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A inflação na Argentina avançou 1,9% em agosto, acumulando 33,6% em 12 meses. O cenário econômico, mesmo com queda recente do câmbio, mostra sinais de resistência, afetando competitividade e políticas fiscais. O pesquisador Fabio Giambiagi, da FGV Ibre, analisou os efeitos para mercado e consumidores.

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Transcrição
00:00Na Argentina, depois de uma queda acentuada, a inflação vem mostrando resistência nos últimos meses.
00:06O índice de agosto divulgado hoje mostra um avanço de 1,9%.
00:10Nos últimos 12 meses, o acumulado é de 33,6%.
00:14A gente vai falar sobre a situação econômica de um dos nossos principais parceiros com o Fábio Gambiardi,
00:20que é pesquisador associado do FGV Ibre.
00:23Boa noite, Fábio. Seja muito bem-vindo.
00:25Boa noite. Como vai? Tudo bem? Um prazer estar aqui com vocês.
00:28O prazer é nosso.
00:30Vamos começar, então, falando sobre a inflação na Argentina.
00:33No começo do ano passado, quando eu morava lá, eu ouvi de um economista em Buenos Aires
00:37que é mais fácil trazer a inflação mensal de 20% para 2% do que depois trazer essa inflação de 2%
00:44para um patamar mais civilizado, digamos aí, abaixo de meio ponto.
00:49Passado esse tempo, a situação parece que está provando o que esse economista me falou lá atrás.
00:53Eu queria saber se você acha que, de fato, a memória inflacionária e a inércia
00:57causam esse movimento aí e são uma possível explicação para o que está acontecendo na Argentina nesse momento.
01:03Sem dúvida nenhuma.
01:06Quem lhe falou isso estava rigorosamente correto, sem deixar de reconhecer as diferenças
01:13entre as dinâmicas inflacionárias do Brasil e da Argentina.
01:17Mas cabe lembrar que quando nós fizemos a nossa estabilização, em 1994,
01:22a inflação dos primeiros 12 meses, aí depende um pouco do índice, foi alguma coisa entre 25% e 30%,
01:30depois ela foi caindo gradualmente, teve alguns alavancos, mas até agora ainda não chegamos,
01:38digamos assim, 30 anos depois na famosa terra prometida da inflação estável em 3%.
01:44No caso argentino, como a história inflacionária é diferente da nossa, muita maior instabilidade,
01:53com picos de hiperinflação muito mais agudos que os que a gente teve,
01:59mas o fato é que a estabilização recente em relação à velocidade da queda da inflação realmente deu certo,
02:09eu destaco em particular que nos últimos quatro meses a inflação tem se mantido entre 1,5% e 2% ao mês,
02:18o que comparativamente à inflação que existia no final do governo anterior, uma conquista enorme,
02:25mas que de qualquer forma, se a gente leva em consideração a inflação dos últimos 12 meses,
02:31que foi, se situou na faixa entre 30% e 35%, estamos falando da inflação maior ou segunda maior da América Latina,
02:41não sei exatamente quanto é que está agora a inflação da Venezuela,
02:45de qualquer forma a Venezuela não é parâmetro de comparação,
02:48que eu queria dizer que ainda continua sendo uma inflação bem maior do que aquela que a gente tem se acostumado aqui no Brasil
02:54e da qual a gente reclama porque é maior do que a meta de 3%.
02:58Fábio, mesmo depois da queda recente do peso, tem muita gente que acha que a Argentina está com um câmbio muito valorizado,
03:05que deixa os produtos caros tanto para os consumidores dentro da Argentina,
03:09quanto também para os exportadores que perdem competitividade,
03:12têm mais dificuldade de vender os produtos no exterior.
03:15Se deixar o peso desvalorizar, o governo argentino acaba dando mais gás à inflação.
03:20Você acredita que essa é uma armadilha a qual o governo está preso nesse momento?
03:26Ou existe um outro caminho possível aí?
03:29Eu diria que em países com uma elevada tradição inflacionária,
03:35é perfeitamente compreensível que haja um grande receio a uma livre flutuação.
03:42Nós enfrentamos uma situação muito parecida aqui em janeiro de 1999,
03:47quando se deu a desvalorização grande do Real, por ocasião daquela mudança de regime cambial.
03:58E no começo, todos temíamos que houvesse uma grande disparada dos presos.
04:05Cabendo lembrar que quando, anos anteriores, cinco anos antes, no final de 1994,
04:11o México teve que passar por circunstâncias parecidas no final do governo Salinas de Gortari,
04:19a inflação em 12 meses no México escalou para 50%.
04:24E aqui, com esse parâmetro de referência, existia o receio no Brasil de que acontecesse algo assim,
04:31e dada a relativamente fresca memória da nossa hiperinflação, que isso acabasse com o plano real.
04:38Felizmente, com dois ou três meses, viu-se que a inflação não estava aumentando,
04:44mas não era nada parecido com aquele temor, e de fato a inflação acabou sendo em torno de 10%,
04:50depois voltou a cair, e foi uma história de sucesso.
04:54No caso argentino, no passado, todas as vezes que o câmbio estourava,
05:01isso se refletia quase que imediatamente nos preços.
05:05Foi, aliás, a situação daquela desvalorização inicial do governo Milley,
05:11quando a inflação em dezembro de 2023 foi de 25%.
