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Carlos Braga, professor da Fundação Dom Cabral e ex-diretor do Banco Mundial, analisa como as novas tarifas anunciadas por Trump afetam Brasil, China e EUA. Ele explica as consequências para preços, comércio internacional e por que a medida pode ser arriscada.

Acompanhe a cobertura em tempo real da guerra tarifária, com exclusividade CNBC: https://timesbrasil.com.br/guerra-comercial/

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Transcrição
00:00Então, eu chamo para uma conversa aqui, para a gente entender um pouco mais os impactos das novas tarifas no mercado,
00:08o ex-diretor do Banco Mundial e professor de Economia da Fundação Dom Cabral, o docente Carlos Braga.
00:17Professor Braga, é sempre um prazer recebê-lo aqui.
00:20E eu, claro, que faz dois dias que nós estamos tentando traçar o que deve ser aí um futuro próximo nos Estados Unidos
00:27com esse novo capítulo do tarifaço, ou como eu prefiro dizer, esse novo capítulo de ameaça do tarifaço.
00:36Porque ele tem se arrastado desde 2 de abril e muda o valor, muda prazo, é congelado.
00:42A gente não sabe muito bem o que vai acontecer amanhã nessa administração de Donald Trump.
00:47Mas, levando a nossa conversa para o pragmatismo, ele está importando uma inflação já a curto ou médio prazo
00:57para os americanos.
00:59Eu tenho uns dados aqui que corroboram essa afirmação, vou até trocar de câmera rapidinho para todo mundo ver,
01:05daqui a pouco eu estendo a pergunta ao professor Braga,
01:09porque tem petróleo bruto, são os produtos que o Brasil exporta para os Estados Unidos.
01:15Petróleo bruto, metais transformados, exemplo de lingote de ferro e lâminas de aço, aeronaves da Embraer e o café.
01:28Isso para dizer só alguns produtos, ou seja, eles vão tanto para a indústria como para a mesa do americano,
01:35no caso do café, que pertence ao que nós chamaríamos aqui de cesta básica.
01:40Professor Braga, o Donald Trump fala, ah, eu estou fazendo essa pressão para trazer as empresas dentro dos Estados Unidos.
01:47Uma empresa que faz derivados de petróleo, o aumento da produção de produtos semi-acabados, como é ferro e aço,
01:55maior extração de café.
01:58Isso levaria tempo para os Estados Unidos e a tarifa começa daqui três semanas.
02:03É uma previsão dele importar a inflação para dentro dos Estados Unidos?
02:08Estou olhando aí no bolso do americano médio.
02:11Boa noite mais uma vez, perdão pela minha longa explanação aqui, mas era para deixar todo mundo aqui na mesma página.
02:18Boa noite, Marcelo.
02:20É, sem dúvida nenhuma, isso vai significar um choque de preços em alguns produtos.
02:28Por exemplo, suco de laranja, por exemplo, café.
02:34Outras commodities, não necessariamente porque o mercado internacional é bastante amplo, né?
02:42Inclusive, com relação ao petróleo, a gente não sabe ainda se os 50% vão ser aplicados ao petróleo.
02:52Porque vamos lembrar, lá no dia 2 de abril, Liberation Day, quando as tarifas recíprocas foram anunciadas pela administração Trump,
03:05no caso do Brasil, porque o Brasil, na realidade, é um dos países que tem um déficit com relação aos Estados Unidos, né?
03:12Em realidade, o nosso déficit no período aí 2010 até 2024, se a gente contar bens e serviços,
03:24totalizou, nesses anos todos, algo como 410 bilhões de dólares, né?
03:31Então, o Brasil, teoricamente, não deveria estar na lista dos países em que os Estados Unidos, através de tarifas,
03:41estavam tentando, de uma forma equivocada, obviamente, a diminuir o desequilíbrio comercial.
03:48Mas o que a administração Trump fez foi colocar uma tarifa de 10%.
03:54Agora, havia uma lista de exclusão de produtos, como, por exemplo, o petróleo.
04:00Então, a gente não sabe se agora, com esse novo anúncio de 50%,
04:05se essa exclusão vai valer para alguns desses produtos, como é o caso do petróleo.
04:11Mas, de qualquer forma, sim, isso terá um impacto nos preços,
04:18quão significativo depende de cada mercado, é claro,
04:22e também, não necessariamente, vai se transformar num processo inflacionário de longo prazo.
04:31Porque aí vai depender da taxa de juros do Banco Central, vai depender da atividade na economia americana.
