Representantes dos EUA e da China se reúnem em Londres após impasse sobre exportação de minerais críticos. Marcos de Lisboa, sócio da Gibraltar Consulting, e o analista Vinicius Torres Freire discutem os impactos econômicos e geopolíticos das tensões comerciais e as consequências para o crescimento global.
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00:00Porque na segunda, representantes dos Estados Unidos e da China vão se encontrar em Londres, como eu já contei aqui.
00:06Depois dessa retomada de negociações, em que pé estão os acordos entre os dois países?
00:12Vamos lá, Cris. Primeiro, pela boa notícia.
00:14O fato que os dois países, as duas potências do mundo, tenham concordado em retomar negociações é uma boa notícia.
00:21Por quê? Um conflito mais ainda acirrado entre os dois na área econômica é ruim para o mundo inteiro.
00:27E pior, no meio disso tudo tem um rabicho de risco de conflito militar.
00:32A China, até no comunicado que falou do encontro do Xi Jinping com o Trump, citou o caso de Taiwan.
00:39Então é bom que eles fiquem em paz, é bom que retomem as negociações.
00:43Mas eles estão retomando as negociações com uma cúpula de alto nível, nível de ministro, por exemplo, pelo menos, para fixar diretrizes.
00:51Quando você coloca gente desse nível, você está fixando diretrizes para conversa, que depois vai ser detalhada por técnicos de escalão mais baixo.
00:58Então eles precisaram recomeçar porque a coisa engrossou.
01:02E engrossou especificamente agora por quê?
01:05As empresas americanas estavam reclamando que a China não teria liberado a exportação de uma coisa chamada minérios ou minerais críticos.
01:15E são minerais utilizados na indústria eletrônica de ponta.
01:18Por exemplo, para fazer chip, para fazer motor de carro elétrico, para fazer equipamentos eletrônicos de caças e aviões de combate.
01:30E por um monte de coisa, por um monte de equipamento avançado.
01:33As empresas americanas de automóveis, por exemplo, estão reclamando nos jornais americanos, nessa semana mesmo, antes do encontro de Xi e Trump,
01:39que elas teriam de parar certas linhas de produção por falta de minerais críticos.
01:45Então, o Trump falou disso também.
01:46Então parece que a China começou a liberar, segundo uma matéria da agência Reuters, diz que os chineses começaram a liberar a exportação disso.
01:53Isso era uma encrenca pontual, mas grande, e é um modo de pressão da China.
01:58A China tem acesso a esse tipo de mineral, tem capacidade de processar, é dona da maior capacidade do mundo,
02:04e se ela não exporta, causa problemas, inclusive para os Estados Unidos.
02:08Agora, tem mais encrenca aí para resolver.
02:10Tem um acordo comercial inteiro, e no meio desse acordo comercial inteiro, ainda tem um conflito geopolítico.
02:16Os chineses avisaram nesse comunicado que eu acabei de citar.
02:19Os Estados Unidos têm que tomar cuidado com a questão de Taiwan, que isso pode levar a um conflito.
02:24Então é uma questão que vai desde insumo para a produção industrial, a guerra comercial, a guerra econômica,
02:30as limitações que os americanos põem para a exportação de chips avançados para a China,
02:34e um conflito geopolítico também.
02:37É complicado, mas a boa notícia é que eles, pelo menos, concordaram em voltar a conversar.
02:43Obrigada, Vinícius.
02:44Pedir para você continuar aqui com a gente, porque a gente vai conversar com o Marcos Lisboa,
02:48que é PhD em Economia pela Universidade da Pensilvânia e sócio da Gibraltar Consulting.
02:53Marcos, boa noite.
02:54Obrigada por ter aceitado o nosso convite.
02:57Marcos, faz algum sentido para você esse pedido do Trump para reduzir a taxa de juros em um ponto percentual?
03:03Ou você compactua da mesma opinião do Vinícius Torres Freire?
03:07Ah, eu concordo com o Vinícius.
03:09É impressionante assistir os Estados Unidos nessa agenda para prejudicar a sua própria economia.
03:17O que a gente pode esperar, na sua opinião, Marcos, dessa reunião na próxima segunda-feira
03:23entre representantes americanos e chineses em Londres?
03:26Deve sair algum acordo, de fato, de lá?
03:30Olha, não é a minha área de especialização.
03:33Mas a gente sabe que o Trump é muito próximo da China, tem esse desejo de fazer o acordo
03:42e essa maneira peculiar dele negociar.
03:48A repercussão do que ele está fazendo vai ser muito ruim para os Estados Unidos.
03:54Vamos ver como é que anda a conversa.
03:58Tem sido uma ida e volta, um vai e vem de medidas atabalhoadas, mas o custo tem sido alto para os Estados Unidos.
04:08Vou passar para a pergunta do Vinícius.
04:10Vinícius, por favor, fica à vontade.
04:12Marcos, a gente acabou de falar sobre incerteza e o Fed repete dia sim, dia não, que não dá para saber o que vai acontecer.
04:21Agora, com a economia americana e os indicadores mais precisos de atividade vão aparecer lá por julho, etc.
04:29Agora, vamos supor que fique nesse nível de tarifa, que o Trump acabe recuando mesmo.
04:36Tem gente nos Estados Unidos dizendo, olha, vai ter um pequeno aumento de preço, uma desaceleração da atividade,
04:41os Estados Unidos vão ficar menos eficientes.
