Rodrigo Loureiro e Marcelo Favalli analisaram o impacto das tarifas impostas pelos Estados Unidos e a resposta firme do Brasil. A discussão destacou efeitos na balança comercial, setores mais afetados e o peso político das negociações entre Lula e Donald Trump.
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00:00Rodrigo, vamos amarrar aqui o que o professor José Neymar estava dizendo?
00:06Então a gente tem questões políticas, temos questões econômicas.
00:10Você que é o nosso analista de economia e mercado, o teu parecer agora.
00:14Olha só, Favalli, que situação que a gente viveu esses últimos meses.
00:19A gente tem o tarifácio que impacta diretamente a economia dos dois países.
00:24Só que o que a gente viu foi o seguinte, Donald Trump tem aquele modus operandi.
00:28Ele coloca a tarifa, ele impõe algo e depois eu negocio.
00:32Primeiro eu vou impor, se tiver negociação a gente negocia, se não tiver vai ser do jeito que eu quero mesmo e é isso aí.
00:38Só que o Brasil mostrou que pode negociar com os Estados Unidos.
00:42Não aceitou assim, olha, vai ter tarifa de 50%, vamos aceitar, vai ficar por isso mesmo, a gente não tem força para negociar.
00:49Não, o Brasil bateu o pé e tinha que bater o pé mesmo.
00:53Foi uma postura muito forte do presidente Lula, principalmente do presidente Lula, que usou argumentos fortes e falou, olha, vamos negociar, a gente quer negociar com os Estados Unidos, mas se não tiver negociação, a gente vai retaliar.
01:08E a gente viu que nos Estados Unidos, essa demanda por produtos brasileiros, ela é alta.
01:14Suco de laranja, soja, carne bovina, carne de frango, tudo isso acaba impactando diretamente a economia americana.
01:22E com uma tarifa alta, a gente está vendo até os exportadores e os importadores dividirem essa tarifa para não ficar pesado para nenhum dos lados.
01:31Porque precisa do produto, precisa chegar produto brasileiro aos Estados Unidos.
01:37Então, é necessário que Brasil e Estados Unidos conversem.
01:40E os dois presidentes parecem que entenderam isso.
01:43Deixaram a bagagem ideológica em seus devidos países e foram para a Malásia para negociar, para falar sobre economia, para falar sobre mercado.
01:53É importante essa negociação.
01:54Vamos ver se nos próximos encontros, a gente ainda não tem uma definição.
01:58Vamos ver se nos próximos encontros essa definição sai, se sai uma suspensão desse tarifácio e se sai também a diminuição total desse tarifácio, que de 50% não faz sentido na agenda econômica.
02:11Rodrigo, não é que eu queira ensinar você, mas você sabe muito bem que às vezes a política é atrapalhada aqui pelo bolso.
02:18Ah, com certeza.
02:19Vamos ver esses dados, balança comercial do Brasil e Estados Unidos, assim como nós fizemos na conversa anterior com o professor do IBMEC do Rio de Janeiro, o José Niemayer,
02:29que estava falando dos dados quentíssimos do mês de setembro.
02:33Temos aqui, olha, a balança comercial Estados Unidos-Brasil, ela teve, então, 4,3 bilhões de dólares apenas no mês de setembro,
02:47se a gente olhar os produtos enviados dos Estados Unidos para o Brasil.
02:52Então, a nossa importação, 4,3 bilhões, uma alta, uma variação de 14,3% com relação ao mesmo mês do ano passado.
03:05Só que aí o peso está aqui, olha, a recíproca não é verdadeira, muito pelo contrário, uma queda de mais de 20% com relação ao mesmo período do ano passado,
03:16totalizando 2,6%, numa matemática aqui de números aproximados, nós estamos falando de 50%, né?
03:25É uma queda muito expressiva.
03:28Agora, a balança tem esse nome, né?
03:31A figuração entre a relação comercial e a balança, porque o prato pende de um lado e de outro.
03:38Se nós deixamos de vender, obviamente, os Estados Unidos receberam 20% menos de produtos.
03:46E aí que eu fiz essa analogia, pesou no bolso deles, né, Loureiro?
03:50Exatamente, Vavalli.
