Desemprego no Brasil se mantém no menor nível histórico e renda bate recorde; entenda impactos

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A taxa de desemprego ficou em 5,6% e manteve o menor patamar da série histórica pelo terceiro mês seguido, segundo o IBGE. A renda média chegou a R$ 3.507, o maior valor já registrado. O analista Vinicius Torres Freire comenta o impacto desses dados na economia e nas expectativas do mercado.

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00:004 horas e 17 minutos, a taxa de desemprego no Brasil manteve o patamar mais baixo da série histórica pelo terceiro mês seguido.

00:09Os números da PNAD Contínua, que o IBGE divulgou hoje, continuam a mostrar um mercado de trabalho resiliente, que bateu vários outros recordes.

00:18Um deles na taxa composta de subutilização, uma medida de quanto da mão de obra ainda pode ser absorvida pelo mercado de trabalho.

00:26Vamos ver a evolução aqui no telão, então. A gente traz um primeiro gráfico.

00:31A linha de cima é essa taxa de subutilização, que é uma medida de quanto de mão de obra disponível ainda existe no mercado.

00:39Onde é que o mercado, que as empresas conseguem raspar o taxo do mercado de trabalho?

00:44Pegar gente que ainda não está ocupada ou gente que está trabalhando, mas poucas horas por dia tem disponibilidade para mais.

00:50E a linha de baixo, em laranja, é a taxa de desocupação ou taxa de desemprego.

00:56No caso dessas duas variáveis aqui, quanto mais baixo, maior a atividade econômica indicada.

01:02E é o que a gente está vendo aqui.

01:04A taxa de subutilização, na ponta de lá, ficou em 13,9% no trimestre julho, agosto, setembro.

01:12Caindo dos 14,1% registrados no trimestre anterior.

01:17Um ano atrás, ela estava em 15,7%.

01:19Então, uma queda significativa nesse período.

01:21A linha de baixo da taxa de desemprego segue um movimento bem parecido.

01:26As duas curvas são paralelas.

01:28Ficou em 5,6% a taxa de desemprego no país, repetindo dos dois meses anteriores.

01:35Um ano atrás, ela estava em 6,4%.

01:37E o pico nesse período chegou a 7%.

01:39Então, as duas curvas, elas fazem uma pequena elevação, uma pequena barriga para cima ali,

01:44na virada do ano, no começo de 2025, e depois elas voltam a cair.

01:49Um outro dado que chegou ao nível mais alto da série histórica é a renda média real,

01:57que a gente vai trazer aqui agora em mais uma tela.

02:00A renda ficou, nesse último trimestre, julho, agosto, setembro, em R$ 3.507,00.

02:07Mais um dado que é o máximo da série histórica.

02:09Na medição do mês passado, referente ao trimestre junho, julho, agosto, estava em R$ 3.495,00.

02:18E, nessa mesma época, um ano atrás, estava em R$ 3.373,00.

02:24Então, vejam aqui a subida aí no gráfico que acompanha a evolução da renda média aqui no Brasil.

02:31Para a gente entender melhor esses movimentos e a temperatura do mercado de trabalho hoje no Brasil,

02:37eu recebo aqui no estúdio o nosso analista Vinícius Torres Freire.

02:40Tudo bem, Vinícius? Boa tarde.

02:41Boa tarde, Fábio. Boa tarde para todo mundo.

02:43Vou pedir para a nossa equipe colocar de volta aqui esse último gráfico,

02:46que mostra a evolução da renda média,

02:48para a gente poder olhar com mais calma aqui e o Vinícius analisar também.

02:52Vinícius, de novo, aquilo que a gente já vem observando em meses anteriores ali,

02:57vários recordes batidos, em vários parâmetros aí,

03:00indicando a atividade econômica mais pujante.

03:04Ali no meio dos números, você viu alguma coisa que pudesse indicar um esfriamento?

03:08Tem um esfriamento, talvez, por limite.

03:13Não tem como esquentar mais.

03:16Por exemplo, o número de pessoas, a porcentagem do crescimento de pessoas ocupadas,

03:20que têm emprego, está crescendo 1,4% em relação ao mesmo trimestre do ano passado.

03:26Esse é o ritmo mais baixo desde o final de 2022,

03:31mesmo antes do começo de 2023, lá no começo do governo Lula.

03:35Então, assim, o número de pessoas ocupadas está crescendo menos,

03:38porque talvez não tenha mais de onde tirar emprego.

03:43Pode ser, a gente ainda precisa interpretar isso.

03:46Junto desse dado, tem outro dado importante.

