha experiência profissional, em 2010,
05:55eu substituí a Cristalina de Orgeva no Banco Mundial,
05:59ela hoje é a Managing Director do FMI,
06:02como vice-presidente temporário e secretário executivo temporário
06:12do BOR, do Conselho do Banco Mundial.
06:15E a minha função, naquele momento, foi exatamente negociar o aumento
06:20do capital do grupo Banco Mundial.
06:23E a minha experiência com os chineses foi extremamente positiva,
06:27porque eles têm uma visão de longo prazo.
06:31Qualquer que fosse a fórmula que a gente imaginasse,
06:35eles passariam a ter uma participação muito mais significativa
06:39no grupo Banco Mundial.
06:42E eles sabiam, 100% é 100%.
06:44Se eles estão aumentando, alguém está caindo.
06:48E isso criaria tensões.
06:50Então, eles aceitaram uma posição intermediária,
06:54que é exatamente o que eu imagino que vai acontecer.
06:59Mas, para tudo isso, também depende que essas declarações incendiárias,
07:05particularmente do presidente Trump,
07:07que haja, vamos dizer, um pouco, digamos assim,
07:12de serenidade nessas próximas semanas,
07:16porque, de qualquer forma, por volta de novembro,
07:19nós vamos ter o próximo capítulo nesse confronto.
07:22Sim, vou passar para as perguntas dos nossos analistas.
07:25Vamos começar pelo Vinícius.
07:28Carlos Braga, então, tem novembro, é uma data decisiva.
07:34Claro que a trégua sempre pode ser prorrogada,
07:37embora tenha esse impeditivo agora dessa ameaça chinesa de limitar,
07:41que elas não limitaram a exportação de terras raras,
07:44no geral, apenas para fins militares,
07:46mas eles podem fazer isso.
07:50Mas é uma ameaça.
07:51Agora, pensando um pouco, não no longo prazo,
07:55mas um prazo além dos dias e horas de trocas de insultos.
07:59O que pode haver nessa negociação que a China aceite?
08:03E que o Trump aceite?
08:04Porque a China está reclamando especialmente de restrição à tecnologia,
08:08a exportação de tecnologia à empresa chinesa.
08:11Está reclamando de restrição à exportação de chip,
08:14da ameaça de os Estados Unidos não permitirem mais a venda de software
08:19para projetar chip e fazer outras coisas de alta tecnologia.
08:24E a China quer que os Estados Unidos abram mão disso
08:26e não querem tarifas muito altas.
08:28Como é que eles podem enxergar a um acordo?
08:30Qual é o ponto intermediário, já que você falou disso?
08:32Porque a coisa é difícil.
08:35Porque o Trump vai querer alguma coisa que diga
08:37que estamos fazendo algo para diminuir o déficit,
08:39que não vai diminuir, que ele tem outras causas.
08:41Então, como é que pode ser um ponto de chegada entre os dois para um acordo?
08:47Bem, certamente o que nós já vimos nesses primeiros,
08:52desde abril desse ano,
08:55nas interações entre China e Estados Unidos,
08:58e que, de certa forma, é um repeteco do que nós observamos
09:02lá em 2018, 2019,
09:05quando inicialmente houve também uma guerra comercial
09:10entre China e Estados Unidos,
09:12no primeiro mandato do senhor Trump.
09:14Hoje é algo muito mais extenso,
09:18porque ele iniciou medidas tarifárias
09:22de uma amplitude muito grande
09:26contra praticamente todos os países.
09:28até algumas ilhas onde só pinguins vivem também
09:33receberam aumento tarifário lá no dia 2 de abril.
09:39Ora, da mesma forma que lá em 2018, 2019,
09:44se negociou e acabamos,
09:46os Estados Unidos e a China,
09:48acabaram chegando a um acordo
09:50que tinha, vamos dizer,
09:53previsões de aumento das compras
09:56de produtos americanos pelos chineses,
09:59inclusive a soja.
10:02Isso, no entanto,
10:03esse acordo,
10:04a sua implementação deixou a desejar,
10:07porque esse acordo foi firmado
10:09em janeiro de 2020,
10:12e como nós sabemos,
10:14aí apareceu a COVID
10:15e, obviamente,
10:17isso impactou fluxos comerciais
10:19de forma significativa.
10:21A minha expectativa é que se vai chegar
10:24a algum acordo,
10:24mas, como você mencionou,
10:27é complicado,
10:28porque os Estados Unidos,
10:29nesse momento,
10:30com essa fixação
10:32na utilização de tarifas,
10:35têm iniciado,
10:36além das tarifas recíprocas,
10:38uma série de ações
10:40através da chamada
10:41Sessão 232,
10:43que é a Sessão
10:44para Questões de Segurança Nacional,
10:47e através da Sessão 301,
10:50que é com relação
10:51a tratamento desleal
10:53de outros países.
10:55Inclusive, o Brasil
10:56está sendo,
10:58vamos dizer,
10:59avaliado,
10:59nesse momento,
11:00no contexto
11:01dessas investigações.
11:03E isso afeta a China,
11:05afeta, por exemplo,
11:07as exportações siderúrgicas
11:09do mundo todo,
11:10que hoje enfrentam 50%.
11:12Eu não acredito
11:14que isso vá diminuir,
11:16mais certos acordos,
11:19por exemplo,
11:20a China precisa ainda
11:22de acesso
11:23a semicondutores,
11:26ela provavelmente
11:27estaria disposta
11:29a negociar.
