Passadas 24 horas do encontro entre Lula e Trump, o cenário para o comércio entre Brasil e Estados Unidos segue otimista. Constanza Negri, gerente de Comércio da CNI, detalhou que cerca de 600 produtos brasileiros, incluindo café, autopeças e ferroligas, podem se beneficiar de redução de tarifas, somando US$ 8 bilhões. A expectativa é de avanços graduais, mantendo competitividade e fomentando o setor de etanol e combustíveis sustentáveis.
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00:00Vinícius, passadas mais de 24 horas dessa conversa entre Trump e Lula, o cenário, na sua opinião, é mais otimista ou mais pessimista em relação ao entendimento entre Brasil e Estados Unidos?
00:13Olha, Cris, otimista agora tudo é em comparação ao que era até um dia antes, antes do encontro do presidente Lula com Donald Trump na ONU.
00:23Então, tudo agora é melhor do que aquilo que era porta totalmente fechada.
00:27Agora, até o vice-presidente Geraldo Alckmin, que é um homem reconhecidamente otimista, disse que, por enquanto, não tem sinal de novo encontro, porque é preciso fazer um preparo, como disse o ministro Fernando Haddad.
00:42E o preparo é complicado, até porque a gente não sabe, e o governo brasileiro até agora também não sabe, o que os Estados Unidos vão querer com essa conversa.
00:53A abertura teve, muito melhor que fechamento total, mas a gente não sabe o que os Estados Unidos vão colocar na mesa, se vão reafirmar o que vinham dizendo até o começo, até o mês passado,
01:05se vão propor alguma coisa ou vão fazer uma exigência tão complicada para o Brasil que vai ser difícil de negociar.
01:11Mais negociação há, isso é um alívio. Agora, para saber quando vai ser o encontro e do que ele vai tratar, e se nesse próximo encontro já vai ter conversa sobre assuntos substantivos, vai demorar um pouco.
01:25Pode ser que o presidente Lula e o Donald Trump se encontrem para aquecer a conversa, aquecer a relação.
01:32Mas discutir a relação, a gente não sabe em quais termos a gente vai ver essa conversa.
01:40Obrigada, Jesus. Fica aqui comigo que a gente vai continuar falando desse assunto, do tarifácio, agora com Constanza Negri,
01:47que é gerente de Comércio e Integração Internacional da Confederação Nacional da Indústria, CNI.
01:53Constanza, boa noite. Obrigada por ter aceitado o nosso convite.
01:56Bom, a gente viu aí a conversa do presidente Lula com o presidente americano Donald Trump, animando a expectativa de uma redução no tarifácio.
02:06Ainda não tem nada certo, como o Vinícius nos trouxe, mas existe essa expectativa.
02:10A CNI fez uma estimativa do que representaria essa retirada das tarifas sobre as exportações brasileiras.
02:18A que valores vocês chegaram?
02:20Boa noite, Cristiano.
02:23Para acertar aqui no Times, para falar de um tema tão importante para a indústria,
02:28de fato, é importante mencionar que hoje, se a gente olhar as tarifas,
02:34já existe um 26% das tarifas das exportações brasileiras aos Estados Unidos que estão em centos.
02:40Mas elaboramos aqui na CNI uma análise detalhada da última ordem executiva que foi publicada pelo governo norte-americano,
02:50e uma parte dessa ordem executiva estabelece quais que são os critérios e coloca uma lista de produtos,
02:58em torno de 1.900 produtos, nos quais os Estados Unidos estariam dispostos a baixar as tarifas recíprocas.
03:06É importante mencionar que esse é um fator relevante, porque geralmente todos os países têm sido sobretaxados de alguma maneira,
03:14mesmo aqueles que têm conseguido acordos.
03:17Mas quando a gente olha essa lista de produtos que seriam elegíveis,
03:22nós consideramos que em torno de 600 produtos, são produtos que o Brasil já exportou no ano passado aos Estados Unidos,
03:31e que teriam grandes chances, vamos dizer assim, se o Brasil e os Estados Unidos avançarem nessas negociações.
