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As vendas de madeira para os Estados Unidos caíram após a tarifa de 50% imposta pelo governo Trump, afetando produção, empregos e competitividade. Paulo Pupo, superintendente da Abimci, detalhou o impacto econômico e os riscos de perda definitiva de mercado para concorrentes globais.

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Transcrição
00:00As exportações de madeira para os Estados Unidos despencaram nos primeiros três meses de vigência da tarifa de 50% imposta pelo governo Trump.
00:10Com a retração nas exportações, muitas empresas foram obrigadas a reduzir ou até paralisar a produção.
00:17Trabalhadores foram demitidos ou enfrentam férias coletivas.
00:21Para falar desse cenário crítico no setor madeireiro, eu vou conversar agora com o Paulo Pupo,
00:26o superintendente da ABINCE, Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente.
00:32Paulo, boa tarde para você. Obrigado pela sua participação aqui com a gente.
00:36Queria começar te perguntando qual é o tipo de madeira, quais são os tipos de madeira que o Brasil vende ou vendia para os Estados Unidos.
00:45Olá, Fábio. Boa tarde. Muito obrigado.
00:47O setor de madeira processada mecanicamente no Brasil é bem extenso.
00:50É um segmento que emprega diretamente 180 mil pessoas, espalhada pelos principais estados.
00:55Mas, em especial, a indústria está localizada nos três estados do sul do país.
01:01Entre os principais produtos, os subprodutos, os segmentos, estão molduras, painéis compensados, pisos, portas,
01:10madeira serrada para a estrutura da construção civil americana, onde nós somos um dos principais fornecedores.
01:17Então, é um segmento muito amplo, principalmente localizado em cidades com menor tamanho, não são nos grandes centros,
01:25e intensivo em Mondeuá.
01:27Então, é bem transversal o segmento de madeira processada destinado aos Estados Unidos.
01:33E aí a gente está falando de produtos de madeira que são muito ajustados a padrões americanos.
01:39Qual a dificuldade de tentar buscar mercados alternativos, por exemplo, para esses produtos?
01:44Perfeito. Muitos produtos e, consequentemente, muitas empresas foram concebidos para atender o mercado americano.
01:51É um share de participação importante conquistado há décadas no mercado americano.
01:56Algumas especificações, aplicações, usos finais, em especial na construção civil norte-americana,
02:03que é basicamente casas de madeira, elas só servem para aquele mercado.
02:07Então, as características técnicas, as exigências normativas não servem para outro mercado.
02:12Então, às vezes, nós percebemos uma visão simplista do governo, dizendo, olha, vamos buscar outros mercados.
02:17Não é tão simples assim o setor de madeira processada.
02:20Não é simples desligar a tomada dos Estados Unidos e ligar em outro mercado.
02:24É um processo muito lento e alguns segmentos, como é o caso de molduras,
02:29ele não tem outro destino que não seja o mercado americano.
02:32Então, é um processo bem lento e também a exportação brasileira de madeira como um todo,
02:38globalmente falando, onde tem demanda nós já atuamos.
02:41E o volume americano significa, em média, 50% de tudo que o país exporta.
02:47Então, é uma missão bem difícil de você fazer essa transição de novos mercados.
02:53Quer dizer, a gente está falando de alguns produtos que sequer tem mercado aqui no Brasil, é isso?
02:58Exatamente, exatamente.
02:59Então, nós somos, voltando ao caso do molduras, ele é 100% exportador e 100% para os Estados Unidos.
03:06Outros produtos, como chapas de compensado, painéis, pisos, portas, ainda, de forma menos abrupta,
03:14a gente consegue fazer alguma transição para os mercados.
03:17Mas o nível de exposição continua muito alto, em média, de 50% um pelo outro.
03:22Então, é bem impactante essa perda desse mercado.
03:25Você conseguiria trazer para a gente, Paulo, um panorama de demissões efetuadas até agora,
03:32ou licenças, e se existe ainda um risco desse processo se aprofundar e mais gente perder o emprego?
03:39Infelizmente, existe.
03:41Os dados de setembro já nos causaram uma certa surpresa.
03:43Desculpe, os dados de outubro, por volta de 5.500 demissões, mais por volta de 5.000 em férias coletivas,
03:511.100, 1.200 em lay-off.
03:54Então, do universo de...
03:56Pegar o exemplo do estado do Paraná, por exemplo, que tem 38 mil funcionários diretos,
04:0110 mil estão correndo risco.
04:02A Santa Catarina é muito parecida, o Rio do Sul é muito parecido.
