Pular para o playerIr para o conteúdo principal
A taxa de desemprego da zona do euro caiu para a mínima histórica de 6,2% em julho. Mas os números escondem fragilidades: empregos precários, dificuldades para jovens ingressarem no mercado e a desaceleração da Alemanha, maior economia do bloco. O economista e professor de relações internacionais na ESPM Leonardo Trevisan analisa o cenário e os reflexos políticos e econômicos para a Europa e o mundo.

🚨Inscreva-se no canal e ative o sininho para receber todo o nosso conteúdo!

Siga o Times Brasil - Licenciado Exclusivo CNBC nas redes sociais: @otimesbrasil

📌 ONDE ASSISTIR AO MAIOR CANAL DE NEGÓCIOS DO MUNDO NO BRASIL:

🔷 Canal 562 ClaroTV+ | Canal 562 Sky | Canal 592 Vivo | Canal 187 Oi | Operadoras regionais

🔷 TV SINAL ABERTO: parabólicas canal 562

🔷 ONLINE: https://timesbrasil.com.br | YouTube

🔷 FAST Channels: Samsung TV Plus, LG Channels, TCL Channels, Pluto TV, Roku, Soul TV, Zapping | Novos Streamings

#CNBCNoBrasil
#JornalismoDeNegócios
#TimesBrasilCNBC

Categoria

🗞
Notícias
Transcrição
00:00A taxa de desemprego na zona do euro caiu em julho e voltou à mínima histórica de 6,2%.
00:08O correspondente Diego Mezzogiorno tem as informações direto da Itália.
00:14Os números do emprego na Europa melhoraram mais uma vez esse ano e estão em torno de 6,2% no nível geral do desemprego.
00:23Mais uma vez quem puxa para cima esse número no crescimento do emprego é a Espanha, que tem sido a locomotiva da geração de emprego e crescimento da zona do euro nos últimos quatro anos, subindo 12,4%.
00:38Em segundo lugar a Itália 7,4% e em terceiro França 6,3%.
00:44Quem tem dificuldade em todos os números macroeconômicos, inclusive no emprego, tem sido a maior economia, a Alemanha, que tem patinado em praticamente todos os números, inclusive de crescimento e de exportação.
00:59É o país que mais preocupa os investidores e também a Comissão Europeia.
01:04Uma grande crítica sobre esses empregos é o chamado emprego pobre, que segundo os estudos na União Europeia, especialmente na própria Espanha e na Itália, tem sido aquele emprego com tempo indeterminado bastante reduzido,
01:20que tem criado dificuldade para as pessoas terem acesso a compras de longo prazo como carro e casa, e também são empregos que não pagam todo o custo de vida das pessoas.
01:33Há também um número bastante preocupante que esse emprego tem crescido acima dos 30 anos, tendo uma grande quantidade de jovens que acabam de sair das universidades com dificuldade de encontrar novos empregos e empregos com uma determinada qualidade.
01:51De Milão, Diego Mezzogiorno para o Times Brasil, licenciado exclusivo CNBC.
01:56E sobre esses dados, principalmente a queda da taxa de desemprego na zona do euro, eu converso com o professor Leonardo Trevisan, que leciona relações internacionais na ESPM,
02:08mas tem um longo predicado, só vou resumir aqui como professor de relações internacionais da ESPM, mas também é um grande estudioso da economia global.
02:18Professor Trevisan, sempre um prazer recebê-lo aqui, até pelos vínculos que nós temos aí em outros momentos.
02:26É o seguinte, professor Trevisan, a gente olha superficialmente o dado e ele parece empolgante.
02:34Mínima histórica do desemprego na União Europeia.
02:37Mas o senhor, como um economista, sabe que tem muitas camadas essa afirmação.
02:44Eu queria começar pela Alemanha.
02:47A reportagem do nosso correspondente na Itália, o Diego Mezzogiorno, destacava que a grande locomotiva da Europa,
02:55a maior economia da Europa, a maior economia da zona do euro, a maior economia da União Europeia,
02:59a Alemanha está longe dos seus melhores dias, pelo menos economicamente falando.
03:06Quando a locomotiva está devagar, a tendência é que os outros vagões também vão ficando ali pelo caminho.
03:12Queria ouvir a sua percepção sobre a situação na Alemanha e, eventualmente, os reflexos no resto da Europa e no resto do mundo.
03:21Boa noite mais uma vez.
03:23Boa noite, Marcelo. Boa noite a todos que nos escutam.
03:26Sempre um prazer falar contigo.
03:28Olha, Marcelo, eu acho que você toca no ponto central.
03:31O que é que está acontecendo que a grande locomotiva europeia, a força tecnológica, a força de mercado, exportadora europeia, está ficando para trás.
03:43Inclusive, quando a gente olha para o dado mais delicado, que não é o dado de emprego, é o PMI, que é o índice industrial de gerentes de compra.