11:30Mas,
11:30é aquela história,
11:31fazer previsões
11:33nessa área,
11:34particularmente
11:35com uma personagem
11:37como o presidente Trump,
11:39é algo que
11:40a minha bola de cristal
11:42não tem
11:44nenhuma capacidade
11:45de avaliar.
11:47Eu vou passar
11:47para a pergunta
11:48do Eduardo Gair,
11:49lá em Brasília.
11:50Gair,
11:51boa noite para você,
11:51Gair.
11:54Boa noite,
11:55Cris,
11:55boa noite,
11:55professor,
11:56boa noite a todos,
11:57ao Vinícius também.
11:58Professor,
11:59queria trazer um pouco
11:59a conversa agora
12:00para o Brasil,
12:01hoje o FMI
12:02revisou mais uma vez
12:03a projeção de crescimento
12:04da nossa economia,
12:06mas eu queria trazer
12:06um outro gancho,
12:07porque nesta semana,
12:09ou talvez na próxima,
12:10o governo vai lançar
12:11um novo programa
12:12agora de linhas de crédito
12:13para reformas
12:14de casas.
12:16O governo já lançou
12:16um pacote
12:17mudando o crédito
12:18imobiliário,
12:19agora o crédito
12:19é para a reforma,
12:20não para a compra
12:21de novas casas.
12:23Também houve mudanças
12:24no programa
12:24Minha Casa Minha Vida,
12:25com uma linha especial
12:26para a classe média.
12:28Somando tudo isso,
12:29o senhor espera
12:30que essas mudanças
12:31que o governo tem feito
12:32no setor imobiliário,
12:34tudo isso vai acarretar
12:36um crescimento
12:37do PIB
12:38superior
12:38ao que nós estamos
12:39assistindo
12:40nessas projeções?
12:43Não,
12:44certamente existe
12:45essa possibilidade.
12:47Se a gente adicionar
12:48isso
12:49às declarações
12:50hoje
12:50do ministro
12:51Haddad
12:52na Comissão
12:54de Desenvolvimento
12:55Econômico
12:56do Senado,
12:59em que ele fez
13:01uma defesa
13:02muito forte,
13:04vamos dizer,
13:04dos programas
13:05do governo.
13:06Agora,
13:07a gente tem que lembrar,
13:08todas essas medidas
13:09que estão sendo
13:10anunciadas,
13:11se a gente fizer
13:12a soma
13:14do que está
13:14sendo programado,
13:16nós estamos falando
13:17aí algo
13:17da ordem
13:18de quase
13:19120 bilhões
13:20de reais
13:21adicionais
13:22de gastos
13:23para 2026.
13:25E aqui só
13:26uma observação,
13:28a Câmara
13:29de Deputados
13:29votou
13:30com,
13:32vamos dizer,
13:32unanimidade
13:33a despeito
13:35da isenção
13:36do imposto
13:37de renda
13:38para
13:39pessoa física
13:41até 5 mil
13:42e ainda
13:42também
13:43uma melhoria
13:44no caso
13:45de renda
13:47até
13:477.350.
13:50Bem,
13:50quanto que isso
13:51vai custar?
13:52Obviamente
13:53tem um custo,
13:54esse custo
13:55é estimado
13:55aí algo
13:56o próprio
13:57ministro
13:57reconhece
13:58da ordem
13:59de 31 bilhões
14:00de reais.
14:02Agora,
14:03o que o governo
14:03argumenta
14:05é que
14:05essas medidas
14:06são
14:07fiscalmente
14:09neutras
14:10no seguinte
14:10sentido,
14:12o governo
14:12também está
14:13propondo
14:13o aumento
14:14da tributação
14:15dos indivíduos
14:18mais ricos
14:18na economia
14:19brasileira
14:20e do ponto
14:20de vista
14:21de justiça
14:22fiscal
14:23isso faz
14:23muito sentido.
14:24Agora,
14:25o que não está
14:25sendo discutido
14:26é um fato
14:27muito simples.
14:29Se você
14:30aumenta
14:31significativamente
14:33a transferência
14:34de renda
14:35para as pessoas
14:36mais pobres
14:37da economia
14:38brasileira,
14:39essas pessoas
14:40e nós estamos
14:41falando aqui
14:42basicamente
14:42de classe média
14:43baixa,
14:44essas pessoas
14:46têm uma
14:46propensão
14:47a consumir
14:48bastante
14:49elevada.
14:50Então,
14:51o que vai
14:51acontecer?
14:52Nós vamos
14:52ter pressões
14:53adicionais
14:54sobre a
14:55inflação.
14:56Então,
14:56não apenas
14:57tudo isso
14:58vai criar
14:59problemas
15:00do ponto
15:00de vista
15:01fiscal,
15:02mas também
15:03pode
15:04criar
15:05problemas
15:06adicionais
15:07em termos
15:07de inflação
15:08e,
15:09obviamente,
15:09vai ficar
15:10ainda mais
15:11complexa
15:12a tarefa
15:13do Banco
15:13Central
15:14com relação
15:15à taxa
15:15de juros
15:16no país.
15:17Professor
15:18Carlos Braga,
15:18muito obrigada
15:19pela entrevista.
15:20Boa noite
15:21para o senhor.
15:22Boa noite.
15:23e aí
15:27para o senhor
15:27para o senhor
15:27e
15:28para o senhor
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