04:06Essas pedidas são consideradas pariativas, as férias coletivas.
04:11E nós estamos há quatro meses já das tarifas impostas, considerando o julho para cá.
04:16Então, essa falta de sinais claros que precisa ser enviado ao mercado,
04:21que as negociações estão efetivamente avançando,
04:24vai eliminando essas medidas pariativas.
04:26E há um risco também muito preocupante de, à medida que o tempo passa sem resultados efetivos,
04:35o produto brasileiro segue sendo...
04:38Ele corre o risco de ser substituído do mercado americano.
04:41É natural que o importador, o cliente americano, busque suprimento em outros países
04:46que tenham a tarifa mais baixa.
04:48Então, sim, há um risco de paralisia ainda maior do setor, de mais demissões,
04:53caso essa situação não tenha nenhum avanço.
04:55Ou seja, nós estamos com a maior tarifa nominal do mundo, de 50%.
05:00Então, com 50%, praticamente não existe comércio.
05:04Pois é, era esse ponto que eu queria esmiuçar com você.
05:06Hoje o Brasil não está vendendo absolutamente nada para os Estados Unidos de madeira?
05:11Vendendo muito pouco.
05:12Muita coisa que já estava em produção, que tinham contratos acertados,
05:16que tinham acordo de fretes já contratados, serviços.
05:19Então, houve um esforço, está havendo um esforço entre nós,
05:22o setor produtivo aqui e os nossos clientes dos Estados Unidos
05:25em solucionar o que estava já em curso.
05:29Agora, novos contratos ficou muito difícil.
05:32Nós estamos muito fora.
05:33Se nós olharmos os nossos vizinhos aqui da América Latina,
05:36em especial o Chile, que é um grande produtor de madeira,
05:39ele está na tarifa recíproca de 10% contra 50% do Brasil.
05:43Quando nós olhamos a Europa, está em 15% a tarifa médica.
05:47Vamos um pouquinho mais para frente.
05:48O Vietnã, que é um grande competidor do Brasil, está em 20%.
05:52A própria China, 35% e em negociação.
05:56Ou seja, o Brasil está no final da fila, ele vai ficando para trás.
06:01É natural que o importador americano
06:03tente todas as fontes possíveis com tarifas mais baixas,
06:09porque é uma questão econômica.
06:11Ele gosta do produto brasileiro, nós temos um bom serviço de entrega,
06:14uma boa qualidade, uma boa performance, mas é uma questão matemática.
06:18Ou seja, não tem possibilidade nenhuma de se manter um comércio
06:22com 50% de tarifas.
06:25A gente tem acompanhado durante esse tarifácio vários setores
06:28da economia brasileira em contato com os seus clientes,
06:32os seus compradores lá nos Estados Unidos,
06:34que evidentemente também estão sofrendo com essa situação
06:37e ajudando a pressionar o governo.
06:39O setor de madeiras tem isso?
06:40Ou quem está do lado de lá está se virando bem com os nossos concorrentes?
06:44Vocês têm respaldo lá para tentar fazer essa pressão sobre o governo?
06:49Temos um certo respaldo, estamos fazendo isso desde julho,
06:52tanto nas investigações paralelas das tarifas,
06:55que é a da seção 232, como da seção 301,
06:58que o Brasil está sendo investigado,
07:00estamos fazendo as ações setoriais.
07:02Mas a questão da tarifa é governamental.
07:05Infelizmente o setor fica meio de passageiro nesse carro.
07:08Nós não temos o poder de sentar na mesa lá em Washington e negociar.
07:12Já estivemos em Washington algumas vezes,
07:14estamos falando com associações locais,
07:17eles entendem que nós somos grandes parceiros,
07:20temos as boas práticas,
07:22toda a nossa exportação provém de florestas plantadas
07:26ou madejos sustentáveis,
07:27então as questões de origem, ESG,
07:30de certificação florestal,
07:31nós estamos há muito tempo muito consolidados no mercado americano.
07:34E é ruim para o cliente americano também buscar um novo fornecedor nesse momento.
07:38Então sim, os dois lados estão dependendo das negociações governamentais
07:42que a gente espera que o censo de urgência tome conta
07:45e que tragam resultados efetivos nos próximos dias,
07:49nas próximas semanas.
07:50Paulo Pulpo, superintendente da Abincia,
07:53Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente.
07:57Muito obrigado, Paulo, pela gentileza aqui da sua entrevista.
08:00A gente vai seguir acompanhando.
08:01Um bom fim de semana para você.
08:03Muito obrigado.
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