03:53É um critério, o PMI em inglês, é um critério que você mede o quanto que a manufatura, a indústria, está assumindo compromissos porque teve gerente de compra.
04:07Então, ela compra a base para poder industrializar, compra matéria-prima para industrializar.
04:16O que é que nós vemos?
04:18Todos os outros países europeus passaram de 50.
04:22A Alemanha ficou em 49,8.
04:2550 é o limite.
04:27Abaixo de 50 está em contração, acima de 50 é evolução, é progresso, é avanço.
04:36Avanço, manufatura.
04:38A Alemanha ainda está freada.
04:40Me chamou muita atenção que o correspondente, o Mastro Jono, mostrou que o melhor que está indo é a Espanha.
04:47Itália em seguida, depois França.
04:50Espanha tem uma explicação.
04:53O emprego não é industrial, o emprego é de serviço.
04:59França é idem.
05:00A locomotiva, a que puxa, para a gente ter uma ideia do que nós estamos falando, a gente precisa entender que o terceiro PIB do mundo é o PIB alemão.
05:12Está distante dos primeiros, mas os outros são bem antes.
05:16O PIB americano é 28 trilhões, o PIB chinês é 19, o PIB alemão é 4,5, superando o Japão, que está em 4,3.
05:25Então, quando você olha para isso, você está pensando em tecnologia, você está pensando em exportação.
05:30Se você me perguntar por que o PIB alemão não deslancha e o PIB de serviço deslanchou, é preço de energia.
05:41Está fazendo falta, Marcelo.
05:45Vamos falar baixinho para que ninguém nos escute.
05:48Está fazendo muita falta aquele petróleo russo, aquele gás russo baratinho que chegava para a indústria alemã.
05:56É isso que nós estamos falando.
05:58Enquanto o preço do insumo energético chegar na Alemanha, no volume em que ele está, principalmente comprado dos Estados Unidos,
06:10o PIB alemão não deslancha.
06:14É exatamente por isso que MERS é cauteloso em críticas poderosas contra os russos.
06:23Os outros falam, MERS fica mais quieto, porque ele sabe perfeitamente que, de algum modo, eles gostariam de ter de volta o petróleo e o gás russo.
06:36A Rússia gostaria de vender, porque tem investimentos alemães na Rússia, mas a Ucrânia está impedindo.
06:44Enquanto isso, nós estamos olhando que a Europa pede para, por favor, não cortarem muito esse boom de crescimento.
06:55Vamos juntar as coisas?
06:57É por isso que a Ursula von der Leyen foi lá, com todo o respeito ao Trump, lá no campo de golfe, pedir para que as tarifas fossem 15%,
07:06porque ela sabia o estrago que essa queda nas exportações iria fazer nos índices de desemprego europeu.
07:17Professor Leonardo, e convenhamos, não quero eu ser aqui o pessimista da sala, mas a gente tem que abraçar os fatos.
07:27Houve aí uma sinalização, uma reunião tripartite, Trump, Zelensky, Putin, para uma eventual conversa que talvez levasse à paz.
07:38Isso em 15 dias, acabou esse prazo, parece que as tratativas viraram pó e eu quero chegar no que o senhor estava falando.
07:46Ou seja, esse abastecimento russo para a Europa Ocidental, principalmente para os ricos, a começar com os alemães, está ainda muito distante.
07:58Ou seja, ainda a energia vai ser muito cara.
08:00Os alemães estão tentando religar as suas usinas nucleares para ter uma alternativa, talvez trazer um pouco de combustível dos nórdicos, arranjando saídas.
08:11Agora, pensando um pouco mais macro, nós estamos falando da segunda moeda mais poderosa do mundo, perde para o dólar o euro.
08:19Isso pode ter um efeito de desvalorização da moeda?
08:22A gente começa também a ouvir, retração da Alemanha pode levar a um cenário de inflação na zona do euro?
08:30A gente já viu isso acontecer, mas aí a Alemanha foi a boia de salvação.
08:35Na Espanha, na Grécia, no Chipre, quer dizer, e agora a gente está vendo a locomotiva com problemas.
08:43O que isso pode afetar no euro?
08:46Olha, primeiro de tudo, o grande entrave para o euro, por incrível que possa parecer, é mais político do que econômico, Marcelo.
08:59A Ursula von der Leyen fez qualquer negócio com os americanos para continuar.
09:06No ano passado, a Europa vendeu para os Estados Unidos, olha o número, 642 bilhões de dólares.
09:15Isso é aí que está essa recuperação econômica média.
09:22Se você fechar essa porta, o custo disso não será só econômico.
09:29A Europa é uma economia complementar, é uma economia planejada.
09:35Ela conseguiria preservar algum poder de compra para manter.
09:41Ela não preservaria o empuxo econômico.
09:45Aí vem o papel político.
09:47Ano que vem, Marcelo, tem eleições na Alemanha e no outro ano na França,
