No dia seguinte ao tarifaço de Donald Trump, o Brasil tenta negociar a permanência de produtos estratégicos como carne e café fora da sobretaxa de 40%. Will Castro Alves, estrategista-chefe da Avenue, analisa os impactos econômicos e as reações do mercado global, com destaque para as bolsas americanas, o desempenho das big techs e as perspectivas para o segundo semestre de 2025.
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00:00Eu converso agora com o Will Castro Alves, que é estrategista-chefe da Avenue, a quem eu começo agradecendo pela presença, desejando uma ótima noite e desejando também paciência, equilíbrio, concentração,
00:15para a gente lidar com as informações da Casa Branca, Will, que chegam a cada cinco minutos.
00:21Hoje, por exemplo, foi uma enxurrada de decretos presidenciais, os últimos agora há pouco e o jogo mudou de novo.
00:28Se é confuso para nós, jornalistas, eu imagino que seja duas vezes mais confuso para vocês, analistas e estrategistas, porque o jogo está acontecendo e a regra da partida vai mudando com a bola no campo.
00:43Boa noite, Will. E eu já emendo o que a gente consegue extrair de plano, se é possível fazer alguma coisa, porque é o seguinte, México, 90 dias de pausa.
00:54Agora, Canadá era 25, passou para 35, o estalar de dedo na calada da noite, também reajustes a outros tantos países.
01:05E aí tinha um asterisco no último documento da Casa Branca que diz, e país que não está nessa lista aí vai ganhar 10%, mas pode ser que amanhã a regra mude de novo.
01:15Qual que é a leitura que você consegue fazer para a gente começar por aí, Will? Boa noite mais uma vez.
01:20Boa noite, Vale. Obrigado pela oportunidade. De fato, tem sido dias conturbados de muitas mudanças, mas a verdade é que se você olhar, a gente começa a ter definições.
01:34Talvez eu esteja olhando pela ponta positiva, o copo meio cheio.
01:38Até pouco tempo atrás tinha muita incerteza, mais e mais, a gente está chegando aí num limite, em data definitiva, de implementação, da ideia do vai ou racha.
01:50E as tarifas estão sendo implementadas, o Trump mesmo comemorando uma arrecadação.
01:57Em geral, você vê que a leitura geral do mercado é que, assim, bom, 15% de tarifa média não está tão ruim.
02:06Veja que, falando em tarifas, voltando no tempo, os 15% era já um patamar relativamente elevado.
02:14A implementação de tarifa seria algo muito ruim, esse era o consenso, né?
02:20Bom, o Trump, do seu jeito, ainda que muito questionável, ele está conseguindo fechar acordos onde o outro lado se mostra relativamente satisfeito.
02:32Na Europa foi assim, né?
02:34O chanceler alemão comentou, o primeiro-ministro irlandês também, a primeira-ministra italiana também comentando que os 15% estão ok, mantém um bom relacionamento com os Estados Unidos.
02:47E eu acho que a lição é que fica, é que negociar pode gerar um efeito ou impacto melhor para as suas economias.
02:55O México está aí para mostrar isso.
02:57Eu postei nas minhas redes sociais um gráfico que mostra exatamente isso.
03:00A tarifa inicialmente apresentada e depois pós-negociação.
03:05Em geral, essas tarifas todas caíram.
03:08Então, negociar é o caminho.
03:10O pragmatismo é o caminho.
03:13O que não dá para deixar a ideologia tomar conta e assim, isso fica o recado para o Brasil.
03:19Will, deixa eu levar a nossa conversa para o seu campo de maior expertise.
03:23As bolsas, olhando para a NISE, New York Stock Exchange, a maior bolsa de valores do mundo, Nova York.
03:30Tudo bem que hoje não foi o melhor dia da história, teve ali um terreno negativo, mas estas semanas, no plural.
03:39A gente tem acompanhado, inclusive, aqui no Times Brasil, licenciado exclusivo CNBC, os balanços das empresas, tirando uma ou outra.
03:47A Apple teve alguns dados negativos, que saiu agora no finalzinho da tarde, começo da noite, mas teve algumas previsões ali que os analistas esperavam mais, veio menos.
03:59Mas, Meta, Amazon, Microsoft, começa a chegar ali nos 4 trilhões de dólares, rivalizando com essa marca, a NVIDIA.
04:10Ou seja, setores da economia americana, se eu posso colocar, sim, principalmente essas que me vêm à cabeça de tecnologia, indo muito bem, obrigado.