04:38Mas, certamente, quem paga, no final das contas, é não apenas o exportador, é também o importador.
04:48Professor Braga, eu fico muito feliz em saber que estamos alinhados com o que o senhor estava respondendo
04:53para o material que a gente preparou aqui.
04:56Eu vou até um pouco adiante.
04:582005, voltando um pouco na linha do tempo,
05:01essa é a balança comercial Brasil-Estados Unidos.
05:04No começo da virada do século, sim,
05:07a gente tinha uma relação superavitária com os Estados Unidos,
05:11mas, depois, ela passa a ser bastante deficitária.
05:16Está aqui os números que só mostram, né,
05:18as barras para baixo,
05:20sendo 2024 bastante,
05:24uma diferença bastante mais acentuada
05:27da quantidade de produtos que a gente compra
05:30para a quantidade de produtos que a gente exporta.
05:34Claro que, como o senhor falou,
05:35ainda a nossa equação, ela está vazia
05:37porque faltam muitas variáveis,
05:40exatamente esses 50%.
05:42Aí o Trump põe uma carta ali,
05:44em linha geral, isso não dá nenhum detalhe,
05:47fala, olha, inclusive as tarifas,
05:48elas serão acumulativas.
05:50Então, o aço brasileiro,
05:53assim como o aço do resto do mundo,
05:55os produtos semiacabados,
05:57eram de 25%,
05:58depois ele subiu para 50%,
05:59agora deu mais 50%,
06:01então vai ser 50% mais 50%,
06:02100% o aço, ferro e alumínio brasileiro para lá,
06:06é o que está escrito em linhas gerais na carta,
06:08a gente ainda depende desses detalhes.
06:11Enquanto a gente não tem essas variáveis sólidas,
06:15eu queria trazer um terceiro elemento
06:16para essa nossa conversa,
06:18que é a China.
06:19Porque uma margem de interpretação que a gente tem é,
06:23será que os Estados Unidos estão querendo atingir o Brasil?
06:27Tem aí todo um arcabouço político,
06:30o Donald Trump passou a citar o ex-presidente Bolsonaro
06:33diversas vezes em 72 horas,
06:37mas talvez tenha alguma coisa além dessa cortina de fumaça,
06:41talvez a China.
06:43E para solidificar o que eu estou falando,
06:45está aqui, né,
06:46o que era o comércio global até o ano 2000,
06:52e aqui o que é o comércio global em 2024.
06:55A gente percebe que existe uma diferença,
06:59conforme as cores vão mudando no mapa,
07:02de uma presença maciça da China no comércio global.
07:07Enquanto um se fortalece,
07:09significa que o outro se enfraquece
07:11numa equação de equilíbrio clássico.
07:15Professor Cabral,
07:16a China não pode ser desprezada
07:18nesse cenário que nós estamos vendo, né?
07:21Bem, Marcelo, de novo,
07:25eu não sou professor Cabral,
07:26eu sou professor da Fundação Dom Cabral.
07:29Isso sempre acontece,
07:31perdão, professor Braga,
07:32professor Braga da Fundação Cabral.
07:37Certamente está muito associada
07:39a essa questão do posicionamento da China
07:43na economia internacional, né?
07:45No início desse milênio,
07:47lá por volta de 2002,
07:49os Estados Unidos
07:52era o destino
07:53mais ou menos de 25%
07:56das exportações brasileiras.
07:58E no caso da China,
08:00era o destino de apenas 4%.
08:03Hoje, né, isso 2024,
08:07basicamente,
08:08nós exportamos 28%
08:10em termos de valor para a China
08:12e 12% para os Estados Unidos.
08:16Agora,
08:18realmente,
08:19é um tiro
08:20que a explicação dele
08:24é totalmente
08:26esquizofrênica, né?
08:29Porque a famosa carta
08:30do dia 9 de julho
08:32para o presidente Lula,
08:35que, diga-se de passagem,
08:37não foi entregue
08:38de uma forma oficial,
08:39apareceu em redes sociais.
08:41Então, é algo
08:42totalmente fora
08:44do âmbito
08:45natural da diplomacia
08:47entre países
08:49amigos, né?
08:52Nessa carta,
08:54começa com o parágrafo
08:56tratando das injustiças
08:58contra o ex-presidente
09:00Bolsonaro.