09:54com posições muito radicalizadas,
09:57mordendo os calcanhares das posições mais moderadas.
10:01Isto preocupa tremendamente a toda a estrutura de manutenção no Banco Central Europeu.
10:11O euro está de olho mais na capacidade dos partidos de centro preservarem o poder
10:20do que necessariamente no desequilíbrio econômico.
10:24O euro tem força suficiente para manter as coisas como elas estão se não tiver um baque político.
10:37Nós temos que lembrar que a alternativa para a Alemanha, o partido mais radicalizado, avançou para 20%.
10:44Nós temos que lembrar as dificuldades de Macron para manter seu primeiro-ministro.
10:50Macron vai ter eleição e a extrema-direita francesa é provável que qualquer balanço econômico
11:01deixe a extrema-direita francesa avançar.
11:04Essas duas locomotivas empurrariam a Europa para uma situação muito dramática.
11:10Então, de algum modo, quando a gente falar de desvalorização do euro,
11:15vamos botar o olho principalmente no fator político mais do que no fator econômico.
11:21É isto que essa preservação do desemprego, que qualquer negócio para manter o emprego está sendo.
11:29Aquilo que o correspondente chamou a atenção para empregos de pouca qualidade,
11:34mais resistentes, seguram o voto do desespero.
11:38Se ele terminar, aí a situação vai ficar difícil e o euro vai se desvalorizar com toda certeza.
11:45Professor Trevisan, economia e política são grandezas que sempre andaram de mãos dadas.
11:51Tem um outro dado, que agora a gente dá uma volta e amarra tudo,
11:55também trazido pelo nosso repórter na Europa,
11:57de que a faixa de desemprego atinge muito os jovens adultos.
12:04Aqueles que estão saindo da faculdade, estão entrando no mercado de trabalho,
12:08que a duras custas vêm de uma classe menos favorecida e conseguiram um curso profissionalizante
12:13e não estão conseguindo ser inseridos no mercado de trabalho.
12:16Isso cria um desalento e isso também cria um certo sentimento de ojeriza
12:21ou de uma rejeição, uma negativa, com a estrutura política que está no poder quando ele chegou.
12:29E o jovem, então, vai ser muito importante nessas próximas eleições, no plural,
12:34como o senhor muito bem lembrou, tem na Alemanha, tem na França
12:37e a extrema-direita crescendo aí com esse discurso.
12:40Amarrando tudo, então, a gente também tem que olhar para esse desalento dos jovens adultos.
12:46Você tem tanta razão.
12:49Eu vou dar só um exemplo que me veio à memória enquanto você falava
12:53e é um exemplo extremamente claro.
12:58O Brexit, em 2016, ele foi aprovado porque entre, eu estou citando de memória,
13:07entre os jovens de entre 24 anos e 34 anos, 80% deles, exatamente por não ter emprego,
13:20por tudo isso que o correspondente mencionou, eles não foram votar.
13:26Bastou não ir votar para que uma posição mais radicalizada
13:32fizesse o que foi feito com o Brexit na Inglaterra.
13:37A Inglaterra é um dos países com PMI mais baixo.
13:41É só olhar os números que vocês mesmos deram.
13:43A CNBC deu.
13:45A Inglaterra é 47.
13:47Todos os outros são mais de 50.
13:49A Inglaterra não consegue se recuperar.
13:52Isso que você lembrou, de excluir o jovem do primeiro emprego,
13:57deixar o jovem nessa situação, mesmo que ele não vote ruim,
14:02se ele deixar de votar por desencanto, já será suficiente.
14:07Esse quadro é um quadro absolutamente preocupante.
14:11O exemplo inglês tem sido muito mencionado por todos os analistas políticos europeus.
14:20Um artigo no Le Monde chamou muito a atenção disso, principalmente para os jovens,
14:26que não só aqueles que fizeram universidade,
14:28são os jovens que estão desencantados e votando mais para a França em submissa,
14:36que também tira votos do centro.
14:38É nesse quadro que nós temos que olhar.
14:41Nesse quadro, a Europa talvez tenha que andar na frente, correr muito.
14:48E qualquer baque nas relações com os Estados Unidos vai ter um custo político muito alto,
14:56sem dúvida nenhuma.
14:57Professor Leonardo, é sempre um prazer conversar com o senhor.
15:01Professor Leonardo, que foi meu professor, eu trago sempre que possível,
15:04porque eu sei que é a garantia de uma aula de altíssima qualidade.
15:09Leonardo Trevisan tem aqui o meu abraço à distância.
15:12Professor de Relações Internacionais da SPM, uma referência para mim há muito tempo.
15:17Obrigado Trevisan, muito obrigado mais uma vez, até uma próxima.
Seja a primeira pessoa a comentar
Adicionar seu comentário

Recomendado