04:19A tendência com tarifácio, sem tarifácio, 90 dias para a China, agora para o México, isso pode contaminar alguns setores que têm ido muito bem?
04:32A exemplo, esses de alta tecnologia?
04:37Existia muito receio, mas a verdade é que a resposta para a bolsa americana está nas máximas históricas, ela está sendo dada pelas empresas nos seus resultados corporativos.
04:46Se você pegar um gráfico do lucro por ação do S&P, ou seja, a quantidade de lucro que, em geral, todas as empresas, de forma somada, elas entregam, e comparar isso com o S&P, esse número índice, que representa uma média da bolsa americana,
05:04você vai ver que existe uma correlação elevada, ou seja, esses dois índices, eles andam relativamente juntos, e faz sentido, ou seja, as ações, elas refletem a lucratividade das empresas.
05:16E o que a gente tem visto nessa safra de balanço foram empresas que reportaram lucros crescentes.
05:21O resultado do Google foi muito forte, o resultado da Microsoft foi forte, Meta bateu também, Amazon também bateu, ainda que, obviamente, com certos nuances,
05:31e até mesmo a Apple, que vinha tendo dificuldade, voltou a apresentar crescimento de receita, inclusive conseguiu crescer na China,
05:39um mercado que ela vinha enfrentando dificuldades.
05:42Então, a realidade é que, assim, a economia americana, a roda continua girando,
05:46essa semana a gente teve dados do PIB mostrando o crescimento de PIB de 3%,
05:50geração de empregos de mais de 100 mil postos de trabalho em um único mês,
05:54e isso tudo condizente com uma taxa de crescimento de 2% ou 3%,
05:59que é isso que importa, né?
06:01Para quem investe, você está investindo em negócios, e esses negócios estão continuando,
06:06indo bem, conseguem continuar gerando o retorno, né?
06:11Gerando o crescimento, e é isso que importa para os acionistas.
06:15Então, acho que, para quem tem medo de investir nos Estados Unidos,
06:19acho que tem duas macroeconomias acontecendo,
06:22uma que se fala muito dos ruídos, das tarifas, dos receios,
06:26e outra que, de fato, é a macroeconomia real,
06:28ou seja, onde a economia roda, continua girando.
06:31Will, a gente se fala semanalmente.
06:34Eu lembro, lá atrás, nessas nossas conversas,
06:38aparecia a palavra recessão.
06:41De repente, ela sumiu.
06:43Está cada vez mais distante aí do nosso vocabulário semanal aqui, ou não?
06:47Recessão nos Estados Unidos, é claro.
06:48Olha, Vavale, eu diria que sim, essa aqui foi,
06:53e essa semana foi uma semana muito forte, muito importante.
06:56Amanhã, a gente ainda tem um dado,
06:57que é o dado de mercado de trabalho americano,
07:00chamado payroll, né?
07:01O principal relatório do mercado de emprego nos Estados Unidos,
07:04para mostrar, ó, está gerando emprego, não está, a economia está saudável.
07:07Mas, em geral, o que você tem visto,
07:09são dados que mostram que a economia está saudável.
07:13O próprio indicador de inflação mostra isso.
07:16A inflação não cedeu tanto quanto se imaginava.
07:20Quer dizer, ou seja, que os consumidores estão consumindo seus bens e seus serviços.
07:25Então, de fato, a ideia de uma recessão na economia americana,
07:29derivada de uma política comercial muito agressiva do Donald Trump,
07:33de uma política geopolítica muito forte, muito agressiva,
07:42todos esses receios que se tinham em relação àquilo que poderia acontecer com a economia americana
07:48neste ano de 2025, ainda não aconteceram.
07:52Obviamente que uma recessão pode sempre acontecer ali ou depois.
07:56Primeiro, o Donald Trump tinha muito receio em relação à possibilidade de uma recessão.
08:01Acabou acontecendo por conta de um vírus que surgiu lá na China.
08:04Mas, enquanto isso, a economia americana segue crescendo,
08:10segue gerando empregos e esse medo de recessão vai se afastando.
08:15E, de novo, safra de balanços aí acontecendo.
08:17E o que a gente tem visto das empresas, acho que das big techs,
08:21só a Amazon chamou atenção por receio de tarifa e até citou a palavra recessão.
08:27Fora isso, não vejo mais ninguém falando disso, não.
08:29Agora, Will, claro que boa parte da nossa audiência é de investidores.
08:35Tem gente que gosta muito do risco, do mercado de ações.
08:40E aí, para a gente encerrar o nosso papo dessa semana,
08:43os feijões mágicos, sabe aquele que você põe e tem certeza que vai virar uma árvore gigante?
