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O economista e professor de relações internacionais do Ibmec Rio de Janeiro José Niemeyer analisou ao vivo no Fast Money a crise cambial e política na Argentina, os riscos e oportunidades para o Brasil e os impactos no Mercosul.

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Transcrição
00:00Esta semana é de volta ao vivo com você e a gente fala agora do nosso vizinho, a Argentina, que está passando por uma crise cambial, mais uma, e política.
00:08O presidente Javier Milley apelou para os Estados Unidos e pediu ajuda a Donald Trump para tentar estabilizar a situação no país.
00:16Agora uma pergunta que fica aqui no Brasil é se essa crise pode respingar de alguma forma por aqui.
00:22Então a gente vai conversar, fazer essa mesma pergunta para o economista, professor de Relações Internacionais do IBMEC do Rio de Janeiro, José Neymar,
00:29que já está aqui ao vivo no Fast Money, para falar sobre esse assunto. Tudo bem, professor? Bem-vindo mais uma vez.
00:36Obrigado, Natália. Um abraço a você, o Felipe, o assinante da CNBC.
00:41Quero cumprimentar vocês pelo tipo de reportagem, é sempre uma reportagem, uma notícia ligada ao que eu chamo a economia política.
00:49Vocês tratam de negócios, mas também sempre levando em conta a questão da política internacional e da política doméstica de cada país de uma maneira muito séria.
00:58Então parabéns pelo enfoque do programa.
01:00Obrigada, um reconhecimento totalmente qualificado que enche a gente de orgulho. Obrigada, professor.
01:05E já vou começar então fazendo a pergunta que estava ali na minha introdução, na abertura.
01:10Toda essa situação que a Argentina está vivendo agora respinga na gente de alguma forma?
01:15E traz também, professor, por favor, um contexto do que está pegando exatamente agora?
01:19Todo problema cambial na Argentina é importante para o Brasil, ou uma valorização da moeda argentina,
01:27que na verdade eles estão utilizando o dólar nas relações econômicas,
01:31mas uma desvalorização, uma volarização do peso, uma questão macroeconômica na Argentina é sempre séria para o Brasil.
01:38Porque o Brasil exporta para a Argentina e importa produtos também.
01:42Com o tarifato de Trump, a Argentina pode ser um mercado onde o Brasil poderá explorar mais as suas vendas.
01:51Eu já estava imaginando isso, por exemplo, o Brasil exportava muitos bens de capital,
01:58produtos metal-mecânicos para os Estados Unidos, de ferro e aço, semi-industrializados.
02:04Esses produtos o Brasil pode começar a exportar para a Argentina.
02:08Então, uma questão no câmbio na Argentina, uma questão macroeconômica que influencia no câmbio na Argentina
02:14pode ser ou uma oportunidade ou um risco para o Brasil.
02:18Vai depender de como o governo Millet sair dessa situação macroeconômica.
02:23Se sair em uma posição mais estável, conseguir equilibrar a questão do câmbio,
02:28manter o câmbio relativamente estável, a Argentina vai poder continuar importando do Brasil
02:34e o Brasil pode se utilizar do mercado argentino para poder exportar produtos,
02:39alguns deles que ele exportava antes para os Estados Unidos da América.
02:42Não todos os produtos, porque o Brasil exportava suco de laranja, carne, café.
02:48Esses produtos o Brasil não vai exportar para a Argentina.
02:51Geralmente serão produtos semi-industrializados,
02:54que o Brasil tradicionalmente no Mercosul já vinha exportando para a Argentina
02:59e pode continuar a exportar e pode exportar até em uma quantidade maior.
03:04Então, precisamos aguardar a situação macroeconômica na Argentina.
03:08Inclusive, essa relação, essa ajuda que o presidente Millet pede aos Estados Unidos
03:12tem a ver com balanço de pagamentos argentino.
03:15Com toda certeza, a Argentina pode estar passando por um processo de crise no balanço de pagamentos
03:22e vai precisar de dólares para fechar o seu balanço de pagamentos.
03:25Então, é fundamental a ajuda norte-americana e a ajuda principalmente do FMI.
03:30Por isso, imagina-se a conversa entre o governo Millet e o governo de Donald Trump.
03:34E o Brasil tem que aguardar, porque a Argentina é um parceiro importante,
03:39principalmente a partir do Mercosul.