03:37Em torno de 8 bilhões, esses produtos, se trata de produtos, Cristiane, que são importantes para a própria economia americana,
03:47ou produtos nos quais os Estados Unidos não têm grandes recursos,
03:52ou que são estratégicos para a segurança econômica e nacional do país.
03:56Então, estamos aí falando de produtos ligados a café, café não torrado,
04:02aeronaves, autopeças de aeronaves,
04:06produtos ligados ao setor de joias preciosas e semipreciosas,
04:11de ferro-gulsa e ferro-liga.
04:14Então, em torno desses 600 produtos, poderiam se beneficiar e agregar um ganho adicional
04:20a outras camadas que forem negociadas pelo Brasil com os Estados Unidos,
04:25se essas tratativas, digamos assim, avançarem como a indústria espera e está confiante que esse seja o caso.
04:33Vocês trabalham mais com a ideia de uma redução pouco a pouco,
04:36ou acreditam que o tarifácio possa ser revogado de uma vez só?
04:40Nós trabalhamos para mitigar e achar um melhor cenário.
04:45O cenário ideal seria que o Brasil, e não se justifica,
04:48se como o próprio ministro explicava,
04:50que as exportações brasileiras estejam sendo taxadas.
04:55Mas entendemos que aqueles setores que estão no âmbito da 2, 3, 2,
04:59do setor setorial, talvez tenha uma chance maior,
05:02mais difícil de a gente poder, vamos dizer assim, excluir produtos específicos,
05:08e trabalhamos para aqueles setores que estão ainda na alíquota adicional maior do 50%,
05:14como o setor de máquinas, equipamentos, carnes e esses outros setores que ficaram nessa grande alíquota,
05:22possam ser excluídos ou diminuídos ao máximo,
05:25e que possa se manter uma tarifa recíproca nos mínimos níveis possíveis para as exportações brasileiras.
05:33Eu vou passar para as perguntas dos nossos analistas,
05:36vamos começar pelo Eduardo Geyer, lá em Brasília.
05:39Geyer.
05:42Constanza, boa noite.
05:43Está em tramitação aqui no Congresso,
05:45aquela proposta que amplia a faixa de isenção do imposto de renda,
05:48mas dentro dessa proposta tem um artigo que taxa os dividendos de residentes no exterior.
05:55Muito se diz aqui dentro do Congresso que esse fator poderia afugentar investidores
06:00e até dificultar a negociação com os Estados Unidos sobre o tarifácio,
06:05porque seria uma medida contraproducente, vamos dizer assim,
06:09na relação comercial entre o Brasil e os Estados Unidos.
06:13Gostaria de saber se esse aspecto da reforma do imposto de renda,
06:16taxação de dividendos de residentes no exterior,
06:19preocupa vocês da CNI nesse assunto da negociação do tarifácio?
06:23De fato, preocupa a indústria qualquer medida que possa vir a aumentar a carga tributária,
06:31que possa vir a trazer um prejuízo na competitividade
06:36e como você mesmo explicava, um prejuízo no ponto de vista do ambiente de negócios,
06:41seja no caso dos Estados Unidos ou dos próprios investimentos de outros países
06:46que tão relevantes são para o crescimento econômico aqui no Brasil.
06:51Vamos passar para a pergunta do Vinícius.
06:53O ministro disse, o ministro Fernando Haddad, como a gente acabou de dizer,
07:00a CNI diz, economistas dizem que tributar dessa maneira, além do mais absurdo,
07:05os produtos brasileiros prejudica diretamente o consumidor, prejudica empresas americanas.
07:10É verdade.
07:11Esses são argumentos racionais e argumentos para o comércio mais livre.
07:14Agora, a questão é, se vai haver uma negociação entre Brasil e Estados Unidos,
07:19o que os Estados Unidos levam?