03:51E olha só, não é que simplesmente vamos trocar, então, o Brasil como fornecedor, vamos trocar os Estados Unidos como fornecedor.
04:00Essa troca não é simples.
04:01Sistemas logísticos foram criados, você tem toda uma cadeia logística para você trazer produtos, para você enviar produtos para os dois países.
04:09As empresas já têm os acordos com as transportadoras, com os clientes.
04:13Não é simplesmente, ah, vamos trocar o país, a gente não quer mais negociar com o Brasil, a gente vai trocar o Brasil, então, pela Argentina, por exemplo, falando sobre carne bovina.
04:22A gente vai trocar o Brasil, trocando os Estados Unidos pela China, por outros países.
04:27Não é bem por aí, precisa ter esse comércio com diversos países.
04:32O Brasil precisa exportar, não apenas para a China, onde tem um grande comércio ali internacional, não apenas para a União Europeia, precisa dos Estados Unidos.
04:42É uma grande potência econômica, a maior potência econômica, precisa ter negócios com esse país.
04:47E os Estados Unidos sempre foi um parceiro comercial muito importante para a economia brasileira.
04:53Romper essa relação não ia ser saudável.
04:58Pois é, só para a gente encerrar esses números, para eu ser honesto aqui com quem está nos assistindo, que deve ter perguntado.
05:04Mas e o resto ali?
05:06Então, o total da nossa balança comercial foi de quase 7 bilhões no mês de setembro, agora que encerrado no mês passado.
05:14A nossa relação ainda é deficitária e mostrando que ela tem diminuído com relação ao ano passado, o que mostra os efeitos do tarifácio aqui, pelo menos do nosso ponto de vista.
05:33O Rodrigo continua comigo, a gente vai ainda analisar bastante coisa, mas nós vamos agora direto à Brasília conversar com a nossa repórter Fernanda Sete.
05:43Como é que está sendo a repercussão dessa reunião?
05:46Você que está aí no centro do poder, Fernanda, obviamente, domingo, o ritmo em Brasília é completamente diferente, né?
05:55A esplanada dos ministérios e o Palácio do Governo, o Palácio do Planalto fechados, porém, as informações estão circulando nos bastidores, onde você também circula muito bem.
06:07Como é que a história repercute aí na capital federal, no centro do poder, aí em Brasília?
06:13Bom dia mais uma vez.
06:16Olá, Favale.
06:17Bom dia para você, para todo mundo que nos acompanha.
06:19Nesse domingo, né, cheio de expectativa.
06:21Aqui em Brasília não foi diferente, né?
06:23A gente, com bastante expectativa, né, com esse encontro que aconteceu aqui no nosso horário de Brasília, durante a madrugada aqui para nós.
06:31Então, foi um domingo, assim, de muita espera e expectativa dessa reunião entre o presidente Lula e o presidente norte-americano, Donald Trump.
06:40Olha, ansiedade aqui a mil, não só dos jornalistas, mas também de algumas pessoas que conversei aqui no Palácio do Planalto.
06:47Realmente, um dia muito importante, né, para a economia brasileira.
06:51Com certeza, principalmente por conta, né, dessa reunião que teve, sim, um tom bastante positivo.
06:57De acordo aí, né, com os nossos analistas, eu estava acompanhando aqui a nossa programação.
07:02De acordo aí com as autoridades brasileiras que acompanharam esse encontro presencial entre Lula e Trump, realmente o balanço foi positivo.
07:11E de acordo com o próprio ministro Mauro Vieira, que estava lá presente nessa reunião, o resultado será ótimo.
07:17Então, só para a gente contextualizar, né, Favale, o presidente Lula se reuniu, enfim, neste domingo com o presidente norte-americano na Malásia,
07:24durante a cúpula da Associação das Nações do Sudeste Asiático.
07:27Esse encontro aí que durou cerca de 50 minutos e, ó, foi bastante positivo.
07:33E durante a reunião, Lula afirmou, né, que não há motivos para desavenças com os Estados Unidos
07:38e pediu ao Donald Trump a suspensão imediata do tarifácio contra as exportações brasileiras,
07:46enquanto os dois países estiverem nessa negociação bilateral.