03:41Não nos esquecendo, Natália, que o Mercosul, a força do Mercosul,
03:45e aí é importante o perfil da Argentina, como vai estar a economia argentina,
03:50é importante que o Mercosul unido mostre força para o mercado internacional,
03:55até porque nós estamos para assinar um acordo fundamental entre Mercosul e União Europeia.
04:01Obrigada, professor.
04:02Felipe, sua pergunta agora.
04:03Oi, professor, boa tarde.
04:05Em primeiro lugar, obrigado por aquelas palavras carinhosas aí no início do seu comentário.
04:10Professor, eu queria aproveitar, então, seguir nessa linha sobre o Javier Millet.
04:14A fórmula do Millet foi uma fórmula muito dura, né?
04:17Ele tentou, ele apostou, touro num arrocho, enfim, numa questão fiscal muito forte.
04:22Isso teve um custo social para a Argentina também muito forte.
04:26Como é que o senhor vê o futuro do presidente Javier Millet?
04:29Ele tem condições de seguir nessa política?
04:32Até quanto tempo?
04:33Quanto tempo a Argentina aguenta esse aperto social
04:37para tentar equalizar ali, equilibrar as contas do país?
04:41Felipe, em primeiro lugar, não foram palavras carinhosas.
04:45É a realidade, né?
04:46A CNBC tem essa pegada de economia política,
04:50economia política internacional,
04:53que me parece muito importante para a gente trocar ideia nesse campo.
04:56Bem, a questão do governo Millet é que todo país que tenta fazer
05:01uma determinada conjuntura, um projeto ultraliberal,
05:06com muito foco no mercado, muito foco nos agentes privados,
05:11na liberdade econômica dos agentes privados,
05:14e geralmente diminui o peso do setor público, estatal, na economia,
05:18e mesmo na vida daquele país,
05:20ele vai ter, no médio prazo, respostas sobre isso.
05:23Ainda mais um país como a Argentina,
05:24que nas últimas quatro décadas sofreu muito.
05:27Aumentou muito a miséria, aumentou muito a pobreza na Argentina.
05:31Então, o papel do Estado na economia argentina
05:33ainda é um papel relevante para a política de educação,
05:36saúde, segurança, e mesmo parcerias entre o setor estatal e o setor público.
05:42Até porque na Argentina, o assinante deve saber,
05:45as províncias têm muita força na Argentina.
05:48Então, há sempre uma relação entre capital privado
05:51e projetos estatais também na Argentina, como há no Brasil.
05:55Então, o projeto Millet foi um projeto, desde o início,
05:58com uma agenda ultraliberal,
05:59e agora ele vai começar a colher os frutos.
06:02Os frutos e os problemas.
06:04Quais são os frutos?
06:05Os frutos são aquilo que nós discutimos no IBMEC,
06:08entre os economistas do IBMEC,
06:09que as contas públicas na Argentina melhoraram muito o seu perfil.
06:13Elas estão com outro perfil,
06:16muito mais com tendência superavitária,
06:19tanto de superávit primário como nominal.
06:21Então, a questão da inflação na Argentina
06:24também está relativamente controlada.
06:26Então, do ponto de vista da macroeconomia,
06:29precisamos ver a questão do câmbio.
06:30Mas do ponto de vista de macroeconomia,
06:32setor público, custos do setor público, inflação, receita, despesas,
06:36a Argentina melhorou muito a partir desse choque ultraliberal de Millet.
06:40Só que a conta tem um prejuízo na questão social,
06:44é onde vem a conta.
06:45Cada vez mais a população argentina vai cobrar.
06:48Tanto que agora, nas eleições que aconteceram dias atrás,
06:51Millet não conseguiu o resultado que esperava.
06:54Agora é o setor social, são os grupos.
06:57A Argentina é um país com muito corporativismo,
06:59com muitos grupos que pressionam a partir de sindicatos,
07:03por exemplo, junto ao Estado.
07:04Então, esses grupos vão começar a se colocar
07:06e esses grupos têm uma visão muito ligada
07:09ao que nós chamamos de desenvolvimento socioeconômico.
07:12Um pouco diferente do que acontece com aqueles
07:15que assessoram o presidente Millet.