07:21Existe a hipótese aqui no Brasil que uma das ofertas brasileiras seria de zerar ou diminuir muito tarifas de importação brasileiras,
07:31inclusive para produtos que não são importados, até porque a tarifa é muito alta.
07:35Então, o que a CNI acha disso?
07:37A redução de tarifa, até sobre produto industrial, pode entrar na negociação ou não?
07:43Vinícius, a verdade seja dita é que as nossas tarifas de importação real aplicadas para os Estados Unidos,
07:53elas já são baixas.
07:55Quando a gente olha a tarifa nominal, mas de fato olha o que de fato é cobrado as importações dos Estados Unidos,
08:04há uma grande distância entre o nominal e o real.
08:09A nossa tarifa real aplicada, efetiva, para as importações dos Estados Unidos é em torno de 2,7%.
08:17Quase 70% dos insumos e das importações dos Estados Unidos, eles já entram livres de tarifa.
08:24Isso tem a ver com o tipo de pauta que nós temos com os Estados Unidos,
08:29se trata de muitos insumos produtivos, assim como vice-versa as nossas exportações
08:34que são relevantes para o mercado norte-americano.
08:38Então, nós estamos aguardando, atentos, monitorando,
08:42mas entendemos que o ponto de partida dos Estados Unidos do ponto de vista de tarifa de importação,
08:49ele já é uma situação muito positiva, ainda mais se nós compararmos, por exemplo,
08:55quanto que é a nossa tarifa real aplicada para o mundo, em torno de 5%.
08:59Então, a tarifa que nós aplicamos aos Estados Unidos,
09:03ela já é baixa do ponto de vista de uma média,
09:06mas estamos aqui contribuindo e atentos ao que será colocado nessa mesa de negociação,
09:12essa é uma negociação que é do âmbito governamental,
09:15mas no qual o setor privado irá contribuindo com diferentes áreas que forem priorizadas nessa negociação.
09:23Sim, Constância, realmente a tarifa efetiva do que é realmente comercializado é baixa,
09:28mas tem produto que não vem para o Brasil porque a tarifa é tão alta que a gente não importa.
09:33Eu estou falando de outras tarifas que podem entrar no jogo,
09:35são de produtos que a gente acaba não importando,
09:37até de máquinas e equipamentos,
09:39porque a tarifa é alta ou até, para dar um exemplo mais extremo, de carro.
09:42E sem contar também que etanol pode entrar na conversa.
09:46Então, essas tarifas, produtos que hoje não são negociados,
09:50por que a tarifa é um pouco mais alta?
09:53Nós temos em todas as estruturas tarifárias do país,
09:57elas têm uma lógica do ponto de vista da estrutura produtiva do país,
10:02assim como existem no Brasil setores que têm picos, vamos dizer assim,
10:07ou tarifas mais elevadas,
10:08e acontece isso nos Estados Unidos quando a gente for olhar o caso da açúcar,
10:13por exemplo, que talvez seja um diferencial das nossas exportações.
10:16Isso terá que ser discutido, como você mencionava, no caso do etanol.
10:21A nossa preocupação, ela não reside tanto, vamos dizer assim,
10:25do ponto de vista do fluxo, do volume das importações,
10:28mas reside mais em colocar o foco em que se trata
10:31de duas grandes economias que têm um potencial e uma grande oportunidade
10:37de cooperar mais nessa agenda de etanol,
10:40de olhar como trazer ganhos nessa agenda de combustíveis sustentáveis,
10:45e de como influenciar juntos os aspectos regulatórios
10:49e o acesso a terceiros mercados.
10:51Entendemos que o Brasil e os Estados Unidos têm muito mais a ganhar
10:54nessa agenda conjunta do etanol mais do que se olhar, vamos dizer assim,
11:00detalhes tarifários em produtos nos quais há um volume relativamente menor
11:08em relação a outros setores e produtos que fazem parte do comércio
11:12entre o Brasil e os Estados Unidos.
11:14Constância, muito obrigada. Prazer recebê-la aqui. Boa noite.
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