Donald Trump confirma tarifaço de 100% sobre produtos chineses, derrubando Wall Street e reacendendo a guerra comercial. O economista Roberto Uebel, da ESPM, analisa os impactos e explica como o Brasil pode ser afetado pela disputa e pelas negociações envolvendo terras raras e minerais críticos.
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00:00Esta semana chega ao fim com mais uma ofensiva tarifária de Trump, abalando os mercados.
00:05Ontem, depois do fechamento das bolsas americanas, o presidente dos Estados Unidos confirmou novas tarifas de 100% sobre produtos chineses.
00:14Anteriormente, ele já havia ameaçado tal imposição, e o fato é que derrubou os principais índices de Wall Street na sexta-feira.
00:21O S&P 500 caiu quase 3%, Nasdaq quase 4% e Dow Jones cerca de 2% de queda.
00:28Sobre o mais novo capítulo da guerra comercial entre Trump e a China, eu converso agora com o economista Roberto Wiebel, que é professor de Relações Internacionais da SPM.
00:39Professor, boa noite, seja muito bem-vindo.
00:42Boa noite, Marcelo. Boa noite a todos que estão acompanhando aqui o Times Brasil CNBC.
00:47Bom, primeiramente eu queria que você analisasse esse último movimento aí do Trump, que, à primeira vista, foi um movimento desastroso para os mercados.
00:55Então, Marcelo, é aquele modus operandi que eu já comentei diversas vezes aqui na Times Brasil CNBC sobre o governo Trump,
01:04de avanços e retrocessos, de passos dados, depois passos que são dados de volta pelo governo Trump,
01:13com relação à sua política tarifária, também chamada de política comercial,
01:17que tem finalidade política e não econômica e não comercial.
01:23Então, o que nós vimos nos últimos dois dias, mas especificamente ontem, quando Trump anuncia
01:29essa promessa de tarifa de 100% dos produtos chineses, ele tem dois grandes objetivos.
01:36Primeiro, pressionar a China a abrir o seu mercado, inclusive para os norte-americanos,
01:43evidentemente, de terras raras e minerais críticos, e segundo também adotar uma agenda mais protecionista
01:51para a indústria de semicondutores e chips norte-americanos.
01:56Então, embora a tarifa seja um mecanismo, o objetivo aqui me parece muito claro é que é uma competitividade,
02:04uma busca de exercer essa competitividade contra os chineses e provocar os chineses
02:09essa abertura do mercado das terras raras e dos minerais críticos, que por sua vez é necessário
02:15para essa indústria de semicondutores e para vários outros setores da indústria de tecnologia, a indústria 4.0.
02:22Professor, a gente já viu tarifas de 100% antes, até de 145%, elas não funcionaram,
02:28a China disse que poderia deixar as tarifas lá, que não tinha problema.
02:32Por que o Trump resolveu usar a mesma arma, sendo que ela já não foi eficaz no passado?
02:36Pressão, Marcelo. Eu vejo como uma tentativa de pressão, assim como a gente viu aqui no Brasil, inclusive,
02:42e agora me parece que vai se construir um diálogo entre os dois países,
02:46é uma pressão comercial com um objetivo político, força os chineses a darem uma resposta à Casa Branca,
02:55e é uma tentativa também de barganha, digamos assim, que o governo Trump tenta fazer com os chineses.
03:02O que me chama a atenção nessa declaração do presidente Trump, de ontem, que saiu nas redes sociais da Casa Branca,
03:10é que a China estaria fazendo uma espécie de tarifaço, ao contrário para o restante do mundo,
03:18e que na prática isso não acontece. Sim, a China também tem adotado algumas práticas competitivas,
03:22algumas práticas, não diria protecionistas, mas de maior controle de seus mercados,
03:27como o caso de terras raras, mas não se compara com a política tarifária do governo Trump.
03:33Então, por trás dessas declarações e também desses anúncios de medidas,
03:38me parece que o governo Trump tenta construir uma narrativa de que a China também estaria preparando
03:44um tarifaço no horizonte, uma política comercial mais protecionista no horizonte,
03:49que me parece carecer de qualquer racionalidade, pelo menos econômica e comercial,
03:55olhando na perspectiva dos chineses.
03:58Mas ele quer tentar colocar ambos no mesmo nível, como se a China estivesse adotando políticas
04:04e práticas comerciais desleais, como aquelas que o próprio governo Trump é acusado.
04:09Então, acho que também tem um pouco dessa guerra de narrativas por trás desse anúncio do presidente Trump,
04:15que promete, a partir de 1º de novembro, essa nova tarifa de 5%,
04:19mas diz que pode antecipar ou mudar, ou seja, deixando tudo em aberto,
04:24dependendo da resposta dos chineses.
04:26A gente vai para uma pergunta agora do Felipe Machado.
04:30Professor, boa noite.