04:43E fora os danos de reputação, a economia americana pode não sofrer recessão grande, pode ter uma queda,
04:50diminuição de crescimento, que podia ser de 2,5, vai para a casa de 1,5,
04:53mas isso não vai ser dramático do ponto de vista da atividade no curto prazo.
04:58Na sua percepção, essa avaliação que está muito presente no mercado financeiro é razoável?
05:04Não, eu acho que ela está errada.
05:07E deixa eu contar por quê, Vinícius.
05:09Durante muito tempo, os economistas imaginavam, imaginaram que esse tipo de distorção,
05:195% de tarifa, 10%, 15%, 20%, vai, gera problema, mas não é tão grave assim.
05:27O que a gente aprendeu nos 20 anos é que esse argumento estava errado.
05:31Uma coisa é você tributar o Walmart em 5%, 10%, tributar a ponta do consumo.
05:41Outra coisa é quando você tributa aço, alumínio, insumos básicos, equipamentos para produção.
05:50Esses tributos, ou essas tarifas, têm um efeito em cadeia muito grande sobre a economia.
05:59Então, na hora que eu tributo aço, que eu tributo alumínio, ou que eu tributo máquinas,
06:05isso vai gerando um efeito em sequência nos diversos setores da economia,
06:12que pode ser 5 vezes maior, 10 vezes maior.
06:17E aí, olha, Vinícius, eu nunca vi uma tamanha unanimidade entre os bons economistas americanos
06:25sobre o desastre do que está acontecendo nos Estados Unidos.
06:29E exatamente esses setores que você acabou de falar agora, Marcos,
06:34é que são os mais impactados por esse acordo comercial.
06:38E como que essas negociações podem afetar o comércio global como um todo?
06:43Ah, eu acho que pode mudar muito a dinâmica do comércio global.
06:46Eu acho que é muito surpreendente você ver um governo americano
06:51querendo transformar a China no grande centro de comércio mundial.
06:55porque o que está acontecendo com a política americana
07:00é fortalecer a União Europeia, que tinha suas fragilidades,
07:05e fortalecer a China como centro de comércio.
07:12Nunca vi uma medida tão tiro no pé quanto o que o governo americano está fazendo.
07:17Mas é isso que, enfim, é o resultado mais provável desse processo.
07:22Vinícius, quer fazer mais uma pergunta?
07:24Fica à vontade.
07:25Marcos, a gente sabe que os Estados Unidos tem problema fiscal faz tempo,
07:31começou a crescer, especialmente depois da crise de 2008,
07:33mas agora ele está ficando mais intenso e gente pesada no mercado financeiro
07:36está falando disso nos jornais abertamente em termos meio pesados.
07:40O Jamie Dimon, que é o presidente do JP Morgan, o maior banco americano,
07:44falou assim, olha, vai haver rachadura no mercado de títulos da dívida americana
07:48e a gente pode ter um pânico.
07:51Estou falando isso para os nossos reguladores, devem estar falando do Fed.
07:53Eu não sei se isso vai acontecer em seis meses ou em seis anos, mas o problema vai ter.
07:58O Larry Fink, da BlackRock, falou, olha, a gente vai bater com a cara no muro.
08:03Então, a questão é, a gente tem um monte de país rico do mundo com dívida muito grande,
08:07mas não tem esse mercado americano gigantesco de dívida, 30 trilhões de dólares.
08:13Então, assim, a gente pode esperar um susto grande em breve ou é uma coisa que vai apodrecer aos poucos
08:18e a gente vai ver o resultado disso sendo incremental.
08:22Ou a gente pode ter um pânico, um dia a gente não conseguir ver leilão dos títulos da dívida americana
08:27vendendo bem ou ter uma retirada de fundos que faça com que a taxa de juros dê um peso.
08:33Tem risco de ter um susto grande?
08:36O Jamie Dimon fala, não sei se vai ser em seis meses ou seis anos, mas vai ter.
08:39O que você acha?
08:40Olha, é bom ouvir o Daimon, ele entende do riscado.
08:50Eu acho que os Estados Unidos construíram uma história tão sofisticada, tão grande,
08:58que o processo é mais para ser longo do que curto, Vinícius.
09:01Agora, o que preocupa é que é um processo que pode ter impactos de longo prazo.
09:11Os Estados Unidos podem estar se condenando a se tornar um país mais pobre.
09:17É muito surpreendente.
09:18Vinícius, eu sempre imaginei que se o Brasil virasse um país razoável,
09:22a gente ia copiar as boas práticas europeias ou as práticas de política pública americana.
09:29Enfim, tem lá as diferenças, mas são casos de muito sucesso.
09:35Eu nunca imaginei ver os Estados Unidos copiando as políticas públicas
09:40que o Brasil e a Argentina adotaram nos últimos 80 anos e que nos levaram ao retrocesso.
09:48É muito impressionante.
09:49E eu tenho dito isso.
09:52No caso do Brasil, a gente não pode ser muito crítico com o que está acontecendo
09:58publicamente e oficialmente.
10:01Porque o que a gente faz consegue ser ainda pior do que o Trump está fazendo.
10:08Bom, a gente não é pobre à toa, não é, Vinícius?
10:10A gente faz um esforço grande para ser um país pobre.
10:14Então, os Estados Unidos estão na mesma atuada.
10:18Marcos, vou pedir para você continuar aqui com a gente.
10:20Vamos falar mais de Brasil, IOF e afins.
10:22Daqui a pouquinho a gente vai trazer outros ingredientes aqui para a nossa conversa.
10:26Já já te chamo de novo. Obrigada por enquanto.
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