07:50Lula afirmou que o Brasil tem, sim, interesse em ter uma relação extraordinária com os Estados Unidos.
07:57Então, além de Lula e Trump, participaram também deste encontro presencial.
08:02O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, o secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio,
08:07representante comercial norte-americano, Jameson Green, e também o secretário do Tesouro, Scott Bassett.
08:14Então, uma reunião, né, a gente conseguiu até, acompanhando aqui, avaliar, né, um tom muito positivo, um tom leve.
08:21Donald Trump tirou aquela postura, né, de um cara mais nervoso, mais reativo,
08:28e realmente foi uma reunião muito propositiva e muito positiva.
08:33E a gente percebe aí que as negociações devem, sim, avançar por um lado bastante positivo.
08:38Então, olha, segundo o próprio ministro Mauro Vieira, os presidentes tiveram uma conversa, de fato, bem descontraída,
08:45e Trump também afirmou, né, que admira a trajetória política de Donald Trump.
08:50Então, o ministro Mauro Vieira falou, né, que Trump já autorizou a sua equipe a iniciar a revisão das tarifas
08:56contra as exportações brasileiras ainda hoje, ainda neste domingo.
09:01Então, avaliar uma expectativa muito grande de que haja um novo encontro, uma nova conversa entre as autoridades brasileiras
09:08e as autoridades norte-americanas para falar aí esse desfecho, né, o que foi, de fato, já iniciado ali
09:14para rever essas tarifas impostas aos produtos brasileiros.
09:18Só para a gente encerrar, né, vale a gente ressaltar que o ministro afirmou também
09:22que o Donald Trump, presidente norte-americano, né, mostrou aí a sua disponibilidade de vir ao Brasil,
09:28e Lula também mostrou aí interesse em ir para os Estados Unidos.
09:34Então, Trump já falou que admira o Brasil e também admira o povo brasileiro.
09:38Expectativas muito boas para esse desdobramento que ainda acontece neste domingo.
09:43Favalho, volto com você.
09:45Obrigado pelas informações.
09:46Fernanda Sete, também como nós, madrugou lá em Brasília
09:50para nos trazer tudo o que acontece na capital federal
09:53nesse dia tão importante aí para a política, diplomacia e economia do Brasil
09:59e a relação Brasil-Estados Unidos.
10:01Sete, obrigado.
10:01Daqui a pouco a gente se reconecta mais uma vez.
10:05E o que a Fernanda Sete falava,
10:08vamos voltar e recuperar, então, o momento da conversa entre Donald Trump
10:15e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
10:18Porque antes deles iniciarem a conversa a portas fechadas,
10:25os presidentes ali responderam algumas perguntas dos jornalistas.
10:30Vamos ver.
10:31O senhor disse ontem que, nas condições certas, reduziria as tarifas para o Brasil.
10:36Quais são essas condições?
10:38Vamos ver, estamos lidando com isso agora e vamos discutir por um tempo.
10:42Acho que provavelmente chegaremos a uma conclusão bem rápido.
10:47Nós nos conhecemos, sabemos o que cada um quer.
10:51Acho que chegaremos a essa conclusão.
10:53E sobre o ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro?
10:56Eu sempre gostei dele, sempre gostei dele.
10:59Me sinto muito mal pelo que aconteceu com ele.
11:02Sempre achei que ele era um cara honesto.
11:04Mas sabe, ele está passando por muita coisa.
11:07Ele está passando por muita coisa.
11:09Isso será pauta hoje?
11:11Não é da sua conta.
11:14Não acho que vamos discutir sobre a Venezuela.
11:17Eu discutiria.
11:18Bom, se eles quiserem, eu discuto.
11:21Mas não, não acho que vamos discutir isso hoje.
11:23Eu acredito que, primeiro, a imprensa vai ter boas notícias depois que terminar a reunião.
11:33Eu acredito que a imprensa vai ter boas notícias depois que terminar a reunião.
11:35Antes de começar a reunião, são só oposições.
11:39O Brasil tem todo o interesse de ter uma relação extraordinária com os Estados Unidos.
11:48E eu estou convencido, eu disse antes de chegar aqui.
11:51E eu estava muito otimista com a possibilidade de nós avançarmos, sabe, na manutenção da relação.
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