09:01Não vou entrar aqui no mérito,
09:03se é justo ou injusto,
09:05mas, certamente,
09:06argumentar
09:08essa questão
09:10como base
09:11para a tarifa
09:12de 50%,
09:14seria mais ou menos
09:15como se o Brasil
09:16amanhã,
09:17por causa de alguma medida
09:19a nível
09:20do
09:21Supremo Tribunal
09:23americano,
09:23que o Brasil
09:24não gostasse,
09:25por alguma razão,
09:27o Brasil
09:27resolvesse impor
09:29sanções comerciais
09:31aos Estados Unidos.
09:32Isso é um absurdo, né?
09:33Na realidade,
09:35aqui nós estamos falando
09:36não de uma relação
09:37comercial,
09:38mas de uma sanção.
09:40Agora,
09:41está associado
09:43com
09:43a China?
09:45De certa forma,
09:46sim,
09:47mas atirar no Brasil
09:48para acertar a China
09:50é um equívoco
09:51nesse sentido,
09:52porque se realmente
09:53esses 50%
09:55passarem
09:56a ser aplicados
09:58a partir de
09:591º de agosto,
10:00nós ainda não sabemos
10:01se isso é para valer,
10:04a famosa
10:05teoria do taco,
10:07Trump always
10:08chicken out,
10:10o Trump sempre
10:11se acovarda
10:12no final das contas,
10:14mas eu acho
10:15que dado
10:15o teor político
10:17das interações,
10:19inclusive também
10:20as reações
10:20até o momento
10:21do governo brasileiro,
10:24é muito provável
10:25que no 1º de agosto
10:2750%
10:28vai ser aplicado.
10:29Agora,
10:30por que isso é um tiro
10:31na culatra?
10:33Porque,
10:34simplesmente,
10:35nós vamos observar,
10:37particularmente,
10:38se o Brasil
10:39resolver
10:41retaliar
10:42o que eu diria
10:43seria um equívoco,
10:44porque quem paga
10:45essa conta
10:46no final das contas
10:48é o consumidor brasileiro,
10:50seja o consumidor
10:52individual,
10:53sejam as empresas,
10:54quem vai
10:56se beneficiar
10:58disso
10:58é exatamente
10:59a China
11:00no mercado brasileiro,
11:01entre outros países,
11:02a União Europeia,
11:04etc.
11:05Então,
11:06nós temos que esperar
11:07para ver.
11:07Agora,
11:08só um detalhe,
11:09a minha leitura
11:10da sessão
11:12232,
11:14que é a que se aplica
11:15aos impostos
11:19sobre os setores
11:20de siderurgia,
11:22aço e de alumínio,
11:24que não são cumulativos,
11:26isso, quer dizer,
11:26a 50%
11:28mesmo,
11:29ele já tinha aumentado
11:31por causa do ácido
11:32e do alumínio,
11:33em 30 de maio
11:34ele anunciou
11:35que iria aumentar
11:37de 25%
11:38para 50%,
11:39e no dia
11:404 de junho,
11:42através de uma
11:43ordem executiva,
11:44colocou isso em prática,
11:46mas a minha leitura
11:47é que isso não é
11:48cumulativo,
11:48mas de qualquer forma,
11:4950%
11:51é
11:52um impacto
11:55muito significativo.
11:57Obrigado pelos esclarecimentos,
11:59quero fazer primeiro
12:01os meus agradecimentos
12:02pelo professor Carlos Braga
12:04de ter dedicado
12:05aí uma parte
12:06da noite de sexta-feira
12:07para nos ajudar
12:08a entender
12:08essa situação
12:09com ainda
12:10muitas peças
12:12faltando
12:12e o meu pedido
12:14público de desculpas,
12:15porque
12:15pela segunda vez
12:17eu converso
12:17com o professor
12:18Carlos Braga
12:19que é professor
12:20da Fundação
12:22Dom Cabral
12:23e em determinado
12:24momento da conversa
12:25quando ela se acalora
12:26eu passo a chamá-lo
12:27de professor
12:28Cabral,
12:29não é a primeira vez
12:30professor Carlos,
12:32mas vai ser
12:32a última,
12:33o professor Carlos Braga
12:35da Fundação
12:35Dom Cabral.
12:37Obrigado mais uma vez
12:38aqui pelos esclarecimentos,
12:40tenho certeza
12:40que nós
12:41nos falaremos
12:42em breve
12:42assim que a gente
12:43tiver alguma coisa
12:45mais sólida
12:46ou uma completa
12:47mudança
12:48nos planos
12:48de Donald Trump.
12:50Professor,
12:50obrigado,
12:51bom restinho
12:51de sexta-feira,
12:52até a próxima.
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