05:16Mas, felizmente, há, no meio da confusão e da crise argentina, que é muito grave,
05:23dois sinais recentes animadores em relação especificamente a isso.
05:28E quando a inflação, quando o câmbio aumentou, quando houve uma desvalorização de certa importância,
05:35em abril deste ano, a taxa de inflação aumentou mais para 3% no mês e depois voltou a cair.
05:44E agora, nessa disparada recente do câmbio, é verdade que a história está em processo,
05:52ainda não sabemos o final dela, mas o fato de que a inflação anunciada hoje tenha sido de 1,9%,
06:00exatamente igual, por coincidência, a do mês anterior.
06:05Quando o câmbio já tinha começado a se desvalorizar, é certamente um sinal positivo.
06:12Embora seja preciso lembrar a quem está nos escutando que, em parte, isso é devido a uma situação,
06:22tudo indica que é recessiva, resultante do comportamento do nível de atividade nos últimos 4 ou 5 meses,
06:31que tem sido muito negativo.
06:33E a gente sabe que, em uma situação de recessão, mesmo que seja conjuntural, esperemos,
06:39há uma tendência dos preços a ficarem melhor comportados.
06:45Bom, falando de política agora, existe uma chance bastante concreta do Milley terminar as eleições de meio de mandato,
06:52com maioria oposicionista, tanto na Câmara quanto no Senado.
06:56A popularidade dele também vem caindo.
06:58Você acredita que a disposição dos argentinos de se sacrificar pelo plano econômico do presidente está chegando ao fim?
07:04É possível, e certamente o que aconteceu nas eleições locais de domingo passado, na província de Buenos Aires,
07:13deveria ser objeto de reflexão do governo.
07:17Porque o governo tem agido nas suas manifestações verbais, retóricas,
07:22tanto do presidente como de diversos dos seus ministros e assessores,
07:28passando a ideia para a população, de que a população gosta do ajuste.
07:35E aí é preciso separar um pouco o jodo-trigo.
07:37Uma coisa é entender que havia sacrifícios, que eram eventualmente necessários,
07:43porque a situação do final do governo anterior era absolutamente caótica,
07:48e todo mundo entende que é preciso reordenar a economia para ter as bases para o crescimento econômico.
07:56Mas a postura do governo, quase que exaltando a ideia de sacrifício,
08:04é algo que com o tempo acaba cansando, mesmo os seus militantes.
08:09Recentemente tem aparecido algumas análises,
08:12isso é um misto de jornalismo e sociologia,
08:16ressaltando a seguinte condição.
08:18Muitas vezes no passado eram os coroas, digamos assim,
08:23os adultos que influenciavam no voto dos mais jovens,
08:28com maior amadurecimento, maior vivência de vida, etc.
08:33Na Argentina, nas eleições de 2023, em muitas famílias,
08:39foi exatamente o contrário.
08:40Sabemos que a situação para o eleitorado masculino jovem
08:48envolvia uma proporção de apoio ao Milley muito maior do que no restante da sociedade.
08:55Então, houve muitas famílias jovens de 18, 19, 20 anos,
09:01que idolatravam o Milley e que acabaram, em muitos casos,
09:05convencendo os pais a votar o Milley nas eleições presidenciais,
09:10principalmente no segundo turno, vencidas pelo Milley.
09:13Só que muitos desses jovens, passados dois anos,
09:18estão em que situação familiar?
09:20Eles percebem que os pais estão passando por grandes dificuldades
09:25e, como se diz no jargão da Argentina,
09:29o salário acaba no dia 20,
09:30ou seja, sobra um terço do mês no final do salário.
09:35Então, essas pessoas já vinham com um certo desconforto
09:40até dois meses atrás, um mês atrás.
09:44Quando essa situação de desconforto se somou,
09:48essa denúncia de corrupção contra a irmã do presidente,
09:53feita por um amigo pessoal, o próprio advogado pessoal do Milley,
09:59então a minha impressão é que muitos desses jovens,
10:02milhares desses jovens que atuavam com esse aparelhinho,
10:06com o celular, como grandes influências e propagandistas de graça,
10:10se sentiram fazendo o papel de otários.
10:13Tanto que, quando você compara o número de votos
10:18desta eleição de Buenos Aires com a eleição de 2023,
10:23você pode olhar que o peronismo, em termos de números absolutos,
10:27teve um número de votos muito parecido
10:30com a da eleição em que o governador Kicillof
10:34se elegeu, se reelegeu governador da província de Buenos Aires.
10:39A grande diferença que houve foi que muitos eleitores do Milley
10:43simplesmente desapareceram e não foram votar,
10:46porque o voto na Argentina, formalmente também é obrigatório,
10:50mas na prática a penalidade é irrisória,
10:54então ninguém sofre muitas consequências negativas por não ir votar.
10:58Então, o que tudo indica que aconteceu foi que muitas pessoas
11:02que compareceram, meio que fanatizadas ou acreditando
11:07fervorosamente nas promessas do Milley dois anos antes,
11:12se decepcionaram e, mesmo que não tivessem simpatias pelo peronismo,
11:18pela sua postura crítica anterior,
11:21eles não se viram numa situação de engajamento
11:25que os estimulasse a comparecer às urnas.
11:29Fábio Dambiardi, pesquisador associado do FGV Ibre,
11:33muito obrigado pela participação e boa noite.
11:35Eu agradeço o convite. Muito obrigado.
11:38Obrigado.
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