07:16Então, agora vai ser o momento de receber os frutos,
07:20que é uma estabilidade maior no déficit público,
07:24um controle maior com relação à inflação,
07:26que estava em uma situação muito difícil na Argentina,
07:28mas também terão os prejuízos, que é na área social,
07:31e aí vai haver uma cobrança política muito grande na Argentina.
07:35E, professor, a senhora acredita que esse cenário
07:37pode impulsionar ainda mais a agenda de acordos interna
07:40ali dentro do Mercosul?
07:42Ou esse contexto atual da Argentina enfraquece o bloco?
07:47Olha, o grande agente do Mercosul é o Brasil.
07:50É o grande agente do ponto de vista econômico,
07:52do ponto de vista de política externa,
07:54do ponto de vista estratégico-militar.
07:56É o país mais forte do bloco.
07:58Mas o Brasil tem uma parceria muito importante com a Argentina,
08:01econômico-comercial, uma parceria política,
08:04desde a época do governo Afonso, no século passado,
08:08no final do século passado, com o governo Sarney,
08:10no pós-ditadura que ocorreu,
08:13duas ditaduras que ocorreram nesses países.
08:15Então, o Brasil tem uma parceria diplomática,
08:18política importante com a Argentina.
08:19A Argentina reconhece a liderança do Brasil,
08:22mas, sob o governo Millet, isso foi um pouco alterado.
08:25Millet questiona essa liderança,
08:27se cada vez está mais próximo do governo Trump.
08:30Então, isso, do ponto de vista político, pode atrapalhar um pouco.
08:33Mas eu não tenho dúvida que o governo brasileiro está pronto para discutir,
08:36para conversar, para cooperar com o governo argentino,
08:39como imagino também que o governo Trump faça.
08:42Porque, na verdade, a Argentina é um país muito importante na América do Sul.
08:46É importante do ponto de vista do simbolismo,
08:49daquilo que representou a Argentina no seu passado,
08:52inclusive do seu passado socioeconômico,
08:54perdeu muito nas últimas décadas, como eu falei,
08:57a pobreza aumentou muito,
08:58mas ainda é um país muito relevante.
09:00É um país que, inclusive, faz parte dos BRICS.
09:03O Brasil tem todo o interesse de aumentar suas relações econômico-comerciais
09:08e melhorar ainda mais suas relações políticas.
09:10O que nós precisamos entender aí é uma questão mais ideológica,
09:14não é tanto de estrutura da política,
09:16mas de conjuntura da política,
09:17que é que o governo Milley segue uma doutrina muito diferente do governo Lula,
09:22e aí eles têm um problema de interpretação da realidade,
09:25e o governo Milley está mais próximo do governo Trump,
09:28do ponto de vista ideológico.
09:29Mas aí vamos ter que aguardar,
09:31porque, na minha visão, o governo Trump,
09:33os Estados Unidos, no geral,
09:35está perdendo o poder relativo no sistema internacional.
09:38A gente percebe isso em vários campos do poder.
09:40E talvez o governo Milley e sua assessoria estejam começando a perceber
09:46essa perda de poder relativo dos Estados Unidos.
09:49E talvez aí se aproxime mais de outros centros de poder,
09:53como os BRICS,
09:53e aproveite a sua boa relação histórica com o Brasil
09:57para acompanhar o Brasil neste momento,
10:00que é um momento muito difícil das relações internacionais.
10:03Hoje foi inaugurada a nova Conferência das Nações Unidas,
10:06e nós esperamos que nesta conferência sejam discutidos
10:09aquilo que é muito importante para o sistema internacional atual,
10:14que é você tentar trazer mais cooperação para um sistema
10:16que está vivendo muito uma agenda de conflitos.
10:20Quero agradecer demais, professor José Neymar,
10:23economista e professor de Relações Internacionais do IBMEC Rio de Janeiro,
10:26pela excelente análise ao vivo aqui no Fast Money.
10:29Muito obrigada, professor.
10:30Boa tarde, volte sempre.
10:32Eu que agradeço a vocês.
10:34Um grande abraço, um abraço ao assinante.
10:36E me convidem sempre, porque volto a dizer,
10:39vocês têm uma pegada de reportagem, de análise da notícia
10:42que me parece muito relevante
10:44e que envolve economia e política
10:46de uma perspectiva muito eficiente.
10:48Parabéns.
10:49Ganhamos o dia, hein, Felipe?
10:50Obrigada, professor.
10:51Valeu.
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