04:31Professor, realmente a gente vê o presidente Donald Trump acusando a China de ser hostil,
04:36quando, na verdade, ele que declarou uma guerra ao mundo inteiro,
04:38com uma série de tarifas contra praticamente todos os países.
04:41Agora, professor, nessa questão das minerais raros, que são tão essenciais para os Estados Unidos,
04:46para a economia da tecnologia, de uma maneira geral,
04:49e o Brasil também tem um potencial produtor desses minerais raros,
04:54esse assunto acaba virando um assunto praticamente obrigatório
04:58na questão da negociação entre Brasil e Estados Unidos em relação às tarifas contra o Brasil?
05:03Com certeza, Felipe. Boa noite.
05:04Eu acredito que esse será um dos principais temas
05:07nas negociações entre os brasileiros e os norte-americanos,
05:11porque se a gente pega o ranking dos países de potencial de produção e exploração
05:16de terras raras e minerais críticos,
05:18a gente tem no topo do ranking a China,
05:21depois seguido da Ucrânia e Rússia em terceiro,
05:23e o Brasil desponta em quarto.
05:25O Brasil é um dos grandes potenciais dos produtores
05:28e mercados de exploração de terras raras,
05:31no qual os Estados Unidos estão muito interessados.
05:33Hoje já existem algumas empresas que buscam fazer projetos de prospecção
05:38para essa exploração, ou seja, um pré-estágio,
05:40um pré-requisito para exploração de fato,
05:42e muitas delas são de capital norte-americano.
05:45Então, eu tenho certeza que, além da questão do café,
05:49da carne, que estão nos dois produtos tarifados,
05:52setor do couro e calçado, por exemplo,
05:55certamente nessa negociação entrará a discussão
05:59de minerais críticos e de terras raras que estão aí no horizonte.
06:03É o grande desejo, digamos assim, não apenas do presidente Trump,
06:07mas também daqueles que o apoiam ao seu governo,
06:10inclusive as próprias big techs que hoje,
06:12olhando para o lançamento de novos produtos tecnológicos,
06:15dependem desses minerais críticos para a produção destes itens,
06:21e aí que são cada vez mais escassos,
06:23se a gente olhar para o tsunami, terras raras,
06:25porque são difíceis de encontrar,
06:28são difíceis de produzir,
06:30são difíceis de fazer a manufatura,
06:32a transformação desses minerais críticos,
06:35de fato, em baterias, em semicondutores,
06:37enfim, para o uso comercial.
06:40Então, eu tenho certeza que isso vai entrar na pauta
06:41agora, nas próximas semanas, entre os dois governos.
06:45Professor, falando um pouco agora
06:47desse canhão da guerra comercial
06:49que está apontado para o Brasil,
06:51o que você espera do papel que vai exercer agora
06:55o secretário do Estado americano, Marco Rubio,
06:56que, como a gente sabe,
06:58era a figura mais hostil ali do governo Trump
07:01em relação ao governo do presidente Lula,
07:03e que agora foi indicado pelo Trump
07:05para negociar com os nossos emissários aqui.
07:08Olha, eu tenho a impressão, Marcelo,
07:10que nos últimos dias, Marco Rubio
07:12parece que baixou um pouco o tom,
07:14embora ainda seja muito crítico
07:17à esquerda latino-americana,
07:19e aí sim,
07:20insere o próprio governo do presidente Lula,
07:23mas me parece que quem está dando as cartas
07:26é o presidente Trump.
07:28A nota após o telefonema entre Marco Rubio
07:32e o ministro das Relações Exteriores,
07:33Mauro Vieira, dessa semana,
07:36me parece ter sido uma nota positiva também.
07:39Então, Marco Rubio talvez está sob pressão interna,
07:42pressão do próprio governo,
07:44pressão do próprio presidente Trump.
07:46E aí, ontem ainda, fazendo até uma conexão com esse tema,
07:49nós tivemos a premiação do Nobel da Paz
07:52para a Maria Corina Machado,
07:53líder da oposição venezuelana,
07:56e veio à tona que a indicação dela
08:00foi também patrocinada pelo próprio Marco Rubio.
08:03Então, tudo bem antes de assumir o cargo
08:05de secretário de Estado.
08:06Então, acho que o Marco Rubio também hoje
08:08tem uma espécie de, não diria de um fogo amigo,
08:11mas ele está sob vigilância,
08:13ele está sob observação dentro do governo Trump
08:16e dentro do próprio Partido Republicano.
08:18Então, acho que há essa mudança de tom
08:22mais aberto para o diálogo,
08:25pode ser que permita até que a gente encontre
08:27um denominador comum entre os dois países,
08:29que é a minha aposta.
08:31É um otimismo realista nesse momento.
08:34Claro, tudo pode desandar,
08:35a gente pode ter um backstep do governo Trump,
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