08:50Diante do que você está vendo, para esse semestre que já começa a caminhar aqui,
08:55para o segundo semestre de 2025, quais seriam esses feijões mágicos?
08:59Porque saiu uma outra ordem executiva, um outro decreto do presidente Donald Trump,
09:05forçando, não tem outra palavra, não tem outro verbo,
09:08as farmacêuticas a diminuírem o preço nos Estados Unidos.
09:13Depois eu fiz um levantamento, o preço do medicamento prescrito,
09:17aquele que você tem que comprar no balcão, mostrar a receita médica,
09:21caríssimo nos Estados Unidos em comparação com outros países,
09:24na América do Norte, na Europa, 700% em média mais caro nos Estados Unidos do que na Turquia, por exemplo.
09:31Teoricamente, estou ligando uns pontos aqui para pensar que o remédio fica mais baixo,
09:35as pessoas consomem mais, burlam menos a prescrição,
09:39porque aquilo é muito caro, não vou tomar o remédio e tal.
09:42Tendência de aumentar o consumo, volume de remédios nos Estados Unidos.
09:47Isso pode mexer, talvez, aí é um chute meu,
09:49estou perguntando para você que é um especialista,
09:51nas ações das farmacêuticas, mas tem o lado contrário, talvez faturem menos.
09:57Aí que eu estou chegando com a expressão dos feijõezinhos mágicos,
10:01de tudo isso que a gente viu até nesse primeiro semestre de Donald Trump,
10:06quais podem ser aí os feijões mágicos que vão virar árvores gigantes
10:10no segundo semestre na Bolsa Americana?
10:15Excelente pergunta, Favali, até cocei a cabeça,
10:17é sempre difícil esse tipo de pergunta,
10:21mas eu diria assim, em geral, o valuation da Bolsa Americana se mostra um pouco esticado,
10:26porque ele pondera bastante as empresas de tecnologia,
10:30e essas hoje negociam a múltiplos muito elevados,
10:33não só porque estão nas máximas, mas hoje, proporcionalmente ao seu lucro,
10:37você já paga pelo crescimento futuro.
10:40Mas elas têm conseguido entregar, elas têm conseguido gerar bons lucros,
10:44bons retornos, enfim, e por isso elas acabam performando muito bem,
10:48e por isso tem ajudado o índice a atingir novas máximas.
10:51Mas, em geral, o índice da Bolsa Americana se mostra um tanto quanto caro, por assim dizer.
10:55Então, vale a pena a seletividade.
10:58O setor de health care ou de saúde, como você comentou,
11:00ele passa por muitas mudanças de regulação.
11:03O Kennedy Jr., que é o atual cara que cuida do setor de saúde nos Estados Unidos,
11:07ele tem uma visão realmente, eu diria, digamos assim, progressista,
11:12digamos assim, no sentido de querer mudanças, muitas mudanças no setor,
11:16e isso gera sempre perdedores e vencedores.
11:19Então, esse é um setor que não veio performando bem, salvo várias exceções,
11:24mas, sim, pode ser uma alternativa para os investidores que gostam de risco.
11:29Outro, se fala muito em cortar juros, há muito tempo vem se falando isso.
11:34O FED não descarta, mas ele tem jogado mais para frente.
11:38Agora, no momento que, eventualmente, isso aconteça, os cortes de juros,
11:42o mercado imobiliário é um que tende a se beneficiar,
11:45o próprio Donald Trump tem falando bastante isso,
11:47então, você tem ali as home builders, as empresas construtoras,
11:49os fundos imobiliários e por aí vai, também são um setor que podem se beneficiar.
11:55E eu diria também setores subjacentes à tecnologia,
11:58que não necessariamente sejam só as big techs,
12:00mas que se beneficiam de todo esse desenvolvimento que a gente tem visto
12:04de AI, de cloud e por aí vai,
12:07eu acho que tem algumas derivadas interessantes dentro de tecnologia,
12:11até porque, quando você fala em tecnologia nos Estados Unidos,
12:14é um setor muito amplo, muita coisa usa tecnologia
12:18e hoje é um setor cada vez mais preponderante na economia americana.
12:21Queria agradecer a conversa semanal que eu tenho com o Will Castro Alves,
12:26estrategista-chefe da Avenue.
12:29Até semana que vem, Will, bom restinho aí de quinta a sexta,
12:33sábado e domingo fabulosos para você,
12:36a gente retoma a nossa conexão na próxima semana.
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