03:49O número de pessoas empregadas com carteira de trabalho ou formais,

03:54está crescendo na faixa de 3,4%.

03:56Formais com carteira 2,7%, formais de geral 4%.

04:01E o pessoal informal está diminuindo.

04:06O que isso pode significar o quê?

04:07Primeiro, as pessoas estão indo para o mercado de trabalho formal.

04:11Bom, pode significar também uma coisa que costuma acontecer nos fins de ciclo econômico,

04:16é que as pessoas mais pobres, que não têm registro de trabalho formal,

04:21não têm capacidade de formalização,

04:24começam a ficar desempregadas ou não arrumar emprego antes.

04:27Então, a gente não sabe se tem uma migração, bom,

04:31as pessoas só indo para o mercado formal,

04:33ou se as pessoas mais pobres já não estão conseguindo mais emprego.

04:37Então, não dá para entender ainda.

04:39Mas agora, a velocidade de criação de emprego diminuiu.

04:41Também não dá para entender.

04:43Está faltando gente para trabalhar, né?

04:45Porque a gente, você viu aí, taxa de desocupação, subemprego caindo muito.

04:49Então, a gente está em um momento de inflexão,

04:53tem que esperar mais uma medida para ver o que aconteceu.

04:55Outra coisa importante é que o salário médio voltou a crescer 4%

04:59em termos reais, acima da inflação, em relação ao ano passado.

05:03Tinha andado uma paradinha e a gente falou assim,

05:05olha, parece que chegou a desaceleração.

05:09Não.

05:10De fato, não.

05:11E a massa salarial, que é a soma dos rendimentos do trabalho de todo mundo,

05:16crescendo 5,5% acima da inflação.

05:19Quer dizer, se o PIB crescer 2%,

05:21a massa salarial vai crescer mais de duas vezes, duas vezes e meia.

05:25Então, o mercado de trabalho está no pico de aquecimento.

05:29E a gente não sabe, por aqueles dados que eu falei,

05:30se esse pico chegou e agora a gente vai ver uma desaceleração.

05:34O fato é que isso indica que aquela expectativa do Banco Central

05:38de que os salários fossem contribuir,

05:41para a desaceleração da inflação, não está acontecendo.

05:46Inclusive, nesses últimos dois dias, por causa do dado do Caged de ontem,

05:49que mostrou um crescimento ainda,

05:52desaceleração, mas com um crescimento forte e acima do esperado,

05:55o pessoal do mercado elevou a taxa de inflação implícita,

05:58que é uma taxa de inflação tirada dos títulos do Tesouro.

06:02Não dá para explicar aqui agora,

06:03mas você dá para medir a taxa de inflação projetada

06:05pelo pessoal que está cobrando juros do governo.

06:08Aumentou e os juros do mercado futuro subiram também.

06:11Se vai continuar isso, eu não sei.

06:13Mas se continua, o pessoal vai segurar o rebaixamento das expectativas de inflação.

06:20Quer dizer, eles estão acreditando que a inflação ainda vai

06:23e aquela tendênciazinha que a gente tinha começado a ver

06:25de queda de expectativas pode parar.

06:28Essas coisas, às vezes, dois dias é só impulso.

06:31Absorver a informação.

06:32E passa.

06:33A gente já veio aqui todo dia.

06:36Ou, às vezes, toda hora.

06:38Então, a gente tem que esperar uns dias.

06:40Mas os resultados foram tão fortes

06:41que essa expectativa de ter desaquecimento do mercado de trabalho

06:46ficou para depois.

06:48Tá certo.

06:49Então, pode haver um movimento aí,

06:52ou uma falta dele no Boletim Fox, por exemplo.

06:54Por exemplo.

06:55Pode começar a aparecer uma estagnação de novo das expectativas.

06:58Como o dólar voltou a cair,

07:01e isso é muito importante para a inflação brasileira,

07:03como a gente mostrou ontem,

07:04os preços do atacado estão crescendo zero.

07:07A inflação do atacado está zero no ano, praticamente.

07:11Pode ajudar.

07:12Mas, e como o mercado financeiro do mundo inteiro está animadinho agora,

07:17pode ser que ajude.

07:19Mas a expectativa de inflação, no mínimo,

07:21vai continuar caindo muito lentamente.

07:23E a perspectiva de a gente ver a discussão

07:26de quando o Banco Central pode realmente baixar a taxa de discussão de fato,

07:31acho que foi adiada de novo,

07:33e a gente continua lá com a perspectiva

07:34de primeiro trimestre do ano que vem.

07:36Tá certo, Vinícius. Obrigado.

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